"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Natal nos 365 dias do ano

É assim que eu quero lhe dizer "Feliz Natal": ''Não há maior amor do que dar a vida!'' Foi o que disse e foi o que fez Jesus. É assim que acontece o Natal. Você e eu podemos realizá-lo não apenas no dia 25 de dezembro, mas nos 365 dias do ano. O segredo é dar a vida!

Obrigado, porque você é nosso sócio. É graças à sua contribuição que nós podemos, todos os dias, fazer uma verdadeira transfusão de vida para milhares de pessoas. Preciso da sua ajuda. Agradeço a sua fidelidade. Não podemos parar naquilo que já fizemos. Há muita gente precisando de vida neste Natal. No ano que se aproxima vamos partir juntos! Decididos! Porque o nosso projeto é: DAR ALMAS PARA DEUS! Não resta dúvida: para isso é preciso dar a vida.

Graças a Deus, temos feito o essencial e o temos feito bem porque temos mostrado Jesus a todos os que querem vê-Lo com olhos simples e encontrá-Lo de coração aberto. Essa é a ''boa obra'' que nós temos feito juntos. Nós temos tido a graça de devolver muitos para Deus e para a suas famílias. Hoje são novas pessoas. Durante todo este ano, mesmo sem saber, você foi colocando “bolas coloridas e brilhantes e muitos outros enfeites” na nossa “árvore de Natal” todas as vezes em que nos enviou a sua contribuição. Porque é esse dinheiro abençoado, que você nos envia todos os meses, que nos dá a chance de fazermos, com a graça de Deus, essas boas obras tão lindas, como tantas que temos visto e partilhado.

Tenha a certeza: “a árvore de Natal” da nossa família Canção Nova está cheia de muitas ''boas obras'' que fizemos juntos, por causa da sua fidelidade mês a mês. Olhando para esta “linda árvore de Natal”, os anjos cantam: ''Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por Ele amados''. É assim que se faz um Mundo Novo. É assim que se semeia a paz! Você deu a muitos a graça de ter um Feliz Natal!

Eu sei que posso contar com você!

Deus o abençoe!

Feliz Natal! E não se esqueçam: Natal Feliz e Natal com Cristo!


Monsenhor Jonas Abib

domingo, 16 de dezembro de 2007

Amigos para Sempre!




Para ouvir o som desse vídeo, faça uma pausa na Círculo Verde FM (canto inferior esquerdo do blog).

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Óh Natal, onde estás?

Entra ano e sai ano, e na época do Natal, somos bombardeados pelos meios de comunicação seculares, e pelo comércio em geral, com fortes e insistentes apelos (super luminosos, coloridos, belos, e criativos) ao consumo materialista.

São roupas novas, brinquedos de todo tipo, eletrodomésticos, carros novos, sem esquecer das guloseimas (chester, vinho, rabanada, e muito mais) numa enorme mesa bem decorada que induzem uma vivência de Natal totalmente distorcida e esvaziada do real propósito desta celebração.

Aliás, a imagem de Natal que é vendida pela mídia secular não corresponde jamais à realidade da maioria da população brasileira, cuja renda reduzida não permite mesmo tais gastos com presentes e comidas típicas...

O centro das atenções no tempo do Natal precisa ser o Nascimento de Jesus!
Por que?

Primeiro, o cristianismo sabiamente foi abraçando a festa pagã do solstício de inverno, anteriormente existente, e foi dando um novo sentido para festejar e celebrar: O Deus-Amor que se encarnou e nasceu como um bebê indefeso pra estar em comunhão com a vida humana. Ele é o Sol que ilumina e transforma a vida de todos que estavam nas trevas espirituais.

Depois, porque esta festa é, depois da Páscoa, a mais importante celebração para reavivar nossa experiência do Amor Incondicional que Deus tem por cada um de nós.

E com certeza, hoje em dia não há nada que as pessoas precisem mais do que ser amadas, voltar a acreditar no Amor, experimentar o gosto do perdão reconciliador, e redescobrir que amar ao próximo é possível, e até indispensável, se querem ser felizes e ver um mundo novo e melhor.
Natal é tempo de enfeitar a casa com os símbolos cristãos que nos levem a meditar neste Deus-Menino-Amor!

O presépio por excelência é o grande enfeite para este tempo...

Natal é tempo de reunir a família, os filhos que estudam fora, os tios que se mudaram por motivos de trabalho, os primos que há anos não vemos, e claro, o vô e a vó, para quem os tem ainda por aqui...

Natal é tempo de orar em família, de louvar a Jesus-Menino, e agradecer o dom de sermos família, de estarmos unidos (é mais que reunidos), de nos amarmos, de nos alegrarmos, de brincarmos juntos...
Natal é tempo de todos irem sedentos e sensíveis para a Celebração da Santa Missa do Nascimento de Jesus!

Natal é tempo do Amor Perfeito que ama a cada um de nós do jeito que somos, imperfeitos...

Natal é tempo de fazer algo por quem tem menos condições que nós...

Como visitar um orfanato levando, além de presentes para as crianças carentes, o seu tempo, a sua presença, o seu amor, a sua disposição de conversar com elas, abraçá-las, beijá-las, brincar com elas, contar histórias... Doar alimentos, roupas, para aquela família pobrezinha que você sabe que existe, talvez sejam parentes da pessoa que presta serviços à sua casa...

E não precisa ir longe, talvez alguém que mora ao seu lado precise ao menos de amizade desinteressada...

Mais simples ainda... talvez um telefonema ''natalino'' seu para 'aquela pessoa' seja amor em gestos...

Natal é um tempo profundamente místico onde o Deus-Amor nos lembra que somos amados e nos impulsiona a amar com gestos concretos às outras pessoas ao nosso redor.

Viu, só?

A essência do Natal não está à venda em nenhuma super-promoção das melhores lojas da sua cidade...

A essência do Natal nos é dada gratuitamente na Pessoa de Jesus-Menino, Deus que não se cansa de te amar...


Feliz Verdadeiro Natal!!!

(Texto de Ulisses Henrique da Comunidade Canção Nova)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Refelxão sobre o Advento

Disse o anjo a José: “Maria dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados”. (Mt, 1,21) Curar a humanidade dos seus pecados e livrá-la do poder da morte foi a razão pela qual o Verbo de Deus se fez carne na pessoa de Jesus. O mundo de hoje perdeu a noção de pecado, mas essa ignorância não diminui, antes intensifica o poder destruidor do pecado na vida humana.

O tempo do Advento nos convida à meditação sobre o nosso pecado, sobre a nossa paralisia espiritual. Devemos ter consciência de que na vida espiritual ninguém fica parado: ou se progride ou se regride. O perdão dos nossos pecados é uma dádiva maravilhosa que Deus nos fez e devemos por isso glorificá-lo sempre. Mas sabemos dar o devido valor ao sacramento da Penitência?

Pe. D. Justino Silva de Souza, OSB

Publicado no Portal da CNBB

Saiba como participar da Campanha de Evangelização


Da Redação, CNBB

Durante o mês de dezembro a Igreja Católica vive o tempo do advento, a preparação da vinda do Senhor. Uma das ações dessa época é a Campanha da Evangelização. Até o dia 16 de dezembro, todos os católicos se mobilizam para proclamar ainda mais os ensinamentos do Evangelho.

A Campanha de Evangelização foi criada pela CNBB iniciou em 1998 e realiza-se cada ano no tempo do Advento, em todo o Brasil. O objetivo desta Campanha é despertar os batizados para o compromisso evangelizador e para a responsabilidade pela sustentação das atividades pastorais da Igreja no Brasil. A colaboração dos fiéis é partilhada, solidariamente, entre os organismos nacionais da CNBB, os seus 17 regionais e as dioceses, visando à execução das atividades evangelizadoras, programadas nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora e nos Planos Bienais.


.:Entrevista com Cardeal Odilo Scherer sobre a Campanha da Evangelização

A coleta nacional para a evangelização acontece no 3º Domingo do Advento. O valor angariado pela coleta constitui o Fundo para a Evangelização, que é administrado pela Comissão para Assuntos Econômicos da CNBB e é destinado a apoiar as atividades evangelizadoras em nível diocesano, regional e nacional. Os recursos arrecadados são destinados da seguinte forma: Dioceses, 45 por cento; Regionais, 20 por cento e Nacional, 35 por cento do total arrecadado.

Oração da CE 2007

Senhor Jesus Cristo, Vós deixastes
aos apóstolos e a nós a missão de evangelizar.
Renovai em nós o ardor e a consciência da nossa responsabilidade em participar da obra da Evangelização.
Dai-nos um coração generoso
para colaborar espiritual e materialmente na missão.
Com a nossa oferta, feita com alegria,
queremos levar a outros a Boa Nova do Evangelho.
Amém!


sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Plantar o amor

O egoísmo parece aflorar na pele, denunciando o que sentimos

Vivemos em uma época em que a demonstração de boa vontade e disponibilidade de tempo para uma convivência saudável entre as pessoas estão mais distantes. Amar nos parece mais complicado, no entanto, há de se pensar que nos complicamos por pouca coisa.

Em nossos dias, deveríamos colocar como urgente necessidade o ato de amar para compreender, perdoar, dialogar, solidarizar e partilhar. Todavia, os tempos difíceis inibiram iniciativas positivas, denunciando assim a escassez de ações como as do bom samaritano, filho pródigo e a melhor distribuição de renda em favor de um mundo menos injusto.

Reconhecidamente, não são poucas as pessoas empenhadas na construção de uma sociedade mais humana e fraterna. Ressalte-se, entretanto, que experimentamos momentos de incertezas e muitas tribulações, contendas e embates.

Certamente, muitas são as batalhas que temos de enfrentar no transcorrer das horas, e usar de todas as nossas forças é fundamentalmente útil para transpor as dificuldades, os medos ou receios que se nos apresentam no cotidiano.

Para tanto, devemos deixar de olhar apenas para os nossos interesses mesquinhos. Abandonar o vício da insensatez, que corrói nossas entranhas, pode ser um dos caminhos, pois inúmeras são as nossas mágoas por nossos fracassos e incompreensões com relação aos nossos semelhantes.

Claro, não nos faltam 'oportunidades' para exalarmos o mau cheiro dos ressentimentos. Por isso, precisamos sair do 'comainduzido' a que fomos submetidos pela propaganda enganosa do consumismo, que nos corrompe e nos leva a divergências e desentendimentos.

Amargurados e avarentos. O egoísmo parece aflorar na pele, denunciando o que sentimos e carregamos dentro de nós.

Temos de nos desvencilhar dos grilhões que nos impedem de avançar no bom caminho, isto é, em direção aos outros para acolhê-los. Trata-se de uma tarefa que, necessariamente, precisa ser feita e só conseguiremos com amor para – da nossa fragilidade – fortalecer o espírito.

Se abandonarmos definitivamente os indesejáveis vícios, que evidenciamos em nossas atitudes, daremos um passo importante para uma mudança radical em favor da vida.

O amor é o antídoto. Quem verdadeiramente ama propõe, na simplicidade do gesto de amar, a construção do indivíduo responsável e, conseqüentemente, a educação para uma sociedade mais justa.

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Reinaldo Cesar
jornalista TVCN

Publicado no Portal da Canção Nova

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Não deixe esse sorriso acabar

Caríssimos,

Infelizmente muitas pessoas são movidas a modismos... Mas tivemos recentemente um excelente exemplo de "modismo"... a mobilização para a doação de medula óssea, disparada pela campanha de recuperação do Pequeno Mateus Araripe. Participar da campanha de doação de medula foi "in" ("maneiro", "da hora", "legal", etc) durante um tempo. Infelizmente não foi possível salvar o pequeno Mateus, mas a semente da solidariedade foi plantada no coração de muitos, e tivemos um crescimento considerável no número de cadastro de doadores de medula e doadores de sangue. Esse foi um dos grandes legados deixados pelo Super Mateus, que como eu disse outro dia, de pequeno só tinha a estatura física... sua altura ia às estrelas, como todo super herói.

Mas temo que o assunto esteja saído da moda... E para não deixar que isso aconteça, continuemos a campanha pela doação. Há muitos outros "Mateus" que esperam por um doador compatível. Um desses casos, é o pequeno Bruno Edson.


Divulguemos mais essa belíssima campanha, e mantenhamos acesa a moda da solidariedade.

Forte abraço, e Deus nos abeçoe!

Palavras, apenas um reflexo de nosso interior

As palavras ditas e a forma como as expressamos diz verdadeiramente como está o nosso interior, diz das muitas situações e verdades que vivemos, se estamos bem ou não, pois se alteramos a nossa voz por causa dos muitos sentimentos ou se silenciamos, isso vai mostrar duas situações distintas dentro do nosso ser, como devo agir para melhor me conhecer. A palavra tem sempre o poder de trazer as claras, aquilo que ficou escondido nas entrelinhas. Palavras dolorosas e agressivas muitas vezes falam de uma dor contida, que não é aceita por causa dos muitos transtornos causados ou que ainda está por vir, percebida e detectada por quem sabe perceber. Nem sempre é fácil ter o controle sobre elas, pois quando falamos, estamos expondo o escondido, e ao mesmo tempo uma parte de nós mesmo, que muitas vezes não compreendemos que vem a tona e nos confunde esclarecendo o seu significado, mostrando quem somos a partir dos sentimentos contidos em nosso inconsciente. Palavras, gestos e expressões, nada são que unicamente pedaços de nós, que não está sob nós mesmo quando não as controlamos. Por isso deixamos de ser o que deveríamos ser, diferente do que seríamos passando pelo processo de assumir o que verdadeiramente somos. Resumindo, somos um mistério para nós mesmo, que só teremos a clareza quando colocarmos o olhar de Deus sobre nós. Daí já não será as palavras, mas os gestos do próprio Deus falando e agindo em nós.

João Marques.
Com. Canção Nova

Publicado no Blog Missão Fortaleza

Campanha Construção do Rincão

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Precisamos aprender a ser filhos

Mesmo que nos afastemos do Pai, não seremos esquecidos por Ele

Em muitas situações de sofrimento e de angústia chegamos a dizer que Deus nos abandonou. Ainda que nos precipitemos e nos afastemos, o Senhor nunca se esquecerá de nós. Deus não nos escolhe pelo que fazemos. Deus sempre acredita em você, sempre acreditou e sempre continuará acreditando!

Que prova maior preciso ter do amor de Deus senão a minha própria vida?

Arrisco dizer que existe algo que é impossível para Deus: deixar de nos amar, nos perdoar e nos acolher!

Quando foi que o Senhor não nos amou, não nos acolheu e não nos perdoou?

Sempre nos perguntamos o porquê das coisas tristes que acontecem em nossas vidas e quase nunca nos não perguntamos o para quê.

Você já parou para pensar no quanto Deus já fez em sua vida? Talvez muitos da sua família, dos seus amigos ainda não tiveram um encontro com o Senhor, porque você ainda não reconheceu aquilo que o Senhor fez por você e em você. Veja as obras de Deus na sua vida; não só as perceba, mas anuncie essas maravilhas aos demais. Ele tem uma obra para cada um de nós.

Você já se perguntou o porquê do chamado de Deus e para que Ele o chamou?

O Senhor quer que façamos a diferença onde quer que estejamos. Anunciar o Evangelho com toda a força do nosso coração significa levar as pessoas a terem – a partir de nosso testemunho – uma experiência com o amor de Deus.

Deus sempre acredita e aposta em cada um de nós. Muitas vezes, nós não acolhemos o amor de Deus porque não temos atitudes de filhos para com Ele. Minha mãe me dizia: "Vocês precisam aprender a ser gente!" Na época, eu não entendia isso bem, mas, hoje, eu o compreendo. Ela estava certa. Precisamos aprender a ser filhos!

Lembro-me da história de um bispo que, discutindo com sua mãe, disse: "Mãe, a senhora me respeite porque eu sou um bispo", quando sua mãe lhe disse: "Você que me respeite, pois sou sua mãe".

Precisamos agir como filhos em nosso relacionamento com Deus. Eu preciso reconhecer que o Senhor me acolhe. Deixe-se amar por Ele. Precisamos confiar no Senhor e ver as maravilhas que Ele faz em nossas vidas. Mesmo que sua vida esteja parecendo impossível, o Senhor nunca o abandonará, pois para Ele tudo é possível e Ele está com você.

Não queira andar na frente de Jesus, deixe-O lhe mostrar o caminho.

Artigo extraído de uma homilia do padre Cido em fevereiro de 2006

Padre Cido
Comunidade Canção Nova

Publicado no Portal da Canção Nova

Pré-julgamento - Você faz?

Você já julgou alguém hoje?
ou...
Você tentou entender alguém hoje?

Quando entendemos o Ernani
Certa vez, trabalhei em uma pequena empresa de Engenharia.
Foi lá que fiquei conhecendo um rapaz chamado Mauro. Ele era grandalhão e gostava de fazer brincadeiras com os outros, sempre pregando pequenas peças.
Havia também o Ernani, que era um pouco mais velho que o resto do grupo. Sempre quieto, inofensivo, à parte, Ernani costumava comer o seu lanche sozinho, num canto da sala. Ele não participava das brincadeiras que fazíamos após o almoço, sendo que, ao terminar a refeição, sempre sentava sozinho debaixo de uma árvore mais distante.
Devido a esse seu comportamento, Ernani era o alvo natural das brincadeiras e piadas do grupo. Ora ele encontrava um sapo na marmita, ora um rato morto em seu chapéu. E o que achávamos mais incrível é que ele sempre aceitava aquilo sem ficar bravo.
Em um feriado prolongado, Mauro resolveu ir pescar no Pantanal. Antes, nos prometeu que, se conseguisse sucesso, iria dar um pouco do resultado da pesca para cada um de nós.
No seu retorno, ficamos todos muito animados quando vimos que ele havia pescado alguns dourados enormes. Mauro, entretanto, levou-nos para um canto e nos disse que tinha preparado uma boa peça para aplicar no Ernani. Mauro dividira os dourados, fazendo pacotes com uma boa porção para cada um de nós. Mas, a 'peça' programada era que ele havia separado os restos dos peixes num pacote maior, à parte.
— "Vai ser muito engraçado quando o Ernani desembrulhar esse 'presente' e encontrar espinhas, peles e vísceras!", disse-nos Mauro, que já estava se divertindo com aquilo.
Mauro então distribuiu os pacotes no horário do almoço. Cada um de nós, que ia abrindo o seu pacote contendo uma bela porção de peixe, então dizia:
— "Obrigado!".
Mas o maior pacote de todos, ele deixou por último. Era para o Ernani. Todos nós já estávamos quase explodindo de vontade de rir, sendo que Mauro exibia um ar especial, de grande satisfação. Como sempre, Ernani estava sentado sozinho, no lado mais afastado da grande mesa. Mauro então levou o pacote para perto dele, e todos ficamos na expectativa do que estava para acontecer.
Ernani não era o tipo de muitas palavras. Ele falava tão pouco que, muitas vezes, nem se percebia que ele estava por perto. Em três anos, ele provavelmente não tinha dito nem cem palavras ao todo. Por isso, o que aconteceu a seguir nos pegou de surpresa.
Ele pegou o pacote firmemente nas mãos e o levantou devagar, com um grande sorriso no rosto. Foi então que notamos que seus olhos estavam brilhando. Por alguns momentos, o seu pomo de Adão se moveu para cima e para baixo, até ele conseguir controlar sua emoção.
— "Eu sabia que você não ia se esquecer de mim", disse com a voz embargada.
— "Eu sabia, você é grandalhão e gosta de fazer brincadeiras, mas sempre soube que você tem um bom coração". Ele engoliu em seco novamente, e continuou falando, dessa vez para todos nós:
— "Eu sei que não tenho sido muito participativo com vocês, mas nunca foi por má intenção. Sabem... Eu tenho cinco filhos em casa, e uma esposa inválida, que há quatro anos está presa na cama. E estou ciente de que ela nunca mais vai melhorar. Às vezes, quando ela passa mal, eu tenho que ficar a noite inteira acordado, cuidando dela. E a maior parte do meu salário tem sido para os seus médicos e os remédios. As crianças fazem o que podem para ajudar, mas tem sido difícil colocar comida para todos na mesa. Vocês talvez achem esquisito que eu vá comer o meu almoço sozinho, num canto... Bem, é que eu fico meio envergonhado, porque na maioria das vezes eu não tenho nada para pôr no meu sanduíche. Ou, como hoje, eu tinha somente uma batata na minha marmita. Mas eu quero que saibam que essa porção de peixe representa, realmente, muito para mim. Provavelmente muito mais do que para qualquer um de vocês, porque hoje à noite os meus filhos...", ele limpou as lágrimas dos olhos com as costas das mãos. — "Hoje à noite os meus filhos vão ter, realmente, depois de alguns anos..." e ele começou a abrir o pacote...
Nós tínhamos estado prestando tanta atenção no Ernani, enquanto ele falava, que nem havíamos notado a reação do Mauro. Mas agora, todos percebemos a sua aflição quando ele saltou e tentou pegar o pacote das mãos do Ernani. Mas era tarde demais. Ernani já tinha aberto e pacote e estava, agora, examinando cada pedaço de espinha, cada porção de pele e de vísceras, levantando cada rabo de peixe.
Era para ter sido tão engraçado, mas ninguém riu. Todos nós ficamos olhando para baixo. E a pior parte foi quando Ernani, tentando sorrir, falou a mesma coisa que todos nós havíamos dito anteriormente:
— "Obrigado!".
Em silêncio, um a um, cada um dos colegas pegou o seu pacote e o colocou na frente do Ernani, porque depois de muitos anos nós havíamos, de repente, entendido quem era realmente o Ernani.
Uma semana depois, a esposa de Ernani faleceu. Cada um de nós, daquele grupo, passou então a ajudar as cinco crianças. Graças ao grande espírito de luta que elas possuíam, todas progrediram muito: Carlinhos, o mais novo, tornou-se um importante médico. Fernanda, Paula e Luisa montaram o seu próprio e bem-sucedido negócio: elas produzem e vendem doces e salgados para padarias e supermercados. O mais velho, Ernani Júnior, formou-se em Engenharia; sendo que, hoje, é o Diretor Geral da mesma empresa em que eu, Ernani e os nossos colegas trabalhávamos.
Mauro, hoje aposentado, continua fazendo brincadeiras; entretanto, são de um tipo muito diferente:
Ele organizou nove grupos de voluntários que distribuem brinquedos para crianças hospitalizadas e as entretêm com jogos, estórias e outros divertimentos.
Às vezes, convivemos por muitos anos com uma pessoa, para só então percebermos que mal a conhecemos.
Nunca lhe demos a devida atenção; não demonstramos qualquer interesse pelas coisas dela; ignoramos as suas ansiedades ou os seus problemas.
Que possamos manter sempre vivo, em nossas mentes, o ensinamento de Jesus Cristo:
"Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros."(João 13,34).
Assim seja!
Oração:
Senhor, na profissão que abracei, quero cumprir da melhor maneira o meu dever.
Sempre disposto a dar de mim tudo o que estiver ao meu alcance, para atender a quem de mim precisar.
Quero viver do meu trabalho, sempre que puder. E fazer dele, não apenas uma fonte de vida, mas principalmente um serviço ao próximo.
Acima de tudo, quero ver no meu semelhante alguém tal e qual eu também sou: semelhante a Vós, Criador e Amigo de todos nós.
Amém!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Início do advento

Iniciamos o Advento. A palavra "advento" quer dizer "que está para vir". O tempo do Advento é para toda a Igreja, a vivência do mistério de espera e preparação da vinda de Cristo. Neste tempo celebramos no primeiras semanas a espera da segunda vinda, e nas semanas mais próximas a seu fim a preparação para as solenidades de sua primeira vinda, seu nascimento. Tempo natalício.

Não lembro exatamente em que momento, mas em algum ponto da minha história, criei uma certa melancolia por esse período do ano. Não sei nem mesmo se melancolia seria a palavra certa. Mas o fato é que sempre fico triste nesse período do ano. E hoje, na pregação do Padre Marcos (Paróquia São Vicente de Paula) acho que vi um pouco do porque dessa melancolia.

Pe. Marcos nos falava sobre a apatia dos cristão em tempos de Natal. A cidade fica linda, cheia de luzes e cores de Natal... mas um Natal comercial, um Natal consumista. E esse era o sentimento que eu tinha... daí a tal da melancolia. Na verdade fui contaminado com esse sentimento, e isso sempre me fez muito mal. Perdi um pouco do encanto do Natal, por achar que todos sempre estavam muito mais preocupados com presentes, roupas de Natal, compras, e a festa do Papai Noel. Cristo, o principal homenageado, achava eu que estava esquecido, lá no fundo do coração das pessoas. De fato está para algumas pessoas. E essas eram as que mais me incomodavam. E por conta disso passei a me sentir triste nesse período do ano.

Mas hoje, com o primeiro domingo do Advento, faço não uma provocação a vocês, leitores desse blog, como sempre faço. Mas sim faço uma provocação a mim. O Natal não está lá fora... e não posso querer mudar as pessoas assim. O Natal deve nascer em mim... dentro do meu coração... lá onde acho que todos escondem o sentimento de Natal. Devo fazer o Natal dentro de mim. Cristo tem que nascer dentro do meu coração. Esse é o advento! Essa é a conversão!

É engraçado, mas isso de certa forma vem casar com todos os artigos da semana passada. Mesmo sem saber, me preparava para o advento (e de certa forma, preparava também os leitores desse blog... pelo menos eu acho). Mesmo sem saber, mas guiado pela Providência, falei sobre a conversão que devemos nos submeter na preparação para o advento. E a liturgia de hoje confirma tudo isso. Hoje ao ouvir a liturgia dominical com a primeira e segunda leitura, e de forma muito forte com o Evangelho do dia (Mt 24,37-44) me senti realmente tocado por esse sentimento de convocação ao advento. Aos ouvir as palavras do Pe. Marcos achava que ele estava falando diretamente para mim (até disse isso para a Andréa). Me senti balançado por suas palavras. Uma provocação de fato! Devemos estar preparados para o que está por vir... Devemos nos preparar para o nascimento de Jesus. EU devo estar preparado para o que estar por vir. Devo buscar minha conversão.

E essa será minha missão nos próximos dias. Renascer com o Advento. Resgatar o verdadeiro sentimento de Natal, perdido em algum lugar em meu coração. E não contaminar, mas sim tentar contagiar a todos com o verdadeiro sentimento que Cristo deve nos inspirar!

Que a preparação para o que está por vir encha nossos corações com o verdadeiro amor de Jesus Cristo!

Deus nos abençoe, e a Virgem Maria nos ilumine e inspire com seu amor!

Marcus Rodrigues
(marcus.rodrigues@gmail.com)

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Podemos ser frágeis

Caríssimos,

Os artigos dessa semana tem sido centrados, por pura coincidência, em assuntos relacionados a nossa conversão... ao processo de melhoria contínua de nós mesmos. Começamos com o recebimento do feedback, recebimento de críticas, e o processo de assimilação dessas críticas para o nosso crescimento... Seguimos falando do perdão como caminho para nossa libertação. E então ontem falamos sobre aquele garotinho que se preparou para o encontro com o Pai como uma inspiração a nossa preparação. Pois bem... mais uma vez, por pura providência, ouvi hoje uma palestra do Pe. Fábio de Melo que falava sobre o direito de sermos frágeis, reconhecermos nossas fragilidades, nossas limitações, e buscarmos o crescimento.

Pe. Fábio nos fala que não é possível falar de crescimento humano se antes não falarmos de reconhecimento dos nossos limites. Precisamos reconhecer nossos limites, e sobretudo, trabalharmos a superação desses limites. Não podemos nos esconder em nossas limitações... não podemos nunca justificarmos algo usando nossas limitações como "desculpas". O reconhecimento das limitações deve ser voltado a sua superação. O primeiro passo é reconhecer onde a gente precisa melhorar.

Mas isso não é fácil... Nós somos naturalmente incentivados a esquecer nossas fragilidades... ignorá-las. Não é assim? Lembra da reação de um adulto ao ver uma criança chorar... ele sempre vai fazer tudo possível para que a criança pare de chorar fazendo mil caras e bocas, desviando a atenção da criança para outro ponto diferente do que a fez chorar. Ou seja, ignorar sua fragilidade. E não encará-la e vencê-la. Lembro bem quando levo meu filho ao médico, quando ele precisa tomar algum medicamento, uma injeção ou medicamento com uso do inalador. No princípio, quando ele era menorzinho, fazíamos de tudo para realmente desviar sua atenção do inalador, ou da injeção. Pediamos para ele olhar em outra direção de tal sorte a não ver a injeção antes da aplicação, e depois tentávamos mudar sua atenção da dor da picada. E isso não rendeu resultados. Tivemos melhor resultado quando, já um pouco maior, fazíamos com que ele entendesse que aquilo "não era nada"... brincávamos com o inalador para que ele visse que ele não ia se machucar com aquela "fumacinha". Até que ele venceu o medo do inalador, e hoje aos 4 anos, ele não chora mais... as vezes até pede para tomar "aeró", como ele mesmo fala. Com a injeção, ainda há uma certa resistência, mas agora encarada com valentia. Ele já encara a aplicação... fica com os olhos marejados no instante imediatamente antes da aplicação, mas logo em seguida mostro a ele que já passou, e que nem doeu tanto assim. Contamos historinhas de heróis que já precisaram tomar injeção em algum momento de sua infância, e ele se identifica com essas historinhas, e de alguma forma, assimila sua fragilidade, e a encara com bravura (pelo menos essas duas :-)).

Acredito que o processo de crescimento deve ser assim... Não devemos ignorar nossas fragilidades, mas encará-las para sua superação. Ter coragem é descobrir onde está a nossa fragilidade e ali trabalhar com um empenho um pouquinho maior. É não desconsiderar o que temos de bom, mas é também colocar atenção naquilo que ainda temos que melhorar.

O processo de superação de fragilidades é as vezes traumático... como a injeção que o meu Mateus precisa tomar. Vai doer um pouquinho na hora, mas passa. E quando passar, todo o mal que o incomodava (dor, febre, etc) vai embora.

O ensinamento de Jesus é sempre o avesso do avesso, como sempre diz Pe. Fábio. Quer ser santo? Assuma que você é fraco. Muitas vezes, neste processo de se conhecer, a gente sangra. E nós precisamos sangrar. Um dos maiores poetas da música diz isso.
Quando eu soltar a minha voz por favor, entenda
Que palavras por palavras
Eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca, peito aberto, vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando

O sangrar nos faz crescer... Deixa nossas fragilidades a mostra, e assim podemos ter a noção muito clara de que são fragilidades, e precisam ser superadas... vencidas. Isso é conversão. Fragilidades não são defeitos, mas apenas um indicativo do que precisa ser trabalhado em busca do crescimento, do que precisa ser melhorado.

Às vezes, nós colocamos muito mais atenção naquilo que as pessoas estão achando de nós, do que no que nós pensamos de nós mesmos. Busquemos conhecer nossas fragilidades. Vamos descobrir o que hoje em nós está "infeccionado", porque é preciso sangrar, é preciso reconhecer-se frágil. E melhorar!

Forte abraço, e que Deus nos abeçoe!

Marcus Rodrigues
(marcus.rodrigues@gmail.com)

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Estou pronto agora!

Quando estarei pronta a entregar a vida e o coração ao Pai?

É comum abrirmos a caixa de e-mail e encontrarmos textos enviados em anexos com mensagens coloridas, palavras bonitas, músicas de fundo e tudo o mais. Particularmente não costumo abrir e-mails assim, talvez por falta de tempo ou medo de baixar um vírus. Mas, providencialmente, acabei lendo um desses textos dias atrás. Eu não imaginava que iria passar pela experiência por que passei, nem que o texto iria causar tanto efeito em minha vida. O autor é desconhecido, mas a mensagem é clara, e assim como Deus falou comigo por meio dela, talvez deseje falar-lhe agora também. Veja que interessante:

O capitão de um navio, que estava de saída, dirigia-se apressado para o porto. Estava muito frio... Diante da vitrine do restaurante, ele viu um menino quase maltrapilho, de braços cruzados e meio trêmulo.

- “O que está fazendo aí, meu pequeno?” - disse-lhe o capitão.
- “Estou só olhando quanta coisa gostosa tem aí para comer...”
- “Tenho bem pouco tempo antes da partida do navio. Se você estivesse arrumadinho, eu o levaria para que comesse algumas dessas coisas saborosas”.

O garoto, faminto e animado pelo fio de esperança de que aquele homem lhe ajudaria, passou a mãozinha sobre os cabelos em desalinho e falou:
- “Estou pronto agora!”

Comovido, o capitão o levou como estava ao restaurante, fazendo com que lhe servissem uma boa refeição. E enquanto o garoto comia, perguntou-lhe:
- “Diga-me uma coisa: onde está sua mãe, meu pequeno?”
- “Ela foi para o céu quando eu tinha apenas quatro anos de idade” - Disse o menino sem entender ainda a vida.
- “E você ficou só com seu pai? Onde está ele agora? Onde ele trabalha?”
- “Nunca mais vi meu pai desde que minha mãe partiu...”
- “Mas, então, quem toma conta de você?”

Com um jeitinho resignado, o menino respondeu:
- “Quando minha mãe estava doente, ela disse que Deus tomaria conta de mim. Ela ainda me ensinou a pedir isso todos os dias a Ele”.

O capitão, cheio de compaixão, acrescentou:
- “Se você estivesse limpo e arrumadinho eu o levaria para o navio e cuidaria de você com muita alegria”.

Novamente, o menino, alisando os cabelos sujos e malcuidados, voltou a repetir a mesma expressão:
- “Capitão, estou pronto agora!”

Vendo-o assim quase suplicante, aquele capitão levou o menino para o navio, onde o apresentou aos marinheiros e imediatos, dizendo:
- “Ele será o meu ajudante e será sempre chamado de ‘Pronto, agora’”.

Ali o garoto recebeu tudo o que carecia e as coisas transcorriam, aparentemente, bem. Até que um dia o garoto amanheceu febril. Foi medicado, mas a febre não cedia. Vendo-o piorar, o capitão, aflito, dirigiu-se ao médico:
- “Procure salvá-lo, doutor. Não posso perdê-lo!”

O médico fez tudo o que pôde, mas em vão.

Na tarde seguinte, o menino, chamando o capitão, lhe falou:
- “Eu o amo tanto! Você foi bom para mim. Gostei de estar aqui, mas ainda será melhor no céu. Eu estou pronto agora, vou me encontrar com o Papai do Céu, que também me ama”.
- “Sim, filho, tenho pensado nisso, e continuarei pensando... Mas quando?”

Segurando as mãos do menino, com lágrimas nos olhos, o capitão ouviu-o dizer pela última vez:
- “Estou pronto agora!”

Tenho pensado na maneira como estou me preparando para me encontrar com o Pai do Céu. Quando estarei pronta a entregar a vida e o coração ao Pai?

Outro dia, enquanto acompanhava uma irmã de Comunidade – num quarto de hospital após esta ter sido submetida a uma cirurgia – pensei: “Senhor, e se ela não voltar? Não superar os efeitos da anestesia... Será que ela está preparada para ir ao seu encontro?”

Pensei no texto que acabei de partilhar com você e refleti: “Mas, e eu, Senhor? Estou preparada?” O tempo foi passando lentamente e, no silêncio da noite, fui pensando na vida e na forma como tenho me preparado para encontrar o Pai do Céu.

Aquele garotinho, a quem o texto se refere, certamente estava preparado... Sua vida de miséria não havia corrompido sua esperança e sua fé.

Desejo que esta lição partilhada reavive em nossos corações a expectativa para encontrarmos o Senhor e nos leve a agir de maneira digna para com todos; assim, estaremos sempre prontos.


Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com
Missionária da Comunidade Canção Nova
Publicado no Portal da Canção Nova

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Perdão: gota divina para a libertação

O perdão é uma decisão da vontade e não um desejo das emoções

O perdão é o grande segredo, em gotas, para a libertação. O perdão é gota divina porque é o único caminho para a cura interior. Sem o perdão não existe nenhuma possibilidade de cura e restauração. Sem o perdão de tudo o que nos aconteceu no passado, não temos futuro.

Quando alguém é machucado interiormente e não supera ou cura essa ferida pela decisão e pela prática do perdão, acaba se tornando impossibilitado de amar qualquer outra pessoa. A ofensa do passado se transforma em obstáculo para o amor, no futuro. O passado torna-se o grande inimigo do futuro.

O perdão é fruto de uma decisão consciente e persistente. É sempre um processo, que se assemelha a um tratamento homeopático ou a uma terapia continuada, processual, com resultados colhidos a médio ou longo prazo. A cura interior é uma espécie de fisioterapia para a alma. Leva tempo, exige sacrifício persistente, provoca algumas dores, precisa ser acompanhada por alguém competente. Nenhuma fisioterapia ou terapia similar traz efeitos instantâneos. Às vezes, parece até que a fisioterapia está aumentando o problema em vez de resolvê-lo. Pense especialmente na mentira das soluções imediatas. Quando se quer as coisas para ontem, acaba-se aniquilando e abortando o amanhã.

O perdão é um tratamento a longo prazo, é como uma fisioterapia. Leva tempo, exige esforço, dói na hora, parece aumentar a ferida, necessita de persistência, mexe com a área machucada, incomoda e cansa. Mas cada um desses atos é uma gota divina para a libertação de nosso coração aprisionado na mágoa do ressentimento. O primeiro passo para receber essas gotas divinas em nosso coração é reconhecer que temos feridas interiores. O segundo passo é decidir pelo perdão, optar por ele, como única saída, como a única possibilidade de cura e libertação.

O perdão é uma decisão da vontade e não um desejo das emoções. Em conseqüência dessa verdade, não podemos olhar para o perdão com um critério ético de justiça ou injustiça. Do ponto de vista humano, o perdão é sempre injusto, já que se supõe passar por cima da ofensa recebida e revelá-la. Esse processo requer humildade, mansidão, maturidade e autocontrole espiritual. Muitas vezes, em nome da justiça, abre-se espaço para a vingança. Se a justiça é pagar na mesma moeda, o perdão será sempre injusto.

Quando buscamos soluções imediatas para nossos problemas, a vingança tem sabor de vitória e de justiça. A vingança é uma forma de compensação. E não se exige grande esforço para se vingar de alguém; ao passo que, para perdoar, é preciso autodomínio, persistência e, sobretudo, humildade ativa.

O perdão, aparentemente injusto, é o único ato que nos permite reconstruir um relacionamento. Além disso, o perdão nos possibilita amar as outras pessoas e nos relacionar bem com elas. E a vingança nos tolhe porque nos deixa sempre com um pé atrás. A vingança nos aprisiona em nós mesmos.

“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco; porque aquele que ama o seu próximo cumpriu toda a lei” (Rm 13,8).


(Artigo extraído do livro "Gotas de cura interior" de padre Léo)

Pe. Léo

Publicado no Portal da Canção Nova

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O momento certo para a crítica

A grande verdade é que ninguém gosta de receber críticas, mas, quando a hora é de ver e comentar os defeitos dos outros, dificilmente alguém perde a oportunidade de criticar. De qualquer forma, a convivência com as críticas exige uma grande dose de maturidade e equilíbrio. Elas significam um julgamento de valor ou um sentimento subjetivo de acordo com o ponto de vista de quem as faz.

Do lado de quem recebe críticas, as reações também são sempre subjetivas. Há momentos em que são até bem-vindas - a pessoa está mais aberta e as aproveita para se reformular. Em outros, a crítica provoca vergonha, raiva, irritação e depressão.

Há pessoas que reagem a ela com o sentimento de "deixa pra lá"; outras, porém, se arrasam. Se o criticado é forte, consciente de seu próprio valor, saberá receber a crítica naturalmente, sem grandes sofrimentos. Pode até se contrariar e rebater, mas não se sentirá derrubado nem agredido. Porém, se a pessoa estiver atravessando uma fase difícil de sua vida ou for alguém inseguro e complexado, a crítica é péssima e vai de fato machucar.

Qualquer ser humano tem o direito de emitir suas opiniões diante de um comportamento, de uma atitude ou de uma realização do outro. Entretanto, ninguém pode arrasar algo só porque não gostou ou destruir outro ser humano só pelo prazer de ver a sua ruína. Nesse sentido, é necessário separar bem as duas formas de crítica: a construtiva, feita por amor, com carinho e interesse pelo outro; e a destrutiva, feita com ódio ou rancor, para agredir, derrubar e humilhar.

Há críticas maravilhosas, belíssimas. Elas nem seriam críticas, mas verdades ditas em momentos de encontro, de orientação, de ajuda, de troca. Quem critica bem, critica a sós. Chama o outro e diz: "Olha, assim não tá legal. Você tem capacidade de fazer diferente, de fazer melhor. Que tal tentar de novo; fazer outra vez?" Quem critica positivamente, critica mansamente, pensando em acertar, em elevar o outro.

O problema é que existem sempre os críticos que opinam com o dedo em riste, que só sabem ver o lado ruim do outro e têm sempre uma palavra azeda, venenosa, na ponta da língua. Esses críticos ferrenhos e constantes são, em geral, pessoas negativas, agressivas, complexadas. Elas não criticam por amor, mas com arrogância, maldade, vingança e inveja. E, provavelmente, se ocupam muito da vida alheia, porque a delas é um eterno vazio.

Um exame de consciência sobre o assunto não faz mal a ninguém. Por que não procurar as coisas boas que existem? Por que não ver o lado positivo das pessoas? Não seria mais fácil e gratificante viver dessa forma? Se existem várias formas de criticar, por que não escolher as melhores?

Uma mãe, por exemplo, pode chegar para o filho e dizer: "Você é um inútil, um incompetente, um irresponsável. Não presta para nada". Provavelmente tais palavras não contribuirão para sua mudança de comportamento. Por que diante da mesma situação, a mãe não opta pelo lado da compreensão e do diálogo? Elogiar o filho, exaltar sua inteligência e bondade, e só depois apontar o erro, convidando-o a refletir: "Por que você fez isso? Será que não existe outra forma de agir?" Quem faz uma crítica assim, construtiva, não está pensando em si mesmo, mas no outro, no bem comum e, certamente, essa é a grande diferença.

A aceitação de uma crítica depende de como ela é feita, da pessoa que a faz, do momento e do motivo pelo qual é colocada. Mesmo assim, sempre se pode aprender alguma coisa com ela. A observação do outro, mesmo que maldoso, pode servir de alerta sobre nossos defeitos ou, no mínimo, como um ensinamento sobre a inveja e a maldade humanas.

Quem tem segurança e maturidade sempre analisará a crítica recebida e considerará se há nela algum dado importante para o seu autoconhecimento ou para o conhecimento das pessoas que o cercam. O duro é que, na maioria das vezes, as críticas são feitas com a intenção de arrasar e, quando elas nos pegam num mau momento, fica difícil superar.

O jeito, então, é esfriar a cabeça e deixar para pensar nelas depois que toda exaltação foi superada. Vale lembrar que saber aceitar ou fazer crítica é uma arte que precisa ser cultivada por todos nós.

MARIA HELENA BRITO IZZO é psicóloga e terapeuta familiar.
Fonte: Revista Família Cristã.
Publicado no Portal A Catequese Católica

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Não desista da sua família!

“Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai, ao qual deve a sua existência toda família no céu e na terra, para que vos conceda, segundo seu glorioso tesouro, que sejais poderosamente robustecidos pelo seu Espírito em vista do crescimento do vosso homem interior.” (Efésios 3, 14-16).

A família tem sua origem em Deus criador de todas as coisas. Portanto, sua origem é Divina. Não foi a Igreja , nem o homem e muito menos a sociedade quem inventou a família.

Sendo a família instituição Divina – “...ao qual deve a sua existência toda família...” – ela precisa se esforçar continuamente em viver sua plena identidade, ou seja, ser aquilo que Deus sonhou para ela; por isso, diz João Paulo II: “Família, torna-te aquilo que és.” (Familiaris Consortio, 17). Isto significa: “Família, viva a vontade de Deus. Viva o projeto de Deus a seu respeito. Deixe Deus ser a vida e o centro de sua existência. Não negue sua identidade, sua origem divina. Deixe Deus ser Deus em teu seio.

Muitos são os desafios que desagregam a família e que a fazem perder o rumo, ou a identidade. Existem intenções malignas por trás de muitas ações na sociedade e principalmente dos meios de comunicação querendo desfigurar, descaracterizar a família. Até mesmo com idéias de novos modelos de família, o que contraria o projeto de Deus, como se Deus fosse incapaz de criar um modelo perfeito, ficam inventando outros modelos como se fossem soluções para nossos problemas, mas são apenas para encobrir a vida de pecado, justificando-a como uma verdade e querendo enquadrar Deus nestes padrões.

Ao contrário, nós é que temos de enquadrar nossas famílias ao projeto de Deus. Somente assim seremos famílias felizes. Só é feliz a família que vive procurando fazer a vontade de Deus. A verdadeira identidade da família está em Deus, aquilo que ela é e aquilo que ela deve ser – “Família, torna-te aquilo que és.” – e para alcançar esta identidade cada família precisa viver uma espiritualidade forte, buscando na fonte, que é o próprio Senhor, a força necessária para lutar contra os males que a atingem. Por isso, é que neste sentido o Senhor derrama sobre as famílias o seu Espírito, que é, no dizer de João Paulo II, a força interior que capacita cada família para viver o amor (cf. Carta às Família, 4). Como vimos acima S. Paulo nos dizer:
“...que sejais poderosamente robustecidos pelo seu Espírito em vista do crescimento do vosso homem interior.”
E justamente pela falta dessa “força interior” é que muitas famílias desistem de lutar. Entregam-se, rendem-se ao inimigo que de diversas formas vai fazendo “minar” as forças dessas famílias.

Por isso, digo hoje a você que passa por momentos difíceis, até mesmo, situações dificílimas e que estão te fazendo desistir de continuar lutando pela sua família: NÃO DESISTA DE SUA FAMÍLIA! Talvez você esteja desistindo e não esteja agüentando mais por não ter armas mais fortes e nem mesmo forças para enfrentar as potentes armas e armadilhas do maligno. Mas o próprio Senhor te dá a força maior, o seu Espírito para que sejais poderosamente robustecidos.

Peço hoje ao Senhor, que derrame sobre você e sua família o Espírito Santo. Que sua mente e seu coração fiquem inundados de sua presença e desfaça qualquer sentimento ou intenção de desistência, de derrota, de pensamentos negativos, de toda contaminação maligna. Que o Senhor cure toda enfermidade de sua família, a falta de diálogo e perdão, os vícios, a violência, o adultério e providencie tudo que for necessário. Que você e sua família sejam abundantemente abençoados e com a luz do Espírito Santo encontrem o caminho da verdadeira identidade no amor de Deus.

Por isso, mais uma vez eu te digo: NÃO DESISTA DE SUA FAMÍLIA! PORQUE DEUS NÃO DESISTIU DELA!

Que a Sagrada Família os abençoe!

Italo J. Passanezi Fasanella
Fundador e Moderador Geral
Comunidade Católica Sagrada Família – S. Paulo
www.sagradafamilia.org.br - o site da família.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Notícias do Céu

Hoje, pensei em tantos que também precisam receber notícias do Céu


Recordo-me vivamente daquela manhã chuvosa quando entrei no estúdio da Rádio cantando um trecho da música "Vitória de Deus" de autoria do Pe. Fábio de Melo. Não imaginei que o gesto tão simples iria causar grande efeito na vida do colega, que parecia nem me ouvir, enquanto concentrado trabalhava naquele espaço. É que já há alguns dias eu estava ruminando a letra dessa canção e meu coração estava povoado de suas palavras. Então, sem perceber, dei vida ao ditado popular que diz: “A boca fala do que o coração está cheio”, e cantei com naturalidade:

“Eis que trago notícias do céu
Deus resolveu te fazer vencedor
Ergue os olhos, destranca tua voz
Vem receber novas vestes de luz
E declara comigo a vitória de Deus...”

Admirado, o colega parou o que estava fazendo e pediu que repetisse o que havia cantado, ouviu–me atentamente e depois testemunhou: "Foi isso que aconteceu comigo, Deus resolveu me fazer vencedor!" Ainda com outras palavras, partilhou naquele momento, fragmentos de sua história, na qual, com facilidade, contemplamos a vitória de Deus e O glorificamos juntos.

Hoje, quando pensei em escrever mais um texto, lembrei-me daquela experiência e pensei em tantos que também precisam receber notícias do Céu. Talvez você seja um desses casos... Então, pego emprestadas as palavras do Pe. Fábio para dizer que há muito tempo Deus resolveu fazê-lo vencedor e hoje lhe envia este recado:

“Deixa que a aventura de ser gente te evolva
Prepara o que serás no que és
Não prenda os teus olhos nos olhares que te acusam
Esquece a voz que te condenou
Nunca te aprisiones nos teus medos e receios
Nem sê refém de quem não sabe amar
Não, não te condenes a morrer com teus defeitos
Nem use a expressão não vou mudar
Pois a cada instante é possível crescer
Retirando excessos do ser
Aprimora o teu jeito de ver e de ouvir
E do amor tão perto estarás
Eis que trago notícias do céu
Deus resolveu te fazer vencedor...” ( Pe. Fábio de Melo – CD "Filho do Céu").

Talvez seus dias estejam preenchidos pelas inúmeras atividades e lhe falte tempo para receber notícias do Céu. Mas Deus que sempre vai além... passando por mim lhe envia recados. Se quiser, faça hoje mesmo a experiência de contemplar as vitórias de Deus em sua vida e tome posse da sua condição de vencedor.

O amor que levou Jesus à morte e à ressurreição para nos salvar é sempre a garantia de nossa grande vitória sobre o mal. Eis a melhor notícia do momento, sejamos propagadores dela!

Foto Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com
Missionária da Comunidade Canção Nova, em Fátima, Portugal Trabalha na Rádio CN FM 103.7

Artigo publicado originalmente no portal da Canção Nova

terça-feira, 20 de novembro de 2007

"... sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." (Rm 8, 28)


"... sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." (Rm 8, 28)

Verdade, promessa, experiência, sugestão?

Paulo falou aos cristãos daquela época, e fala pra nós hoje. É promessa de Deus, e verdade de fé. É experiência de quem viveu essa realidade e sugestão para nós que ainda caminhamos rumo à glória futura, a Jerusalém Celeste, à casa do Pai.

Podemos questionar, como há um bem? Em meio a tanta dor, tanto sofrimento, problemas nas famílias, na comunidade, na Igreja? Vamos voltar ao contexto em que este texto foi escrito, assim poderemos entender o que Paulo nos quis dizer.

Voltando um pouco na carta veremos
"Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada." (Rm 8,18).
Era justamente neste contexto que Paulo afirma com tanta convicção e propriedade que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus. Paulo não fala do "bem" como conforto, alegria, facilidade, fartura. Ele como um sofredor de açoites, prisões, perseguições não seria alheio a esses sofrimentos para dizer que isso seria um bem.

O bem que nos fala é superior aos bens desse mundo. O bem é a conformação à Jesus que as dificuldades, tribulações nos dão "os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho" (Cf Rm 8,29). Se passamos dificuldades neste mundo é para que nos conformemos a Jesus.

Se está difícil de entender, vou ser mais prático. Sabe aquele irmãozinho na Igreja que tem a enorme capacidade de lhe tirar a paciência. Pois você que foi "chamado segundo o propósito de Deus, e predestinado para ser conforme a imagem de Jesus", saiba que este irmão deve lhe formar na paciência e no amor.

Se hoje sofremos tribulações, é porque precisamos ainda ser melhores, pacientes, esperançosos, misericordiosos. E se você me diz, como é que uma criança com fome na rua concorre para o bem dos que amam a Deus? Ela não ama a Deus? Não foi chamada? Eu lhe digo foi sim. Ela é vítima daqueles que não aceitam o chamado à conformidade com Jesus. E eu e você que fomos chamados, devemos agir, amar e acolher esta criança. A fome desta criança irá concorrer para que eu me conforme a Jesus no amor.
"Qualquer que em meu nome receber uma destas crianças, a mim me recebe" (Mc 9,37).

Então, devemos aprender que as dificuldades com os pais, com os amigos, na comunidade, na Igreja, no trabalho, na faculdade, na escola, com a família, não devem ser motivos de quedas para nós. Precisamos gravar em nosso coração que tudo o que acontecer conosco é para o nosso "bem". Não é em vão, tem um objetivo. Nossos sofrimentos atuais nos conformam a Jesus. Conformar: "do Lat. Conformare, formar, dispor, configurar; conciliar, harmonizar, amoldar-se; identificar-se".

Tenho me deixado "conformar" a Jesus, no meu estado de vida? Na minha vocação específica?

Isto justifica as palavras de quem é provado justamente no seu carisma, na sua vocação! Porque foi chamado para "nisto" ser conformado a Jesus. É difícil, mas, que nosso SIM seja SIM, e nosso NÃO seja NÃO!

No tempo do advento, que breve entraremos na santa liturgia da Igreja, precisamos perceber quais "coisas" têm concorrido para o meu "bem", segundo o "propósito" de Deus pra mim.

Nos consagremos à Virgem das Graças, que formados por Ela, sejamos cada vez mais semelhantes à Jesus! Essa é nossa meta!

Edgar Nogueira Lima
(edgarnlima@gmail.com)
Comunidade Rahamim
Novembro/07

domingo, 18 de novembro de 2007

O dom da benção

Caríssimos,


hoje ouvindo algumas palestras no portal da Canção Nova, ouvi uma linda palestra do Padre Léo sobre o poder da benção, e aí bateu uma saudade dos tempos de férias na casa da Vovó em São Gonçalo... Foi um tempo muito feliz, cheio de travessuras e brincadeiras, mas também um tempo de muito crescimento e aprendizado, embora à época eu nem mesmo percebesse esse crescimento. Mas o fato é que cresci muito. E aprendi um bocado. Um desses aprendizados estava num gesto muito simples... a benção do Vovô e Vovó a toda a família. Sempre fazíamos isso em casa, e lá em São Gonçalo vi onde a Mamãe aprendera aquele belíssimo ritual de benção e consagração de nossa família. Lá em casa sempre recebíamos as bênçãos da Mamãe e Papai quando íamos dormir, cada um em seu quarto. Mas em São Gonçalo isso acontecia de uma forma muito especial.

Após a novela das 8, Vovô apagava as luzes do alpendre... esse era o sinal para entrarmos. Portas fechadas, todos íamos dormir. Dormíamos na sala (eu e meus primos), e quando o Vovô apagava a luz do seu quarto, começava aquela cantoria de bênçãos. Era um “bença Vô, bença Vó!” que vinha de todos os cantos da casa e que transpassava por sobre as paredes, e enchia todos com uma sensação muito gostosa, e que na época não sabíamos bem o que era. Mas essa sensação gostosa era a benção de Deus caindo sobre nós através do “Deus te abençoe e faça feliz!” dito pela Vovó e Vovô. Naquele momento, éramos consagrados e abençoados.

Meus avós foram abençoados por seus pais, e com as graças e bênçãos recebidas abençoaram seus filhos, meus pais. Meus pais me abençoavam (e continuam abençoando), e hoje eu abençôo meu filho com a mesma felicidade.

Pena que hoje não vemos muito isso. Essa cultura bela e santa de abençoar seus filhos está se perdendo com o tempo... está sendo trocada por outras “tradições modernas” (a TV, por exemplo). Mas por que isso está acontecendo? Por que a dádiva de abençoar seus filhos está se perdendo... está sendo esquecida?

Caríssimos, não deixemos de abençoar nossos filhos. E não façamos isso por tradição ou preservação de cultura ou raízes, e sim por absoluta convicção de que esse ato santo de fato lança sobre nossos filhos as bênçãos de Deus. Estejamos absolutamente certos que as bênçãos de Deus estão em nossas mãos. Abençoemos nossos filhos a cada instante... ao acordar, ao deixá-los na escola, aos revê-los da volta do trabalho, ao colocá-los para dormir, e aos despertar de um novo dia para um novo ciclo virtuoso e santo de bênçãos.

Deus nos abençoe!


Para ouvir a pregação do Pe. Léo na íntegra, faça uma pausa na FM Círculo Verde (lá em baixo, no canto inferior esquerdo do nosso blog), e clique AQUI.

sábado, 17 de novembro de 2007

A missa dominical

A fidelidade às orientações e exigências da Igreja são fundamentais para ser membro vivo da obra de Cristo

O cumprimento do dever de participar da Missa cada domingo e nos dias santos de guarda é um dos sinais de uma vida religiosa autêntica. Diz o "Catecismo da Igreja Católica" (nº 2.181): "Aqueles que deliberadamente faltam a esta obrigação, cometem pecado grave". A fidelidade às orientações e exigências da Igreja são fundamentais para ser membro vivo da obra de Cristo. A participação semanal ao Santo Sacrifício é importante fator, que nos alimenta em nossa fraqueza com a fortaleza que nasce da Eucaristia.

Esse amparo espiritual faz-se mais significativo em nossos dias, pois uma mentalidade errônea sobre a liberdade favorece a escolha de elementos eclesiais a critério dos indivíduos e não segundo o ensino de Cristo. E, assim, organizam uma religião que é católica apenas de nome. Torna-se mais grave quando o cristianismo é manipulado por opções ideológicas. Um referencial é a palavra do Papa João Paulo II, em sua primeira visita ao Brasil. A homilia em Aparecida, em 5 de julho de 1980, nos ajuda a discernir o verdadeiro do falso nessa matéria: "Qual é a missão da Igreja, se não a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis? (...) E este anúncio de Cristo Redentor, de sua mensagem de salvação, não pode ser reduzido a um mero projeto humano de bem-estar e felicidade temporal. Tem, certamente, incidências na história humana, coletiva e individual, mas é fundamentalmente anúncio da libertação do pecado".

Prejudicando seriamente o plano de Deus, há os que reduzem a Igreja à tentativa da construção de uma sociedade sem injustiças e outros que se limitam a uma espiritualidade sem um profundo vínculo com a superação dos males, inclusive sociais frutos do pecado. A orientação correta é a que decorre dos ensinamentos de Jesus autenticamente transmitidos pela Hierarquia.

A valorização da assistência à Missa, dentro de um contexto comunitário e especialmente em dias de preceito, sofre com essas tendências. Tal é a importância do assunto que o Papa foi levado a publicar precioso documento, a Carta Apostólica "Dies Domini", com data de 31 de maio de 1998, dirigida ao Episcopado, ao Clero e aos fiéis sobre a santificação do domingo.

Os primeiros cristãos necessitavam de boa dose de heroísmo para viver a sua fé, em virtude do ritmo dos dias do calendário. O grego e o romano não propiciavam aos fiéis o tempo livre do domingo e, em conseqüência, estes celebravam os Ofícios divinos na madrugada. Os costumes evoluíram à luz do cristianismo nascente. No século III, um autor escreveu o que já então se constatava em toda a região: a santificação do domingo já era observada. No entanto, ainda no século IV, um grupo de cristãos foi levado a um tribunal pelo delito de participar de reuniões ilícitas - no caso, a Celebração Eucarística. A resposta foi clara e peremptória: "Temos celebrado a assembléia dominical por que não nos é permitido omiti-la". E morreram mártires de sua Fé.

O costume, (mais tarde, preceito) da assistência à Missa aos domingos e dias santificados vem, pois, das origens do cristianismo. Hoje, essa presença que caracteriza o católico deve ser objeto de um exame de consciência.

No decorrer desses dois milênios persistiu o preceito do primeiro dia da semana, em modalidades variadas. Constitui parte integrante da própria existência do fiel. Há causas que o escusam. Entre elas, a ausência do Ministro ordenado. Nesses casos, o fiel é exortado vivamente – portanto, conselho e não estrito dever - a participar da Liturgia da Palavra. O Código de Direito Canônico (can 1.248) recomenda, de modo claro, a dedicação de um tempo a atos piedosos que santifiquem o Dia do Senhor. No entanto, a assistência à Missa, mesmo fora da paróquia, é obrigatória, desde que não haja grave incômodo para dela não participar.

A obrigação perdura. O Código do Direito Canônico também afirma: "É grave encargo a assistência à Missa aos domingos e festas de preceito. Somente uma causa suficiente a dispensa e, mesmo assim, recomenda-se substituí-la por práticas religiosas”. Trata-se de "recomendação" (cânones 1.247 e 1.248).

Infelizmente, no período pós-conciliar surgiu a falsa informação de ter sido abolido o dever de assistência à Missa aos domingos e dias santos, como também a abstenção dos trabalhos servis no Dia do Senhor.

O "Catecismo da Igreja Católica" (nº 2.181) usa como exemplos dos motivos sérios, relevantes, que dispensem da obrigatoriedade da observância do Dia do Senhor, inclusive da Santa Missa: "Doença, cuidado com bebês", a que se poderiam acrescentar outros assemelhados, como "distância do local da Santa Missa" que, acarretasse incômodo de vulto a quem a percorresse. E, como se trata de uma participação comunitária, não cumpre esse dever quem assiste a transmissão pela televisão ou rádio, mesmo que seja de grande proveito espiritual. De modo particular, beneficiam-se os enfermos e encarcerados, impedidos de chegar a uma igreja. O mesmo se diga dos que residem distantes dos templos.

A importância da fidelidade ao preceito grave da assistência à Santa Missa se origina do valor infinito do Santo Sacrifício, explicitado pelas palavras do Santo Padre em "Dies Domini".

Santificar o Dia do Senhor – assistência à Missa dominical e repouso semanal – favorecendo inclusive a vida familiar – é contribuir para a paz e a convivência pacífica na comunidade. Aproxima-nos do Senhor e abre novas perspectivas a uma autêntica vida cristã.

Cardeal D. Eugenio de Araújo Sales
Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro

Publicado originalmente no Portal da Canção Nova

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Descubra você mesmo quando rezar

Cada pessoa passa por momentos particulares na vida, que segue o seu ritimo. É preciso descobrir também o próprio ritmo de oração, fazer encontro com Deus um encontro personalizado. Deus não é uma idéia nem uma energia impessoal, como o calor do sol ou a brisa do vento. Ele é uma pessoa viva e verdadeira com quem podemos e devemos dialogar. É necessário tratar Deus como o melhor amigo que temos e recebe-lo dentro de nós numa atitude de acolhida, preparar para Ele um espaço na nossa vida. Os hóspedes sempre devem ser recebidos bem. Devemos acolher a Deus e ter consciência de que Ele tem um único desejo: nos amar e fazer a nossa vontade.

Santa Terezinha é um modelo de oração. Ela diz: “nunca passei mais de três minutos sem pensar em Deus!”

Gostaria de poder apresentar algumas indicações de quando você rezar, deixando a liberdade de ampliá-las como mais lhe agradar. Todo caminho não pode ser estático ele deve ser dinâmico, aberto para introduzir outras motivações e tirar algumas que, em determinado momento, já não nos dizem mais nada. Nós mudamos muito. Não seria conveniente usar no inverno roupa de verão e nem no verão, roupa de frio. Nossa oração deve corresponder às exigências que encontramos no caminho da vida.

Antes de iniciar a sua oração, faça silêncio dentro e fora de você para perceber o impulso da sua vida interior. Do que você necessita hoje? Como quer viver o tempo que o Senhor lhe dá.

O seu encontro com Deus não pode ser um instante fugaz e rápido, mas constante e permanente. Da sua situação humana, afetiva, psicológica, social, vai depender também o seu modo de rezar, de pedir, de dialogar com Deus. Há pessoas que rezam sempre a mesma oração pedindo chuva, mesmo quando há enchente que atrapalha tudo e provoca desastres. E se justificam na maneira de rezar: “em qualquer lugar do mundo devem existir lugares que precisa de chuva!” A minha oração tem um caráter universal, mas Jesus nos ensinou em várias circunstancias a historicizar a nossa oração, faze-la nascer da vida concreta, do dia-a-dia.

Já foi dito várias vezes que a oração não pode ser restrita a momentos particulares. É a vida que deve tornar-se oração, devemos colocar-nos continuamente na presença de Deus que orienta e sustenta o nosso caminho. È importante ter sempre em nossa frente a Bíblia e acompanhar, por meio de sua leitura meditativa, a história do povo que vai a caminho de terra prometida percorrendo noites, desertos, até chegar a conclusão de que a felicidade que Deus oferece não é a de situações baratas. Exige de nós constantes renuncia, “um saber dizer não” a tudo o que nos afasta de Deus e assumir a verdade como único caminho.

O ser humano, na sua caminhada sobre a terra, se depara com aquelas situações obscuras que tornam impossível continuar o caminho sozinho, é preciso Deus. Sem Deus não há uma visão completa e harmoniosa da existência humana. Muitas vezes, nos encontramos em situações em que nos sentimos tão pobres que necessitamos de Deus como a terra precisa de água para viver, as plantas, do sol, e a vida, de amor.

Na verdade, só Deus é força. É preciso nos convencer de que só Deus –Pai, Filho e Espírito Santo é a fonte de nossa felicidade e sé Ele pode mudar, como diz o salminsta, a “sorte de nossa vida”.

O caminho depende de nossa fidelidade e amor. Deus sozinho não age, precisa de nossa cooperação, do nosso sim.

Artigo extraido do livro "Quando rezar?"

Frei Patricio Sciadini

Artigo publicado no Portal Canção Nova

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Pensamentos e oração

Conseguimos deixar de lado os nossos negócios e pensar em Deus?

Apesar de existirem máquinas que, dizem, detectam a verdade ou a mentira das pessoas, ainda temos uma área reservada para nós mesmos, onde ninguém pode entrar. São os nossos pensamentos. Os outros vão saber somente o que nós deixamos escapar, ou o que decidimos revelar. O resto fica conosco, guardado ou esquecido; curtido, às vezes; outras teimando em voltar contra a nossa vontade. É o patrimônio das emoções, das lembranças e das saudades. Infelizmente, também, das feridas, das humilhações e das tristezas que carregamos. Esse, talvez, seja o nosso tesouro verdadeiramente pessoal, onde estamos a sós com a nossa consciência e que, inclusive, não vamos poder deixar para ninguém. É nosso e basta. Nós e Deus, claro, ao menos, se acreditamos e confiamos nele. Tudo o que lembrei vale também para a nossa oração.

Nos poucos momentos de silêncio das nossas liturgias, surpreendo-me perguntando-me o que as pessoas estão pensando e rezando. Todos nós ouvimos a mesma Palavra de Deus, a mesma explicação, cantamos os mesmos cantos, recebemos a mesma Eucaristia, mas cada um carrega no seu coração a própria história, a própria personalidade e a própria fé.

Imagino a oração simples e confiante das crianças, repetindo palavras ouvidas e correndo com o pensamento, já, lá fora, nas brincadeiras com os colegas, nos pequenos objetos guardados com ciúme. Imagino também a oração dos idosos, carregadas de lembranças, de rostos e de momentos vividos. Alguns devem agradecer pelo dom da vida, outros devem pedir mais uns dias, outros se preparando ao grande encontro. Todos, com certeza, rezam por suas famílias e por aqueles que os acompanham. Que bom quando a pessoa idosa se sente amada e até mimada!

Deve ter, pois, a oração dos pais, preocupados com a família, com os filhos,, com o trabalho, com as contas para pagar. Animados com o desejo de sair da igreja e ser um pouco mais sorridentes e amigos dos que encontrarem nos caminhos da vida. No meio de tantas confusões, um pouco de serenidade, de esperança e de alegria são bens preciosos a serem protegidos e sempre renovados a cada celebração da vida e da fé.

Fico também pensando como deve ser a oração dos empresários, dos executivos, dos políticos, dos comerciantes. Será que sabem deixar um pouco de lado os negócios e pensar em Deus? Come se sentem, perante o Altíssimo, na posição social tão importante e vertiginosa que ocupam?

Não posso esquecer a oração dos nossos irmãos com deficiências; como deve ser a oração de quem não pode andar, de quem não consegue falar e de quem mal sobrevive, carente de pensamentos e sonhos? Talvez seja a melhor; a única que Deus já conhece e acolhe.

Assim Jesus, um dia, falou da oração de dois homens, um fariseu e um cobrador de impostos. O primeiro foi ao templo para se orgulhar da sua honestidade, da sua integridade e obediência mais rigorosa às leis. Infelizmente estava tão cheio de si que acabou desprezando o cobrador de impostos, que estava lá no fundo do templo, de cabeça baixa. Essa não foi oração, coisa nenhuma. Porque aquele homem não precisava de Deus, de tão bom e perfeito que ele se achava. Ao Pai, também, não interessava, e continua não interessando, uma oração assim. Para os filhos, também, é inútil, porque não muda em nada a vida deles: eles são os melhores! Nada mais tem a aprender.

Humilde foi, ao contrário, a oração do cobrador de impostos. Reconhecia-se pecador e não merecer nem levantar os olhos para o alto. Pediu perdão e ajuda para mudar. Entendeu que devia mudar. Desejar ser melhores já é um começo. Abre-se um caminho.

Vamos todos aproveitar para melhorar a nossa oração. No silêncio do nosso coração, só Deus sabe o que estamos pedindo, porque estamos agradecendo ou louvando. Somente Ele, e nós, conhecemos as nossas angústias. O IV Prefácio Comum reza assim: “Eles (os nossos louvores) nada acrescentam ao que sois, mas nos aproximam de vós, por Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso ”Enfim, pensamentos e orações, apesar de tão secretos, servem para a comunhão entre nós e com Deus. E a solidão é menos pesada.

Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá (AP)

Publicado originalmente no Portal da Canção Nova