"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Está sofrendo? Reze!


Seja qual for o seu sofrimento, deve saber amá-lo e aceitá-lo

Quando você sofre, deve manter presente duas coisas: 1) Deus não quer o sofrimento porque é o Deus da vida, do amor, da felicidade. 2) O sofrimento faz parte da situação finita, passageira e humana do nosso ser.

Sabemos que pelo pecado entrou no mundo todo tipo de sofrimento. É necessário saber olhá-lo não com desespero, fuga, revolta, mas com tranqüilidade e paz interior.

Não é possível viver sem doença, sem sofrimento, sem conflitos. Eles fazem parte do nosso ser humano. Nós os encontramos presentes na vida de todos: dos santos e dos pecadores, na vida de Jesus, de Nossa Senhora e de todas as pessoas amadas por Deus.

Não podemos fugir à "deterioração" do nosso corpo que envelhece, adoece e morre. Diante disso, é necessário mudar de enfoque e contemplar tudo isso como caminhos que nos levam à maturidade, nos enriquecem de experiências e nos preparam para "céus novos e terras novas", onde não haverá mais dor nem lágrimas.

Hoje, não sabemos mais ser alegres porque rejeitamos os ferimentos e nos desesperamos até o ponto em que, para fugir da dor, há quem pregue como remédio a morte, a eutanásia, o suicídio. É claro que esses meios são contrários à vontade de Deus e contra a nossa natureza humana, que é feita para viver. Seja qual for o seu sofrimento, deve saber amá-lo e aceitá-lo, procurando, sem dúvida, todos os meios para aliviá-lo.

Não é necessário nem ir ao encontro do sofrimento nem pedir sofrimentos, é só aceitar os que encontramos no nosso caminho.

O pior serviço que podemos prestar a Jesus é apresentá-Lo como Aquele que vai em busca da morte, da dor, do sofrimento. Pelos Evangelhos, podemos ver Jesus diante da dor da qual Ele nos ensina a fugir. Recorda?

Quando Jesus é procurado par ser jogado do alto do monte, o que Ele faz? Foge. Quando os guardas O procuram para prendê-Lo no templo, o que o Senhor faz? Foge. E quando estão tentando matá-Lo? Jesus também foge. Ele sempre foge... Mas quando a cruz, a morte, o sofrimento se tornam o único caminho de fidelidade ao Pai, ao projeto de Deus em sua vida, Ele os assume.

"Quando ouviram isso, todos os que estavam na sinagoga ficaram furiosos. Levantaram-se, arrastaram-no para fora da cidade e o conduziram até o alto do monte onde estava construída a cidade, para dali o precipitarem. Mas, passando por meio deles, Jesus foi embora" (Lc 4,28-30).

"Depois de assim falar, Jesus retirou-se e se escondeu deles" (Jo 12,36).

"Por isso, Jesus já não andava em público entre os judeus. Retirou-se, em vez disso, para a região mais próxima ao deserto, para uma cidade chamada Efraim, e ali morava com os discípulos" (Jo 11,54).

"De novo procuraram prendê-lo, mas Ele se esquivou de suas mãos" (Jo 10,39).

Esta deve ser a nossa atitude. Quando o sofrimento é o único caminho de fidelidade a Deus e aos irmãos, devemos aceitá-lo com amor.

Tente identificar a origem de seus sofrimentos: físicos, espirituais, morais. Veja se lhe é possível aliviá-los ou fugir deles e depois reze, peça a Deus a força para poder assumir a cruz como dom do mesmo amor de Deus. Afinal, pela fé sabemos que "completamos na nossa carne o que falta à paixão de Jesus Cristo". Escute estas palavras de Elisabete da Trindade:

"Ó meu Cristo amado, crucificado por amor; quisera ser uma esposa para vosso Coração, quisera cobrir-vos de glória, amar-vos... até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-vos revestir-me de vós mesmos, identificar a minha alma com todos os movimentos da vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-vos a mim, para que minha vida seja uma verdadeira irradiação da vossa" (Elevação à Ssma. Trindade).

E de João da Cruz:

"Crucificada interior e exteriormente com Cristo, viverá nesta vida em fartura e satisfação de sua alma, possuindo-a na paciência" (Ditos 85).

"Que lhe baste Cristo crucificado! Com Ele sofra e descanse; mas para isso há de aniquilar-se em todas as coisas exteriores e interiores" (Ditos 90).

Nem todos os sofrimentos são iguais, devemos saber distingui-los para não "fazer tempestade num copo de água". Alarmar-se exageradamente nunca faz bem à nossa saúde física, mental, espiritual e emocional. É necessário sempre redimensionar as coisas. E, diante dos problemas da vida, saber o que podemos mudar porque algo depende de nós; e o que não podemos mudar é porque não depende de nós.

O cristão, porém, nunca vai assumir uma atitude "estóica e determinista". Ele sabe que, para não ser agredido pelos sofrimentos, é necessário aceitá-los pelo caminho do amor. O que muito nos pode ajudar é meditar a Paixão do Senhor Jesus: veja os capítulos 26-27 do Evangelho segundo Mateus; capítulos 14-15 de Marcos; capítulos 18-19 do Evangelho de João e o belíssimo caminho de Jesus apresentado pelo apóstolo Paulo:

"Ele, subsistindo na condição de Deus, não pretendeu reter para si ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo, tornando-se solidário com os homens. E, apresentando-se como simples homem, humilhou-se, feito obediente até a morte, até a morte da cruz. Pelo que também Deus o exaltou e lhe deu o Nome que está sobre todo nome. Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho de quantos há no céu, na terra, nos abismos. E toda língua proclame, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor" (Fl 2,6-11).

Minha experiência

Na minha vida, como na de todos, não tem faltado sofrimentos e dores de todo tipo. Mas com a graça de Deus e com a ajuda dos místicos do Carmelo, tenho conseguido compreender que o sofrimento é um "palácio", um "dom de Deus". Quando me encontro no sofrimento, tomo em minhas mãos o crucifixo e fixo, atentamente, o olhar em Jesus crucificado, e aí recebo toda a coragem e a força para não desanimar. E vejo a verdade das palavras de Jesus:

"Na verdade eu vos digo: se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, ficará só; mas se morrer, produzirá muito fruto" (Jo 12,24).



Frei Patrício Sciadini
(Extraído do livro "Quando rezar?" de Frei Patrício Sciadini)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Conversando com Deus

Eu converso seguidamente com Deus e acredito nos seus sinais. Na minha humilde concepção, Deus sempre está querendo dizer algo através de coisas simples, nas situações do cotidiano.

Os sinais contemporâneos que Deus nos apresenta acompanham a evolução tecnológica. São visíveis, autênticos, fáceis de interpretar.

Às vezes, Deus literalmente se “atravessa” e, como um verdadeiro Pai, nos coloca situações gigantes na vida para que Sua manifestação seja ainda mais clara. É como se fosse um alerta mais incisivo que sempre nos leva a uma reflexão maior. Suas ações nos forçam a repensar posições e a planejar melhor as atitudes.

Converso com Deus todos os dias, constantemente Ele me envia recados. Muitas vezes, no momento exato do Seu sinal, não me dou conta que seja obra Dele. Mas passa um tempo e vejo que tem a Sua mão. Suas manifestações não têm hora exata para acontecer, Ele não marca horário para isso. A todo o momento Deus envia recados. Mesmo assim muitos de nós temos a mania de sermos céticos e questionamos Seus sinais “será que no meio deste turbilhão de coisas e novas tecnologias, Ele envia mesmo sinais?” “ Isso que acontece é coincidência, não é sinal algum”. O ceticismo toma conta e usamos justificativas para negarmos a presença Dele.

E vamos levando assim, rejeitando a possibilidade de uma conversa.

Desde o nascer ao pôr-do-sol, são diversos os recados de Deus. Até mesmo nos nossos sonhos Ele se manifesta. Não lemos muitas histórias semelhantes na bíblia? Quantas manifestações em sonhos Ele fez, quantos recados deixou, inúmeros pactos foram estabelecidos através dos recados de Deus. Quantas vidas foram transformadas através dos Seus sinais. Muitas vezes Ele se utilizou até mesmo de anjos para passar mensagens. Elaborou situações inusitadas para dar o seu recado e instrução. E quando foi preciso, falou diretamente, sem intermediários.

Porque Deus se calaria e agiria diferente nos dias de hoje?

No meu caso, tem sido assim, sempre foi.

O convite que recebi em 1985, através de uma correspondência com uma imagem xerocada de Jesus, para participar de um Grupo de Jovens, foi um sinal. Foi como se Ele dissesse “Está confuso garoto? Isso é normal na tua idade. Mas te darei a chance de encontrar um caminho seguro”. Estou até hoje empenhado nas coisas Dele. Deus foi tão sábio que me mandou o recado de uma forma bem simples, pois me conhece e sabe que meu coração balançaria por um convite feito desta maneira. Foi o que aconteceu. Balancei, fui ao encontro, me embriaguei do Seu Amor.

Na morte do meu pai, quando eu ainda era adolescente, e da minha mãe, mais recentemente, o recado foi num outro tom. É como se Ele dissesse “muda a tua vida radicalmente”. “Esquece as picuinhas, não seja materialista, valoriza os teus amigos, cuida da tua saúde e continua no Meu caminho” Foi esta a mensagem que consegui captar. Doeu, dói muito ainda, mas sei que este foi o recado. Sinto que eu mudei, cresci, ando traçando outros rumos, retomei conceitos que andavam meio esquecidos e adormecidos. Está sendo através da dor, mas sei exatamente o que Deus quis me dizer com estas situações.

Quando Ele me colocou em contato com a catequese, foi outro sinal. Não sei como fui entrar nessa de ser catequista. Até hoje, muita gente duvida que eu trabalhe para a igreja desta forma, tão empenhado em ensinar um caminho diferente a centenas de jovens. Mas o empurrão que Ele me deu foi forte. É como se ele dissesse “Ajuda estes jovens, conta a tua experiência, evangeliza, me ajuda a divulgar um reino de amor. Assim como tu encontraste o caminho, ajuda a indicar para outros este caminho que te faz tão bem”. Foi este o recado, e eu aceitei, mas sem saber onde daria.

Deus é assim, vive se comunicando, mas nem sempre ouvimos.

Nossas conversas são recheadas de questionamentos, pedidos e agradecimentos. Às vezes, quando sou mais duro e apressado com as minhas reivindicações, Deus não fala nada, apenas ouve, como se dissesse, com o Seu silêncio: “O teu tempo é diferente do meu. Todas as coisas têm o seu tempo. Te acalma.”

Ele sempre sabe do que necessito e me atende na medida certa, com esta calma e sabedoria que lhe é peculiar.

Os sinais de Deus me fizeram conhecer centenas de pessoas ao longo da minha vida. Com elas, fiz a minha história e sou quem hoje sou. Chorei com algumas, sorri com outras, vivi bons e maus momentos. Uma boa parte delas eu não sei mais onde estão. Sumiram. Tomaram outros rumos. Mas aprendi com cada uma. Quer sinal de Deus maior do que esse? Quando Ele coloca pessoas na nossa vida, é um recado dos mais explícitos, como se dissesse “Aprende, vive, ensina, dialogue, tire o máximo de proveito para crescer com esta pessoa que estou colocando na sua vida agora. Seja para ela também uma fonte viva de crescimento”.

Os sinais de Deus me deram o dom da escrita. E, através dos meus simples textos, Deus colocou centenas de pessoas em contato comigo das mais diversas partes do Brasil e até de outros países. A cada e-mail que recebo, a cada recado no orkut ou pedido de acesso no MSN ou SKYPE, o meu coração se regozija. Sinto-me um evangelizador obediente aos pedidos que o Pai me faz.

Isso me faz acreditar ainda mais nos recados claros e evidentes.

Percebamos os sinais de Deus. Ouçamos os seus recados.

Por isso que sempre vou dizer, em todos os instantes, a toda a hora e em todos os lugares, que a catequese é um sinal dos maiores e que ser catequista é um recado direto de Deus ao nosso coração. É como se ele dissesse “Ai de ti se não evangelizar”.

Aceitemos este desafio com coragem e persistência e sem inventar desculpas para desistir diante do primeiro problema que aparece.

Alberto Meneguzzi
Jornalista e relações públicas formado pela Universidade de Caxias do Sul ( UCS), catequista de crisma há 20 anos na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes em Caxias do SuL/RS
Editor do JORNAL LOURDES, publicação comunitária voltada à evangelização e responsável pela manutenção do site www.paroquiadelourdes.com.br.
Profere palestras sobre "A catequese e a comunicação", "Os Pequenos gestos na relação pais e filhos e na catequese", "Os dias atuais e os desafios da evangelização", para pais, jovens, catequistas e liderenças pastorais.

E-MAIL: Alberto@albertomeneguzzi.com.br
MSN: meneguzzi@hotmail.com
SITE: www.paroquiadelourdes.com.br

sábado, 26 de janeiro de 2008

A Bíblia – ela funciona!

Em uma revista alemã encontramos o texto abaixo, que transcrevemos por ser muito precioso:

A Bíblia mostra a vontade de Deus, a situação do ser humano, o caminho da salvação, o destino dos pecadores e a bem-aventurança dos crentes.
  • Seus ensinos são sagrados, seus preceitos exigem comprometimento, seus relatos são verdadeiros e suas decisões, imutáveis.
  • Leia-a para tornar-se sábio e viva de acordo com ela para ser santo.
  • A Bíblia lhe ilumina o caminho, fornece alimento para seu sustento, dá refrigério e alegria ao seu coração.
  • Ela é o mapa dos viajantes, o cajado dos peregrinos, a bússola dos pilotos, a espada dos soldados e o manual de vida dos cristãos.
  • Nela o paraíso foi restabelecido, o céu se abriu e as portas do inferno foram subjugadas.
  • Cristo é seu grandioso tema, nosso bem é seu propósito, e a glorificação de Deus é seu objetivo.
  • Ela deve encher nossos pensamentos, guiar nosso coração e dirigir nossos passos.
  • Leia-a devagar, com freqüência, em oração. Ela é fonte de riqueza, um paraíso de glórias e uma torrente de alegrias.
  • Ela lhe foi dada nesta vida, será aberta no juízo e lembrada para sempre.
  • Ela nos impõe a maior responsabilidade, compensará os maiores esforços e condenará todos os que brincarem com seu conteúdo sagrado.
Um mecânico foi chamado para consertar o mecanismo de um gigantesco telescópio. Na hora do almoço o astrônomo-chefe encontrou-o lendo a Bíblia. "O que você espera de bom desse livro?", perguntou ele. "A Bíblia é ultrapassada, e nem se sabe quem a escreveu!'

O mecânico hesitou por um momento, levantou seus olhos e disse: "O senhor não usa com freqüência surpreendente a tabuada em seus cálculos?"

"Sim, naturalmente", respondeu o astrônomo.

"O senhor sabe quem a escreveu?"

"Por quê? Não, bem, eu suponho... Eu não sei!"

"Por que", então, disse o mecânico, "o senhor confia na tabuada?"

"Confiamos porque – bem, porque ela funciona", concluiu o astrônomo, irritado.

"Bem, e eu confio na Bíblia pela mesma razão – ela funciona!"

A Bíblia – atual, autêntica, confiável! Quem lê a Bíblia tem uma vida plena.

Norbert Lieth
Fonte: www.ajesus.com.br

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Sobre Deus


O poder d’Ele não fere nem desrespeita o espaço humano de nossas escolhas

O que podemos esperar de Deus? O que nos diz a religião cristã a respeito da intervenção divina na vida humana? Como é que podemos pensar a dinâmica dessa relação?

Ando pensando que o desafio de todas as relações esteja justamente em não confundirmos os papéis. Nenhuma relação humana será saudável na confusão dos papéis. Definir o que se é consiste em construir as bases sólidas que nos permitirão “esperar e também nos desesperar”. Já me explico. “Esperar” é a atitude que nos permite a serenidade de que o outro fará por nós, aquilo que não podemos fazer sozinhos. “Desesperar” é chegar à conclusão de que a vida tem limites, que terão de ser respeitados. Desesperar não significa sair gritando, esbravejando desaforos a respeito dos limites, mas consiste em serenar o coração, aquietando-o e esperando os ensinamentos que virão do acontecimento que provocou a desesperança. E assim concluo: o desespero é o outro lado da esperança...

Gosto de olhar para Deus. Gosto de esperar por Ele, sobretudo nos momentos das minhas desesperanças. Olho-O como quem olha querendo decorar, aprender, incorporar. Faço inúmeros pedidos a Ele, mas tenho sempre o cuidado para que minhas preces não sejam formuladas nos verbos imperativos... Prefiro apresentar as questões, colocá-las nas mãos d’Ele e depois esperar pela vida. Tenho medo de me tornar o deus de Deus. Receio que minhas preces sejam ordens mesquinhas Àquele que tudo sabe de mim. Por isso, eu ando dizendo que a vida é o espaço da liberdade, lugar onde me exercito como homem, desejoso de acertar e atualizar na minha vida, o único desejo de Deus para mim: a bondade. Somente a partir da bondade de Deus é que podemos dizer que Ele tudo pode. Ele tudo pode, mas o poder d’Ele não fere nem desrespeita o espaço humano de nossas escolhas. E viver é escolher.

A Teologia nos ensina que em Deus não há variação de humor. Ele é sempre amor, movimento que não sai da rota e que O coloca na coerência de ser o que é. E por isso é fácil entender a ação de Deus na vida humana. Dizer que Ele permite acidentes, doenças e que protege e desprotege é o mesmo que colocar uma contradição naquilo que Ele é. Expliquem-me, então: se Deus é amor, como posso entender que uma criança – como o nosso querido Lucas – tenha um câncer que viaja pelo seu corpo? Como não entender que o Senhor não tenha curado o nosso padre Léo de sua enfermidade tão dilacerante? Aí você pode me perguntar: “Então não adianta rezar, padre?” E eu respondo: adianta minha filha, meu filho. Rezamos, não para que Deus faça o que queremos, mas para que tenhamos forças de entender as fragilidades da vida, os limites do nosso corpo, e quem sabe, viver a surpresa da cura inesperada, quando tudo indicava que já tivéssemos chegado ao fim. Rezamos porque temos direito de pedir, de clamar, e de explicar as razões dos nossos desejos, mas não temos o direito de determinar o que Ele terá de fazer.

Estamos constantemente debaixo da proteção divina. Ela não nos deixa nunca, mesmo quando não pedimos por ela. Minha mãe também me diz quando saio de casa: “Vai com Deus, meu filho! Cuidado na estrada!” Na frase de minha mãe há duas realidades a serem observadas: o dom e a tarefa. O dom está na primeira expressão: “vai com Deus.” E eu vou mesmo. Ele não sabe me deixar ir sozinho. Na segunda está a tarefa: “cuidado na estrada!” Na tarefa, a vida resguarda o espaço para a responsabilidade humana. Tenho duas possibilidades diante da fala de minha mãe: acato ou não. Se eu acato, o dom se manifesta. Se não, ele fica ofuscado na minha escolha errada.

Cristianismo é isso. Não há relação saudável com Deus se não descobrimos constantemente as duas realidades na nossa vida: o dom e a tarefa. Em todas as situações humanas há sempre uma parcela de dom a ser recebida e uma parcela de esforço a ser executada. O milagre se dará por duas vias...

Não quero confundir ninguém. Quero apenas apontar os caminhos para uma religião madura, na qual Deus deixa de ser movido por nossas ordens mesquinhas, na qual a oração se torna o acolhimento do dom e o cumprimento da tarefa. Uma religião que, em vez de fazer perguntas absurdas, prefere o silêncio da busca que nos aperfeiçoa. Aí rezaremos com as mãos, com os pés, no trânsito, nas esquinas e em toda parte. Retiraremos de nossa mente a resolução fácil, aquela que justifica os piores acontecimentos do mundo como vontade de Deus... Permitir... dizer que “Deus permite” é voltar à única permissão que d’Ele brota: a vida, a bênção eterna, o dom que explode em todos os instantes nas menores iniciativas que geram o universo criado. A permissão é única, total e globalizante. Permissão que não contradiz em nada aquilo que Ele é.

Eu O [Deus] defendo sempre. Não quero que O acusem das desgraças do mundo. Quando minha irmã morreu num acidente trágico, vítima da imprudência humana, de uma bagagem que estava no lugar errado e que caiu sobre ela no momento em que o ônibus tombou, alguém quis me consolar à custa de uma acusação descabida: “Foi a vontade de Deus!” E naquele momento minha mente se iluminou para que eu não permitisse que Ele fosse injustamente acusado daquele crime. Prefiro desacreditar dos humanos a ter de pensar que Deus seja capaz de matar uma mulher que precisava viver para cuidar do seu filho...Prefiro encarar a dura realidade de que minha irmã estava morta, vítima da imprudência de um motorista que transgrediu a regra, a ter de dizer ao meu sobrinho que Deus não pensou na sua dor de menino, antes de permitir que o ônibus caísse naquela ribanceira... Preferi pensar que Deus estava chorando comigo, lamentando com meu sobrinho, consolando-o e o preparando para reacender nele a esperança que parecia diluída no ar...

Mas você poderia me perguntar: "Mas, padre, onde é que estava Deus no momento em que sua irmã morreu de forma tão cruel e assustadora?”

E eu lhe respondo sem receio de errar: No mesmo lugar em que estava no momento em que mataram o Filho d’Ele!

Padre Fábio de Melo SCJ
Padre Fábio de Melo é professor no curso de teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção espiritual" na TV Canção Nova.

Publicado no Portal da Canção Nova

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Singular em sua confiabilidade

Alexander Schick escreve:

Nenhum livro de toda a literatura universal pode ser documentado de maneira tão impressionante no que diz respeito ao seu texto original. E nenhum outro livro apresenta uma tão farta profusão de provas de sua autenticidade. Achados de antigos escritos nos dão a certeza de que temos em mãos a Bíblia com a mesma mensagem que os cristãos da igreja primitiva.


Norbert Lieth
Fonte: www.ajesus.com.br

Unidos para fazer Diferença


O Casamento pelo lado Romântico, é a união entre dois corações, cujos mesmos sentimentos são exteriorizados, abertos, descobertos, de um para o outro.

Na prática entretanto, o casamento, é uma união, uma renúncia mútua do individualismo, que pode ser a renúncia de alguém, algum objeto ou até mesmo de um sonho não conquistado. Casamento é entregar-se para entender os desejos e suspiros de seu companheiro(a).

Nossos defeitos familiares são claros e reais, precisamos identifica-los com sinceridade de coração, para que possamos tomar as devidas providência de maneira verdadeira. O apostolo Paulo disse que aquele que não tiver apto para governar a sua casa, não está apto para governar nenhum dos encargos que Deus lhe atribuir. O marido neste contexto deve se voltar para a família com prioridade, porque o fortalecimento de sua vida pessoal vai depender de sua vida familiar, e só através de um relacionamento sincero e franco, entre esposa e filhos é que iremos conseguir isso.

É importante viver cada instante de nossa vida, sabendo apreciar tudo em nossa volta, como a natureza, as pessoas, os animais, enfim as coisas belas que a vida nos oferece. Temos que definir horários de trabalhar, e horários de descansar, aproveitando ao máximo esses horários de lazer com a nossa família, tanto em nossa casa, quando em outros lugares realizando atividades lúdicas, tal como um Zoologioco, uma Praia, um Parque, etc. Evitando passar grandes períodos diante de uma televisão, ou de um computador. É necessário colocar as conversas em dia. Aproveite o tempo livre, para viajar, ou excurssionar. É necessário que a família tenha um lazer aprazível.

O Amor é como uma plantinha que precisa ser cuidada todos os dias, o homem e a mulher precisam se cuidar múltuamente, todos os dias. Precisamos nos relacionar abertamente um com o outro, sempre procurando um bom diálogo, expressando carinho, amor, compreensão, respeito, confiança e paciência na vida conjugal. Sem a comunicação, fica difícil o relacionamento, porque isso irá acumular mágoas e dissabores para toda a família.

Se não houver sabedoria em uma crise prolongada, deve-se pedir ajuda pastoral, para que se evite uma separação. Por outro lado, muitos casais consequem superar estas fases de modo a resgatar o gosto e o prazer da vida a dois, cirando novas oportunidades de viver intensamente a vida como ela se apresenta.

O Relacionamento sexual muita das vezes é minado por raíses de amarguras, quando na verdade o ato sexual entre o casal, é benção de Deus para ser desfrutada.

Reflita sobre isso, porque você pode ter uma família muito feliz e unida. É importante valorizar a família que você tem, porque se você não a valorizar, ninguém a fará.

Guilherme Falcão - Psicólogo e Pós-graduado em Teologia e Cícero Manoel Bezerra - Pastor em Altônia (PR)
Revista Raio de Luz

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Singular em seus efeitos

Um ateu enviou a um jovem cristão grande número de artigos selecionados para convencê-lo de que a Bíblia era atrasada em muitas de suas afirmações e ultrapassada pelos conhecimentos dos tempos atuais. O jovem respondeu:
Se você tiver algo melhor que o Sermão do Monte, alguma coisa mais bela que a história do filho pródigo ou do bom samaritano, alguma norma ou lei de nível superior aos Dez Mandamentos, se você puder apresentar algo mais consolador que o Salmo 23, ou algum texto que me revele melhor o amor de Deus e esclareça mais o meu futuro do que a Bíblia, então – por favor, envie-o para mim com urgência!

Nenhum outro livro além da Bíblia transformou a vida de tantas pessoas para melhor. Ela é um livro honesto e mostra o ser humano como ele é. A Bíblia expõe o pecado e aponta o caminho para o perdão, ela exorta e consola, faz-nos ser humildes e nos edifica. A Bíblia nos mostra a razão de viver, coloca-nos diante de um alvo que faz sentido, e com ela entendemos a origem e o futuro da criação e da humanidade. A Bíblia lança luz sobre nossas dúvidas. Ela coloca a esperança diante de nossos olhos e fala de Deus e da eternidade como nenhum outro livro jamais o poderia fazer. Até Friedrich Nietzsche, inimigo do cristianismo, disse sobre a Bíblia:
Ela é o livro da justiça de Deus. Ela descreve coisas e pessoas em um estilo tão perfeito, que os escritos gregos e hindus não podem ser comparados a ela. O estilo do Antigo Testamento é uma parâmetro de avaliação tanto de escritores famosos como de iniciantes.

Infelizmente, Nietzsche nunca seguiu pessoalmente o que a Bíblia diz.

O escritor Ernst Wiechert escreveu sobre a Bíblia:
Tudo me encantava, muitas coisas me comoviam, outras me abalavam. Mas nada formou e moldou tanto minha alma naqueles anos como o Livro dos Livros. Não me envergonho das lágrimas que derramei sobre as páginas da Bíblia.

Marc Chagall, o gande pintor judeu, disse:
Desde minha infância a Bíblia me orientou com sua visão sobre o rumo do mundo e me inspirou em meu trabalho.

Norbert Lieth
Fonte: www.ajesus.com.br

É difícil ser santo?


Assustamos alguém quando lhe dizemos: "Você é santo". Percebemos o embaraço, porque se julga difícil demais ser santo ou se julga muito extraordinário, por isso os milagres se esparramam pelo chão.

A Igreja tomou para si um costume que era do povo, o costume de canonizar alguém, isto é, declará-lo santo. Para isso exige-se um exame acurado de sua vida, de sua moral e de sua doutrina. Também exigem-se os milagres que comprovem sua santidade. Isso porque esse alguém vai ser colocado para o público como modelo e não pode ter erro de fé e moral.

Há também santos que são e foram extraordinários. Eles receberam uma missão especial, como Paulo, Afonso Ligório, Inácio, Francisco de Assis. Mas também há muitos santos, hoje desconhecidos, que viveram uma vida digna.

A santidade é uma vocação de todos nós. "Deus nos fez para sermos santos e imaculados aos seus olhos", nos diz a Bíblia. A santidade consiste não nos milagres, mas na vida de comunhão com Deus, alcançada no seguimento de Jesus. Quem vive os valores do Evangelho está com Deus e quem está com Deus é santo.

O santo vivo é uma pessoa como nós, até com defeito. Ele porém se esforçou e se esforça para viver em união com Deus e na caridade com os irmãos. É interessante como o povo vai identificando aquelas pessoas que são santas.

Não acredito que precisamos de santos canonizados, precisamos ter o sentido de Deus para percebermos as pessoas santas que vivem no meio de nós.

Essas pessoas nos trazem as bênçãos de Deus e enfeitam a Igreja com suas virtudes mostrando a todos que são felizes nos caminhos de Jesus. Não há necessidade de milagres e de coisas extraordinárias; basta a fidelidade a Jesus no dia-a-dia. Pode ser que mais tarde ninguém fale delas, o importante é que durante suas vidas santificaram a Igreja e agora possuem a plenitude da vida junto de Deus.

Ao carregar as cruzes de cada dia, ao cuidar caridosamente dos irmãos, ao ser solidárias com os que padecem necessidade, essas pessoas nos mostram que é possível seguir o caminho que Jesus ensinou nos Evangelhos. Mostram que é possível amar mesmo vivendo num mundo de extrema violência.

Falar que é fácil ser santo é se esquecer do que disse Jesus: "Quem quiser ser meu discípulo, tome sua cruz e me siga". Por outro lado, não precisamos pensar que seja impossível, pois tanta gente consegue fazer esse caminho e são pessoas humanas como nós. Não nos esqueçamos de que a graça é Deus que dá; a nós resta apenas sermos fiéis.

Para nós é interessante valorizar a vida com Deus e essa comunhão que temos com Deus quando estamos sem pecado e nos esforçamos para sermos bondosos, misericordiosos como o Pai é bondoso. Valorizar a presença de Deus em nós e não perder essa graça. Assim podemos dizer em qualquer circunstância: Se eu acordar amanhã, Deus estará comigo; se eu não acordar, estarei com Deus.

Texto extraído do Livro: Religião também se aprende
Padre Hélio Libardi (editora Santuário)

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Singular em sua formação

Na verdade, a Bíblia é uma pequena biblioteca formada por 66 volumes. Ela foi escrita por aproximadamente 40 autores diferentes, durante um período de mais ou menos 1500 anos. Com toda a certeza ela não foi escrita por iniciativa coletiva. Ela também não foi planejada por alguém. Um dos autores escreveu na Arábia, outro na Síria, um terceiro em Israel, e ainda outro na Grécia ou na Itália. Um dos autores atuou mais como historiador ou repórter, outro escreveu como biógrafo, outro escreveu tratados teológicos, ainda outro compôs poemas e escreveu provérbios, enquanto outro registrou profecias. Eles escreveram sobre famílias, povos, reis, soberanos e impérios do mundo. O escritor das primeiras páginas jamais poderia saber o que outro escreveria 1400 anos mais tarde. Os escritores de séculos futuros nunca poderiam saber, por si mesmos, o sentido profético de um texto escrito centenas de anos antes. Mesmo assim, a Bíblia é um livro de uma unidade impressionante, com coerência do início ao fim, tendo um tema comum e falando de uma pessoa central: Jesus Cristo. A Bíblia é o único livro no qual milhares de profecias se cumpriram literalmente. Suas predições realizaram-se nos mínimos detalhes durante a história. Locais e datas mencionados nos relatos bíblicos foram confirmados pela ciência. Quando nos perguntamos como foi possível aos autores alcançarem uma unidade e uniformidade tão grandes no que escreveram, concluímos que só nos resta a resposta de 2 Pedro 1.21:
Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.
Em outra passagem, a Bíblia diz:
Toda a Escritura é inspirada por Deus... (2 Tm 3.16).

Um filósofo francês expressou-se da seguinte maneira sobre a maravilha que é a Bíblia: "Quão miseráveis e desprezíveis são as palavras dos filósofos quando comparadas com as da Bíblia! É possível um livro tão simples, mas ao mesmo tempo tão perfeito, ser palavra humana?"

Norbert Lieth
Fonte: www.ajesus.com.br

Colírio de vida


Só quem vê o que está escondido é capaz de projetar algo novo

"Rogo ao Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê um espírito de sabedoria que vos revele o conhecimento d'Ele; que ilumine os olhos do vosso coração, para que compreendais a que esperança fostes chamados, quão rica e gloriosa é a herança que Ele reserva aos santos, e qual a suprema grandeza de Seu poder para conosco, que abraçamos a fé" (Efésios 1, 17-19).

A vida é sempre imprevisível. Aliás, se fosse programada seria muito triste. Que bom que a vida foge de nossos programas. Ela é sempre maior que nossos planos e projetos. Nem sempre veremos os resultados do que fazemos. Nenhuma semente jamais vê a flor ou o fruto. É bom lembrar essa verdade, especialmente diante dos momentos difíceis que teremos de superar.

Um dos grandes segredos para um coração curado é aprender a enxergar a vida pelo ângulo correto. Ainda que os acontecimentos sejam difíceis, a chave para nossa felicidade está no modo como reagimos.

Do mesmo jeito que a poeira atrapalha nossa visão, e de vez em quando é preciso pingar algumas gotas de colírio para limpar os olhos e tirar o ardume, os olhos do nosso coração precisam receber muitas gotas do colírio de vida, com o qual Jesus veio nos presentear pela graça da Cura Interior.

[...] desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus. [...] e não vos deixeis abater pelo desânimo (Hebreus 12, 1b.3)

O desânimo que nos abate é muito mais fruto do modo como olhamos para os problemas do que dos problemas em si. Temos aqui dois grandes segredos: enxergar com os olhos do coração e mirar no alvo seguro apontado por Jesus.

Assim como um bom músico educa seu ouvido para perceber as pequenas variações dos acordes, precisamos educar nossos olhos e os olhos do nosso coração. Isso requer tempo e persistência. Para isso necessitamos de um bom mestre, tal como um aluno de artes plásticas necessita que seu professor lhe empreste os olhos para observar os detalhes de uma obra: cor, luz, sombra, profundidade etc.

Nosso Mestre é Jesus! Sua postura é sempre de alguém que enxerga além do óbvio. Quem vê somente o óbvio não enxerga. Jesus nos manda olhar para as coisas, para as pessoas e para os acontecimentos de um jeito novo. Ele tem um olhar que vai além da convenção social. Por isso, enquanto todos viam uma prostituta, Ele enxergava uma discípula. Jesus não olhava a partir dos preconceitos. Ele estava sempre desarmado e ajudava as pessoas a se desarmarem.

Jesus não tinha medo de se aproximar das pessoas. Permitia que elas O tocassem. Sentava-se com elas. Freqüentava a casa até de pessoas de má fama. Ele se misturava com os pecadores e marginalizados. Sua opção pelos excluídos é um ensino espetacular de cura interior. Jesus enxergava a alma da pessoa. Por isso, acreditava na capacidade de mudança. Só quem vê o que está escondido é capaz de projetar algo novo. Quem não vê além do óbvio, não sonha!

O colírio da vida, receitado e usado por Jesus, precisa ser empregado com muita freqüência por todos aqueles que se encontram sedentos dessas gotas de cura interior.


(Artigo extraído do livro "Gotas de cura interior" de Pe. Léo, Editora Cançao Nova, 1ª edição, 2006)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Singular em sua divulgação

A Bíblia é de longe o livro mais traduzido do mundo. Partes da Bíblia podem ser lidas atualmente em mais de 2.212 línguas diferentes e todo ano a lista é acrescida de 40 novas traduções. Nenhum outro livro também se aproxima da sua tiragem: o número de exemplares impressos sobe a cada ano, apesar da Bíblia ter sido o livro mais atacado em todos os tempos. Soberanos de todas as épocas, políticos, reis e ditadores, até líderes religiosos e seus cúmplices tentaram privar o povo de sua leitura. Combateram-na, despojaram-na de seu conteúdo, tentaram destruí-la. Pode-se dizer que jamais outro livro foi tão amado e ao mesmo tempo tão odiado quanto a Bíblia!

Norbert Lieth
Fonte: www.ajesus.com.br

O amigo é aquele que empresta a voz ao meu silêncio


Quando li essa frase do Pe. Fabio de Melo comecei a refletir e cheguei a conclusão de que realmente isso é possível.

Quantas vezes não queremos falar, queremos sumir, esquecer tudo e ai chega um amigo e diz tudo o que precisávamos ouvir para podermos melhorar.

O amigo verdadeiro é a voz do meu silêncio... Mais esse amigo não surge de um dia para o outro, exige tempo, perseverança, conhecimento e é claro transparência e partilha. Muitas vezes para chegar a termos esse amigo sofremos, choramos, queremos desistir... mas é preciso caminhar, deixar se conhecer, aprender a amar o outro apesar das diferenças, acolher, ser realmente amigo mesmo que muitas vezes os pensamentos sejam diferentes.

É questão de decisão, ser esse amigo, conquistar essa amizade. Tenho feito experiências maravilhosas, onde tenho percebido que Deus tem cuidado de mim através dos meus verdadeiros amigos, que me conhecem, e diante das situações, é a minha voz.

Acredito que Deus escolhe os verdadeiros amigos na nossa vida, não são por acaso que eles aparecem, mais sim por iniciativa de Deus, são anjos que nos ajudam, que não nos deixam desistir.

A cada dia precisamos nos dispor a vivenciarmos na nossa vida verdadeiras amizades, onde mesmo diante das diferenças, situações complicadas, amamos... buscamos ser amor ao outro, assim estaremos ajudando o outro a ser melhor.

Você quer ser a voz ao silencio de alguém?? Comece hoje se dispondo a ser um verdadeiro amigo, disposto a ouvir, acolher... ser amor, presença de Deus.

Deus abençoe sua decisão!

Missionária de São Josá do Rio Preto/SP

Ana Lucia Siqueira Marcondes
webformacao@cancaonova.com

Publicado no Portal da Canção Nova

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A Bíblia – atual, autêntica, confiável

Um jovem solicitou ao seu pastor que escrevesse uma dedicatória em sua Bíblia. Um bom versículo já constava na página em branco: Eu sou o pão da vida. O pastor apenas acrescentou: Não o deixe mofar. O jovem jamais esqueceu esse conselho. Ele o pôs em prática lendo a Bíblia como sendo o pão da vida, fazendo dela seu alimento espiritual diário. Durante toda a sua vida ele foi grato por isso.

Norbert Lieth
Fonte: www.ajesus.com.br

Orgulho, o arquiinimigo do perdão


Perdoar ou liberar perdão não é ter 'amnésia' sobre o ocorrido

Quem já não – ao ser tomado pelo ímpeto e na certeza de estar fazendo a coisa certa – feriu aquela pessoa com quem se convive? Seja numa resposta “atravessada” ou numa atitude grosseira, contribuímos de alguma forma com a divisão ou o isolamento das amizades. Passado algum tempo, já com a “cabeça fria”, percebemos que procedemos de maneira equivocada – ferindo pessoas ou até mesmo nos ferindo. Refletir sobre o nosso ato nos ajuda a perceber o momento em que agimos precipitadamente; e dessa reflexão vem o remorso, o qual nos prepara para o pedido de desculpas.

Reconhecer que fomos precipitados nos argumentos, significa, muitas vezes, humilhar-se e se fazer pequeno, reconhecer que errou. Perdoar ou liberar perdão não é ter "amnésia" sobre o ocorrido, mas sim, disponibilizar-se a restabelecer o relacionamento abalado.

Do remorso ao perdão há uma pequena distância, mas o espaço é grande o bastante para residir o orgulho. Sentimento este que nos tentará convencer de que o ato de se desculpar ou reconhecer seu erro é atitude dos fracos.

Por outro lado, infelizmente, há pessoas que não aceitam as nossas desculpas. Preferem romper com os laços afetivos em vez de crescer e amadurecer por meio dos exercícios apresentados pela vida. Insistem em manter a irredutibilidade e a prepotência, que pensam possuir, em vez de dar o passo que romperá com as cadeias que as prendem. Talvez querendo cumprir a lei do "olho por olho, dente por dente", esperam por um momento de revanche. Enquanto isso, desperdiçam tempo e amargam seus dias remoendo o que já está resolvido para aquele que se dispôs a se desculpar.

A vida é muito curta para se gastar o precioso tempo com comportamentos que não trazem a sustentabilidade de nossas convivências. Pedir ou conceder perdão não nos exige mais do que podemos agüentar. Sabemos de pessoas que gastam muito tempo buscando motivos para justificar suas infelizes atitudes, fazendo-se de injustiçadas, em vez de adotar gestos de humildade e agir de maneira diferente. Na verdade, elas são vítimas do orgulho, que mata pessoas e sentimentos!

Mais importante – do que lembrar que não devemos desculpar – seria fazer uso da faculdade de reflexão e reconhecer que ninguém está acima dos lapsos e erros. Pois aquele, que errou hoje, poderá ser você amanhã...

Não percamos tempo monopolizando picuinhas, ressentimentos ou retendo perdão. Se uma situação especial o faz refletir – levando-o ao ato da reconciliação –, peça ou dê o perdão e continue a viver com a experiência adquirida.

Situações mal resolvidas afetam outras áreas de nossa vida. Talvez, por isso, existam ainda alguns problemas não “equacionados” em nossas vidas, pois esses são reflexos dos fragmentos dos “elos” que deixamos se perder ao longo do caminho.

Um abraço,

José Eduardo Moura
Publicado no Portal Comportamento

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Sobre amor, rosas e espinhos


O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão

Amor, que é amor, dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor.

O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou.

O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado, eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto".

O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração os quais sozinhos jamais poderíamos enxergar.

O poeta soube traduzir bem quando disse: "Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!"

Bonito isso. Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho. Enxergar só porque o outro me emprestou os olhos, socorreu-me em minha cegueira. Eu possuía e não sabia. O outro me apontou, me deu a chave, me entregou a senha.

Coisas que Jesus fazia o tempo todo. Apontava jardins secretos em aparentes desertos. Na aridez do coração de Madalena, Jesus encontrou orquídeas preciosas. Fez vê-las e chamou a atenção para a necessidade de cultivá-las.

Fico pensando que evangelizar talvez seja isso: descobrir jardins em lugares que consideramos impróprios. Os jardineiros sabem disso. Amam as flores e por isso cuidam de cada detalhe, porque sabem que não há amor fora da experiência do cuidado. A cada dia, o jardineiro perdoa as suas roseiras. Sabe identificar que a ausência de flores não significa a morte absoluta, mas o repouso do preparo. Quem não souber viver o silêncio da preparação não terá o que florir depois...

Precisamos aprender isso. Olhar para aquele que nos magoou e descobrir que as roseiras não dão flores fora do tempo nem tampouco fora do cultivo. Se não há flores, talvez seja porque ainda não tenha chegado a hora de florir. Cada roseira tem seu estatuto, suas regras... Se não há flores, talvez seja porque até então ninguém tenha dado a atenção necessária para o cultivo daquela roseira.

A vida requer cuidado. Os amores também. Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas... Quem quiser levar a rosa para sua vida, terá de saber que com ela vão inúmeros espinhos. Mas não se preocupe. A beleza da rosa vale o incômodo dos espinhos... ou não.


Padre Fábio de Melo SCJ
Padre Fábio de Melo é professor no curso de teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção espiritual" na TV Canção Nova.

Fonte: fabiodemelo.com.br
Publicado também no Portal da Canção Nova

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Eu preciso de cura interior?


Passos práticos para responder ao questionamento do nosso interior


Passos práticos para responder ao questionamento do nosso interior. Eu preciso de cura interior? Onde eu preciso de cura interior?

Primeiro passo: Saber o que está acontecendo com você. Isso se chama observação! Olhar os sintomas e anotar. Observar tudo: sintomas físicos, doenças que você traz e que se passam com você.

Tomar nota de tudo o que acontece com o seu corpo.

Fazer muitas perguntas a si mesmo, anotar cada detalhe, enfim, tomar nota dos sintomas físicos; é preciso fazer isso bem feito. Depois anotar todos sintomas emocionais, eles são o espelho do que você vive interiormente (exemplo: quando você está sozinho, o que você sente?). Ficar atento aos sentimentos. E ainda: tomar nota das atitudes de vida, elas são reflexo do que você vive interiormente. Como você se comporta? (exemplo: dizer uma mentira é sintoma de um problema muito mais profundo). Não podemos rezar somente pelos sintomas, pois assim a cura não acontece.

Segundo passo: Descobrir a doença, dar nome ao seu diagnóstico. Orar pela cura profunda. Quais são os problemas emocionais profundos? O padre Rufus, quando esteve aqui na Canção Nova, ensinou que são quatro as feridas profundas que nos atingem:

1) Rejeição: Como ela vem? Quando não me sinto amado e querido pelas pessoas que me são importantes e próximas. Não que elas não me amem, eu sinto assim. (Sentimentos que podem existir: raiva, amargura, tristeza, ódio, inveja dos amigos, suspeita, falta de confiança nas pessoas). É a mais importante ferida emocional. A grande dor que Jesus sentiu foi a da rejeição.

2) Sentimento de culpa: Ele acontece quando se é criado em uma família muito religiosa, em que alguns conceitos são passados de maneiras errada (Exemplo: "Papai do céu vai te castigar"; Papai do céu está vendo tudo que você está fazendo de errado”). A culpa saudável nos leva à conversão; a culpa errada nos leva a ter medo de Deus, medo do castigo eterno e a fazer coisas com medo de Deus.

3) Sentimento de inferioridade: Quando a criança nasce, ela está cheia de sentimentos de superioridade, todos olham para ela, torna-se o centro das atenções; porém quando a criança cresce, as pessoas se cansam dela, ela deixa de ser o centro. Talvez até escute dos pais expressões como: “Você é ruim”, “Você é mau (má)...”, formando uma imagem pobre de si mesma, vinda de palavras negativas que chegam a ela. Nasce com isso o sentimento de autopiedade, o ódio de si mesma e depois a autodestruição, chegando, muitas vezes, ao suicídio.

4) Medos: Não são os medos pequenos, são os que paralisam a pessoa fechando-a em si mesma, como medo da morte, medo de ficar sozinha, medo do diabo, medo da morte, entre outros.

Terceiro passo: É o mais importante. É preciso encontrar as causas profundas que o levam a ter esses problemas emocionais, buscar as fontes dos problemas das pessoas. Como está escrito no início, não basta rezar pelos sintomas, é preciso rezar pelas causas.

Atitude prática: Orar ao Espírito Santo e refletir sobre sua vida passada. A adoração ao Santíssimo Sacramento é fonte de cura e libertação. Fale para Jesus concretamente o que aconteceu com você. Se você tem facilidade, escreva e leia para Jesus. Ele nos lava e purifica de tudo o que foi deformando a imagem de Deus em nós. O que você pode ecrever?

- Seu nome (Muitas vezes as causas dos seus problemas estão relacionadas com seu nome);

- Seu sexo (Muitas vezes o problema está relacionado ao seu sexo)

- Idade (dia do aniversário, ano de nascimento);

- Ocupação (quais os cursos que você fez e faz agora);

- Coisas da sua família (seus pais, seu relacionamentos com eles, seus irmãos, onde você está na sua família , se teve alguma morte, sua situação financeira, sua história, sua raça, tudo o que você achar importante);

- Seus ancestrais (alguém que precisa de oração, os pecados que você conhece dos seus antepassados; é importante saber se há algum problema na sua árvore genealógica);

- O que você fez de errado? (para Deus, para si mesmo, para os outros) – isto é matéria de confissão. O Sacramento da Reconciliação é fonte de cura e libertação;

- O que fizeram de errado para você? (causa de aconselhamento, buscar ajuda, alguém que possa rezar pela sua cura interior)

Esse é um caminho que você pode trilhar. O monsenhor Jonas nos diz que “a restauração da pessoa começa pelo positivo. Daquilo que ela é. É a partir daquilo que Deus a fez. É a partir das qualidades, a partir das riquezas de seu ser... Tomá-las, assumi-las, e colocá-las em ação. É isso que a faz é crescer”.

Vera Lúcia Reis
Membro da Comunidade Canção Nova

Trecho retirado do livro'A cura da nossa afetividade e sexualidade'

Publicado no Portal da Canção Nova

domingo, 13 de janeiro de 2008

O Batismo de Jesus

Oração, um caminho


Nunca deixar de rezar, mesmo que nada se perceba e nada se sinta

É fantástico, fascinante e sedutor percorrer o caminho, a aventura da oração através dos séculos, da Palavra de Deus, dos Santos, dos místicos e dos homens e mulheres que, sem nenhuma pretensão teológica, são autênticos mestres do diálogo com o Senhor da vida.

Não há nenhuma faculdade que dê o título de "orantes, místicos e mistagogo", embora muitas pessoas possam se apresentar orgulhosamente com esses títulos. Só a humildade e aprendizagem constantes nos fazem capacitados para errar. Só os que erram sentem que estão longe de poder dizer que rezam bem e, por isso, buscam luzes e forças naqueles que foram consagrados pela Igreja como autênticos orantes.

Meditar na vida e doutrina de orantes de diversas épocas pode, sem dúvida, nos estimular na nossa caminhada de encontro pessoal com o Senhor. Cada um nos diz alguma coisa interessante, mas o ponto de partida e de chegada é sempre o mesmo. O que muda são os meios, os métodos.

Ponto de partida: a nossa realidade humana, finita, pobre, limitada que, sentindo-se atraída por uma força "violenta", busca a serenidade, o ilimitado, o completo e sabe que isso só pode existir dentro de si, mas ao mesmo tempo vem de alguém que é maior e que está dentro e fora dela, é o totalmente OUTRO, o diferente que em Jesus de Nazaré se faz um de nós, reveste-se de nossa carne, vive conosco para nos ensinar como devemos rezar, viver, assumir a vida, partilhar e manifestar o amor até as últimas conseqüências: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (João 15,13).

Ponto de chegada: sempre o ponto de chegada da oração será o amoroso encontro com Deus, dialogar com Ele no amor, torna-se amigo íntimo do Senhor. A oração tem esta finalidade e nada mais. Não é, portanto, quantitativa, mas qualitativa. Deus vê o nosso coração e espera encontrar em nós o amor. Para nos colocar face a face com o Senhor, necessitamos de fé, de silêncio, de amor, de uma forte esperança que não permite desanimar diante dos múltiplos silêncios de Deus.

Temos visto que dialogar com Deus exige esforço e determinação por nossa parte. Não é fácil, exige exercício constante. Como em todas as coisas, sem perseverança não se chega a nada. Também na oração as palavras-chave são "fidelidade e perseverança" ao projeto assumido. Nunca deixar de rezar, mesmo que nada se perceba e nada se sinta. Sempre a oração deve estar no centro de nossas atividades.


Frei Patrício Sciadini

Publicado no Portal da Canção nova

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Não pense duas vezes...


O que hoje você tem diante dos olhos? Merece um sorriso?

A felicidade é um susto. Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. Chega sem chegar, insinua mais que propõe... Felicidade é animal arisco. Tem que ser admirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante é uma sublime forma de possuí-la.

Felicidade é chuva que cai na madrugada, quando dormimos. O que vemos é a terra agradecida, pronta para fecundar o que nela está sepultado, aguardando a hora da ressurreição.

Felicidade é coisa que não tem nome. É silêncio que perpassa os dias tornando-os mais belos e falantes. Felicidade é carinho de mãe em situação de desespero. É olhar de amigo em horas de abandono. É fala calmante em instantes de desconsolo.

Felicidade é palavra pouca que diz muito. É frase dita na hora certa e que vale por livros inteiros.

Eu busco a frase de cada dia, o poema que me espera na esquina, o recado de Deus escrito na minha geladeira... Eu vivo assim... Sem doma, sem dona, sem porteiras, porque a felicidade é meu destino de honra, meu brasão e minha bandeira. Eu quero a felicidade de toda hora. Não quero o rancor, não quero o alarde dos artifícios das palavras comuns, nem tampouco o amor que deseja aprisionar meu sonho em suas gaiolas tão mesquinhas.

O que quero é o olhar de Jesus refletido no olhar de quem amo. Isso sim é felicidade sem medidas. O café quente na tarde fria, a conversa tão cheia de humor, o choro vez em quando.

Felicidades pequenas... O olhar da criança que me acompanha do colo da mãe, e que depois, à distância, sorri segura, porque sabe que eu não a levarei de seu lugar preferido.

A felicidade é coisa sem jeito, mas com ela eu me ajeito. Não a forço para que seja como quero, apenas acolho sua chegada, quando menos espero.

E então sorrio, como quem sabe, que quando ela chega, o melhor é não dispersar as forças... E aí sou feliz por inteiro na pequena parte que me cabe.

O que hoje você tem diante dos olhos? Merece um sorriso? Não pense duas vezes...

Padre Fábio de Melo SCJ
Padre Fábio de Melo é professor no curso de teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção espiritual" na TV Canção Nova

Publicado originalmente no Portal da Canção Nova

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O que é ágape?

Filia é amor amizade, “eros como termo para significar o amor « mundano » e ágape como expressão do amor fundado sobre a fé e por ela plasmado".(n. 7)

É interessante como o Papa Bento se debruça e se dedica a fazer-nos compreender a beleza extraordinária do amor “ágape”.
“Quem quer dar amor, deve ele mesmo recebê-lo em dom. Certamente, o homem pode — como nos diz o Senhor — tornar-se uma fonte donde correm rios de água viva (cf. Jo 7, 37-38); mas, para se tornar semelhante fonte, deve ele mesmo beber incessantemente da fonte primeira e originária que é Jesus Cristo, de cujo coração trespassado brota o amor de Deus (cf. Jo 19, 34).”(n.7)


O eros e o ágape, quando são bem harmonizados, levam para Deus e se tornam fonte de autêntica doação. O Papa porém nos leva, como mestre sábio, pela mão a poder compreender a beleza do amor oblativo, desinteressado e generoso contemplando o amor de Deus Pai e o amor de Jesus no Espírito Santo por nós. Deus nos deu o melhor de si mesmo que é Jesus no mistério da encarnação. Jesus não veio entre nós na busca de um amor humano e de uma recompensa mas só e exclusivamente por amor. Assim Jesus no dá o melhor de si em toda a sua vida não porque nós somos bons mas porque ele é bondade infinita e amor sem limite. E nos Espírito Santo nós recebemos a plenitude da graça e do amor.

Jesus se faz amor puro e por isso “ágape”, especialmente na última ceia onde se esquece totalmente de si mesmo e tendo amado os seus os amou até o fim. O verbo mais usado no Novo Testamento é o verbo “agapao”, que manifesta este amor sem confim, total, sem reserva e sem... retorno. É a plena alegria de amar, de servir, de se doar. Não há nenhuma procura de satisfação ou de realização própria mas só de amor doado. O ser humano, quando se torna capaz de amar assim, ele mesmo se torna amor pleno e é fonte de amor.

Na ágape, o verdadeiro amor a Deus e o verdadeiro amor ao próximo se fundem num só amor. Não há distinção. Quanto mais amamos a Deus, diz João da Cruz e mais amaremos o próximo; e quanto mais amamos o próximo mais amamos a Deus. Por isso que somente quem ama a Deus pode amar na plena liberdade a todos, sem medo e sem receio. Paulo apóstolo nos recorda que a nossa vocação é a liberdade e a liberdade se funda sobre o amor.

O amor ágape de Jesus para conosco se faz Eucaristia onde nós temos o dom total dele mesmo. Jesus na Eucaristia não nos dá uma palavra de lembrança, nem um “presente que podemos guardar” para relembrar a pessoa que o deu, mas ele dá a si mesmo, totalmente a si mesmo. É o que ele tem de mais precioso, o seu corpo e o seu sangue, todo a si mesmo.

É interessante neste sentido ler o evangelho de João no capítulo 20, quando Jesus pergunta a Pedro: “tu me amas mais do que estes?” Jesus usa o verbo “agapao”, mas Pedro responde com o verbo “fileo”. Pedro ainda não está maduro, acocitado para amar Jesus até a morte, dando sua vida. Quer bem a Jesus, é seu amigo “filia”, mas não está disposto a dar-se totalmente. Todo amor ágape se faz dom de si mesmo aos outros. Não faz maravilhas que o Papa ilustre este amor com a parábola da misericórdia (Lc 15) e com o bom samaritano. Mas este é outro discurso. Quem sabe que a segunda parte a deixaremos para outro momento.

“O amor cresce através do amor. O amor é « divino », porque vem de Deus e nos une a Deus, e, através deste processo unificador, transforma-nos em um Nós, que supera as nossas divisões e nos faz ser um só, até que, no fim, Deus seja « tudo em todos » (1 Cor 15, 28).”(n. 18)


Fonte: Revista Shalom Maná
Frei Patrício Sciadini, ocd.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Os demônios da vida conjugal

O amor não escapa aos ataques do tempo

No amor conjugal, o segredo é não lutar contra a idade, mas sim, estar em união com ela, tal é a regra da sabedoria. A infância do amor conjugal. Ao início é, sobretudo, alegria e esperança. O amor é novo e está intacto. Os dois vivem em estado de descoberta permanente. Entretanto, o amor não escapa aos ataques do tempo. Uma primeira crise, a da desilusão, sacode o lar nascente. O demônio da desilusão faz com que a imagem ideal, que um havia construído do outro, comece a desvanecer-se. Para vencer esta crise terão que se aceitar em suas imperfeições. Nessa fase, o matrimônio se constitui realmente.

A juventude do amor. Ao final da fase de adaptação, um mútuo conhecimento impede maiores atritos. O amor se instala. Mas, se a crise da desilusão não foi superada, o tempo precipita a segunda crise, a do silêncio. Se o demônio mudo se apodera dos dois, estes caem em uma espécie de letargia. O casal vive, então, em retrocesso, sem crescer, sem um ritmo seguro, sem dinamismo. Vencer esta segunda crise é indispensável para que o amor sobreviva.

A maturidade do amor. Por volta dos 15 anos de vida conjugal, os esposos adquiriram maturidade. Com uma juventude madura vivem com serenidade. São os anos mais belos da vida conjugal. Já não se fala de felicidade, como quando se é jovem, simplesmente se é feliz. Mas, também pode produzir-se o contrário, se não encontraram o caminho do diálogo e de sua unidade. Uma terceira crise, com freqüência fatal, é a da indiferença. O amor se transformou em hábito, o hábito em rotina, e a rotina, enfim, em indiferença. Vive-se junto ao outro, mas os corações já não estão em contato: o tempo paralisou ou inclusive matou o amor. A vida em comum não é mais que uma aparência que se mantém, seja por obrigação, já que há os filhos, seja por conveniência social.

Com o demônio da indiferença instalado, sempre existe lugar para um novo amor e, por isso, para a infidelidade e a separação.

O “meio-dia” do amor. Entre os 45 e 50 anos, surge um novo perigo. Em ambos é o difícil momento das mudanças físicas e psicológicas. A mulher perde um atributo de sua feminilidade: a fecundidade. O homem vai perdendo um caráter de sua virilidade: o vigor sexual. Mas, antes que se produza esse declive, muitas vezes se dá uma espécie de volta à adolescência.

A essa crise da metade da vida chamamos de: demônio do meio-dia. Se o matrimônio entra nessa etapa minado pela indiferença e pela rotina, o demônio do meio-dia tem grandes possibilidades de triunfar.

O renascimento do amor. Se o casal soube superar essa época turbulenta, entra num período de uma segunda maturidade. É o crepúsculo do amor, o momento em que o matrimônio desfruta da unidade conquistada, de una harmonia, profunda e de uma nova paz. É a hora de uma felicidade serena, sem choques e sem conflitos. O tempo, que não perdoa, oferece então aos cônjuges a inapreciável recompensa do renascimento do amor.

O repouso do amor. Virá, por último, a hora do repouso em que –envelhecidos no amor – ambos só terão reconhecimento um para o outro. Nem sequer a dolorosa perspectiva da morte poderá perturbar a maturidade do amor. Haver-se amado até o final converte a morte num ápice, numa vitória. Diante dos homens, como diante de Deus, não existe um amor mais perfeito que o de dois seres que envelheceram juntos e que deram a mão para vencer as últimas dificuldades, para gozar das últimas claridades do dia.

Perguntas para a reflexão

1. Algum desses demônios me é conhecido?

2. Que posso fazer para enfrentá-los?

3. Como andamos com o diálogo conjugal?

Padre Nicolás Schwizer
pn.reflexiones@gmail.com

Publicado no Portal da Canção Nova

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Saudades, Padre Léo!

Caríssimos,

Ainda lembro muito claramente quando em uma reunião do Círculo Verde Padre Léo foi apresentado a mim. Em sua pregação no Hosana Brasil de 2006, que posteriormente fiquei sabendo ter sido sua última na Canção Nova, Padre Léo nos falava com bastante simplicidade o segredo da felicidade. "Quer ser feliz?", perguntava ele... E com a mesma simplicidade respondeu "Buscai as coisas do alto!" Padre Léo nos ensinou ao seu jeito que apesar de todas as adversidades, todas as dificuldades encontradas pelo caminho, devemos perseverar. E principalmente, devemos manter forte nossa fé, pois esta ninguém pode nos tirar. Como disse Padre Léo, "quem tem fé não perdeu nada, pois ela nos projeta quando estamos mais cansados e doloridos". Busquemos as coisas do alto! No final dessa pregação, muitos de nós estávamos chorando, enquanto Padre Léo cantava para nós ("Alô meu Deus, fazia tanto tempo que eu não mais Te procurava. Alô meu Deus, senti saudades Tuas e acabei voltando aqui...").

Padré Léo entrou para a Renovação Carismática Católica (RCC) em 1973. Sacerdote do Sagrado Coração de Jesus (SCJ), encontrou sua vocação, refúgio e razão de viver doando-se plenamente aos jovens da Comunidade Bethânia, fundada por ele em 1995, os quais eram por ele chamados de "filhos".

Quanta saudade, Padre Léo! A sua forma, com muita alegria e espontaneidade, Padre Léo nos mostrou que o céu é perto sim. Basta que busquemos as coisas do alto. Com simplicidade, e muita alegria Padre Léo nos falava (e continua falando, pois sua palavras continuam vivas) sobre a vida de uma forma clara e profunda. Suas pregações nos faziam rir e refletir sobre os mistérios e simplicidade da vida, e reforçavam nossa fé. Essa era sua missão... evangelizar. Como ele próprio disse em sua última pregação "Ai de mim se eu não evangelizar" (1 Coríntios 9,16b). E padre Léo evangelizou! Quantos não foram salvos ao ouvir suas palavras? Como homem de Deus, Padre Léo lutou contra tudo para a evangelização de seu povo... Deu sua vida a Cristo, à Igreja e a todos nós.

Hoje, 04 de janeiro, comemoramos 01 ano de vida eterna do Padre Léo. Sigamos com saudade, mas com suas palavras vivas em nosso coração.

Veja o tributo em sua homenagem feito pela Comunidade Canção Nova... Veja aqui o Especial Padre Léo.

E ASSISTA ou OUÇA sua última palestra (Hosana Brasil 2006).

Deus nos abençõe, e Padre Léo olhe por nós! ;-)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A Igreja Católica e os anjos

Em meio a tantas inovações e informações, muitas vezes o ser humano sente-se sufocado e oscila entre a descrença e o sincretismo diante de questões religiosas. Para alguns, crer é quase sinônimo de atraso intelectual, pois a crença parece ser uma realidade ultrapassada. Do outro lado estão aqueles que vivem numa miscelânea religiosa, tendo como princípio de fé realidades provenientes de diversas religiões ou movimentos religiosos. Essa observação vale para a questão dos anjos.

A Igreja Católica, baseando-se nas Sagradas Escrituras, na herança judaica e nos escritos dos Santos Padres, crê na existência dos anjos, como afirma o próprio Catecismo: “A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade da fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição.” (CIC, 328). O desenvolvimento da angeologia (estudo dos anjos) na Igreja Católica aconteceu principalmente no período dos padres apostólicos, quando a fé cristã se viu ameaçada em sua pureza por diversas heresias.

O confronto mais rigoroso entre o cristianismo e a filosofia neoplatônica estimulou Agostinho e o Pseudo-Dionísio a aprofundar a doutrina tradicional sobre a natureza e a função salvífica dos anjos. O Pseudo-Dionisio, autor desconhecido do século VI, apoiando-se em Proclo, dividiu os anjos em nove coros, hierarquizando-os em três tríades de dignidade crescente: 1º hierarquia - Serafins, Querubins e Tronos; 2º Hierarquia - Dominações, Potências e Virtudes; 3º Hierarquia - Principados, Arcanjos e Anjos. Tal nomenclatura celeste aparece em alguns textos escriturísticos, a saber: Efésios 1, 21 e Colossenses 1, 16.

Essa hierarquia celeste, em parte, é também encontrada no Missal Romano no prefácio dos anjos: “Pelo Cristo vosso Filho e Senhor nosso, louvam os Anjos a vossa glória, as Dominações vos adoram, e reverentes, vos servem Potestades e Virtudes. Concedei-nos também a nós associar-nos à multidão dos Querubins e Serafins, cantando a uma só voz”.

A liturgia cristã, tanto grega quanto latina, honra os anjos como servos de Deus e amigos dos homens. Basta lembrar que no dia 29 de setembro celebra-se a festa dos Arcanjos Miguel, Rafael e Gabriel, e no dia 02 de outubro a festa dos Santos Anjos da Guarda. A Igreja também associa suas celebrações à liturgia celeste, como atestam o Trisagion do ritual de São João Crisóstomo e o tríplice Sanctus (Santo) do ritual latino.

Na Igreja Católica, os anjos reconhecidos pelo nome são apenas três: Miguel, Rafael e Gabriel, tal como vemos nas Sagradas Escrituras. Os demais anjos citados nas páginas sagradas são anônimos. Então, de onde vem o nome de Haniel que é tido como chefe dos Principados (anjos que são representados carregando cetros de madeira ou cruzes nas mãos)? Certamente a denominação de Haniel provenha da Cabala judaica, ramo místico do judaísmo e do atual mundo esotérico. A Cabala consiste em interpretações místicas e numerológicas das Escrituras hebraicas. Os autores da Cabala tratam cada letra, número e acento das Escrituras como se fossem um código secreto contendo algum significado profundo mais oculto, colocado lá por Deus com algum propósito, inclusive a profecia.

Dessa forma, entende-se que o denominado anjo Haniel não é contado entre os anjos que a Igreja Católica honra, assim como Uriel, Raguel, Sarakael, Remiel e muitos outros que são descritos no II Livro de Enoc, que faz parte da literatura apócrifa judaica e não é considerado livro canônico, ou seja, inspirado por Deus.

Autor: Pe. Agnaldo Rogério dos Santos
Piracicaba - SP

Publicado no Portal da Catequese Católica

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Um anjo em minha vida

Cabe a nós acolhermos com docilidade as suas intervenções

Era uma manhã de feriado em São Paulo, quem conhece esta metrópole pode imaginar o silêncio e a solidão que povoam suas ruas em dias assim... Parece que quase nada se move e as pessoas estão em algum lugar do planeta, menos nas ruas, no trânsito ou no metrô, como acontece em dias comuns. Há um tempo atrás vivi uma experiência no mínimo interessante. Participei de um curso em São Paulo que, por incrível que pareça, teve início numa manhã de segunda-feira, num feriado nacional. Não tive escolha, precisei enfrentar o desafio de pegar ônibus, pedir informações e chegar ao local ainda desconhecido, sozinha. Mas foi exatamente neste dia em que vivi a maior experiência com um anjo em minha vida.

De volta à capital paulista neste final de semana, enquanto passeava pelas ruas, contemplava a beleza arquitetônica da cidade e permitia que a brisa do fim de tarde trouxesse-me boas às recordações e lembrei-me do "anjo". Naquele dia, acordei bem cedo e seguindo as orientações, dirigi-me ao ponto do ônibus. O problema é que tomei a direção contrária a que deveria e como não tinha a quem pedir informações fui seguindo em frente. Andei bastante, até que desconfiada das referências, fui visitada pelo medo e insegurança. Nesse instante, percebi vindo em minha direção um senhor, que caminhava tranqüilo e solitário, como quem não tem pressa. Era a única pessoa que eu encontrara até aquele momento do dia. Sua presença não me causou medo nem dúvidas, como era de se esperar, e sim, paz e segurança. Quando lhe pedi informações, ouviu-me com atenção e fez-me compreender o quanto estava equivocada, oferecendo-me companhia, uma vez que estaria indo na direção que eu deveria seguir.

Hoje, fico imaginando como é que não relutei em segui-lo? O certo é que caminhamos juntos. O retorno pareceu bem mais rápido, alguns comentários sobre o tempo, o feriado ou coisas assim, e o silêncio reinou na maior parte da caminhada.

Chegando ao ponto determinado, avisou-me que eu deveria esperar ali, pois o ônibus logo viria. Conferiu as informações que eu trazia, reforçou as recomendações que já havia me dado e ausentou-se para um ponto ao lado, como se estivesse esperando outro transporte. Chegando o ônibus pelo qual eu esperava, sinalizou com a cabeça que estava certa, entrei e logo procurei assento ao lado da janela, a fim de acenar para ele na saída. Mas, para minha surpresa, já não o enxerguei, o que seria impossível naturalmente, pois não havia lugar onde ele pudesse entrar tão rápido e se tivesse caminhado seria provável enxergá-lo por perto.

Fiquei pensativa, mas precisava seguir meu rumo. O curso, os novos colegas e os acontecimentos do dia roubaram minha atenção do inusitado encontro matinal. Por um bom tempo não passou em minha mente a idéia de que aquele senhor fosse um anjo, até que durante uma conversa com o Professor Felipe Aquino, narrei a experiência e disse-lhe que se aquele homem aparentasse minha idade poderia até ser um anjo, já que a Palavra de Deus afirma que – ao nos criar – o Senhor nos confia um anjo da guarda.

Grande foi minha surpresa quando o professor explicou-me que os anjos de Deus se apresentam de acordo com as necessidades de cada momento. No meu caso, o aspecto de um senhor maduro com os traços de pai, transmitiram-me a segurança que um aspecto jovem como o meu não conseguiria transmitir na ocasião. Aí compreendi a intervenção divina e fiquei muito grata a Deus que, em sua bondade, está sempre conosco. Por amor, o Senhor envia seu socorro por intermédio de vários meios, indo além do nosso entendimento e expectativas. Cabe a nós acolhermos com docilidade e discernimento as suas intervenções e cofiarmos cada vez mais no seu amor.

Talvez você, como eu, já tenha vivido experiências assim e nem se deu conta de que estava sendo ajudado por um anjo... Em todo caso, sejamos gratos ao único Senhor que rege o céu e a terra e move o universo para nos fazer bem. A Ele todo louvor! A você ânimo e confiança, Deus não deixará que você se perca nas estradas da vida. Enviará seu anjo para ajudá-lo!

Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

Publicado originalmente no Portal da Canção Nova

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Feliz homem novo!

Mais um ano se finda na excitação das grandes festas de Réveillon. Pessoas de todo o mundo, lembrando das dificuldades vividas durante o ano, se enchem de esperanças para enfrentar um novo exército com 365 bravos guerreiros que não hesitarão em nos testar até a exaustão de cada dia.

Certamente, celebramos o primeiro dia do novo calendário na expectativa de um ano de paz e confraternização mundial. Queremos que os próximos dias sigam pelas veredas da paz e harmonia, e muitas pessoas, presas a velhas crenças, não se importam em pular sete ondas, comer sementes de romã ou se vestir de branco – acreditando que essas e muitas outras práticas populares podem lhes “atrair” boa sorte, afastar o mau-olhado ou trazer a felicidade – acompanhada de muito dinheiro e saúde.

Como seria bom se – ao puxarmos a última folha do velho calendário – fossem para o cesto de lixo todas as nossas maldades, problemas e tristezas vividas no ano anterior. Como seria prazeroso se ao pular as ondas do mar, além de relembrarmos nossa infância e a alegria do nosso primeiro passeio na praia, tivéssemos a certeza de estar saltando também todos os nossos problemas e tristezas; ou ainda, vestindo-se de branco, todas as nossas forças fossem revitalizadas…

Contudo, nada disso acontecerá se ao iniciar o Novo Ano não nascer também em nosso coração o desejo de traçar novas metas ou corrigir outras nas quais não obtivemos bons resultados.

“Mentalizar” as mudanças que desejamos – sem agir para que estas aconteçam – significa nos preparar para viver o Novo Ano acompanhado dos mesmos velhos projetos e vícios. Não será possível viver um Novo Ano sem dívidas se não houver, de nossa parte, a disposição para reprimir os impulsos do consumismo excessivo. Da mesma forma, não poderemos viver novas experiências em nossos relacionamentos afetivos se nos contentarmos com as migalhas de carinho daquela pessoa que não manifesta maiores interesses pelo compromisso assumido.

Viver mudanças, certamente, irá exigir de cada um de nós esforço e dedicação, pois, conhecemos nossas fraquezas, medos, inseguranças e incapacidades. Por outro lado, a falta de perspectiva para o que estamos vivendo nos incomoda, mas a insegurança em perder o pouco que se pensa ter conquistado, ainda que não nos sintamos plenamente felizes, nos prende. Talvez, deixar as coisas como estão poderia ser aparentemente a atitude mais fácil e cômoda. No entanto, estabelecer vínculos de intimidade com os velhos hábitos – que nos aprisionam e nos fazem infelizes – não será uma atitude muito inteligente.

Muitos de nós arrastamos situações que não prometem crescimento nem novas perspectivas. Agindo dessa maneira, vamos colocar nossa vida na direção de mais um ano de frustrações, se não rompermos com o medo que nos paralisa no comodismo.

Sabemos que, por nós mesmos, nada conseguiremos realizar. A força de que precisamos – para assumir nossas mudanças – vem de Deus. E fazendo uma retrospectiva do que temos vivido sob a luz d’Aquele em que todas as coisas têm consistência, nos ajudará a assumir novos posicionamentos. Tomando posse dessa verdade – de que Deus fala conosco por meio dos acontecimentos e se manifesta, também, por meio de conselhos e experiência de pessoas que nos amam – precisamos convidá-Lo para fazer parte de nossa vida. Assim, as nossas crises e dúvidas agora passam a ser partilhadas com Ele.

Que a contagem regressiva dos 10 segundos finais do último dia do ano marque o início de um novo período de verdadeiras mudanças. Se quisermos que os nossos planos tenham consistência, que venham a perdurar por muitos anos e nos sintamos realizados neles, precisamos romper com a casca em que pensamos estar protegidos e convidar o Senhor para participar dos nossos sonhos, orientando-nos e auxiliando-nos a executá-los e mantê-los.

Que Deus abençoe a nós todos!

Feliz homem novo!

José Eduardo Moura

Publicado originalmente no Portal Comportamento

O que a Igreja espera dos leigos para 2008

Homens e mulheres, sejam mais ousados no anúncio do Evangelho

A Igreja sempre contou com a participação dos leigos(as) em sua caminhada pastoral. Sem dúvida, esta presença faz história. O espírito laical se mostrou mais ativo e reconhecido no meio eclesial, pós-Vaticano II. Esta conquista pode ser observada desde as pequenas comunidades, onde hoje, leigos(as) estão cada vez mais engajados, demonstrando um verdadeiro gosto pelas coisas de Deus e buscando, inclusive, formação e aperfeiçoamento nos estudos bíblicos e teológicos.

Esta conquista, que aos poucos vai se solidificando, é bastante favorável para os nossos dias. Mais do que parecer uma afronta ou competição com o próprio clero, como alguns ainda podem pensar, a unidade entre clero e leigos no serviço pastoral, como nos orienta a Lumem Gentium, proporciona benefícios para toda a Igreja. Principalmente agora, inspirados pelo documento de Aparecida (V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, em maio último) em que somos chamados a ser missionários e missionárias de Jesus.

Olhando a realidade com os olhos de Deus Pai, impulsionada pela oferta redentora de Cristo Salvador e aberta à ação do Espírito Santo, a Igreja de Cristo retomou as páginas da história que ela escreve neste continente. Páginas escritas com grande sabedoria e santidade, experimentando luzes e sombras, sofrendo tempos difíceis, com torturas e perseguições, também com as debilidades e compromissos mundanos e incoerências dos seus filhos e filhas. Claro é o reconhecimento de que a maior riqueza é a fé dos seus povos no Deus amor e a tradição católica na vida e na cultura.

Aparecida, então, é sempre mais uma convocação: “A Igreja é chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais. Trata-se de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho arraigada em nossa história, a partir de um encontro pessoal e comunitário com o Jesus Cristo, que desperte discípulos missionários. Isto não depende tanto de grandes programas e estruturas, mas de homens e mulheres novos” (DA 11).

Nós, Igreja da América Latina somos convidados a vivenciar em gestos e palavras, testemunhando como autênticos missionários, o sentido primeiro da nossa própria fé. É neste momento que o papel dos leigos(as) torna-se especial para o rosto da Igreja. É preciso que os fiéis leigos, homens e mulheres, sejam mais ousados e criativos em sua ação de anunciar o Evangelho e viver o sublime Amor de Deus em seu cotidiano.

O protagonismo dos leigos(as), deve ser assumido com entusiasmo e garra, pois não resta dúvida que será preciso “arregaçar as mangas” e encarar, com fé e coragem, os desafios que a modernidade nos apresenta. Porém, o devido apoio em suas iniciativas será um importante instrumento para a ação evangelizadora em nosso continente. É isso que esperamos para nossa eclesiologia: uma Igreja com rosto missionário, que aponte para homens e mulheres cada vez mais conscientes de seu papel; criativos e entusiasmados em sua vida como cristãos(as).

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Belo Horizonte

Publicado originalmente no Portal da Canção Nova