Em sua homilia sobre este trecho do Evangelho, diz São Gregório, Papa: “Procurava com ardor e afinco a quem não encontrara; chorava, buscando, inflamada de amor, aquele que julgava ter sido roubado e por quem sentia ardente desejo”. Como a Sulamita, buscava o Amado do seu coração. Procurava-o pelas ruas e praças até o encontrar. Quando o encontrasse, o seguraria e não o deixaria jamais (Cf. Cant.3).
Então aconteceu que só ela o viu, ela que ficara a procurar.
-“Maria! – Rabbuni, que significa mestre”(Jo.20,16). Cristo ressuscitou! Vai, Maria, anunciá-lo a meus irmãos. ”Eu vou para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. Maria saiu a correr e a anunciar. O Mestre ressuscitou e foi para o Pai.
O mundo continuamente repete a cena do Calvário. Naqueles que crêem em Cristo, continua o seu martírio. Na sua despedida, na véspera de sua Paixão, Jesus mesmo o predisse: “Se a mim perseguiram, também vos perseguirão; se guardaram minhas palavras guardarão também as vossas. Mas tudo farão contra vós por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou” (Cf. Jo.15,20-21)
Talvez mais que em outras eras, sentimos a atuação do Mistério da Iniqüidade que, vendo que seu tempo está próximo, recrudesce a violência e sofistica os meios para a destruição dos valores do Evangelho e dos que crêem no Cristo, arrancando a fé dos corações.
Sob o brilho efêmero das luzes que não resistem aos “apagões”, e da falsa ciência que não vê que na larva está escondida a vida e, do casulo, em vôo festivo sairá a borboleta, da cruz, continua a jorrar o sangue dos irmãos que são mortos, dos que passam fome e miséria.
Vamos então ao sepulcro onde depositaram o seu Corpo. Mas está vazio. Como Madalena procuramos aquele que amamos e em quem depositamos nossa esperança. Onde está Ele, em quem acreditamos. Se alguém o viu, fale-nos.
E eis que Ele está a nosso lado e nos chama pelo nome. E nos manda anunciar a Vida. Ressuscitado, Ele está vivo entre nós. Os homens quiseram destruí-lo e nele destruir a fonte da Vida, hoje, no segredo da geração, na infância desvalida, na pobreza, no ancião que teima em sentir o palpitar do seu coração, naquele que dá sua vida pela fé e pelo amor a seus irmãos.
E eis que a Vida ressurge em sua plenitude, como da semente que, lançada em terra, morre para florescer incorruptível e em esplendor sem igual. O Cristo ressuscitado já não morre mais. A morte não mais o atinge: ”Cristo, ressuscitado dentre os mortos não morre mais e a morte não tem mais domínio sobre Ele” (Cf. Rm. 6,9). E todos nós que com Ele morremos com Ele viveremos eternamente.
A ressurreição de Cristo, ensina o mesmo São Gregório, é um festa gloriosa para Ele e para nós “porque nos reconduziu à imortalidade” e também para os anjos porque, chamando-nos para o céu, aumentou o seu número. (Cf. Hom.21 sobre o Ev. de Marcos cap.16,1-7)
Discípulos-Missionários, aprendemos a crer no amor infinito do Pai que ressuscitou seu Filho pela força do Espírito. Esse mesmo Espírito que infundiu em nossos corações e pelo qual reconhecemos o Ressuscitado e inflamados de amor o anunciamos ao mundo, testemunhando a Vida que brota da cruz no sepulcro vazio de Cristo.
Maria Madalena não se quedou inerte diante do Senhor, partiu para a missão. Também nós. “Por que procurais entre os mortos, aquele que está vivo? Ele não está aqui, mas ressuscitou.” (Cf. Lc.24,5-6)
Alegrando-nos com a vitória de Jesus, celebrando a Páscoa, levemos este fogo novo que espanca as trevas da noite do pecado, lança longe os crimes e lava-nos as culpas. Restitui a inocência aos que caíram e aos tristes, a alegria.
Anunciemos ao mundo: Cristo ressuscitou. A Vida venceu a morte. Irrompeu entre nós o Reino de Deus. Somos testemunhas.
DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO METROPOLITANO DE JUIZ DE FORA, MG.
Publicado no Portal A Catequese Católica
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