A sentença de Cristo “Quem se exalta será humilhado, quem se humilha será exaltado” (Lc 14,11) patenteia a importância da virtude da humildade. Cumpre extirpar o orgulho e jamais se vangloriar nem das riquezas e da grandeza, nem das próprias qualidades, inclusive da sabedoria e da prudência. O homem não pode se gloriar senão em Deus, pois dele tudo recebe. São Paulo foi claro: “O que há de superior em ti? Que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se o não tivesses recebido?” (I Cor 4,7). O orgulho sempre foi a perdição do ser humano. A humildade leva à correção das próprias faltas, mas a empáfia considera inúteis as maiores virtudes. Cristo e os Apóstolos deixaram lições luminosas de humildade. O orgulho sempre foi a perdição do ser humano. O demônio que levou Adão e Eva ao pecado do orgulho do qual resultou a expulsão do Paraíso e não a cessa de apresentar aos incautos mil artifícios para os levar à ruína. Ilude com o brilho das riquezas que cegam o homem e o tornam insolente e sequioso de uma glória efêmera. Foi o aconteceu com Salomão que depois lamentou: “Vaidade das vaidades tudo é vaidade” (Ec 12.8). O orgulhoso se vangloria de seus dotes físicos e despreza os outros, mas há de conhecer triste fim como ocorreu com o insensato Golias, vencido pelo humilde Davi, ou o ambicioso Adonias que se julgava belo eque desejava ser rei, mas o escolhido seria Salomão, ou Absalão que adorava sua cabeleira a qual o acabou levando à morte. É que os bens humanos não oferecem nada de grande e sólido, nem conferem sabedoria e prudência. Envolvem, isto sim, em mirabolantes sonhos que se desfazem. Os orgulhosos devem se lembrar sempre das palavras do salmista: “Como erva bem cedo hão de murchar, e como erva tenra hão de secar” (Sl 36,2). Quantos são os que se revoltam arrogantemente contra Deus e tudo que Ele revelou nas Escrituras, confiados apenas na sua sapiência mundana que é enganosa. Por isto é que São Paulo ensinava que se deve gloriar unicamente no Senhor Jesus Cristo que nos foi dado para ser nossa verdadeira sabedoria, nossa autêntica justiça, nossa total santificação, nosssa integral redenção, para que aquele que se ufana, se ufane no Senhor (1 Cor 1.30-31). O humilde reconhece que somente em Jesus e por Jesus ele pode ser remido e que tudo mais não tem em si valor algum, a não ser o que o Mestre divino ensinou. Isto leva a reprimir os movimentos prejudiciais do orgulho e a praticar a humildade tão agradável a Deus. Uma atitude de modéstia é de vital importância, ou seja, moderação no modo de ser, de se vestir, de caminhar, de comprar as coisas, nada de luxo e em tudo simplicidade. Os propósitos, as conversas precisam estar isentos de toda ostentação. Nada de altercações ardentes ou que provoquem polêmicas inúteis. Cumpre ser obsequioso com os amigos, afável com os subordinados, paciente com as pessoas violentas, humano com todos. É preciso sempre consolar os aflitos, os que estão tristes, não desprezar a ninguém, falar com brandura, responder com cordialidade. O humilde é polido e afável em toda parte e não conta vantagens. Respeita o próximo e não aturde e irrita os vizinhos. Reconhece que somente Deus é perfeito e assim lamenta e tenta corrigir as próprias faltas e jamais se mostra arrogante, constrangendo os outros. Tem comiseração com os que erram e não estraçalha a vida alheia, difamando seja quem for. Procura o aplauso da própria consciência e nunca os encômios dos homens. O lema do humilde é este: “Os homens não viram esta boa ação, mas Deus viu e isto basta!”, andando, deste modo, na alheta do que disse Jesus: “Teu Pai quie vê o que é secreto te recompensará” (Mt,6,2). São Pedro fala na coroa sempre verde da glória eterna, recompensa dos humildes (1 Pd 5, 4). Lembra o livro dos Provérbios que “Deus resiste aos soberbos, aos humildes, porém, Ele dá a sua graça” (Pv 3,34). Quem ama a humildade, será glorificado, “pois quem se exalta será humilhado”, mesmo porque não estará colocando em prática a ordem de Cristo: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis o repouso para vossas almas” (Mt 11,20). Tal então deve ser a prece de seu discípulo: “Preservai, também, vosso servo do orgulho; não domine ele sobre mim, então serei íntegro e limpo de falta grave”, como bem se expressou Davi no Salmo 18 (Sl 18,14)”.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Fonte: CatolicaNet
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