"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Como você está?



A nossa resposta deve ser: 'Estou melhor do que mereço!'

Quando me perguntam como eu estou, a resposta é sempre a mesma:

“Estou melhor do que mereço! Graças a Deus!”

E digo isso porque:

1. Deus se fez Homem por minha causa, e morreu por mim;

2. Se Ele não tivesse feito isso, eu já estaria morto logo ao nascer;

3. Eu não poderia vencer a minha carne se Cristo não tivesse se feito carne por mim.

4. Eu não poderia vencer o pecado se Ele não tivesse vindo para tirar o pecado do mundo.

5. Teria de pagar todo o mal que cometi se Ele não tivesse morrido na cruz por mim.

6. Seria um homem perdido no mundo se Ele não tivesse vindo para ser o caminho...

Nesse tempo de Quaresma, tenho sido “inundado” pela certeza de que Deus se fez Homem porque me ama. E não tenho vivido essa experiência por sentimentos. Mas pela convicção do que os ensinamentos da Igreja me transmitem. E eles expressam exatamente isso o que eu disse acima: Que Deus se fez Homem por minha causa. Encarnou-se para me mostrar como vencer a carne. Veio tirar o pecado do mundo. Que Ele morreu por mim e pagou no seu corpo todos os meus pecados. Por isso, embora para muitos a Quaresma seja um tempo de tristeza (há muitas pessoas que encaram o tempo quaresmal assim), para mim, é um tempo de muita alegria. É um tempo em que eu toco profundamente na experiência do amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo por mim.

E essa experiência renova a minha fé. Faz com que eu experimente mais uma vez o amor que Jesus me revelou, um dia, quando eu O encontrei pela primeira vez. O sacrifício que Ele fez por mim não me dá o direito de esmorecer, ainda que eu esteja abatido. Hoje, tenho vivido por meio de minha fé a certeza de que, – mesmo estando entre tribulações –, a graça e o amor de Deus me acompanham. Ainda que eu não O veja, Ele está lá. Ainda que eu não O perceba, Ele lá está. E por tribulações, todos nós passamos. Mas que seria de mim sem o amor de Deus?

O melhor de tudo, é que isso é pessoal. Você também pode experimentar tudo isso. Você pode nesse tempo de Quaresma, a cada santa Missa, a cada leitura bíblica, a cada partilha, ir percebendo o quanto Deus o ama, e como sua vida é cara a Ele, ou seja, o quanto Ele teve de fazer para lhe dar a vida eterna.

Ele foi preparar-nos um lugar no céu. Lá há um lugar só para mim e um só para você.

Isso é que é amor!

Agora, quando alguém lhe perguntar como você está, o que vai responder?

Cadú - Comunidade Canção Nova


Fonte: Blog Dominus Vobiscum

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A importância da humildade

A sentença de Cristo “Quem se exalta será humilhado, quem se humilha será exaltado” (Lc 14,11) patenteia a importância da virtude da humildade. Cumpre extirpar o orgulho e jamais se vangloriar nem das riquezas e da grandeza, nem das próprias qualidades, inclusive da sabedoria e da prudência. O homem não pode se gloriar senão em Deus, pois dele tudo recebe. São Paulo foi claro: “O que há de superior em ti? Que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se o não tivesses recebido?” (I Cor 4,7). O orgulho sempre foi a perdição do ser humano. A humildade leva à correção das próprias faltas, mas a empáfia considera inúteis as maiores virtudes. Cristo e os Apóstolos deixaram lições luminosas de humildade. O orgulho sempre foi a perdição do ser humano. O demônio que levou Adão e Eva ao pecado do orgulho do qual resultou a expulsão do Paraíso e não a cessa de apresentar aos incautos mil artifícios para os levar à ruína. Ilude com o brilho das riquezas que cegam o homem e o tornam insolente e sequioso de uma glória efêmera. Foi o aconteceu com Salomão que depois lamentou: “Vaidade das vaidades tudo é vaidade” (Ec 12.8). O orgulhoso se vangloria de seus dotes físicos e despreza os outros, mas há de conhecer triste fim como ocorreu com o insensato Golias, vencido pelo humilde Davi, ou o ambicioso Adonias que se julgava belo eque desejava ser rei, mas o escolhido seria Salomão, ou Absalão que adorava sua cabeleira a qual o acabou levando à morte. É que os bens humanos não oferecem nada de grande e sólido, nem conferem sabedoria e prudência. Envolvem, isto sim, em mirabolantes sonhos que se desfazem. Os orgulhosos devem se lembrar sempre das palavras do salmista: “Como erva bem cedo hão de murchar, e como erva tenra hão de secar” (Sl 36,2). Quantos são os que se revoltam arrogantemente contra Deus e tudo que Ele revelou nas Escrituras, confiados apenas na sua sapiência mundana que é enganosa. Por isto é que São Paulo ensinava que se deve gloriar unicamente no Senhor Jesus Cristo que nos foi dado para ser nossa verdadeira sabedoria, nossa autêntica justiça, nossa total santificação, nosssa integral redenção, para que aquele que se ufana, se ufane no Senhor (1 Cor 1.30-31). O humilde reconhece que somente em Jesus e por Jesus ele pode ser remido e que tudo mais não tem em si valor algum, a não ser o que o Mestre divino ensinou. Isto leva a reprimir os movimentos prejudiciais do orgulho e a praticar a humildade tão agradável a Deus. Uma atitude de modéstia é de vital importância, ou seja, moderação no modo de ser, de se vestir, de caminhar, de comprar as coisas, nada de luxo e em tudo simplicidade. Os propósitos, as conversas precisam estar isentos de toda ostentação. Nada de altercações ardentes ou que provoquem polêmicas inúteis. Cumpre ser obsequioso com os amigos, afável com os subordinados, paciente com as pessoas violentas, humano com todos. É preciso sempre consolar os aflitos, os que estão tristes, não desprezar a ninguém, falar com brandura, responder com cordialidade. O humilde é polido e afável em toda parte e não conta vantagens. Respeita o próximo e não aturde e irrita os vizinhos. Reconhece que somente Deus é perfeito e assim lamenta e tenta corrigir as próprias faltas e jamais se mostra arrogante, constrangendo os outros. Tem comiseração com os que erram e não estraçalha a vida alheia, difamando seja quem for. Procura o aplauso da própria consciência e nunca os encômios dos homens. O lema do humilde é este: “Os homens não viram esta boa ação, mas Deus viu e isto basta!”, andando, deste modo, na alheta do que disse Jesus: “Teu Pai quie vê o que é secreto te recompensará” (Mt,6,2). São Pedro fala na coroa sempre verde da glória eterna, recompensa dos humildes (1 Pd 5, 4). Lembra o livro dos Provérbios que “Deus resiste aos soberbos, aos humildes, porém, Ele dá a sua graça” (Pv 3,34). Quem ama a humildade, será glorificado, “pois quem se exalta será humilhado”, mesmo porque não estará colocando em prática a ordem de Cristo: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis o repouso para vossas almas” (Mt 11,20). Tal então deve ser a prece de seu discípulo: “Preservai, também, vosso servo do orgulho; não domine ele sobre mim, então serei íntegro e limpo de falta grave”, como bem se expressou Davi no Salmo 18 (Sl 18,14)”.

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Fonte: CatolicaNet

domingo, 29 de agosto de 2010

É hora de decisão...


Do que você ainda precisa para mudar de vida?
Nesses dias, estava lendo a Palavra de Deus em casa. Não sei porque, mas ultimamente estou muito inclinado a ler as cartas que São Paulo escreveu para os seus. Tenho procurado estudar, analisar a figura de São Paulo... Ele, de fato, me intriga muito! O seu encontro com o Senhor foi algo que mudou o rumo da sua vida, que, de perseguidor dos cristãos, passou a ser um deles, um seguidor do mestre e acho que o maior propagador dos ensinamentos de Cristo daquele tempo.

Pois bem... São Paulo, teve um encontro com Deus, que o fez mudar seu rumo. Claro que depois desse encontro, São Paulo passou um tempo conhecendo mais a fundo a vida de Cristo e seus ensinamentos. Mas seu primeiro encontro com Jesus, no qual ele “caiu do cavalo”, fez com que a vida de Saulo – para quem não sabe, esse era o nome de Paulo antes da conversão – virasse pelo avesso, desse uma guinada radical.

Então, eu fiquei pensando: “O que falta para que eu e você mudemos de vida?” Já tivemos tantas experiências com Deus, já ouvimos Sua voz tantas vezes, sabemos que Seus ensinamentos nos levam para a vida eterna, mas ainda não nos convertemos de coração...

Já ouvimos a Palavra de Deus tantas vezes, comungamos todos os dias, rezamos diariamente... E olhando a Palavra de Deus, vemos que muitos dos considerados irrecuperáveis só ouviram de Cristo uma única frase, talvez um único sermão... e mudaram de vida!

Nós temos nas mãos os ensinamentos de Jesus, às vezes conhecemos toda a Bíblia de cor, fazemos longos estudos da Palavra, damos palestras... Mas o coração continua duro, fechado, egoísta.

Temos tudo para ser santos e precisamos ser! Só nos falta uma coisa: Desejar a Santidade!

Repito: Nós temos tudo! Temos a misericórdia de Deus, que é tudo. É através dessa misericórdia que Deus nos dá a Palavra, a Eucaristia, o perdão dos pecados, a cura dos nossos traumas, vícios e complexos. Só nos falta assumir de verdade o desejo de ser Santos.

Nessa Semana Santa, em que recordamos os passos de Jesus até a cruz e sua entrega, por amor a cada um de nós, eu quero convidar você a reavivar o desejo de santidade, que Deus um dia pôs no seu coração. Se preciso for, vá a um sacerdote, confesse seus pecados, retome a leitura da Palavra, retome sua oração pessoal, se for preciso, procure alguém para o ajudar na retomada da sua luta.

Mas acredite meu irmão, Jesus o ama muito! Ama tanto, que, o desejo Dele para contigo, é que você um dia possa ocupar a morada no Céu que Ele mesmo foi preparar para você. Ele não deseja dinheiro para você, não deseja carro, nem namorado, nem namorada, nem comidas deliciosas, nem bem estar social – ainda que isso não seja totalmente ruim. Ele quer dar mais para você. Ele o quer Santo, pois sabe – e espero que você também saiba – que o seu lugar no Céu é infinitamente melhor que qualquer benefício que você possa adquirir aqui na terra. Bens materiais não são ruins ao todo. Inclusive, se você os tem, Glória a Deus por eles. Mas o Céu vale mais que qualquer um deles. E não se compra com dinheiro. É até de graça! Só que para entrar nele, é necessário uma veste branca, limpa e irrepreensível, chamada santidade!

Nessa Semana Santa, corra atrás da sua santificação, pois você tem hoje, tudo o que necessita para se converter e mudar de vida. Uma Santa Semana a todos vocês!

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Cadu - Comunidade Canção Nova
cadu@cancaonova.com

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Fonte: Portal da Comunidade Católica Canção Nova

sábado, 28 de agosto de 2010

As escolhas provocadas na liberdade


Equilíbrio, ideal a ser alcançado à custa de muito esforço

"Senhor, dono das panelas e marmitas, não posso ser a santa que medita aos vossos pés. Não posso bordar toalhas para o vosso altar. Então, que eu seja santa ao pé do fogão. Que o teu amor esquente a chama que eu acendi e faça calar minha vontade de gemer a minha miséria. Eu tenho as mãos de Marta, mas quero também ter a alma de Maria. Quando eu lavar o chão, lava, Senhor, os meus pecados. Quando eu puser na mesa a comida, come também, Senhor, junto conosco. É ao meu Senhor que sirvo, servindo minha família". Encontrei esta oração de uma camponesa de Madagascar, que nos abre a compreensão de uma bela página do Evangelho (cf. Lc 10, 38-42), da qual emergem preciosas lições para o nosso cotidiano.

Os discípulos de Jesus são chamados a fazer suas escolhas provocados em sua liberdade. Os que foram chamados pelo Senhor tinham feito sua primeira experiência missionária, da qual retornam repletos de alegria e são contagiados pela exultação de Cristo, que louva o Pai do Céu (cf. Lc 10, 21-24). Em seguida, aprendem os dois mandamentos principais do amor a Deus e ao próximo, acolhendo o impulso missionário que os fará próximos daqueles dos quais se aproximarem (cf. Lc 10, 25-37), unindo a oração e a contemplação no episódio da casa de Marta, Maria e Lázaro. Enfim, a série de lições se completa com o ensinamento sobre a oração e a entrega do "Pai-nosso", a ser levado pela vida afora como um verdadeiro tesouro (cf. Lc 11, 1-13).

De Marta e Maria já se falou muito. E a figura daquela que se encontra acocorada aos pés de Jesus Cristo para ouvir sua Palavra tornou-se até uma carta magna da vida monástica e eremítica, consagrada à oração e à meditação da Palavra de Deus. Mas a página do Evangelho de Marta e Maria não foi escrita só para monges, inclusive porque não existiam ainda! Ela foi escrita para todos os discípulos de Jesus de todos os tempos.

Cristo, que nos recomenda reconhecer Sua presença nos irmãos a quem servimos, não reprova o serviço prestado por Marta. Chama a atenção dela porque não se ocupa do necessário serviço, mas se "pré-ocupa", porque é uma pessoa agitada. Jesus deseja ver-nos curados do ativismo, não da atividade justa e necessária! Mas em nosso tempo, reconheçamos logo, a agitação não é tanto escolhida, mas sim, praticamente imposta pelo ritmo frenético do dia a dia. Basta ver o estresse ao qual são submetidas tantas pessoas que passam horas e horas no trânsito, às quais se ajunta o tempo dedicado ao trabalho. Entende-se assim o desejo de se recolherem em locais mais tranquilos, fazendo com que o final de semana traga consigo o esvaziamento das cidades, com levas de pessoas que buscam refúgio, numa forma, quem sabe secularizada, de contemplação!

O equilíbrio é o ideal a ser alcançado à custa de muito esforço, tarefa a ser assumida ao longo da vida. Dentro da agitação da Marta do Evangelho encontra-se uma virtude, tantas vezes esquecida: a hospitalidade. “Não vos esqueçais da hospitalidade, pela qual algumas pessoas, sem o saberem, hospedaram anjos” (Hb 13, 2). A Carta aos Hebreus se referia ao importante episódio de Abraão recebendo hóspedes ilustres, portadores da promessa da posteridade (cf. Gn 18, 1-10). Marta, modelo da hospitalidade, mesmo agitada, é santa, que a Igreja celebra a cada ano no dia 29 de julho! Dela acolhemos o convite a praticar esta virtude, para abrir corações que, por sua vez, abram portas!

Vale receber as pessoas em nossa casa, valorizar os momentos gratuitos de convivência. Vale a atenção, quem sabe muito rápida, mas intensa, com a qual saudamos as pessoas que estão ao nosso lado num meio de transporte público ou nas ruas e vielas, elevadores e corredores da vida. É hospitalidade o "bom dia" e o sorriso no início do trabalho. Hospitalidade é a capacidade de ouvir, dar atenção, perder tempo.

Hospitalidade é a Missa de Domingo, bem preparada e vivida , na qual as pessoas se restauram com a Palavra e o Pão da Vida. Hospitalidade é a oportuna Pastoral da Acolhida, hoje implantada, em tantos lugares, muitas vezes exercida pelas "Guardas" existentes na maioria de nossas Paróquias. Hospitalidade é ter igrejas de portas abertas para os peregrinos do cotidiano, sedentos de silêncio e recolhimento. Hospitalidade é olhar, abraço e carinho, Marta e Maria, irmãs e santas, sinais de um relacionamento mais profundo, no qual Céu e terra se encontram.

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

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Fonte: Portal da Comunidade Católica Canção Nova

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O leigo na Igreja


Todos os fiéis são encarregados por Deus ao apostolado

No 4° final de semana de agosto, a Igreja Católica celebra a vocação dos fiéis leigos. Incorporados a Cristo pelo batismo, eles participam das funções de Cristo Sacerdote, Profeta e Pastor. Conforme afirmação do "Documento de Puebla", são "homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja" (DP, 786).

Paulo VI lembrava que "o espaço próprio de sua atividade evangelizadora é o vasto e complexo mundo da política, da realidade social e da economia, como também da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos Meios de Comunicação Social, e outras realidades abertas à evangelização, como o amor, a família, a educação das crianças e adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento" (EN, 70).

Além desse espaço próprio, a Conferência de Aparecida afirma que "os leigos também são chamados a participar na ação pastoral da Igreja, primeiro com o testemunho de vida e, em segundo lugar, com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e outras formas de apostolado, segundo as necessidades locais sob a guia de seus pastores". Ainda: "aos catequistas, ministros da Palavra e animadores de comunidades que cumprem magnífica tarefa dentro da Igreja, os reconhecemos e animamos a continuarem o compromisso que adquiriram no batismo e na confirmação" (DA, 211).

O Catecismo da Igreja Católica declara que "todos os fiéis são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação". Por isso, "os leigos têm a obrigação e o direito de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra" (CIC, 900).

A Igreja reconhece o grande trabalho desenvolvido pelos fiéis leigos e leigas na obra evangelizadora. Como bispo, estou ciente de que a Igreja ganha beleza e eficiência na medida em que conta com a efetiva participação de leigos em sua obra evangelizadora. Quando bispos, padres, religiosos e leigos atuarmos em igualdade de condições e com igual senso de responsabilidade, o rosto da Igreja Diocesana será muito mais atraente e a mensagem de Jesus Cristo será melhor anunciada e assimilada.

Parabéns pelo dia do leigo e da leiga e obrigado pelo testemunho fiel ao Evangelho e que Deus abençoe sua missão, sua vida e seu trabalho!

Dom Canísio Klaus
Bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul - RS

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Fonte: Portal da Comunidade Católica Canção Nova

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A queda de Ícaro

Na antiguidade, Délano era considerado o melhor e mais famoso escultor e arquiteto de Atenas. Quem desejava algo original sempre ia à sua oficina com a certeza de que seu pedido seria prontamente atendido.

Ele tinha um sobrinho chamado Talos, a quem aceitou como aprendiz. Apesar de ter somente 12 anos, logo o garoto mostrou sinais de ser mais talentoso que o mestre, Além de inventar o serrote e roda do oleiro, ele também idealizou o compasso. Sua fama se espalhou de tal modo, que as pessoas começaram a solicitar mais os serviços do garoto. Essa predileção provocou ciúmes em Délano que, após atrair Talos ao topo do templo de Atena, empurrou-o para a morte.

Por isso, Délano, juntamente com o filho Ícaro, um rapaz vaidoso e pouco esperto, foram expulsos da cidade. Em seguida, fixaram residência na ilha de Creta; nesse local, como desobedeceram ás ordens do rei, forma postos na prisão da ilha de Minos.

Enquanto Ícaro passava os dias cuidando de si mesmo, Délano estudava um plano de fuga para escapar de Creta. Localizada no Mar Egeu, era impossível fugir a nado da ilha, bem como conseguir um bote para essa finalidade, em virtude da vigilância acirrada dos soldados.

Finalmente, Délano concebeu um plano audacioso: colando penas de aves com cera, confeccionou dois pares de asas. Quando ficaram prontas, chamou Ícaro e lhe disse:

-Coloque isso nas costas e me siga, mas cuidado para não voas perto demais do sol, nem do mar. Mantenha um curso médio. Com essas asas, escaparemos daqui.

Do alto de um rochedo, ambos alçaram vôo e seguiram rumo ao horizonte. Por algum tempo, o jovem Ícaro acompanhou o pai, mas ao ver que estava voando mais alto, começou a subir ao céu, chegando cada vez mais perto do sol.

-Ícaro! – chamou o pai, ansioso. Mas não obteve resposta.

No mar, um punhado de penas flutuava nas ondas e pequenas ondulações marcavam o ponto onde Ícaro se precipitara. Por ter voado perto demais do sol, a cera que colava as asas do rapaz derretera-se como manteiga.

Troca de idéias

- Com base no exemplo de Délano e Ícaro, de que modo a ambição pode ser saudável á vida das pessoas?



Retirado do Livro da Sabedoria do Povo.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pecados públicos

Não reclamo. Apenas constato. Tem ficado cada vez mais difícil a gente se reconciliar com os erros cometidos. O motivo é simples. A vida privada acabou. O acontecimento particular passa a pertencer a todos. A internet é um recurso para que isso aconteça. Os poucos minutos noticiados não cairão no esquecimento. Há um modo de fazê-los perdurarem. Quem não viu poderá ver. Repetidas vezes. É só procurar o caminho, digitar uma palavra para a busca.

Tudo tem sido assim. A socialização da notícia é um fato novo, interessantíssimo. Possibilita a informação aos que não estavam diante da TV no momento em que foi exibida.

A internet nos oferece uma porta que nos devolve ao passado. Fico fascinado com a possibilidade de rever as aberturas dos programas do meu tempo de infância. As imagens que permaneciam vivas no inconsciente reencontram a realidade das cores, movimentos e dos sons.

Mas o que fazer quando a imagem disponível refere-se ao momento trágico da vida de uma pessoa? Indigência exposta, ferida que foi cavada pelos dedos pontiagudos da fragilidade humana? Ainda é cedo para dizer. Este novo tempo ainda balbucia suas primeiras palavras.

O certo é que a imagem eterniza o erro, o deslize. Ficará para posteridade. Estará resguardada, assim como o museu resguarda documentos que nos recordam a história do mundo.

Coisas da contemporaneidade. Os recursos tecnológicos nos permitem eternizar belezas e feiúras.

Uma fala sobre o erro. Eles nascem de nossa condição humana. Somos falíveis. É estatuto que não podemos negar. Somos insuficientes, como tão bem sugeriu o filósofo francês, Blaise Pascal. O bem que conhecemos nem sempre atinge nossas ações. Todo mundo erra. Uns mais, outros menos. Admitir os erros é questão de maturidade. Esperamos que todos o façam. É nobre assumir a verdade, esclarecer os fatos. Mais que isso. É necessário assumir as conseqüências jurídicas e morais dos erros cometidos. Não se trata de sugerir acobertamento, nem tampouco solicitar que afrouxem as regras. Quero apenas refletir sobre uma das inadequações que a vida moderna estabeleceu para a condição humana.

Tenho aprendido que o direito de colocar uma pedra sobre o erro faz parte de toda experiência de reconciliação pessoal. Virar a página, recomeçar, esquecer o peso do deslize é fundamental para que a pessoa possa ser capaz de reassumir a vida depois da queda. É como ajeitar uma peça que ficou sem encaixe. O prosseguimento requer adequação dos desajustes. E isso requer esquecer. Depois de pagar pelo erro cometido a pessoa deveria ter o direito de perder o peso da culpa. O arrependimento edifica, mas a culpa destrói.

Mas como perder o malefício do erro se a imagem perpetua no tempo o que na alma não queremos mais trazer? Nasce o impasse. O homem hoje perdoado ainda permanecerá aprisionado na imagem. A vida virtual não liberta a real, mas a coloca na perspectiva de um julgamento eterno. A morbidez do momento não se esvai da imagem. Será recordada toda vez que alguém se sentir no direito de retirar a pedra da sepultura. E assim o passado não passa, mas permanece digitalizado, pronto para reacender a dor moral que a imagem recorda.

Estamos na era dos pecados públicos. Acusadores e defensores se digladiam nos inúmeros territórios da vida virtual. Ambos a acenderem o fogo que indica o lugar onde a vítima padece. A alguns o anonimato encoraja. Gritam suas denúncias como se estivessem protegidos por uma blindagem moral. Como se também não cometessem erros. Como se estivessem em estado de absoluta coerência. No conforto de suas histórias preservadas, empunham as pedras para atacar os eleitos do momento.

O fato é que o pecador público exerce o papel de vítima expiatória social. Nele todas as iras são depositadas porque nele todas as misérias são reconhecidas. No pecado do outro nós também queremos purgar o pecado que está em nós. Em formatos diferentes, mas está. Crimes menores, maiores; não sei. Mas crimes. Deslizes diários que nos recordam que somos território da indigência. O pecador exposto na vitrine deixa de ser organismo. Em sua dignidade negada ele se transforma em mecanismo de purificação coletiva. É preciso cautela. Nossos gritos de indignação nem sempre são sinceros. Podem estar a serviço de nossos medos. Ao gritar a defesa ou a condenação podemos criar a doce e temporária sensação de que o erro é uma realidade que não nos pertence. Assumimos o direito de nos excluir da classe dos miseráveis, porque enquanto o pecador permanecer exposto em sua miséria, nós nos sentiremos protegidos.

Mas essa proteção que não protege é a mãe da hipocrisia. Dela não podemos esperar crescimento humano, nem tampouco o florescimento da misericórdia. Uma coisa é certa. Quando a misericórdia deixa de fazer parte da vida humana, tudo fica mais difícil. É a partir dela que podemos reencontrar o caminho. O erro humano só pode ser superado quando aquele que erra encontra um espaço misericordioso que o ajude a reorientar a conduta.

Nisso somos todos iguais. Acusadores e defensores. Ou há alguém entre nós que nunca tenha necessitado de ser olhado com misericórida?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Os “correios” não se enganam

Nunca fez parte dos meus planos ser sacerdote. Não o esperava sequer. Não tenho ninguém na família que seja religioso. Aos vinte anos não colocava sequer a vida religiosa como hipótese quando, por exemplo, em conversas entre amigos falávamos acerca dos nossos planos para o futuro.

Foi algo que me apanhou de surpresa que me custou a entender, justificando-me, ao início, que a “morada do destinatário” estava mal escrita. Não é para mim. - Pensei - É tarde demais, a proposta não deve ser para mim. É pedir demais, não me sinto preparado. É demasiada responsabilidade. Ainda por cima quando a minha situação profissional está solidificada e, emocionalmente, encontrei a rapariga dos meus sonhos. Não! Esta proposta não deve ser para mim. Não há dúvida que os “Correios” se enganaram no destinatário.

Mas não era engano! Era para mim! Era como que um presente e vinha de Deus. Custou-me a aceitá-lo, cerca de um ano de dúvidas… uma enorme vontade de não querer compreender, dei voltas e mais voltas, pensei… Mas tinha surgido de mim, de dentro de mim, ninguém me tinha feito essa proposta. Todos quantos se envolvem ativamente na Igreja já devem ter pensado assim, como eu. - Pensei. Mas essa proposta, que nascera de dentro de mim, foi crescendo ao ponto de já não conseguir contê-la cá dentro… tinha de extravasar.

Após um ano de discernimento, de muito pensar e amadurecer a proposta concluí finalmente que não estava a ficar louco, afinal vinha de Deus este chamamento, e não me sentiria bem comigo mesmo se continuasse a dizer “não”. No fim de contas, era o que Ele queria de mim…

Este aceitar deu-me muita paz. Mas as dúvidas continuaram, e as perguntas, e o assombro… Porquê a mim, se há gente tão mais competente que eu? Porquê?

Mas fora a mim que Deus chamara, e se Ele me tinha chamado é porque tinha… (tem) confiança em mim e nas minhas capacidades. É difícil dizer que não a um chamamento assim, feito com amor e confiança.

É com base nesse amor que hoje, sacerdote, me empenho a cada dia para espalhar o Seu amor, o mesmo amor com que fui arrebatado. É com essa força de vontade que sou uma ponte entre Ele e quem quer que necessite da sua ajuda, do seu conforto. Sinto-me privilegiado por ter seguido este caminho e tento sempre estar à altura das suas expectativas.

Disse sim a Deus mas disse sim (sobretudo) a mim mesmo, não é possível ser feliz ignorando as suas propostas, dizer sim a Deus é ter certeza que, bem lá no fundo, apesar de todas as dúvidas e dificuldades, haverá sempre uma pontinha de felicidade…

Um sacerdote

Fonte: Consolata Jovem (http://consolatajovem.blogspot.com/)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Vencendo as barreiras nos relacionamentos

Se não tivéssemos aprendido um pouco sobre a metamorfose das borboletas, sequer poderíamos imaginar que o mesmo inseto que esvoaça entre flores tenha sido uma asquerosa lagarta, a qual semanas antes estava rastejando pelo mesmo jardim. Foram necessários interesse e maturidade para estudar o delicado comportamento dessas lagartas, do contrário, teríamos nos empenhado no extermínio daquelas devoradoras de plantas e erradicaríamos da natureza a beleza colorida que vivifica os bosques. Uma dedicação semelhante se faz necessária para cada um de nós quando a questão envolve vidas e diferenças de comportamentos.

Como seria fácil se, para o nosso convívio diário, – diante das divergências e na tentativa de convencer alguém sobre uma determinada opinião – pudéssemos inserir um cartão de memória pré-programada para obter os resultados esperados, como fazemos em máquinas… Ou ainda, não estando satisfeitos com as atitudes e procedimentos de alguém, simplesmente cortássemos o contato com ele, como podamos os ramos de uma árvore em nosso jardim.
Por diversas vezes já tivemos vontade de “abrir” a cabeça de alguém e fazer com que ele entendesse o nosso pensamento para que vivesse a nossa vontade. Entretanto, bem sabemos que, diante de tais desafios, muitas vezes, tomamos atitudes enérgicas, apoiadas em nosso autoritarismo. Se assim agirmos, estaremos sufocando a “metamorfose” na vida daqueles que ainda precisarão atingir o próprio amadurecimento, tal como ocorre com as borboletas.

Quem se abre aos relacionamentos deverá estar sempre disposto a resgatar a saúde do convívio, mesmo quando inúmeras situações indicarem a facilidade da fuga como válvula de escape. É verdade que somente nos desentendemos com aqueles com os quais realmente convivemos e, de maneira especial, quando as coisas não vêm ao encontro das nossas cômodas intenções. Muitas vezes, preferiríamos viver numa ilha, isolados de tudo e de todos, especialmente quando experimentamos as asperezas dos desentendimentos, comuns e pertinentes às nossas amizades. Em outras ocasiões, surge até o desejo de pegar um dos nossos amigos pelo pescoço, chacoalhá-lo e jogá-lo contra a parede. Certamente, tal vontade tem de ser controlada, já que esses sentimentos tendem a desaparecer com a mesma velocidade com que emergiram no calor dos ânimos exaltados.

Contudo, a lição proposta pela vida é a de sempre conquistarmos alguns passos à frente na caminhada que estamos trilhando rumo à maturidade. Mas como fazer com que um infortúnio se torne uma história de superação? Sem culpar pessoas ou acontecimentos, passemos a considerar as consequências do impasse que estamos enfrentando. Sem parar na dificuldade, busquemos as possíveis soluções ao nosso alcance. Pois, assim como o rochedo desafia um alpinista, as nossas diferenças permanecerão imóveis até que nos coloquemos em ação para superá-las.

Tal como as ondas do mar roubam as areias sob os nossos pés, as desavenças, impaciências, irritações, invejas solapam os alicerces das nossas amizades. Penso não existir coisa mais descabida numa relação pessoal do que o ato de “dar um gelo”, ou como alguns preferem dizer: “matar fulano no coração”, ou seja, esquecê-lo. Ignorar, mudar de calçada ou desconsiderar a presença de alguém, que antes fazia parte de nosso círculo de amizade, faz com que retrocedamos ao tamanho das picuinhas dos seres mais ínfimos que podemos imaginar. Seríamos injustos se comparássemos tais atitudes ao comportamento infantil, pois, na pureza peculiar das crianças, sabemos que logo após seus acessos de raiva, estas instantaneamente voltam à amizade sem nenhum ressentimento ou mágoa.
Pelos motivos acima apontados, muitas vezes, ferimos os sentimentos daqueles com quem convivemos; talvez, na mesma intensidade de uma agressão física.

Para nós adultos, reviver a aproximação com alguém que tenha nos ferido não é uma atitude fácil. Ninguém é superior o bastante para estar livre dos erros e deslizes em seus relacionamentos. Podemos ser vítimas, também, de nossos próprios ataques que, refletidos em atos potencializados pela ira, descontentamento ou ciúme, tenham decepcionado um amigo com nossas grosserias ou indiferenças. O restabelecimento desses abalos em nossas relações, ainda que não seja algo fácil, poderá ser possível ao tomarmos a iniciativa da reaproximação, por exemplo, a partir das atividades ou coisas que eram vividas em comum.

“Atire a primeira pedra aquele que nunca errou”. Assim, ao nos colocarmos na mesma condição – sujeitos aos mesmos erros – justificaremos a atitude do destrato sofrido não como sendo um comportamento próprio do nosso amigo, mas como resultado de uma faceta ainda desconhecida dentro do nosso convívio, a qual precisará ser trabalhada.

Deus abençoe o seu, o meu e o nosso esforço.

Um abraço,

Dado Moura

(*) artigo compilado para a revista Canção Nova

Fonte: Blog Dado Moura

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA…

Histórico da Quaresma de São Miguel Arcanjo

São Francisco foi um santo que, na sua vida mortal procurava nutrir muito sua alma, para não esfriar o seu amor por Jesus, com um espírito de oração e sacrifício muito grande. Para tanto, ele realizava, por ano, três quaresmas, além de um outro período de jejum e oração em honra da Mãe de Deus, pela qual tinha um doce e especial amor, que ia da festa de São Pedro e São Paulo Apóstolos à festa da Assunção de Nossa Senhora. Foi de um modo muito especial que, na Quaresma de São Miguel Arcanjo, Deus coroou Francisco de graças abundantes, dentre elas a de marcá-lo em seu corpo, pelo profundo desejo de imitar ao seu Filho Jesus Cristo, com os sinais de sua Paixão. Todas essas quaresmas eram realizadas no Monte Alverne. (Alverne: “verna” vem de “vernare”, verbo utilizado por Dante e que significa “fazer frio”; gela.)

São Boaventura diz em sua Legenda Maior em seu capítulo 9, parágrafo 3 dos escritos biográficos de São Francisco: “Um vínculo de amor indissolúvel unia-o aos anjos cujo maravilhoso ardor o punha em êxtase diante de Deus e inflamava as almas dos eleitos”. Por devoção aos anjos, celebrava uma quaresma de jejuns e orações durante os quarenta dias que seguem a Assunção da Santíssima Virgem Maria.

Fonte: Blog Como Maria

Consciência: a voz de Deus


A ruína do homem vicioso é se tornar insensível

O Antigo Testamento deixa claro o conceito de consciência. Quando Adão e Eva desobedeceram a Deus eles se esconderam "longe da face do Senhor Deus, entre as árvores do jardim" (cf. Gn 3,8). A consciência deles os alertou sobre algo errado que eles haviam cometido. Lemos no Livro de Samuel que "Davi sentiu remorsos de consciência e disse a Deus: 'pequei gravemente com o que fiz; mas agora, ó Senhor, perdoai, vos rogo, a culpa de vosso servo, porque procedi muito nesciamente'" (2 Sm 24,10).

No Novo Testamento encontramos o termo "consciência" 15 vezes. A Carta aos Hebreus, por exemplo, aconselha a que nos aproximemos de Jesus, Sumo-sacerdote "com intenção sincera, cheios de fé, com o coração purificado da má consciência" (cf. Hb 10,22). São Paulo, na Carta a Tito, asseverou: "Para os puros tudo é puro; para os corruptos e para os incrédulos nada é puro, porque a sua inteligência e sua consciência estão contaminadas" (Tito 1,15).

Grandes teólogos definiram a consciência como a "voz de Deus". Isso é profundamente bíblico, porque a consciência é "teônoma". Ela transmite a lei divina e concomitantemente oferece condições para se julgar um ato realizado ou por realizar da parte do ser racional com todo o discernimento. Diz Paulo aos Coríntios: "Minha consciência, é verdade, de nada me acusa, mas nem por isso estou justificado; quem me julga é o Senhor" (1 Cor 4,4). Sempre que este apóstolo se refere à consciência, realmente, ele menciona Deus (cf. 2 Cor 4,2) ou o testemunho do Espírito Santo (cf. Rm 9,1). Este texto do apóstolo dos gentios é também elucidativo: "Pois bem, esta é a nossa ufania: o testemunho da nossa consciência, de que temos procedido no mundo, e de modo particular para convosco, com a simplicidade e sinceridade que vêm de Deus, não com a sabedoria humana, mas com a graça divina" (2 Cor 1,12).

Que Deus ilumina a consciência e nos fala por meio da consciência é certo, pois o Altíssimo sonda os rins e os corações (cf. Jr 11, 20;17,10). Davi suplica: "Cesse a maldade dos iníquos, e amparai o justo, vós, Deus, justo, que perscrutais o coração e as entranhas" (Sl 7,10). Diz ainda o salmista ao se dirigir ao Onisciente Senhor: "Vós examinais o meu caminhar e as minhas paradas e todo o meu proceder vos é familiar.[...] Por trás e pela frente, vós me envolveis, e me fechais na vossa mão" (Sl 139, 3..5). Eis por que o remorso da consciência é consequência da não aceitação dos recados divinos. Entretanto, a última ruína do homem vicioso é a de se tornar insensível ao remorso. Santo Agostinho advertia: "A tudo podes fugir, ó homem, salvo da tua consciência. Se os pecados te roem a alma, não encontrarás no teu interior recanto algum em que te possas refugiar". Isso porque houve uma ruptura entre o ser contingente e o Ser Supremo, um rompimento da aliança e harmonia que devem existir entre a vontade submissa à razão e esta ao Espírito que ilumina.

Feliz aquele que pode então repetir com Jó: “Em consciência, não tenho que me arrepender dos meus dias” (Jó 27,6).

Por mais interiorizada que seja a consciência, ela tende, com efeito, a avaliar o mistério de Deus através do conhecimento que tem da Sua vontade expressa na Lei. O que vale, naturalmente, para o batizado é deste modo a pureza de intenção, ou seja, o esforço contínuo, sincero, sem dubiedades de se sujeitar aos desígnios de Deus, que lhe fala, persistentemente, por meio de sua consciência. É o Espírito infundido nos corações que assim torna livre o cristão, uma vez que este se liberta da escravidão do pecado, do mundo, das veleidades terrenas. Trata-se do julgamento reflexo e autônomo que flui lá do íntimo do coração sintonizado com seu Senhor. São Paulo aconselhava a Timóteo a ter um coração puro, boa consciência e fé sincera (cf. 1 Tm 1,5).

E asseverava aos romanos: "Tribulações e angústias sobrevêm à alma de todo o homem que praticar o mal" (Rm 2, 9). Podia garantir que "a glória do homem virtuoso é o bom testemunho de sua consciência" (2 Cor 1). Não existe, realmente, nada mais precioso do que a boa consciência, que é o aplauso de Deus lá dentro de cada um. Os franceses têm um ditado maravilhoso sobre o assunto: "O melhor travesseiro é a boa consciência".

Para concluir nada melhor as palavras do sábio Cardeal Newman: "Consciência é a voz de Deus no coração do homem".

Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho

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Fonte: Portal da Comunidade Católica Canção Nova