Nunca deixar de rezar, mesmo que nada se perceba e nada se sinta
É fantástico, fascinante e sedutor percorrer o caminho, a aventura da oração através dos séculos, da Palavra de Deus, dos Santos, dos místicos e dos homens e mulheres que, sem nenhuma pretensão teológica, são autênticos mestres do diálogo com o Senhor da vida.
Não há nenhuma faculdade que dê o título de "orantes, místicos e mistagogo", embora muitas pessoas possam se apresentar orgulhosamente com esses títulos. Só a humildade e aprendizagem constantes nos fazem capacitados para errar. Só os que erram sentem que estão longe de poder dizer que rezam bem e, por isso, buscam luzes e forças naqueles que foram consagrados pela Igreja como autênticos orantes.
Meditar na vida e doutrina de orantes de diversas épocas pode, sem dúvida, nos estimular na nossa caminhada de encontro pessoal com o Senhor. Cada um nos diz alguma coisa interessante, mas o ponto de partida e de chegada é sempre o mesmo. O que muda são os meios, os métodos.
Ponto de partida: a nossa realidade humana, finita, pobre, limitada que, sentindo-se atraída por uma força "violenta", busca a serenidade, o ilimitado, o completo e sabe que isso só pode existir dentro de si, mas ao mesmo tempo vem de alguém que é maior e que está dentro e fora dela, é o totalmente OUTRO, o diferente que em Jesus de Nazaré se faz um de nós, reveste-se de nossa carne, vive conosco para nos ensinar como devemos rezar, viver, assumir a vida, partilhar e manifestar o amor até as últimas conseqüências: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (João 15,13).
Ponto de chegada: sempre o ponto de chegada da oração será o amoroso encontro com Deus, dialogar com Ele no amor, torna-se amigo íntimo do Senhor. A oração tem esta finalidade e nada mais. Não é, portanto, quantitativa, mas qualitativa. Deus vê o nosso coração e espera encontrar em nós o amor. Para nos colocar face a face com o Senhor, necessitamos de fé, de silêncio, de amor, de uma forte esperança que não permite desanimar diante dos múltiplos silêncios de Deus.
Temos visto que dialogar com Deus exige esforço e determinação por nossa parte. Não é fácil, exige exercício constante. Como em todas as coisas, sem perseverança não se chega a nada. Também na oração as palavras-chave são "fidelidade e perseverança" ao projeto assumido. Nunca deixar de rezar, mesmo que nada se perceba e nada se sinta. Sempre a oração deve estar no centro de nossas atividades.
Frei Patrício Sciadini
Publicado no Portal da Canção nova
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