"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

terça-feira, 29 de abril de 2008

Para que todos sejam um

Jesus estava prestes a partir. Escreve a testemunha que viu e participou: “sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado os seus que estavam neste mundo, amou-os até o fim.”(Cf. Jo. 13,1) E, tendo dado seu corpo em alimento e seu sangue em bebida, no final da oração sacrifical, poucas horas antes de iniciar sua paixão, implorou ao Pai por seus discípulos e “por aqueles que por sua palavra vão crer em mim para que todos sejam um, assim como Vós, o Pai, estais em mim e eu em Vós” (Cf. Jos. 17, 20-21)

A Igreja Católica no Brasil junto com outras Comunidades Cristãs que formam o CONIC, Conselho Nacional das Igrejas Cristãs, sentiram este apelo de Cristo, e trabalham juntas em busca da unidade. E todos os anos, nos dias que sucedem a festa da Ascensão até o dia de Pentecostes, dedicam-se à intensificação deste propósito com estudos e orações. No ano em curso, o lema insiste na oração: “Orai sem cessar”.

Não é um movimento regional. Apenas a data não coincide. Há cem anos, “no limiar do século XX, a angustia e a ousadia da esperança inauguraram a era do ecumenismo” (Pastor Breno Schumann) e, em 1908 promoveu-se pela primeira vez esta Semana de Orações, entre 18 e 25 de janeiro. Há trinta está organizado no Brasil. Na Arquidiocese de Juiz de Fora, é anterior, por iniciativa de cristãos liderados por sacerdotes redentoristas e o referido Pastor da Igreja de confissão Luterana.

Bem ajustada a constatação citada acima. Escrevemos em artigo anterior que a Igreja de Deus peregrinante na terra é divina, mas carrega consigo a fragilidade humana nos seus membros. É a realidade histórica. Assistimos, sobretudo, nos últimos quatro séculos, embora tenha havido antes também, a quebra da unidade da Igreja e, em conseqüência a secularização social e a perda da fé. Nós, cristãos, tínhamos nos acostumados a agir, a pensar e a viver isoladamente.

Mas, o Espírito que ilumina a todos aqueles que sinceramente crêem em Cristo, acordou as mentes para a esperança de uma Igreja uma e santa, segundo o desejo de Cristo, católica, isto é enviada para anunciar a salvação ao mundo todo e apostólica, edificada sobre o testemunho do Apóstolos, uma Igreja que, na terra, refletisse a realidade celeste. O movimento ecumênico nos descobre uma unidade oculta na diversidade gerada pelas falhas humanas e também pelo pecado: a fé em Cristo que se difunde no amor e no alento da esperança.

A solicitude para instaurar a união se impõe a toda a Igreja, quer na vida cristã, vivida dia a dia, por todos os fiéis, pastores e leigos quer nas investigações teológicas e históricas. Fiéis ao sopro do Espírito, reconheçamos os sinais dos tempos e abramos os nossos corações no reconhecimento dos laços fraternos existentes entre nós e que devem nos conduzir à plena e perfeita unidade segundo a benevolência de Deus, ensina o Concílio Vaticano II no decreto, Unitatis Reintegratio. A unidade corresponde ao mandamento e à vontade de Deus mesmo. Não há alternativa, ou obediência ou transgressão.

Para viver esse espírito ecumênico, temos, em primeiro lugar, de nos renovar na fidelidade à vocação a que fomos chamados. O mesmo Decreto Conciliar continua: “Toda a renovação da Igreja consiste essencialmente numa fidelidade maior à própria vocação. Esta é sem dúvida a razão do movimento para a unidade” (nº 777/778).

Exige também de nós, a conversão do coração. O apóstolo Paulo nos concita a andar de modo digno de nossa vocação, na humildade, mansidão e paciência, esforçando-nos para conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz (Cf. Ef. 4, 1-3).

A oração unânime, fruto de nossa fé e esperança, deve acompanhar nossa conversão e unida à prece de Jesus pedir a unidade, Pai, para que todos sejam um.

Esta Semana de Oração é momento propício que nos é dado. Como se expressa o Presidente da Comissão Pastoral para o Ecumenismo da CNBB, Dom José Alberto Moura, Arcebispo de Montes Claros, ”o evento significa um esforço de compreensão e respeito entre as igrejas cristãs, uma tentativa de buscar a unidade dos cristãos como Jesus Cristo queria ‘um só rebanho e um só pastor’, no esforço de confiança em Deus”

Todos nós cremos e confessamos no Símbolo de nossa Fé: “Creio na santa Igreja, una, santa católica e apostólica, confessamos um só batismo para a remissão dos pecados (Simb. Niceno Const.) Vivamos esta fé na esperança e caridade e numa vida de oração.

DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO METROPOLITANO DE JUIZ DE FORA, MG.

Publicado no portal A Catequese Católica

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