Um mistério de fé após 91 anos
“Apraz-me pensar em Fátima como escola de fé com a Virgem Maria por Mestra; lá ergueu Ela a sua Cátedra para ensinar aos pequenos videntes e depois às multidões as verdades eternas e a arte de orar, crer e amar. Na atitude de alunos que necessitam de aprender a lição, confiem-se diariamente, a Mestra tão insigne e Mãe do Cristo”. Essas são palavras do Papa Bento XVI dirigidas aos Bispos Portugueses durante a visita “Ad limina”.
Certamente, o discurso apresenta muitos outros pontos que merecem destaques, mas chamou-me atenção o fato de o Pontífice observar a escolha de Maria por fazer de Fátima a sua Cátedra. Sendo Ela Mestra da simplicidade, não é de se admirar que tenha escolhido as crianças como seus primeiros alunos e mensageiros. E que crianças! São tão puras e sedentas de Deus que me embaraço todas as vezes em que tento entrar no mundo delas para entender melhor o que viveram.
Existe um misto de fé, pureza e amor a Deus encontrado nelas, o qual tem o poder de nos afastar dos ruídos e das ofertas deste mundo e nos fazer tocar – nem que seja por instantes – na alegria eterna.
91 anos depois das Aparições de Nossa Senhora, Fátima continua sendo um mistério de fé que, cada vez mais, atrai peregrinos vindos das mais diversas realidades e lugares. Por estes dias, quando celebramos o aniversário da primeira aparição ocorrida a 13 de maio de 1917, contemplo diariamente a chegada de peregrinos que, em grupo ou sozinhos, chegam fadigados, muitas vezes, até debilitados devido à longa distância percorrida a pé, mas, geralmente, emocionados e felizes por estarem, aqui, na Cova da Iria.
Hoje mesmo, ao cair da tarde, vi um grupo com essas características passar na minha rua e fiquei imaginando: São os alunos da Virgem de Fátima! Lembrei-me das palavras do Papa Bento XVI quando diz que, aqui nesta terra, Nossa Senhora ergueu a sua Cátedra e nos ensina a arte de orar, crer e amar.
Talvez seja por essa razão que pessoas do mundo inteiro acorram à Fátima! O mundo tem sede do amor simples e puro que brota do coração da Mãe. Provavelmente estejamos saturados de aprender outras artes e tenhamos acordado a tempo de perceber que o essencial desta vida se esconde na simplicidade do ordinário vivido com amor. Os Pastorinhos, Lúcia e seus primos Francisco e Jacinta, descobriram esse segredo e souberam corresponder enquanto viveram as lições ensinadas pela Mestra.
Mas a Mensagem não ficou restrita à pequena Aldeia de Fátima. Ela atravessou o oceano e espalhou-se pelo mundo, como folhas secas que o vento do outono leva para onde quer. Com o avanço da tecnologia e a fé de muitos, a mensagem de Nossa Senhora em Fátima é hoje conhecida por toda a humanidade. Acredito que chegou a hora de fazermos as lições de casa. A mensagem, em geral, nos convida para uma vida de oração, especialmente a reza do terço, assim como para conversão, as penitências e sacrifícios em reparação dos pecados da humanidade.
Na terceira aparição, no dia 13 de julho de 1917, a Santíssima Virgem ensinou aos Pastorinhos – e eles nos transmitiram – uma nova jaculatória que deve ser rezada com freqüência, especialmente quando fizessem algum sacrifício:
"Oh meu Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores, pelo Santo Padre e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria".
Contemplar a simplicidade desta terra e deste povo – escolhido pela “Senhora mais brilhante que o sol” – faz-me desejar viver na atitude humilde de aluna que necessita aprender a lição e confiar-me diariamente à Mestra tão insigne, como bem recomendou Bento XVI, para que a minha vida antecipe o céu na terra e molde a terra à imagem do céu. Talvez seja ousadia pensar assim; mas o primeiro Aluno na escola de Maria, Seu Filho Jesus, ensinou-nos com a vida que colocando em prática as lições da Mãe e seguindo Seus passos na arte de orar, crer e amar, podemos transformar o mundo.
dijanira@geracaophn.com
Missionária da Comunidade Canção Nova, em Fátima, Portugal Trabalha na Rádio CN FM 103.7
Publicado no Portal da Canção Nova
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