"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Uma caricatura de casamento

Como acreditar na possibilidade de um casamento feliz ou na idoneidade de alguém quando encontramos testemunhos de relacionamentos malsucedidos? Após viver uma frustração, encontrar motivos para continuar a acreditar e a viver os projetos anteriores, certamente, vai exigir um esforço quase que sobrenatural de nossa parte. De nossa própria história, sabemos o quanto foi difícil realinhar nossos sonhos e projetos de vida face às amargas situações já vividas.

Tribulações e aflições sempre teremos em nossos relacionamentos, seja por um namoro rompido, seja por decepções de nubentes que viram os castelos de seus sonhos ruírem às vésperas do matrimônio ou por casamentos que acabaram em separação.
Talvez seja por conta disso que encontramos tantas justificativas por parte de pessoas que consideram mais fácil viver juntas ou viver um namoro sem compromisso alegando que certos princípios e valores morais estão ultrapassados, entre outros.

Alguns casais, ainda que reconheçam que o (a) namorado (a) seja sua alma gêmea, pouco cogitam na possibilidade de oficializar o relacionamento por acreditarem que o casamento é apenas a formalização, para a sociedade, daquilo que já estão vivendo. Outros não desejam se casar por imaginar que precisarão conviver pelo resto da vida com a mesma pessoa, tolerando seus hábitos, pajeando crianças, entre outras obrigações da vida conjugal.

Diante das circunstâncias, alguns casais alegam preferir viver um relacionamento – cujos (as) companheiros (as) não podem ser considerados como namorados (as), tampouco como esposos (as) – até se assegurarem que tal envolvimento tem chances de sucesso, para depois se comprometerem “oficialmente”. Assim, optam por viver uma caricatura do casamento. Isto é, vivem como casados sem o ser.

Muitos são aqueles que coabitam há anos, mas qual seria o tempo limite? Quando esses casais se sentirão prontos para “se desinstalar” do comodismo?
Inúmeras podem ser suas justificativas, entretanto, pouco plausíveis os argumentos. Pois, na maioria das vezes, a decisão de viver juntos quase sempre foi tomada no auge de uma paixão, assim como na intenção de minimizar despesas financeiras ou fundamentadas apenas nas más experiências de outros casamentos.
Se ao menos esses casais de namorados que dividem o mesmo teto não vivessem as mesmas dificuldades e desafios de um relacionamento [conjugal], como o processo de adaptação, ciúme, crises de desentendimentos… até poderíamos aceitar tal opção de vida como um forte argumento. Todavia, esses casais também vivem seus impasses, talvez até maiores que os demais.

Casar-se somente com o objetivo de oficializar um relacionamento diante da sociedade ou assegurar seus benefícios para a eventualidade do rompimento do relacionamento seria apenas firmar uma parceria de um contrato social.

Eu acredito que o sentimento que imbui alguém a viver o sacramento do matrimônio se fundamenta no testemunho de que ele tem sobre a família e seus valores. Esse desejo [de se viver o matrimônio] potencializado na certeza de viver um amor único e verdadeiro, ao longo do tempo de namoro, se consolida por meio das atitudes em tornar conhecido ao seu cônjuge aquilo que almeja sua alma.
Inverter o processo natural do conhecer-se dentro de um relacionamento, não evitará maiores sofrimentos, mas facilmente poderá ofuscar os verdadeiros sentimentos daqueles que desejam realizar seus anseios mais íntimos.

Para as pessoas que desejam formar família e percebem também que seu (sua) namorado (a) aspira pelo mesmo ideal, nada as impede de responder com fidelidade ao chamado para a vida conjugal, não somente na oficialização perante as leis dos homens, mas, também, na investidura do sacramento diante de Deus, o qual as capacitará espiritualmente a vencer os obstáculos que a vida sempre nos reserva.

Deus abençoe a todos.

Dado Moura

Publicado no Blog Comportamento

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