"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O amor de Deus foi derramado em nossos corações


O apóstolo Paulo no ensina, na Carta aos Romanos que a esperança não decepciona, porque “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que ele nos deu.”(Rom. 5,5)

O tempo litúrgico da Páscoa se encerra com a festa de Pentecostes, celebrada há poucos dias, com a efusão do Espírito Santo, selando a Nova Aliança realizada no Calvário. Já neste domingo celebramos o amor de Deus que nos foi revelado por Cristo na Trindade das pessoas e na unidade da essência de um só Deus e que, em seu Filho, nos alimenta com o pão celeste, memorial vivo de sua paixão, enquanto estamos a caminho da união definitiva com o Pai.

Deus é amor. A razão, com alguma dificuldade chega à revelação da divindade una, como explicação de todo o relativo que existe e reconhece Deus como poder. Jesus nos mostra o Pai que o ama no Espírito Santo e pelo qual recebemos o espírito de filiação e chamamos a Deus de Pai.(cf. Rom.8,14)

Este mistério que nos foi revelado e que pela fé já vivemos, faz-nos superar a realidade que se nos mostra ao redor e angustia nosso coração.Faz-nos suportar a nós mesmos nos sofrimentos de cada dia, pois ainda estamos na carne na expressão paulina.

Povo de Deus em marcha, não nos alienamos dos sofrimentos e das angústias de nossos irmãos. Com propriedade o Concilio Vaticano II, o proclama: ”As alegrias e as esperanças, as tristezas e angustias dos homens, sobretudos dos pobres e de todos os que sofrem.. são também dos discípulos de Cristo”.

Movidos pelo Espírito Santo, procuramos descobrir nos acontecimentos de cada dia os desígnios de Deus. A bússola da fé nos orienta a não perder a esperança naquele que tanto amou o mundo que nos deu seu Filho e inundou nossos corações com seu amor. Esse mesmo Espírito no impulsiona e move nossos corações de discípulos de Cristo a viver a vida do Espírito e levar esta mensagem a todos os homens.

É o que nos consola quando vemos a miséria e o estrago do pecado. Enquanto podemos saborear as delícias da vida de redimidos, sobretudo na riqueza deste tempo litúrgico, contemplando a realidade que se manifestará em nós, sofremos com o que se passa aos nossos olhos e vemos quanto ainda o mundo precisa da presença missionária dos cristãos. Quanto precisa do amor!

O desrespeito à vida atinge o paroxismo cênico do assassinato de uma criança, porque os crimes contra o nascituro, bem, para estes já não há clamor. Do outro lado do mundo, os atingidos pelas catástrofes não tem sequer o direito de serem socorridos pela ajuda internacional. Se não morrem vítimas do ciclone, como milhares de seus irmãos, devem morrer de fome e de frio, porque os assim chamados administradores da região, não lhe deixam passar os alimentos e os agasalhos. Mandantes de crimes são absolvidos e campeia pelos meios de comunicação o incitamento à luxúria em meio à evidência dos escândalos no uso do dinheiro público.

O Espírito Santo renova a face da terra, rezamos ao invocá-lo. A terra foi irrigada pelo sangue do Cordeiro que corria do calvário onde Ele pagou o débito de Adão pelo qual a morte entrou no mundo. Vencida pelo sacrifício redentor, a Vida ressurgiu para todo o orbe. Pela ação do Espírito do Senhor Jesus, nós que já temos a graça da fé, recebemos a força para anunciá-la – “ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda a criatura.” (Cf. Mc 16,15)

A ação do Espírito de Deus se faz por nosso meio. Pela nossa ação no mundo. Os discípulos estavam com medo depois dos acontecimentos da paixão do Senhor. Desceu sobre eles o Espírito e, assim fortificados, partiram a anunciar as maravilhas de Deus.

Tenhamos consciência da nossa fé e procuremos ser luz neste mundo de trevas. Se temos a riqueza da vida do espírito, manifestemo-la ao mundo, vamos reparti-la com toda a terra que, angustiada, espera a manifestação dos filhos de Deus: “Sabemos que todo o universo até agora continua gemendo e sofrendo as dores do parto” (Rom 8,22)para que ele também possa viver a esperança da redenção. Deus é amor em essência e quer que também nós vivamos no amor e neste enlaçamento com os irmãos nos enriqueçamos a todos no Espírito e invoquemos confiantes a Deus como nosso Pai.

DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO METROPOLITANO DE JUIZ DE FORA, MG.

Publicado no Portal A Catequese Católica

Nenhum comentário: