Certamente, celebramos o primeiro dia do novo calendário na expectativa de um ano de paz e confraternização mundial. Queremos que os próximos dias sigam pelas veredas da paz e harmonia, e muitas pessoas, presas a velhas crenças, não se importam em pular sete ondas, comer sementes de romã ou se vestir de branco – acreditando que essas e muitas outras práticas populares podem lhes “atrair” boa sorte, afastar o mau-olhado ou trazer a felicidade – acompanhada de muito dinheiro e saúde.
Como seria bom se – ao puxarmos a última folha do velho calendário – fossem para o cesto de lixo todas as nossas maldades, problemas e tristezas vividas no ano anterior. Como seria prazeroso se ao pular as ondas do mar, além de relembrarmos nossa infância e a alegria do nosso primeiro passeio na praia, tivéssemos a certeza de estar saltando também todos os nossos problemas e tristezas; ou ainda, vestindo-se de branco, todas as nossas forças fossem revitalizadas…
Contudo, nada disso acontecerá se ao iniciar o Novo Ano não nascer também em nosso coração o desejo de traçar novas metas ou corrigir outras nas quais não obtivemos bons resultados.
“Mentalizar” as mudanças que desejamos – sem agir para que estas aconteçam – significa nos preparar para viver o Novo Ano acompanhado dos mesmos velhos projetos e vícios. Não será possível viver um Novo Ano sem dívidas se não houver, de nossa parte, a disposição para reprimir os impulsos do consumismo excessivo. Da mesma forma, não poderemos viver novas experiências em nossos relacionamentos afetivos se nos contentarmos com as migalhas de carinho daquela pessoa que não manifesta maiores interesses pelo compromisso assumido.
Viver mudanças, certamente, irá exigir de cada um de nós esforço e dedicação, pois, conhecemos nossas fraquezas, medos, inseguranças e incapacidades. Por outro lado, a falta de perspectiva para o que estamos vivendo nos incomoda, mas a insegurança em perder o pouco que se pensa ter conquistado, ainda que não nos sintamos plenamente felizes, nos prende. Talvez, deixar as coisas como estão poderia ser aparentemente a atitude mais fácil e cômoda. No entanto, estabelecer vínculos de intimidade com os velhos hábitos – que nos aprisionam e nos fazem infelizes – não será uma atitude muito inteligente.
Muitos de nós arrastamos situações que não prometem crescimento nem novas perspectivas. Agindo dessa maneira, vamos colocar nossa vida na direção de mais um ano de frustrações, se não rompermos com o medo que nos paralisa no comodismo.
Sabemos que, por nós mesmos, nada conseguiremos realizar. A força de que precisamos – para assumir nossas mudanças – vem de Deus. E fazendo uma retrospectiva do que temos vivido sob a luz d’Aquele em que todas as coisas têm consistência, nos ajudará a assumir novos posicionamentos. Tomando posse dessa verdade – de que Deus fala conosco por meio dos acontecimentos e se manifesta, também, por meio de conselhos e experiência de pessoas que nos amam – precisamos convidá-Lo para fazer parte de nossa vida. Assim, as nossas crises e dúvidas agora passam a ser partilhadas com Ele.
Que a contagem regressiva dos 10 segundos finais do último dia do ano marque o início de um novo período de verdadeiras mudanças. Se quisermos que os nossos planos tenham consistência, que venham a perdurar por muitos anos e nos sintamos realizados neles, precisamos romper com a casca em que pensamos estar protegidos e convidar o Senhor para participar dos nossos sonhos, orientando-nos e auxiliando-nos a executá-los e mantê-los.
Que Deus abençoe a nós todos!
Feliz homem novo!
José Eduardo Moura
Publicado originalmente no Portal Comportamento
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