"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Diferenças pessoais: uma prova de revezamento

Numa competição de revezamento, em que um grupo de atletas se alterna para cumprir um propósito, a confiança no esforço de cada membro da equipe será inevitável.
Em tudo, precisamos empreender esforço, dedicação e perseverança para se alcançar a vitória. Não obstante, em nossos convívios, sobretudo entre os casais, a situação não será diferente. Em qualquer relacionamento a credibilidade no esforço do outro no sentido de melhorar a qualidade de vida almejada é imprescindível.

Se, muitas vezes, para nossas amizades serem duradouras há necessidade de se contornar os impasses e as diferenças casuais com inteligência e afeto, imaginemos o convívio em que duas pessoas dividem o mesmo teto e a mesma cama? Muitos casais, que convivem há algumas dezenas de anos, reconhecem as inúmeras vezes em que foram necessários os “revezamentos” com o parceiro na paciência, na perseverança e no amor – de forma a se acolherem, conhecerem e aprenderem mutuamente por meio das diferenças. Diferenças essas que vão desde as reações emocionais até os hábitos comuns do dia-a-dia: Seja no modo de pensar, agir ou até mesmo na manifestação de carinhos por parte do parceiro. Tudo será uma “aquarela” de sentimentos, por meio da qual aprenderemos juntos a compor novas cores e nuances.

Falar dessas diferenças – como riquezas – pode parecer uma utopia, afinal, o convívio com alguém que se parece ou que pensa como a gente é aparentemente o mais lógico. Por outro lado, pessoas que convivem por muito tempo com sua “cara-metade”, ainda que tenham comportamentos completamente distintos, percebem ter avançado no crescimento de suas similaridades como casal, sem perder sua própria identidade, a partir da prática do exercício do convívio. Tal como num enxerto feito nas plantas, percebemos que as nossas particularidades são riquezas que se somam com as de nosso (a) companheiro (a), plasmando assim um “novo” com características comuns.

Enquanto não dividíamos nosso dia com alguém, o tempo estava inteiramente à nossa disposição. Podíamos fazer de tudo, éramos os “senhores” de nossos atos. Mas a partir do momento em que desejamos partilhar nossa vida com alguém, experimentamos a necessidade de abrir mão de algumas coisas; afinal, inicia-se o exercício de uma vida em comum. No entanto, deixar de lado aquilo que nos parece ser de direito nem sempre é fácil e o que gostaríamos de fazer. Muitas vezes, essa renúncia não parece tão necessária para um dos cônjuges, aquele que precisará dar o passo inicial em direção à nova adequação de vida.

Da mesma forma, equacionar harmoniosamente as diferenças não será um trabalho fácil, mas esse exercício é fundamental e exigido por parte daqueles que estão dispostos a amar. A evolução de nosso relacionamento é o resultado desse exercício; só assim conseguiremos ultrapassar os aparentes obstáculos da vida a dois nessa “competição”, em que seus participantes se revezam na disputa de quem tem maior capacidade para amar. Se ambos se negarem a dar o primeiro passo para viver esse “revezamento” nas atitudes, a vida poderá se transformar numa competição de “vale-tudo”.

Abraços

Dado Moura

Publicado no Portal Comportamento

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