A Igreja celebra até junho de 2009, o Ano Paulino: a comemoração dos 2.000 anos do nascimento do Apóstolo Paulo que nos é conhecido melhor do que qualquer outro Apóstolo, sobretudo por suas Epístolas e pelos Atos dos Apóstolos.
Paulo era judeu, da tribo de Benjamim, nascido em Tarso, mas era igualmente cidadão romano, por direito, segundo ele próprio o declara, quando foi açoitado na prisão em Filipos (cf. At. 16,34), e em Jerusalém (cf. 22,25-29).
De personalidade marcante, firme em suas convicções, de sólida formação religiosa, segundo a doutrina dos fariseus, recebida de Gamaliel, opôs-se tenazmente à mensagem de Cristo e, no seu zelo religioso, perseguia até à morte os seguidores desta doutrina (cf. Fil.3,4-6). A seus pés foram depositadas as vestes de Estevão, quando apedrejado entregava seu espírito a Deus (cf. Atos 7,5, 8).
A caminho de Damasco com cartas para trazer a Jerusalém prisioneiros seguidores daquela doutrina, foi “alcançado por Jesus” (cf. Fil. 3,12). Não foi só uma visão (cf. 1Cor 9,1). Foi uma revelação em seu coração para fazer brilhar o conhecimento da Glória de Deus, que resplandecia na face de Cristo (cf. 2 Cor. 4,6).
A partir deste acontecimento “não consultei carne nem sangue, nem subi a Jerusalém aos que eram apóstolos antes de mim...” apenas partiu para sua missão, a ponto de apenas “ouvimos dizer: quem outrora nos perseguia agora evangeliza a fé que antes devastava” (cf. Gal. 1, 15-24). Saiu a anunciar Cristo, o Filho de Deus.
Destaca-se na missão de Paulo a universalidade. Quando o Senhor Jesus, em visão, ordenou a Ananias que procurasse Paulo, ante a estupefação deste, lhe disse: “vai, porque este homem para mim será um vaso de eleição a fim de anunciar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis e dos filhos de Israel“(cf. Atos 9, 15). A pregação de Paulo é para os judeus e gregos, para bárbaros e cultos, ele que se “fez tudo para todos a fim de salvar alguns a todo o custo” (cf. 1Cor. 9, 19-23).
A sua dedicação é total. Forçado a defender-se, perante a Comunidade, em face dos que se lhe opunham, expõe seus trabalhos na evangelização: as perseguições e perigos a que levou a pregação do Evangelho(cf. 2Cor. 11). Mas dela não se gloria, ”com todo o ânimo prefiro gloriar-me das minhas fraquezas para que pouse sobre mim a força de Cristo” (cf. 2Cor. 12,9).
Paulo não evangelizava sozinho. Fundada uma Igreja, acompanhava com seus companheiros o seu crescimento. Trabalhava com eles. Amava os evangelizados com o carinho de mãe. Tinha em seu coração a solicitude de todas as comunidades.
Ainda neste último domingo, no Evangelho Jesus falava a seus discípulos “não tenham medo”. Paulo jamais vacilou: nos trabalhos, nas vigílias, nas perseguições e nas cadeias até o suplício final. Perseguido por pagãos e pelos de sua raça, confiava no Espírito que lhe punha as palavras na sua boca diante dos juízes.
Seduzido por Cristo, deixou-se seduzir. A Palavra de Deus ardia no seu coração. Tinha dúvidas se para ele era melhor ficar e pregar o Evangelho ou ir para unir-se em definitivo com Cristo, naquele amor que persiste para sempre, como cantou no seu Hino à caridade.
Combateu o combate. Guardou a fé que com firmeza anunciava e defendia. Por isso recebeu a coroa que lhe estava reservada, como e a todos que guardam a fé a fazem brilhar nas trevas deste mundo.
Hoje, a Igreja nos remete a uma reflexão sobre nossa vocação missionária. Como para Paulo, a seara é imensa e diversificada, sobretudo na multiplicidade de falsas doutrinas, como previra o Apóstolo a seu discípulo Timóteo.
Guardemos também nossa fé e a anunciemos ao mundo sem temor porque também a nós assiste-nos o Espírito Santo até o fim dos tempos, até recebermos também a coroa destinada a todos os que forem fiéis.
Dom Eurico dos Santos Veloso, arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora(MG)
Fonte: CNBB
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