"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

sexta-feira, 14 de março de 2008

Maturidade na oração


Quem somos nós para achar que a nossa oração vai ser uma coisa fácil?

Como deve ser a nossa oração? Orar com poder não quer dizer que nós sejamos poderosos. Orar com poder é orar de forma tal que deixemos de atrapalhar Deus em fazer a Sua vontade em nossas vidas.

Os discípulos de Jesus se aproximam d’Ele da mesma forma que nos aproximamos d'Ele hoje: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11, 1). Esse pedido nasceu da admiração deles ao vê-Lo orando. Os discípulos se deram conta de que não sabiam como orar e pediram ao Senhor que os ensinasse.

Jesus se fez homem para nos ensinar o que é ser humano; pois não sabemos ser gente, ser humanos. Quando olhamos para o ser humano vemos uma tarefa, uma missão: realizar os sonhos de Deus em sua vida. Deus nos criou com uma missão, um projeto, e se fez Homem para mostrar o que é ser homem.

É importante nos darmos conta de que fomos escolhidos por Deus e que não viemos a este mundo por acaso. Existe um sonho de Pai, um projeto de Deus para você. Por isso, nossa primeira atitude deve ser a de nos esforçarmos para nos adequar a esse projeto divino.

Jesus ensina a oração do Pai-Nosso em duas passagens, mas em Lucas 11 ela está em uma forma mais abreviada: “Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o vosso nome, venha o vosso Reino”. Aqui já acontece uma revolução, algo extraordinário, o Senhor nos ensina a orar ao Pai para realizarmos o Reino d’Ele, o reinado de Deus em nossa vida.

No início, isso é um esforço humano, mas Deus nos visita e concede o dom, a graça de orar. Não somos nós, mas é Cristo que ora em nós pelo Seu Espírito. A Palavra diz que o Senhor reza constantemente, como se vê no Evangelho de Marcos, quando Ele estava no Horto das Oliveiras. “Não seja feita a minha, mas a Tua vontade”. Para que isso aconteça é preciso o conhecimento a respeito do “querigma”, que é o primeiro anúncio do amor de Deus, da necessidade de renunciar ao pecado e buscar a conversão.

A oração pagã é diferente: nela as pessoas perguntam qual é vontade delas e não a de Deus. Um exemplo de oração pagã moderna é o livro “O Segredo”. Nele há puro paganismo, milhões de pessoas estão caindo nesse erro. A obra fala da lei da atração: se desejamos as coisas boas, estas acontecem, mas se desejamos as ruins, elas também acontecem. Segundo a autora é preciso desejar intensamente aquilo que se quer. Sobretudo são universitários e pessoas com um grau de cultura que o estão adquirindo. São materialismo e paganismo disfarçados, os preceitos contidos nele são enganosos. Ela consegue nos enganar porque mexe com o pecado original em nós: queremos ocupar o lugar de Deus em nossa vida. Tantas pessoas morrendo de fome na África... Será que essas pessoas não desejam comida?

Está faltando maturidade para compreender o que é a vida humana. Não podemos ser infantis e achar que a nossa vontade é o melhor para nós. O pagão age como os profetas de Baal, os quais clamam por aquilo que desejam; já o cristão expressa o desejo de fazer a vontade de Deus. Se Cristo é nosso Mestre e Senhor, quem somos nós para achar que a nossa oração vai ser uma coisa fácil? Muitas vezes, fazer a vontade de Deus é um verdadeiro “parto”, ou seja, doloroso, mas é sempre o melhor para nós. Mesmo que esta nos assuste, mesmo que vejamos uma cruz, sabemos que por trás dela Deus está a ressurreição para nós.

Nós estamos prontos para fazer a vontade de Deus. Façamos com que o nosso coração entre em sintonia com ela [vontade de Deus]. Deus é o oleiro, que modela o barro, temos de parar de nos comportar como se fôssemos criadores.

Pe. Paulo Ricardo
www.pauloricardo.org

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