"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

terça-feira, 29 de abril de 2008

Para que todos sejam um

Jesus estava prestes a partir. Escreve a testemunha que viu e participou: “sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado os seus que estavam neste mundo, amou-os até o fim.”(Cf. Jo. 13,1) E, tendo dado seu corpo em alimento e seu sangue em bebida, no final da oração sacrifical, poucas horas antes de iniciar sua paixão, implorou ao Pai por seus discípulos e “por aqueles que por sua palavra vão crer em mim para que todos sejam um, assim como Vós, o Pai, estais em mim e eu em Vós” (Cf. Jos. 17, 20-21)

A Igreja Católica no Brasil junto com outras Comunidades Cristãs que formam o CONIC, Conselho Nacional das Igrejas Cristãs, sentiram este apelo de Cristo, e trabalham juntas em busca da unidade. E todos os anos, nos dias que sucedem a festa da Ascensão até o dia de Pentecostes, dedicam-se à intensificação deste propósito com estudos e orações. No ano em curso, o lema insiste na oração: “Orai sem cessar”.

Não é um movimento regional. Apenas a data não coincide. Há cem anos, “no limiar do século XX, a angustia e a ousadia da esperança inauguraram a era do ecumenismo” (Pastor Breno Schumann) e, em 1908 promoveu-se pela primeira vez esta Semana de Orações, entre 18 e 25 de janeiro. Há trinta está organizado no Brasil. Na Arquidiocese de Juiz de Fora, é anterior, por iniciativa de cristãos liderados por sacerdotes redentoristas e o referido Pastor da Igreja de confissão Luterana.

Bem ajustada a constatação citada acima. Escrevemos em artigo anterior que a Igreja de Deus peregrinante na terra é divina, mas carrega consigo a fragilidade humana nos seus membros. É a realidade histórica. Assistimos, sobretudo, nos últimos quatro séculos, embora tenha havido antes também, a quebra da unidade da Igreja e, em conseqüência a secularização social e a perda da fé. Nós, cristãos, tínhamos nos acostumados a agir, a pensar e a viver isoladamente.

Mas, o Espírito que ilumina a todos aqueles que sinceramente crêem em Cristo, acordou as mentes para a esperança de uma Igreja uma e santa, segundo o desejo de Cristo, católica, isto é enviada para anunciar a salvação ao mundo todo e apostólica, edificada sobre o testemunho do Apóstolos, uma Igreja que, na terra, refletisse a realidade celeste. O movimento ecumênico nos descobre uma unidade oculta na diversidade gerada pelas falhas humanas e também pelo pecado: a fé em Cristo que se difunde no amor e no alento da esperança.

A solicitude para instaurar a união se impõe a toda a Igreja, quer na vida cristã, vivida dia a dia, por todos os fiéis, pastores e leigos quer nas investigações teológicas e históricas. Fiéis ao sopro do Espírito, reconheçamos os sinais dos tempos e abramos os nossos corações no reconhecimento dos laços fraternos existentes entre nós e que devem nos conduzir à plena e perfeita unidade segundo a benevolência de Deus, ensina o Concílio Vaticano II no decreto, Unitatis Reintegratio. A unidade corresponde ao mandamento e à vontade de Deus mesmo. Não há alternativa, ou obediência ou transgressão.

Para viver esse espírito ecumênico, temos, em primeiro lugar, de nos renovar na fidelidade à vocação a que fomos chamados. O mesmo Decreto Conciliar continua: “Toda a renovação da Igreja consiste essencialmente numa fidelidade maior à própria vocação. Esta é sem dúvida a razão do movimento para a unidade” (nº 777/778).

Exige também de nós, a conversão do coração. O apóstolo Paulo nos concita a andar de modo digno de nossa vocação, na humildade, mansidão e paciência, esforçando-nos para conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz (Cf. Ef. 4, 1-3).

A oração unânime, fruto de nossa fé e esperança, deve acompanhar nossa conversão e unida à prece de Jesus pedir a unidade, Pai, para que todos sejam um.

Esta Semana de Oração é momento propício que nos é dado. Como se expressa o Presidente da Comissão Pastoral para o Ecumenismo da CNBB, Dom José Alberto Moura, Arcebispo de Montes Claros, ”o evento significa um esforço de compreensão e respeito entre as igrejas cristãs, uma tentativa de buscar a unidade dos cristãos como Jesus Cristo queria ‘um só rebanho e um só pastor’, no esforço de confiança em Deus”

Todos nós cremos e confessamos no Símbolo de nossa Fé: “Creio na santa Igreja, una, santa católica e apostólica, confessamos um só batismo para a remissão dos pecados (Simb. Niceno Const.) Vivamos esta fé na esperança e caridade e numa vida de oração.

DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO METROPOLITANO DE JUIZ DE FORA, MG.

Publicado no portal A Catequese Católica

Quando Deus se torna uma aspirina


Lembramos de Deus quando necessitamos de alguma coisa

Existe um problema em nossas orações: constantemente lembramos de Deus somente quando estamos necessitados de algo, pedindo a Ele que faça a nossa vontade. Mas nem sempre as coisas são assim, pois, muitas vezes, o que desejamos não é o melhor para nós.

Um exemplo bem prático disso é uma criança pequena pedindo à mãe que lhe deixe brincar com uma faca. Por mais que isso seja a vontade dela [criança], uma mãe – em plena consciência – nunca a deixaria brincar com esse objeto. Do mesmo modo, Deus age assim conosco, sempre visando primeiramente o nosso bem; mesmo que a situação que estamos vivendo não esteja coerente com a vontade divina.

A lógica de Deus é muito diferente da nossa, porque Ele vê e tem idéia perfeita sobre todas as coisas, enquanto nossa visão é meramente limitada. Já experimentou olhar o lado avesso de um bordado feito à mão? O que vemos são apenas traços de um desenho; é difícil imaginar como realmente é o bordado. Assim nós também vemos a realidade, não a vemos por todos os ângulos, nossa visão a respeito dela é parcial.

Acreditamos – por meio de nossa fé – que Deus é Onisciente, ou seja, sabe tudo; logo, sabe o que é melhor para nós, muito mais do que nós mesmos. Portanto, o melhor que temos a fazer é nos deixar guiar pelo Senhor e pedir que se faça a vontade d’Ele em nossa vida e não a nossa, pois somos passíveis de erros.

Há de se ter muito cuidado em nossas orações para que não nos tornemos meramente pedintes, pois nossa tendência é a de esquecer de Deus quando conseguirmos o que queremos. Imagine você uma pessoa que orasse tão somente por causa de uma dor de cabeça, e agisse assim a vida toda. Qual seria o conceito que ela tem de Deus? Eu acredito que como o de uma grande aspirina, e é aí que mora o perigo, pois com esse conceito reduzido sobre Deus, quando ela tomar consciência de que a aspirina resolve seu problema, ela deixará de orar por crer que não precisa mais de Deus.

Com isso, não afirmo que é proibido pedir qualquer coisa a Deus; muito pelo contrário, no Evangelho de São João, podemos encontrar a seguinte passagem: “Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, eu o farei de tal forma que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14,13-14). Digo que apenas é necessário ter cuidado para que nossas orações não se tornem apenas um ato de somente pedir. Repito aqui que a melhor solução é deixar-se guiar por Deus.

Erick Walker

Publicado no portal da Canção Nova

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Não recue diante do medo

Coragem não é a ausência do medo, mas sim, a capacidade de avançar

O medo da desgraça, muitas vezes, é pior do que a desgraça em si. O medo de sofrer é pior do que o sofrimento. É natural ter medo; é algo humano, mas devemos enfrentá-lo para que ele não paralise a nossa vida. Há muitas formas de se ter medo: temos medo do futuro incerto, da doença, da morte, do desemprego, do mundo...

O mundo nos paralisa e nos “implode” interiormente, perturba a alma, por isso é importante enfrentá-lo. Talvez ele seja uma das piores realidades de nossos dias.

Coragem não é a ausência do medo, mas sim, a capacidade de avançar, apesar dele [medo]; de caminhar para frente e de enfrentar as adversidades, vencendo os medos. É isso que devemos fazer. Não podemos nos derrotar e nos entregar por causa dos medos.

A maioria das coisas que temos medo de que venham a acontecer, acabam não acontecendo. E esse medo antecipado nos faz sofrer muito, nos preocupar em demasia e perder horas de sono. No entanto, muitas vezes, acaba acontecendo o que menos esperamos. Muitas vezes, sofremos, antecipadamente, sem nenhuma necessidade.

É preciso policiar nossa mente; ela solta a si mesma e pode fabricar fantasmas assustadores, especialmente nas madrugadas. Os medos em geral são sombras imaginárias, sem base na realidade.

Há pessoas que se sentem ameaçadas por tudo e por todos, dramatizam os fatos e fabricam tragédias. É preciso acordar, deixar de se torturar com essas fantasias e pesadelos imaginários; o que as assusta é irreal. Quando amanhece as trevas somem... Para onde foram? Não foram para lugar nenhum, simplesmente desapareceram, porque não existiam; não eram reais. Quanto menor o medo, menor o perigo. As aflições imaginárias doem tanto quanto as outras [reais].

Jesus sempre censurou os seus discípulos quando eles ficavam paralisados pelo medo. Ele disse muitas vezes aos apóstolos – “Não temas!”

Quando Cristo chamou Pedro para vir a seu encontro, andando sobre as águas do mar da Galiléia , ele foi, mas permitiu que o medo tomasse conta do seu coração; então começou a afundar. Após salvá-lo Jesus lhe pergunta: “Homem pobre de fé, por que duvidaste?” (Mt 14,31b).

Pedro sentiu medo porque “olhou” para o vento e para a fúria do mar, em vez de manter os olhos fixos em Jesus. Esse também é nosso grande erro. Em vez de manter os olhos fixos em Deus, permitimos que as circunstâncias que nos envolvem nos amedrontem.

Não podemos, em hipótese alguma, abrigar o medo e o pânico na alma; nem lhes permitir que “durmam” conosco. Arranque-os pela fé, pela oração e por atos de vontade, decididamente!

É claro que toda a fé em Deus não nos dispensa de fazer a nossa parte. Não basta rezar e confiar – cruzando em seguida os braços –, pois Deus não fará a nossa parte. Ele está pronto a mover todo o céu para fazer aquilo que não podemos fazer, mas não faz nada que podemos fazer.

Vivemos dizendo a Deus que temos confiança n’Ele, mas passamos o tempo todo provando o contrário, por nossas preocupações.... Quando você age com fé e confiança em Deus, Ele lhe dá equilíbrio e luzes para agir, guiando-o e abrindo as portas para você resolver o problema que o angustia. Se temos um problema é porque ele tem solução, então vamos a ela. Se o problema não tem solução, então, não é mais problema, é um fato consumado, o qual devemos aceitar.


Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

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sábado, 26 de abril de 2008

Jesus o Senhor!

Jesus mesmo atribui-se de maneira velada este título quando discute com os fariseus sobre o sentido do Salmo 110, mas também de modo explícito dirigindo-se a seus apóstolos. Ao longo de toda a sua vida pública, seus gestos de domínio sobre a natureza, sobre as doenças, sobre os demônios, sobre a morte e o pecado demonstravam sua soberania divina. (CIC§447)

Amigos do blog Dominus Vobiscum. Estamos agora estudando e aprendendo, o significado bíblico da palavra Senhor, que por sinal tem tudo a ver com este blog. Explico. Senhor em Latim, significa Dominus, e qual é o nome do blog?

Então, a grande novidade neste caso, é chamar Jesus de Senhor. No post passado, vimos que o povo Hebreu chamava Deus de Senhor. Agora voltemos ao tempo de Jesus. Perceba que Jesus, na visão humana da época era apenas o Filho do Carpinteiro. Nada mais. Era um entre muitos. E como disse também no post anterior, Jesus não se torna Senhor a força na vida de ninguém. Jesus foi conquistando um a um. Pessoa a pessoa. E aos poucos, na medida em que foi se revelando Filho de Deus, Ele foi mostrando aos Doutores da Lei e aos Fariseus que sua missão era de fato ser o Senhor do Mundo e do Universo.

Mas Jesus não fez isso de forma direta. ele soube ser sutil. Foi mostrando isso através de obras e palvras. Através da vida Dele, as pessoas foram percebendo que Ele era alguém vindo da parte de Deus. Depois foram vendo que Ele era Filho de Deus e portanto Deus, e assim entregaram sua vida a Ele. É um processo que todos nós vivemos. Uns levam mais tempo, outros menos tempo.

Mas o importante aqui, é crer que Ele é o Senhor do Universo. E como também disse no post passado, entregar sua vida a Ele para que ele seja o Senhor. Para que Seja o Senhor de sua vida, é preciso aprender, e isso leva tempo e requer dedicação, a fazer as suas escolhas, as escolhas essenciais da sua vida, junto com o Senhor. Desde as mínimas coisas, até as coisas mais importantes. Como diz a canção: ” Se sou fiel no pouco, Ele me confiará mais!”

É importante exercitar o seu ouvido espiritual. Sim você tem um ouvido espiritual. E você não pode ser servo, se você não aprender a ouvir seu Senhor. Esse é o principal objetivo do bom servo: Aprender a obedecer o seu senhor.

Obedecer vem de Ob-audire (ouvir com o coração). Você tem escutado seu Senhor com o coração? Como tem sido suas escolhas? Junto com o seu Senhor ou do jeito que você quer e faz?

Pense nisso…

Obs.: Ouça o nosso estudo sobre o Significado do Termo Filho de Deus. Para ouvir o Podcast, clique aqui!

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Sejamos misericordiosos

Dom Gil
Foto: Wesley Almeida
Misericórdia vem do latim, que é a junção de ‘misere’ que significa miséria, pobreza e ‘cordia’ que significa de coração. Misericórdia está relacionado diretamente com coração, ser misericordioso é ter um bom coração.

No livro do Gênese vimos Adão e Eva que ofendeu ao Criador que os repreendeu, mas em sua misericórdia Deus prometeu um salvador, e este salvador foi o Seu Filho.

No Antigo Testamento também vimos Abraão e Sara, os dois não poderiam ter filhos, mas por misericórdia Deus deu a graça deles terem inúmeros filhos.

Deus não quer te condenar, Deus não quer a morte do pecador, mas Ele quer que você se converta e viva. No Salmo 50, Salmo da misericórdia, Davi pede perdão a Deus pelos seus pecados e Deus vai encontro de Davi com misericórdia.

Jesus vem até nós para nos dá a certeza que podemos ficar livre do nosso pecado, Jesus é a própria misericórdia.

Jesus pregou a misericórdia. Todos os milagres que Jesus realizou foi um ato de misericórdia. No Evangelho de São João 10:

"Caminhando, viu Jesus um cego de nascença. Os seus discípulos indagaram dele: Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem este pecou nem seus pais, mas é necessário que nele se manifestem as obras de Deus. Enquanto for dia, cumpre-me terminar as obras daquele que me enviou. Virá a noite, na qual já ninguém pode trabalhar. Por isso, enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Dito isso, cuspiu no chão, fez um pouco de lodo com a saliva e com o lodo ungiu os olhos do cego. Depois lhe disse: Vai, lava-te na piscina de Siloé (esta palavra significa emissário). O cego foi, lavou-se e voltou vendo."
"Jesus é a própria misericórdia"
Foto: Wesley Almeida
No Evangelho de São Marcos 7 vemos mais um milagre, mais um ato de misericórdia.

"Jesus respondeu-lhe: Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio de tua filha. Voltou ela para casa e achou a menina deitada na cama. O demônio havia saído. Ele deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galiléia, no meio do território da Decápole. Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão. Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva. E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: Éfeta!, que quer dizer abre-te! No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente. Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam. E tanto mais se admiravam, dizendo: Ele fez bem todas as coisas; fez que ouçam os surdos e falem os mudos."


Jesus pregou e viveu a misericórdia. Jesus vai ao encontro dos sofredores, pecadores. No Evangelho de São João no capítulo 8, Jesus tem mais uma atitude de misericórdia com a mulher adúltera. Ele não vive só da justiça, mas da misericórdia. Jesus viu o coração daquela mulher.

"Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora apanhada em adultério. Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a isso? Perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra. Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra. Inclinando-se novamente, escrevia na terra. A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele. Então ele se ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém Senhor. Disse-lhe então Jesus: Nem eu te condeno".


São as inúmeras as atitudes de misericórdia de Jesus no Evangelho. Até no momento da morte, Jesus foi misericordioso:

“Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós! Mas o outro o repreendeu: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino! Jesus respondeu-lhe: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23,39-43).


Nesta passagem há um mau ladrão que blasfemou e não acreditou na misericórdia, já o outro tinha fé, ele sabia de seus erros, dos seus pecados, mas ele confiou na misericórdia. Pelo mau ladrão Jesus não podia fazer nada, porque só recebe a misericórdia quem confia.

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sexta-feira, 25 de abril de 2008

A identidade do filho de Deus


Muitas vezes, não temos a coragem de assumir a nossa identidade

Deus sempre renova a nossa experiência com Ele, fazendo o “novo” acontecer, fazendo florescer um tempo de graça na nossa história e no nosso dia-a-dia!

Caminho sempre numa Palavra da Bíblia: “Quem está em Cristo, é uma nova criatura. Passou o que era velho, tudo se fez novo” (2 Cor 5, 17). Em Deus não há monotonia, n’Ele nada se repete, tudo se renova, – e quando estamos em Cristo – essa renovação acontece com uma força e um poder transformadores. Tenho 13 anos de conversão e de vida com Deus, e a cada manhã tudo se renova na minha vida.

Jesus assume, com todo o coração e alma, a missão d’Ele, sem medo de se expor e sem medo de morrer pelo que veio anunciar. E sempre assumiu a identidade d’Ele: Filho de Deus! Foi rejeitado pelos da Sua raça, da Sua estirpe, o povo a quem Ele foi enviado; foi perseguido, ameaçado. Porém, não desistiu, foi até o fim, sendo condenado à morte, sendo flagelado, derramando o sangue pelos nossos pecados; não desistiu, morreu e foi justificado pela Ressurreição. Sempre assumindo a identidade d’Ele.

Muitas vezes, não temos a coragem de assumir a nossa identidade, de forma que nem sempre damos testemunho dela [identidade], pois queremos ser iguais a todo mundo. No entanto, nós nos esquecemos de que Aquele – a quem temos de imitar – não se fez igual aos demais; pelo contrário, viveu de maneira diferente, fez a diferença e incomodou. Hoje é o dia de nos perguntarmos: eu tenho incomodado com a minha vivência do Cristianismo? Eu tenho sido autêntico? Tenho dado testemunho da minha fé?

A vivência da Sua identidade levou Jesus à cruz. Talvez também tenhamos de passar pela cruz por fazermos a opção radical por Deus. Mas preciso dizer sem medo: isso é o que Deus quer de nós, que sejamos autênticos, diferentes, separados, santos! E preciso ainda dizer: as pessoas com quem convivemos esperam também que sejamos diferentes e que tenhamos posições diferentes no dia-a-dia, e São Paulo revela que até mesmo toda a criação espera que nos manifestemos: “De fato, toda a criação espera ansiosamente a revelação dos filhos de Deus” (Rm 8, 19).

Você já reparou na sua identidade? No que ela contém? Ela traz o seu nome completo, a sua filiação (nome do pai e da mãe), a data do seu nascimento, o número do registro de seu nascimento, a cidade onde você nasceu, a data da expedição da carteira, a sua foto, sua digital e o número do registro geral e sua assinatura. E como será a nossa identidade de cristãos?

No céu o seu nome está completo também, assim como o nome daqueles que lhe deram a vida aqui na terra estão registrados lá. No entanto, a filiação evidenciada no céu é a de que você é filho de Deus; há a data do seu nascimento, e no lugar da data da expedição da carteira há a data do seu batismo, pois por meio deste sacramento você adquiriu a identidade de filho de Deus. O céu o conhece muito bem, por isso, não precisa de foto nem de assinatura, pois a “assinatura” são as opções que você faz. O Sangue de Jesus lhe dá a garantia do seu nome registrado no céu.

O desafio é demonstrarmos aqui nesta terra a nossa identidade de filhos de Deus, de cidadãos do céu, pois no lugar da cidade onde nós nascemos, está escrito que você e eu somos cidadãos do céu. Mostre para todos a sua identidade. Eis o desafio de hoje: seguir os passos de Jesus e não negar a identidade de cristão, de filho de Deus. Isso implica testemunho de vida e luta constante pela santidade.

Estamos juntos nesta!

Conte comigo!

Deus abençoe!

Pe. Roger Luis

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Em que sentido a Igreja usa o termo “Senhor”?


Hoje em dia, vemos muita gente chamando Jesus de Senhor. De fato Ele é o Senhor, e disso não tenho dúvidas. Porém é preciso entender o sentido do termo Senhor. Veja o que diz o Catecismo:

Na versão grega dos livros do Antigo Testamento, o nome inefável com o qual Deus se revelou a Moisés, Iahweh, traduzido por “Kýrios” [”Senhor”]. Senhor torna-se desde então o nome mais habitual para designar a própria divindade do Deus de Israel. É neste sentido forte que o Novo Testamento utiliza o título de “Senhor” para o Pai, e também - e aí está a novidade - para Jesus reconhecido assim como o próprio Deus. (CIC§446)

Desde os inícios do Judaísmo, o povo de Deus chamava o seu Deus Yahweh de Senhor. Na Grécia usava-se o termo Kyrios, como vimos no catecismo da igreja Católica. Porém o termo Senhor naquele tempo tinha dois sentidos:

O primeiro sentido, era usado para tratar alguém de mais idade, ou dos filhos para com os pais. Este de fato é um termo mais atual. Se usa comumente entre Pais e filhos, entre empregados e patrões, e para com pessoas de mais idade;

O segundo termo, é menos usual hoje, porém era muito usado na época do Antigo e do Novo Testamento. Era usado pelos escravos e servos para com o seu dono. Era assim que um servo ou escravo chamava seu dono: Senhor! Era nesse caso específico que se usava a palavra Kyrios.

Desde os inícios, o Povo de Deus se refere ao seu Deus como seu Senhor, usando esse segundo sentido. Ou seja, aqueles que se dispõem a seguir a Deus, precisam se colocar como servos, como escravos, muito embora Deus nos trate como servos, mas como amigos. O grande problema é muita gente ao tratar Jesus como Senhor, não expressa de fato na sua vida o Senhorio de Jesus.

Para muitos, Jesus é Senhor apenas por uma questão de respeito. Pelo fato de ser Filho de Deus. Mas não pelo fato de permitir que Jesus de fato seja o senhor de suas vidas. O centro desse estudo não é apenas explicar o termo Senhor, mas conscientizar ao amigo leitor que vai visitar o blog nesses dias, que é preciso mesmo deixar que Jesus seja de fato o Senhor da sua vida.

Porém agora fica a pergunta, para que você responda nos comentários: Em que sentido você trata Jesus como Senhor? Jesus é o seu Kyrios?

Dominus Vobiscum

Obs.: Ouça o nosso estudo sobre o Significado do Termo Filho de Deus. Para ouvir o Podcast, clique aqui!

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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Traduzindo Deus

Hoje uma razão muito especial me fez pensar que o tempo todo somos convidados a “traduzir” Deus para as pessoas. Isso mesmo: traduzir o Sagrado é nossa missão, nosso discipulado. Traduzir é um verbo que tem raiz etimológica no grego μεθερμηνευω [methermêneuô], significando, pois, aquela ação capaz de nos levar ao conhecimento do que antes nos parecia obscuro ou impossível de compreensão.

Pois bem, já me explico porque somos então impulsionados pra tal dinâmica. O imperativo de traduzir Deus se dá quando percebemos que pelas avenidas da vida tantos corações parecem ter se cansado de acreditar num motivo que alimente suas vidas. Quando notamos o quanto de olhares já se perderam, quantos solos deixaram a sua sacralidade ir embora, e nisso minha gente muitos são os que também cristalizaram suas vidas em noites escuras e já não sentem mais motivos de contemplar o sol da existência por meio das cores e sabores da Ressurreição. Quantos vivos que estão mais mortos que aqueles que já adormeceram na Eternidade.

Aqui temos um caminho a percorrer, um caminho dado e traçado, um desejo a ser tornado real, tão real quanto o “Verbo que se tornou carne” ao traduzir o Amor Divino. Um caminho que se deu por duas vias: a de quem veio – o Verbo – e a de quem sempre vai – nossos corações, território humano no qual o Sagrado quis fazer morada. E neste itinerário a estrada assumiu beleza quando nos foi dado a Plenitude da Revelação. Nada mais precisa ser revelado. No entanto precisamos “traduzir” Deus. Precisamos comunicar Deus pra tantos quantos ainda não se permitiu sentar com Ele, ter um encontro pessoal.

Lembro que algumas vezes lá na escola a professora de língua estrangeira nos colocava pra traduzir textos e frases. Debruçávamos com todos os instrumentos necessários, dicionários, gramáticas, para que desta forma a tradução fosse a mais fiel possível ou o mais próximo daquilo que se propunha. Minha gente, nossa missão não é diferente. Parece-nos que o exemplo da escola é meio tolo, mas serve-nos de fio condutor para compreender que embora a Plenitude da Revelação já nos tenha traduzido todo o Amor do Pai, somos, no entanto configurados como seus fiéis colaboradores pra que esta tradução visite todos os corações humanos e possam ali fazer morada. Da mesma forma que um dia tivemos que fazer a tradução de um texto cuja língua parecia-nos desconhecida ou inacessível, somos, pois vocacionados o tempo todo a traduzir com nossas vidas e testemunhando por meio de nossas opções e escolhas o amor d’Aquele que nos atraiu para si.

Feliz foi Santo Agostinho ao dizer “Nihil volitum nisi precognitum est”, que nada é desejado se não for conhecido. O mundo busca um sentido, e nesta busca surge o desejo, e este último se dá pela via do conhecimento. Tudo é muito simples quando percebemos que Deus se deu a conhecer e se deixou encontrar pra desta forma ser desejado, buscado. Nossa missão portanto, mesmo com nossas limitações, é traduzir este conhecimento que nasce da nossa relação de amor com o Divino, pra que deste modo todos possam também desejá-lo.


Geronimo Lauricio
Seminarista da Diocese de Itabuna - Ba.
Bacharelando do curso de Filosofia.
E-mail: jeronimolauricio@hotmail.com

Publicado no Portal A Catequese Católica


Olá amigos! Este é o primeiro Podcast que fazemos daqui de São Paulo e consequentemente este também é o primeiro estudo que faremos. Aos poucos vamos retomando nossos projetos. No Podcast de hoje falaremos sobre o último título ao qual o Catecismo da Igreja Católica cita, sobre a pessoa de Jesus Cristo: Senhor.

Senhor é um título atribuido pelos gregos. No grego, Senhor chama-se Kyrios. Em Latim, chamamos Dominus. Todo mundo diz: Jesus Cristo é o meu Senhor! Mas você sabe por que a Igreja atribui esse título a Jesus? Será que é por respeito? Você vai saber sobre isso acessando agora esse podcast.

Dominus Vobiscum

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domingo, 20 de abril de 2008

Passeio Turístico-Religioso


A Equipe Dirigente 2008, visando promover uma maior integração entre todos os casais do ECC de Fátima e trazer a Evangelização às nossas casas, está organizando um passeio turístico-religioso-cultural para o Mosteiro dos Jesuítas, em Baturité (há pouco mais de 70 km de Fortaleza).

O Passeio será no próximo dia 25 de maio, saindo da igreja às 7h30min. O passeio custa R$25,00 por pessoa e inclui ida e volta em ônibus (com ar condicionado), ingresso para visita às instalações do mosteiro, almoço no self service do mosteiro e missa das 8h às 9h, já no Mosteiro.

É importante ressaltar que todo o dinheiro arrecadado está envolvido diretamente no pagamento aos ônibus e mosteiro e que não haverá lucro algum para o ECC, já que a intenção é confraternizar, e não arrecadar. Cada ônibus custa R$400,00 (31 lugares) e R$300,00 (22 lugares). Além disso, temos o ingresso p/ visita às instalações (R$1,00 por pessoa), o valor da celebração eucarística (R$1,00 por pessoa) e o almoço (R$10,00 por pessoa).

Para quem procura um local que combina com a paz da serra tem lugar certo para visitar em Baturité, o Mosteiro dos Jesuítas (colégio dos padres Jesuítas). A construção, feita toda de pedra, foi inaugurada em 15 de agosto de 1927, sendo procurada por quem quer total tranqüilidade (veja foto do mosteiro anexa). Com arquitetura belíssima que chama atenção de quem passa e com uma bela visão da cidade de Baturité (veja foto anexa), o local deixou de ser uma escola de formação de sacerdotes jesuítas em 1963.

Ainda administrado por jesuítas, o mosteiro possui equipamentos adequados para a promoção de eventos. No local, os visitantes apreciam um belo jardim, uma horta e têm ainda uma visão privilegiada dos municípios de Baturité e Aracoiaba. A paisagem verde e o clima úmido fazem da região um dos destinos mais procurados para finais de semana. Com temperatura mínima chegando a 17ºC, o cenário conta com uma pequena faixa de Mata Atlântica transformada em Área de Proteção Ambiental, o que faz a região ser bastante apropriada para o ecoturismo.

Além do Mosteiro, ao chegar em Baturité notamos logo que a cidade tem muita história para contar. Como monumentos representativos da história da cidade, temos: a Igreja Matriz, de estilo colonial, que foi construída em 1764; a Estação Ferroviária, que foi umas das primeiras construídas no Ceará e que possuiu papel importante na economia cafeeira; a Via Sacra, com 365 degraus, representando o marco de sentimento religioso do povo de daquela cidade, onde a escadaria nos leva a uma imagem de Nossa Senhora no alto da serra; a Casa do Comendador Ananias Arruda, que é hoje um museu histórico; o Sítio Arqueológico Serra do Vicente; e ainda belos e amplos prédios e casarões como o Palácio Entre Rios, Prédio da Cultura, Galeria de Arte Olavo Dutra Alencar, entre outros que juntos constituem um rico acervo da História Regional.

Veja o que a imprensa local fala do mosteiro: “...Suba até o Mosteiro Jesuíta, em Baturité, e tenha a visão mais espetacular da sua vida, do alto da montanha o sertão parece querer invadir esse pedaço de mata atlântica que resiste a intensa aridez.”

Peguem seu filhos, esposa e marido e embarquem nessa conosco.

Kátia e Alencar - Pós-encontro.
Ana Beatriz e Narcélio - Ficha.
Viviane e Fábio - Finança.
Soraya e Raphael - Palestra.
Viviane e Márcio - Montagem.

5º Domingo de Páscoa

Como eram as primeiras comunidades cristãs?


Muito se fala sobre como seriam as primeiras comunidades cristãs, porém nada do que ouvia, sejam informações vindas de protestantes de diversas “Igrejas” e seitas, seja vindo de católicos, não me davam muito respaldo para que pudesse usaressas informações. Porém encontrei este texto no Site Veritatis Splendors, que é altamente confiável em matéria de conteúdo católico, e resolvi postá-lo para que você amigo do blog Dominus Vobiscum, tivesse também acesso a esse maravilhoso texto. segue abaixo:

O que mais impressiona nas primeiras comunidades é o fervor e a coragem dos cristãos. Diante das autoridades e dos líderes religiosos do seu tempo, os fiéis não temiam confessar que Jesus é o Messias. A presença do Espírito Santo era sempre muito viva. Cada igreja local tinha seus ministros, apóstolos, profetas, doutores… Todo o fiel recebia de Deus carismas especiais, que devia colocar à disposição da comunidade (dom de línguas, sabedoria, cura, ensino…).

A atuação feminina era expressiva, mas não havia confusão entre o papel do homem e o papel da mulher (a sociedade romana era muito machista e tratava a mulher como se fosse propriedade do marido; as crianças também eram desprezadas, podendo ser rejeitadas ou abandonadas à própria sorte pelo pai - tudo isto muda entre os cristãos). Em Cristo não há diferença de dignidade entre grego e judeu, homem e mulher, escravo (a sociedade romana era escravocrata) e livre. Todos se reuniam para celebrar a eucaristia (ou fração do pão) especialmente no domingo (que substituiu o sábado como o sétimo dia dos cristãos, por causa da ressurreição do Senhor), oravam em comum, partilhavam seus bens, ajudavam os pobres. O rito de iniciação cristã era o batismo, no qual os efeitos da morte redentora de Cristo eram aplicados sobre o crente. Havia ainda a imposição de mãos, ou Crisma, através da qual o fiel confirmava o seu compromisso e assumia uma missão na comunidade, e a unção dos enfermos, que servia para curar e confortar os doentes.

Uma fonte importante sobre a vida das comunidades cristãs do final do séc. I e início do séc. II é a Didaqué, ou Instrução dos Doze Apóstolos, uma espécie de catecismo primitivo. A primeira parte da Didaqué apresenta os dois caminhos que o homem pode escolher: o da vida e o da morte. Seguem-se orientações para a conduta dos fiéis e exortações. Na segunda parte há uma descrição da vida sacramental e da oração. O batismo é feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e, quando a imersão não é possível, a água pode ser simplesmente derramada três vezes sobre a cabeça de quem vai receber o sacramento. Os crentes devem jejuar duas vezes na semana e rezar o Pai Nosso três vezes por dia. A celebração dominical (Missa) é o sacrifício verdadeiro que cumpre a profecia de Ml 1,10s. Antes de se realizar a fração do pão os fiéis fazem uma espécie de ato penitencial (exomologese). A Didaqué também fala de apóstolos, profetas inspirados pelo Espírito Santo (os quais chama de sumo sacerdotes) e mestres que percorrem as igrejas. Bispos e diáconos são escolhidos pelos fiéis, com a mesma dignidade dos profetas e dos mestres. Por último, adverte contra os “falsos profetas e corruptores”, e contra o anticristo que virá quando o fim estiver próximo. Aqueles que perseverarem na fé durante a grande tribulação serão salvos. Depois que o céus se abrirem, após o soar da trombeta e a ressurreição dos mortos, “o mundo verá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu”.

Sobre a penitência, já lemos no evangelho de João (Jo 20,21-23) que Cristo conferiu aos apóstolos o poder de perdoar pecados. Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, condena um caso de incesto e excomunga os responsáveis, esperando que com isto eles se arrependam e retornem para o Senhor. Na epístola de Tiago há uma exortação para a confissão dos pecados (Tg 5,16-18). Há casos, porém, de faltas graves para as quais se hesita em reconhecer a possibilidade de remissão (Hb 10,26ss; ver também a distinção que o apóstolo João faz entre pecados que levam à morte e pecados que não levam à morte, 1Jo 5,16). Quem renega a fé não encontrará misericórdia para seu crime, segundo o autor da carta aos Hebreus.

Os primeiros cristãos eram geralmente gente simples, das camadas sociais mais baixas. Exteriormente não se distinguiam das outras pessoas do seu tempo, mas viviam de modo honesto e digno. Procuravam ser obedientes às autoridades e oravam pelos governantes.

À frente de cada comunidade havia epíscopos, ou então um colégio de presbíteros. Havia também diáconos, que cuidavam da administração e da distribuição dos bens entre os necessitados. Tanto os epíscopos como os presbíteros e os diáconos eram ordenados através da imposição de mãos. Esta estrutura ministerial, ainda não muito precisa, deu origem à hierarquia da Igreja tal como a conhecemos hoje.

Com Santo Inácio de Antioquia as coisas ficarão mais claras: “Que todos, assim como reverenciam Cristo, reverenciem os diáconos, o bispo, que é a imagem do Pai, e os presbíteros, que são o Senado de Deus, a Assembléia dos Apóstolos”. No início do século II, este regime se imporá naturalmente entre as igrejas da Ásia.

O que não se pode negar é que, desde os seus primórdios, a Igreja possui uma constituição hierárquica, formada pelos apóstolos e por Pedro, e que esta constituição foi transmitida sempre e ininterruptamente através do sacramento da Ordem. Os apóstolos fundaram comunidades e ordenaram pessoas para presidi-las. Estas, por sua vez, ordenaram outras como sucessoras, e o processo prosseguiu em uma cadeia contínua que permite ligar cada bispo, cada padre, cada diácono da Igreja de hoje aos apóstolos e, dos apóstolos, ao próprio Jesus Cristo.

De modo particular, o bispo de Roma é o sucessor do apóstolo Pedro e, portanto, responsável por garantir a unidade e a integridade da fé da Igreja.

Outra característica relevante dos primeiros cristãos era a ansiedade pelo retorno do Senhor, a Parusia. Pelas cartas de Paulo vemos que a volta iminente de Jesus era crença comum. Nas assembléias litúrgicas ouvia-se freqüentemente a exclamação cheia de esperança: “Maranatha! Vem Senhor Jesus!” Com o tempo percebeu-se que a vinda de Jesus não era tão iminente.

O cristianismo se aproveitou da imensa rede de estradas que interligava o Império. Desenvolveu-se principalmente no meio urbano. De boca em boca, através de escravos, mercadores, viajantes, judeus helenizados, artesãos, a Boa-Nova ia chegando aos lugares mais distantes. O Império de Roma tornou-se, logo, a “pátria do cristianismo”.

Pax Domini

Publicado orioginalmente no Blog Dominus Vobiscum

Deus quer falar com você


Ninguém mais que Nossa Senhora ouviu a Deus
Estamos num mundo marcado por muitos avanços científicos e tecnológicos, e o ser humano, enquanto pessoa, tem ficado esquecido. As pessoas nunca têm tempo; mesmo os que não têm grandes responsabilidades sobre suas costas estão sempre entretidos com alguma coisa, todo mundo corre, quase ninguém pára, e as pessoas já não sabem mais ouvir.

Com a imprensa, o rádio, a televisão e agora também a internet, a quantidade de informações descarregadas sobre cada um é alucinante; em toda parte, há muito barulho, todo mundo fala...o ouvido vai ficar calejado. Fala-se muito de coisas que nos cercam e muito pouco do que está dentro do nosso coração. A verdade é que “desaprendemos” a arte de escutar. Se não conseguimos dar ouvidos à pessoa que está perto de nós, que vemos e que tocamos, como poderemos escutar a Deus, cuja voz não impressiona os tímpanos?

Se um homem deixa o barulho e a agitação do mundo e procura no silêncio o seu descanso, Deus se manifesta para ele. O Senhor prefere se mostrar na suavidade da brisa a se mostrar no estardalhaço do trovão.

Na oração, Deus fala, escuta, mas também tem o que dizer a você, a min, a nós. Deus é o absoluto, quando Ele se manifesta, a melhor oração que podemos fazer é calar. Quando o homem cala, Deus fala.

Assim em nossa oração, devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance para nos colocar na presença de Deus, que já estava ali à nossa espera. E quando percebemos que nos aproximamos do Senhor e estamos diante d’Ele, devemos calar porque as palavras já não são necessárias; então podemos contemplar e ser contemplados.

Não temos idéia do quanto Deus nos cura e liberta neste momento de silêncio, quando só o amor transita.

Ninguém mais que Nossa Senhora ouviu a Deus, porque ninguém tanto quanto Ela se calou. Muitos acham que a Virgem Maria não é importante, pois as Sagradas Escrituras mostram que Ela quase não se pronunciou. Não percebem que é justamente aí que reside a importância dela. Quando ninguém deu lugar ao seu Filho para nascer, Ela se calou; entre os doutores e diante da cruz, Ela também se calou. Ela sabia que a vitória que temos sobre o sofrimento está no silêncio. Quem se cala ante o sofrimento guarda só para Deus o perfume desse sacrifício; quem fala, dissipa-o.

Nossa Senhora falou pouco, mas quando abriu a boca a criação estremeceu. João Batista foi um exemplo do que aconteceu com a humanidade.

Que o Espírito Santo nos coloque no coração o desejo de guardar o silêncio sagrado, o mesmo que Maria honrou e guardou – tornando-se a mestra, a educadora de todos os que de longe perceberam a profundidade desse mistério e agora anseiam por penetrá-lo!

Dê-nos, ó Senhor, um anjo para nos guardar neste bom propósito.


Márcio Mendes

marciomendes@cancaonova.com
Artigo extraído do livro “Quando só Deus é a resposta”, e publicaso no portal da Canção Nova

quinta-feira, 17 de abril de 2008

ECC - Fim de Abril e Começo de Maio

  • 24 de abril - Encontrão Tira Dúvidas:
    • Padres reúnem-se à mesa, no auditório, e os casais do ECC tiram todas as suas dúvidas sobre Nossa Religião. Por favor, nos enviem suas perguntas aos padres, assinadas ou não, para organizarmos o debate.
  • 26 de abril – Missa dos Casais e Feirinha (com Bingão da Amizade e Surpresas Musicais do Pe Ivan).
    • Círculo responsável pelo serviço: Carlos e Ana Maria.
  • 29 de abril - Reunião de Coordenadores, às 20h.
  • 02 de maio - Primeira Sexta-feira do mês.
  • 03 de maio - Primeiro Sábado do mês.
  • 04 a 12 de maio – Novenário da Igreja.
  • 13 de maio – 10 Missas (5h, 6h30min, 8h, 9h30min, 12h, 14h, 15h30min, 17, 18h30min, 20h). Muita Ajuda nas Coletas.
  • 17 de maio – Feirinha de Homenagem ao Dia das Mães (com Surpresas para Mães e Presença de Todos).
  • 25 de maio – Passeio Turístico-Religioso do ECC para Mosteiro dos Jesuítas, em Baturité. Saindo da Igreja às 7h30min. O passeio custa R$25,00 por pessoa e inclui ida e volta em ônibus com ar condicionado, ingresso de visitação às instalações do mosteiro, almoço em self service e celebração eucarística.
Um fim de mês abençoado e um começo de maio de proteção Divina.

Kátia e Alencar - Pós-encontro
Ana Beatriz e Narcélio - Ficha
Soraya e Raphael - Palestra
Viviane e Fábio - Finança
Viviane e Márcio - Montagem

Um salto para a vida nova


Quando nos afastamos dos caminhos do Senhor perecemos

Deus quer, no dia de hoje, gravar os mandamentos d’Ele no seu coração. E não só no seu coração, mas no coração dos seus filhos, de toda a sua família e em toda a sua casa.

Quando você visita um judeu ortodoxo, as portas de sua casa estão marcadas com os mandamentos. Nós, hoje, precisamos marcar as nossas portas com o sinal da salvação.

O primeiro mandamento é: "Amarás o Senhor teu Deus com toda a tua força e com toda a tua alma". Mas para que os mandamentos do Senhor tenham efeito na nossa vida, nós precisamos ouvir a voz e a vontade de Deus. É necessário as ouvirmos, pois a Palavra de Deus é luz para nossos passos; é libertação. E quem quer ser liberto precisa ouvir a vontade de Deus. Você só será feliz se praticar a Palavra de Deus, e ao ouvi-la precisa ter a intenção de praticá-la.

Existe uma passagem bíblica que diz que um pai tinha dois filhos. Ele chamou o primeiro e disse: "Filho, vai trabalhar na vinha". E o filho respondeu dizendo que iria, mas não foi. Então, o pai chamou o segundo, mas este respondeu que não iria, mas no final acabou indo. Qual deles obedeceu ao pai? O segundo, porque fazer a vontade do Pai, muitas vezes, não implica fazê-la com a boca, mas a obedecer com o coração.

Em Mateus 19, 16-22, vemos que a primeira coisa que temos de reconhecer é que Deus é bom, que Deus é amor. O Pastor que quer retirar de nós toda a tristeza e todo o lixo que o mundo foi depositando ao longo dos anos.

Se você quiser ter vida, abra a porta do seu coração. Eu vim buscar a vida verdadeira, que começa, hoje, com a sua decisão. Você que perdeu o sentido da vida, que sente uma tristeza profunda, hoje Deus abriu para você uma porta.

Os mandamentos do Senhor são caminhos de vida e liberdade. Quando nos afastamos dos caminhos d’Ele perecemos. Mas para ter essa experiência com o Senhor é necessário se prostrar, deixar cair por terra os apegos, deixar que Deus conduza a nossa vida.

Conversão é agarrar-se ao Reino de Deus, é decisão. Se você tomar essa decisão, voltará para casa com outra vida.

Uma vez perguntaram para Jesus o que era necessário para entrar no Reino de Deus e Ele disse que era preciso ser como as criancinhas, porque elas são desapegadas. O que nos salva é abandonar tudo como uma criança. Hoje estamos recomeçando a nossa vida. E vou lhe contar um segredo: você está começando a sua nova vida muito bem, porque você está entregando as rédeas da sua existência nas mãos de Deus.

Santo Agostinho, no início de sua conversão, não conseguia dar passos, porque para tudo ele dizia: "Vou fazer amanhã". E quando ele se deu conta de que era necessário não deixar as coisas para amanhã, mas sim, fazer o que era necessário naquele exato momento, ele viu que era possível caminhar.

Até quando vamos dizer “Amanhã, amanhã...”? Por que não agora? Muitas vezes, você está pegando fôlego para pular no “fosso”. Eu tenho uma notícia maravilhosa: nós vamos pular para o outro – da vida velha para vida nova, juntos!

Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

Publicado no Portal da Canção Nova

terça-feira, 15 de abril de 2008

E quando não ouço a voz de Deus?


Muitas vezes, esperamos que Deus nos fale através de situações grandiosas

Para respondermos a essa pergunta vamos seguir os passos daqueles que foram exímios ouvintes da voz de Deus: os profetas bíblicos, pois os entendemos como aqueles que por excelência estavam em contato direto com o Senhor. Para ilustrar essa experiência vejamos a história do profeta Elias. Ao lermos os relatos sobre esse grande homem de Deus não temos dúvidas de que foi um grande profeta. Realizou grandes feitos: pela sua palavra não choveu em Israel; os corvos lhe serviam pão e carne enquanto estava em fuga; multiplicou a farinha e o azeite na casa da viúva de Serepta; ressuscitou o filho dessa mesma viúva; desafiou os 450 profetas de Baal pedindo fogo do céu para queimar o holocausto oferecido a Javé, entre outros.

Mas, um belo dia, Deus o mandou sair da gruta em que estava escondido porque o Senhor passaria diante dele. Diz-nos o Livro de Reis que um grande e impetuoso furação fendia as montanhas e quebrava os rochedos, mas Deus não estava no furação. Depois disso houve um terremoto, mas o Senhor também não estava nesse fenômeno; a seguir, houve um fogo, mas Ele também não estava nele [fogo] (cf. I Reis 19, 9-13). Foi então que veio o ruído de uma brisa leve e Deus estava naquele som! Elias chegou a cobrir o rosto com o seu manto, tamanha a presença de Deus naquele pequeno ruído.

Da mesma maneira costuma acontecer conosco. Ficamos esperando que o Senhor nos fale por intermédio de situações grandiosas e fantásticas. Muitos de nós nos acostumamos, inclusive, a ouvi-Lo somente “nos furacões” dos grandes encontros e retiros, no “fogo” da empolgação do nosso primeiro encontro pessoal com Ele, no “terremoto” desse ou daquele dia no qual tivemos uma experiência sobrenatural...

Ouvir a Deus nessas ocasiões é importante, mas não suficiente. Precisamos fazer como nos ensinou nosso querido padre Léo: Rezar a vida! E assim, entender que Deus nos fala a todo instante e das mais variadas formas.

São Bento já ensinava isso ao colocar como fio condutor da regra de vida dos beneditinos o par: “Ore e Labore” (oração e trabalho). Para ele a experiência de ouvir a voz de Deus acontece, cotidianamente, nas realidades mais ordinárias da nossa vida.

No trabalho, ou seja, nas situações do dia-a-dia, Deus nos fala. Fala-nos por meio de um gesto amigo, de um sorriso, de um encontro inesperado; por meio do cansaço de um dia puxado de trabalho, de um abraço, de um telefonema, de um carinho, de uma chuva que cai, de uma música que traz boas lembranças, de um e-mail, de uma cena que presenciamos...

E de forma mais clara ainda, o Senhor nos fala nos nossos momentos de oração. Mas também dou ênfase às ocasiões cotidianas de encontros com o Senhor, pois não é sempre que participamos de encontros, acampamentos ou retiros. Sendo assim, precisamos ter práticas de oração que nos levem a encontrar e a ouvir a Deus diariamente.

E ainda que nosso corpo não nos impulsione à oração, pois nem sempre dispomos de entusiasmo para a oração espontânea, podemos, ao participar da Santa Missa, ao recitar o rosário ou o terço, ao meditar a Palavra, ao rezar o salmo do dia, entre outros, mantermos uma disciplina de oração que nos coloque em contato direto com o Senhor – mesmo que o corpo, os sentimentos e a cabeça não estejam dispostos a isso, pois essas e outras práticas diárias, por muitos consideradas mecânicas, têm a facilidade de nos levar à oração também quando não temos vontade de rezar.

Por isso, não fique dependente de ouvir a Deus através do “furacão”, do “terremoto” ou do “fogo”. Escute a doce voz do Senhor que se apresenta num pequeno ruído de uma simples brisa. A brisa suave que cotidianamente vem a nós. A brisa suave que nos transmite a voz de Deus no dia-a-dia do trabalho e da oração.

Denis Duarte
denisufv@yahoo.com.br

Publicado no Portal Canção Nova

Jesus, o Bom Pastor

O profeta Isaias havia anunciado que o Messias abriria sua boca em parábolas para que os de coração endurecido, vendo, não vissem e, ouvindo, não ouvissem. Quando Jesus anunciou sua missão misericordiosa nesta parábola, cheia de ternura, do Bom Pastor, o Evangelista nos relata que “eles não entenderam do que estava dizendo” (Cf. Jo. 10,6). Seu coração estava cheio de ódio porque não o queiram reconhecer como o Filho de Deus e “Novamente apanharam pedras para apedrejá-lo” (vs.21)e mais adiante, procuravam prendê-lo (vs.39).

Que o nosso coração esteja disposto e atento para percebermos todo o ensinamento da parábola e, sobretudo, para a vivermos na confiança ilimitada na bondade de Deus.

O pastor, uma realidade natural para o povo a quem Jesus falava e que perdurou por séculos até bem pouco tempo atrás, antes da transformação da economia rural em industrial. Ele cuidava das ovelhas e as guardava do perigo, levava-as às pastagens e, deixando seguras todas as outras, saía a procurar a que se extraviara, cuidava-lhe as feridas daquela jornada solitária e a levava novamente ao convívio das demais.

Jesus se intitula o Bom Pastor. Bom, ele o era por essência, como Filho de Deus, em quem habita. Em sua plenitude, a Bondade, ensina Santo Gregório, papa. Bom, também e ainda na sua forma, enquanto entregou sua vida pelas ovelhas que lhe foram confiadas pelo Pai. Não só se sacrificou por elas, continua o mesmo santo, mas ainda deu-se em alimento e bebida, na eucaristia: “Bom Pastor, entregou sua vida pela suas ovelhas para que, em sacramento para nós, vertesse seu corpo e sangue e saciasse as ovelhas que remira com o alimento de sua carne”.

Santo Tomas, no hino seqüencial “Lauda Sion”, que se reza na liturgia da missa da festa do Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor, retoma o mesmo tema. Da Eucaristia, memorial da morte de Cristo, que nos dá em alimento, pede e suplica que nos conduza às pastagens eternas.

Na continuidade da parábola, Jesus ensina que a ovelhas conhecem a voz do Pastor e o seguem. Não reconhecem o mercenário, que não é pastor e a quem não interessa as ovelhas senão o ganho da jornada. Ele deixa vir o lobo que rouba rezes e devasta o rebanho. As ovelhas do redil de Cristo e ainda as de outro redil que vieram se juntar, os gentios que estavam longe da Aliança, reconhecem a voz do Pastor pela fé e pelo amor e o seguem aonde Ele as leva porque lhe foram dadas pelo Pai.

Quando Jesus anunciou que daria seu Corpo em alimento, os judeus e muitos discípulos se afastaram. Então o Mestre Divino perguntou aos que ficaram se também eles não queriam ir embora. Pedro respondeu em nome de todos: “Senhor as que iremos? Só tu tens palavra de vida eterna” (Cf. Jo.6,68). Como em outra passagem, não foi a sabedoria humana que inspirou a resposta, senão a inspiração divina, pela fé.

Jesus é a Porta pela qual se entra no redil. Quem não entra por esta Porta é assaltante e ladrão. O único caminho que nos conduz à segurança do aprisco e às pastagens eternas é o Filho de Deus: “Eu sou a Porta: se alguém entra por mim será salvo, poderá entrar e sair e achará pastagens” pois “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Cf. Jo.10,9-10).

Quando da Ascensão aos Céus, Jesus ordenou aos seus discípulos que continuassem a sua missão: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Cf. Mc. 16,15) E, conclui o Evangelho que os apóstolos partiram e pregaram por toda a parte. A continuidade do rebanho de Deus na terra, a Igreja, foi confiada a eles e a seus sucessores. Aos que foram chamados para esta missão devem conformar sua vida com a vida de Cristo e estender sua dedicação, seu amor, a sua misericórdia ao povo de Deus. E, seguindo a mesma lição de São Gregório, já citado, estar dispostos a oferecer sua vida por aqueles que lhe foram confiados.

São Pedro recomenda aos presbíteros: “Apascentai o rebanho de Deus que vos é confiado, cuidando dele, não contra a vontade, mas de bom grado como Deus quer...mas tornando-vos modelo para o rebanho (Cf. 2Ped, 5,2)

A nós, comunidade de fé e caridade, importa reconhecer neles a mesma voz do Pastor Eterno e retribuir com a mesma caridade e amor. Assim seguiremos o Bom Pastor, o Pão da Verdade e reconhecemos que Ele nos apascenta e nos guarda enquanto esperamos atingir os bens eternos na terra dos vivos. (seq. citada.)

DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO METROPOLITANO DE JUIZ DE FORA, MG.

Publicado no Portal A Catequese Católica

domingo, 13 de abril de 2008

Filhos da Páscoa

O desatino das inseguranças não faz barreira às esperanças

Da esperança, a dor; o sentido oculto que move os pés, o desejo incontido de ver as estradas se transformando, aos poucos, em chegadas "rebordadas" de alegrias.

Ir. Um ir sem tréguas, senão as poucas pausas dos descansos virtuosos que nos devolvem a nós mesmos. Idas que não findam e que não esgotam os destinos a serem desbravados. Passagens, páscoas e deslocamentos.

Eu vou; vou sempre porque não sei ficar. Vou na mesma mística que envolveu os meus pais na fé, os antepassados que vieram antes de mim.

Vou envolvido pela morfologia da esperança; este lugar simples, prometido por Deus, e que os escritores sagrados chamam de Terra Prometida. Eu a quero.

O lugar sugere saciedade e descanso. Sugere ausência de correntes e cativeiros... Ainda que o caminho seja longo, dele não desisto. Insisto na visão antecipada de seus vislumbres para que o mar não me assuste na hora da travessia. Aquele que sabe antecipar o sabor da vitória pela força de seu muito querer, certamente, terá mais facilidade de enfrentar o momento da luta.

O povo marchava nutrido pela promessa. A terra seria linda; nela, não haveria escravidão. Poderiam desembrulhar as suas cítaras, cantar os seus cantos, declamar os seus poemas. A terra prometida seria o lugar da liberdade. Mas, antes dela, o processo. Deus não poderia contradizer a ordem da vida. Uma flor só chega a ser flor depois que viveu o duro processo de morrer para suas antigas condições. O novo nasce é da morte. Caso contrário, Deus estaria privando o seu povo de aprender a beleza do significado da Páscoa.

Nenhuma passagem pode ser sem esforço. É no muito penar que alcançamos o outro lado do rio, o outro lado do mar... E assim foi. O desatino das inseguranças não fez barreira às esperanças de quem ia. O mar vermelho não foi capaz de amedrontar os desejosos da Terra, os filhos da promessa. Pés enxutos e corações molhados, homens e mulheres deitaram suas trouxas no chão; choraram o doce choro da vitória e construíram, de forma bela e convincente, o significado do que hoje também celebramos.

A vida cresceu generosa, o significado também.

Ainda hoje, somos homens e mulheres de passagens; somos filhos da Páscoa.

Os mares existem, os cativeiros também. As ameaças são inúmeras, mas haverá sempre uma esperança a nos dominar; um sentido oculto que não nos deixa parar; uma terra prometida que nos motiva a dizer: Eu não vou desistir! E assim seguimos juntos, mesmo que não estejamos na mira dos olhos.

O importante é saber que, em algum lugar deste grande mar de ameaças, de alguma forma estamos em travessia...

Padre Fábio de Melo
Publicado no Portal da Canção Nova

Eu sou a porta



OUÇA E BAIXE ESSA PREGAÇÃO NA ÍNTEGRA

“Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. (João 10; 8-10)

Jesus diz que Ele é a porta, e a porta é o lugar que nos dá acesso a uma casa, se porta está fechada nos impossibilita a entrada, não passamos pela porta fechada. E hoje Jesus nos diz que Ele é porta, e a única entrada para você ter acesso ao céu, a eternidade é passando pela porta que é Jesus, é preciso passar por Jesus para não ficar fora do céu.

A chave do céu é Jesus, Jesus é o nosso ingresso para voltar o convívio de Deus, para eternidade, Jesus com sua morte da cruz se transformou na nossa passagem para vida eterna.

Não existe alegria e paz verdadeiras na falta de Deus se queremos ter paz e felicidade precisamos passar pela porta que é o Senhor, se não passamos ficamos para fora, e daí corremos risco de cair nas armadilhas do ladrão.
O inimigo que está no lado de fora nos enganando com seus artifícios, ele não está interessado nas ovelhas, mas em si mesmo. Precisamos estar atento.

Hoje é necessário tomar posso da benção de Deus, ou seja, adentrar a porta que é Jesus, para ser cuidado por Deus.
Talvez alguns estejam sentindo como uma ovelha abandonada, ferida, ou mesmo aquela ovelha que como o filho prodigo saiu de perto do pastor, mas hoje entenda que Jesus é a porta que está aberta, volte entre pela porta e encontre a verdadeira alegria, volte para o aprisco, porque no aprisco você é amado como verdadeiramente necessita, e este amor fortalece e dá a verdadeira alegria.

Na primeira leitura diz: “Perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: ‘Irmãos, o que devemos fazer?’Pedro respondeu: ‘Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos vossos pecados. E vós recebereis o dom do Espírito Santo.’Pois a promessa é para vós e vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar para si".(At 2, 38- 40 )
'Não existe alegria e paz verdadeiras na falta de Deus'
Foto: Elcka Torres
Quando ouviram a resposta do Pedro aconteceu algo espetacular: ‘Os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o batismo. Naquele dia, mais ou menos três mil pessoas se uniram a eles.’

Se hoje nos convertamos e entramos para o convívio do Senhor, não tenho duvida milhares de pessoas receberão vida nova e já experimentaremos o céu na terra.

Não podemos ficar no mais ou menos, ou entramos pela porta, ou podemos ficar fora do céu.

Será que o pecado não está mais presente na sua vida do que a graça de Deus. Pergunto: que lugar Deus ocupa em sua vida?
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Padre Hamilton Nascimento
Membro da Comunidade Canção Nova, ordenado dia 27 de dezembro de 2005.

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Publicado no Portal da Canção Nova.

Um pouco mais da história da Igreja a partir da pessoa de São Paulo


Amigos! Antes de mais nada obrigado pelas orações e pelo apoio quanto a essa mudança. Também eu estou muito feliz! Já estou começando a gostar dessa mudança. Ontem na missa do Clube do Ouvinte, o Padre Bruno me “enviou”. Obrigado a todos que rezaram aquela Ave-Maria por mim. Bom, e se você gostaram do texto de ontem, quero pedir permissão mais uma vez aos amigos e irmãos do Veritatis Splendors para postar mais um texto deles aqui no Blog. No texto de hoje vamos falar sobre a conversão de Saulo. Quero mesmo que vocês leiam e meditem, pois junto com a história de Paulo, o autor do texto também entra na História da Igreja. Deus vos abençoe!

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Saulo, Schaoul, natural de Tarso da Cilícia, filho da tribo de Benjamim, a mesma do rei David. Filho de comerciantes ricos, cidadão romano, ligado à seita dos fariseus, aluno do glorioso rabino Gamaliel, zeloso defensor da Torá.

Depois de oito dias atravessando a estrada arenosa que ligava Jerusalém a Damasco, o coração cheio de fúria, inflamado pelo fanatismo religioso, Saulo estava cansado mas prosseguia com obstinação. Era mais ou menos meio-dia.

Subitamente, uma luz muito forte o envolveu e o fez cair por terra. Enquanto tentava compreender o que estava acontecendo, ouviu uma voz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Assustado, perguntou: “Quem és, Senhor?” A voz lhe respondeu: “Eu sou Jesus a quem tu persegues”. “Senhor, que queres que eu faça?” A voz disse: “Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer”.

Saulo, o perseguidor, converteu-se no grande arauto do cristianismo, um caso único. Alguém que não chegou a conhecer Jesus pessoalmente, que não fazia parte dos doze, mas que se lançou na difícil missão de evangelizar os povos pagãos, percebendo que não era necessário passar pelo judaísmo para se tornar discípulo de Jesus.

Embora Pedro já tivesse aberto a porta da Igreja para os gentios, Saulo, ou Paulo, merece sem dúvida o título de Apóstolo das Gentes.

Em 44, achava-se na cidade de Antioquia (foi lá que pela primeira vez os discípulos de Jesus receberam o nome de “cristãos”) com Barnabé. Ao longo de um ano trabalharam juntos. Na primavera de 45, tomaram um barco para a ilha de Chipre e depois seguiram para a Panfília, percorrendo, em seguida, a Licaônia. Paulo entrava nas sinagogas, pregava, procurava demonstrar que Jesus era o Messias esperado usando as Escrituras. Depois, voltava-se para os pagãos e anunciava-lhes a Boa-Nova. Sempre encontrou muitos obstáculos no seu ministério, principalmente a oposição de seus irmãos de raça.

Quando voltou para Antioquia entrou em confronto com os judaizantes, que impunham o rito da circuncisão como pré-requisito para seguir Jesus. A controvérsia é levada até Jerusalém, diante de Pedro, Tiago e João (o famoso Concílio de Jerusalém, cerca de 49), os quais aprovam o procedimento de Paulo. Para salvar-se o que importa não é a circuncisão, mas a fé em Cristo que opera pela caridade. Isto selou o rompimento do cristianismo com o judaísmo.

Em 49, Paulo sai de Antioquia para uma viagem de três anos. Deixa Barnabé e toma Silas como companheiro. Na cidade de Listra, Paulo e Silas encontram Timóteo e seguem atravessando a Frígia e a Galácia, alcançando a Macedônia. Em Filipos são presos. Em Tessalônica são acusados de adversários do imperador pelos judeus, porque diziam que Jesus era rei. Em Beréia, a sinagoga escuta atentamente a pregação de Paulo, comparando suas palavras com o que havia nas Escrituras.

Quando entra em Atenas, fica impressionado com a enorme quantidade de ídolos e monumentos aos deuses. Discute com os atenienses na ágora, tentando usar um pouco da linguagem da filosofia para lhes falar de Jesus. Quando trata da cruz e da ressurreição, no entanto, é ridicularizado. Crer que um escravo crucificado saiu de seu túmulo era demais para a sofisticação intelectual grega.

Logo a seguir desce para Corinto, cidade portuária, na qual existem dois escravos para cada homem livre. Lá, onde trabalha muita gente vinda do Oriente, o acolhimento do Evangelho é maior do que em Atenas. Como fabricante de tendas, Paulo fica na cidade por dezoito meses. Neste período envia suas duas cartas aos Tessalonicenses. Após uma breve escala em Éfeso, Paulo volta para a Síria pelo mar.

Em 53, Paulo realiza sua terceira viagem missionária, a mais demorada de todas. Escolhe Éfeso como base de ação (54-57), de onde envia a epístola aos Gálatas e a primeira epístola aos Coríntios. Em Corinto estavam surgindo divisões que enfraqueciam seriamente a comunidade.

Um fabricante de estatuetas de Ártemis provoca um grande tumulto em Éfeso, contra os cristãos, o que obriga Paulo a partir. O apóstolo segue para a Macedônia, onde escreve a segunda epístola aos Coríntios. Fica em Corinto novamente e de lá redige a carta aos Romanos, pedindo ajuda para efetuar uma viagem evangelizadora até a Espanha.

Antes disso é preciso ir até Jerusalém levar a coleta feita no Oriente em favor da Igreja-mãe. Saindo de Filipos, ele passa por Trôade e depois chega a Mileto. Aos efésios, que foram encontrar-se com ele, confidencia que não espera mais vê-los.

Em Cesaréia tentam detê-lo. No ano de 58, em Pentecostes, encontra-se na cidade santa. Quase linchado, é preso. Quando vai ser flagelado, apela para sua condição de cidadão romano, e faz com que o enviem a Cesaréia, onde mora o procurador Félix. A questão se arrasta por dois anos. O sucessor de Félix, Festo, cansado de ouvir os apelos de Paulo a César, envia-o para Roma.

Quando finalmente chega à capital do Império, passa dois anos em liberdade vigiada, correspondendo-se com as comunidades de Colossas, Éfeso e Filipos. Neste ponto se encerra a narrativa dos Atos dos Apóstolos.

As epístolas a Tito e a Timóteo são de um segundo cativeiro, na época da perseguição de Nero.

Publicado no blog Dominus Vobiscum.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Bíblia: uma junção do ato humano e divino

Na redação dos livros dela, há a mão humana, mas, principalmente, a inspiração divina

A princípio parece uma coisa óbvia, já que a Bíblia é um livro, ou melhor, uma coleção de livros – e os livros, claro, são para serem lidos e por isso é mais do que óbvio que temos de entendê-la como literatura.

Só que, quando se trata das Sagradas Escrituras, nem sempre a coisa é simples assim. Porque a Bíblia é, para nós, a Palavra de Deus. E por ser Palavra de Deus, a Igreja a venera profundamente. O que acontece, muitas vezes, é que muitas pessoas entendem de modo equivocado o fato de a termos como Palavra de Deus e de a venerarmos como tal. E acabam, por causa de um respeito às vezes fora da normalidade, tendo medo de ler a Bíblia.

Eu acho bacana quando chego a uma casa e a Palavra de Deus está aberta, geralmente num lugar de destaque na casa. A pessoa tem aquela Bíblia grande, ilustrada e coloca na sala, aberta. Isso é bem bonito. É muito importante dar destaque para a Palavra de Deus, a Igreja nos incentiva a fazer isso. Mas muitas pessoas ficam com medo ou respeito excessivo e não a lêem. Por isso quero comentar sobre a Bíblia como literatura.

Para ficar mais fácil, vamos separar as palavras: Bíblia e Sagrada. “Bíblia” significa um conjunto de livros. E como já dissemos, livro é para ser lido. Ato humano. E a outra palavra “Sagrada”, segundo o dicionário, é algo relativo às coisas divinas, algo santo, separado. Ato divino. Percebemos aí o que Deus quer: a união do divino com o humano.

Na composição da Bíblia Sagrada – temos, no momento da redação dos livros, a mão humana, mas também, e principalmente, a inspiração divina –, que é o que torna a Bíblia algo sagrado para nós. Temos aí essa junção do ato humano e da ação divina.

Fazemos o que cabe a nós no ato humano da leitura dos textos e Deus a d’Ele ao nos enviar seu Espírito Santo, que nos ilumina e encaminha nessa leitura.

A Igreja nos ensina que a graça de Deus é oferecida a todo ser humano, mas que para produzir seu efeito é necessário que haja a cooperação humana. É o que a Igreja chama de livre adesão do homem à graça de Deus. Assim também o é com a Bíblia. Para que a Palavra de Deus, em toda sua sacralidade, e para que o ato divino aconteça em nós, precisamos realizar o ato humano da leitura dos textos.

Se quiser, mande um e-mail ou comente aí em baixo. Você é muito bem-vindo!

Fique com Deus. Até a próxima.

Denis Duarte
denisufv@yahoo.com.br

Publicado no Portal Canção Nova

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Quando nasceu a Igreja de Jesus Cristo?

Pax Domini! Ainda neste período de mudanças, estou aproveitando para atualizar alguns tópicos do Blog, que andei meio que deixando de lado por falta de tempo. Hoje irei atualizar o tópico História da Igreja. Nesse item eu costumo colocar fatos, documentos e outras coisas mais sobre a História da Nossa Igreja. E o texto que postarei hoje, foi retirado do Grande Site Católico Veritatis Splendors - O Esplendor da Verdade, que na minha singela opinião é o melhor Site de Apologética Católica do Brasil. Para quem não sabe, Apologética é um termo que significa Defesa de Fé. É um site muito bom para quem tem dúvidas sobre a fé católica. Para visitar o Veritatis Splendors clique aqui. Vale a pena dizer também que muitos dos membros da equipe Veritatis Splendors, são Ex-Protestantes que se converteram ao catolicismo por estudarem a Biblia e a História da Igreja.

Vamos ao texto então. Nele você vai refletir sobre o momento que a Igreja nasce. E é bacana você se aprofundar sobre o assunto, pois tem muita gente ai pregando asneiras sobre a Igreja, dizendo que ela nasceu com Constantino. Mentira! A Igreja nasceu com Jesus Cristo. Leia o texto e se motive a pesquisar e aprender. Este texto oferece uma continuidade. Caso desejem, podemos ir publicando aos poucos. Pax.

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Os Evangelhos mostram a Igreja como um barco, no qual Jesus está presente, embora em alguns momentos pareça estar dormindo (Mt 8,23-27). O mar que este barco atravessa é a História, às vezes calmo, outras vezes turbulento e ameaçador. Há quase dois mil anos o barco saiu de seu porto. Não sabemos quando chegará ao seu destino, mas temos certeza de que Jesus nunca o abandonará.

A Igreja é um projeto que nasceu do coração do Pai, prefigurada desde o início dos tempos, preparada na Antiga Aliança com Israel, instituída por Cristo Jesus. A Igreja é o Reino de Deus misteriosamente presente no mundo. Ela se inicia já com a pregação de Jesus. Foi dotada pelo Senhor de uma estrutura que permanecerá até o fim dos tempos. Edificada sobre Pedro e os demais apóstolos, é dirigida por seus legítimos sucessores.

A Igreja começa e cresce do sangue e da água que saíram do lado aberto do crucificado. Nela se conserva a comunhão eucarística, o dom da salvação oferecido por Jesus em nosso favor.

A Igreja é indefectivelmente santa, sem mancha e sem ruga, porque o próprio Deus nela habita, santificando-a por sua presença. O pecado dos fiéis não lhe pertence. Só em sentido derivado e indireto se pode falar de “Igreja pecadora”.

Em Pentecostes, “a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou a difusão do Evangelho com a pregação” (Ad Gentes, n. 4).

Pentecostes do ano 30. Todos reunidos: os apóstolos, Maria, parentes de Jesus, algumas mulheres. Um ruído de ventania desce do céu. Línguas como de fogo surgiram e se dividiram entre os presentes. Todos ficaram repletos do Espírito de Deus e começaram a falar em outras línguas.

Esta assembléia inicial, esta kahal, ekklesia, igreja, é o princípio. Depois do prodígio das línguas, Pedro dirigiu-se à multidão reunida na praça e fez uma memorável pregação. Muitos se converteram, especialmente judeus vindos da Diáspora. Estes levaram a Boa-Nova aos seus locais de origem, o que provocou o surgimento, bem cedo, de comunidades cristãs em Damasco, Antioquia, Alexandria e mesmo em Roma. Alguns helenistas, no entanto, permaneceram em Jerusalém. Para cuidar de suas necessidades materiais, os apóstolos escolheram sete diáconos.

Filipe, um dos sete, evangelizou em Samaria (foi lá que Simão, o Mago, ofereceu dinheiro aos apóstolos Pedro e João em troca do Espírito Santo, donde o termo simonia - tráfico de coisas sagradas e de bens espirituais) e anunciou à Boa Nova a um etíope, funcionário da casa real de Candace.

Estevão era o diácono que mais se destacava. Por sua pregação incisiva, é detido pelas autoridades judaicas, julgado e apedrejado como blasfemador. Torna-se o primeiro mártir da História da Igreja. Enquanto é assassinado, perdoa os seus perseguidores e entrega, confiante, a sua vida nas mãos de Jesus.

O manto de Estevão foi deixado aos pés de um jovem admirador do ideal farisaico chamado Saulo.

Continua….

Pax Domini

Publicado no Blog Dominus Vobiscum

A amizade que “sub-trai”



Quando os interesses não são tão puros quanto parecem

As amizades com o sexo oposto – quando não trabalhadas de maneira equilibrada – podem colocar em risco outros relacionamentos. Dependendo do tipo de vínculo que se estabelece com alguém, as partilhas e confidências tendem a levar a amizade para uma esfera de maior proximidade entre as pessoas. Assim, não será difícil retribuir, tamanha atenção, com outros gestos de carinho.

A interferência de uma situação ou pessoa em nossos relacionamentos pode gerar crises dentro da vida conjugal e da família, ganhando relevância e fugindo do controle se não evitadas de maneira preventiva e madura... Pois uma amizade – quando se torna mais intensa do que os laços existentes entre o casal – gera o ciúme e rouba a atenção da pessoa comprometida. Esse tipo de relacionamento provoca transtorno, sem que, de fato, haja uma maior intimidade entre os amigos.

Como sabemos, os contatos promovidos pela Internet – por meio dos “chats” e “messengers” – são caminhos que favorecem a aproximação entre as pessoas. De um modo especial, quando os propósitos – nesses contatos – não são tão puros quanto pode parecer para um dos internautas, não será impossível que, escapando do mundo virtual, venham a viver no mundo real tudo aquilo que foi anteriormente promovido e incitado pelos encontros cibernéticos.

Se a intenção do encontro não for estritamente a de conhecer um novo amigo, essa atitude torna-se uma ameaça à estrutura familiar, como verdadeiramente o é.

Uma traição conjugal é comumente definida como um relacionamento paralelo, no qual muitas vezes se vive intimidades sexuais. Na maioria das vezes, ouve-se dizer que a causa do envolvimento num relacionamento desse tipo originou-se de uma crise conjugal, entre outras coisas.

Não são poucos os casos que encontramos de pessoas solteiras ou até mesmo casadas que se envolvem em relações paralelas. Em muitas situações, as “desculpas” se fundamentam na dificuldade de se sentir compreendido ou de encontrar alguém que também compartilhe de seus sonhos e projetos; o que acreditam não possuir dentro da vida a dois. Mas nem sempre isso é a razão principal; tal envolvimento pode acontecer, também, quando a atenção dispensada a alguém é misturada com sentimentos e carências por parte do outro ou até de ambos.

Para que ninguém viva no vácuo de um relacionamento ou tente preencher o seu vazio com aquela pessoa, que não poderá ser mais que um amigo verdadeiro, deve-se saber discernir e estabelecer as fronteiras para suas amizades.

Assim, para que outros relacionamentos externos não se tornem um perigo, os casais precisam se fazer, cada vez mais, inteiros para o outro e, dia após dia, mais cúmplices em pensamentos e atitudes. Dessa maneira, ambos devem se empenhar para desenvolver a segurança e a satisfação de viver o vínculo que extrapola a união física e que alcança a essência do seu cônjuge.

Um abraço

José Eduardo Moura

Publicado no Blog Comportamento