João Marques.
Com. Canção Nova
Publicado no Blog Missão Fortaleza
.:Entrevista com Cardeal Odilo Scherer sobre a Campanha da Evangelização
A coleta nacional para a evangelização acontece no 3º Domingo do Advento. O valor angariado pela coleta constitui o Fundo para a Evangelização, que é administrado pela Comissão para Assuntos Econômicos da CNBB e é destinado a apoiar as atividades evangelizadoras em nível diocesano, regional e nacional. Os recursos arrecadados são destinados da seguinte forma: Dioceses, 45 por cento; Regionais, 20 por cento e Nacional, 35 por cento do total arrecadado.
João Marques.
Com. Canção Nova
Publicado no Blog Missão Fortaleza
Em muitas situações de sofrimento e de angústia chegamos a dizer que Deus nos abandonou. Ainda que nos precipitemos e nos afastemos, o Senhor nunca se esquecerá de nós. Deus não nos escolhe pelo que fazemos. Deus sempre acredita em você, sempre acreditou e sempre continuará acreditando!
Que prova maior preciso ter do amor de Deus senão a minha própria vida?
Arrisco dizer que existe algo que é impossível para Deus: deixar de nos amar, nos perdoar e nos acolher!
Quando foi que o Senhor não nos amou, não nos acolheu e não nos perdoou?
Sempre nos perguntamos o porquê das coisas tristes que acontecem em nossas vidas e quase nunca nos não perguntamos o para quê.
Você já parou para pensar no quanto Deus já fez em sua vida? Talvez muitos da sua família, dos seus amigos ainda não tiveram um encontro com o Senhor, porque você ainda não reconheceu aquilo que o Senhor fez por você e em você. Veja as obras de Deus na sua vida; não só as perceba, mas anuncie essas maravilhas aos demais. Ele tem uma obra para cada um de nós.
Você já se perguntou o porquê do chamado de Deus e para que Ele o chamou?
O Senhor quer que façamos a diferença onde quer que estejamos. Anunciar o Evangelho com toda a força do nosso coração significa levar as pessoas a terem – a partir de nosso testemunho – uma experiência com o amor de Deus.
Deus sempre acredita e aposta em cada um de nós. Muitas vezes, nós não acolhemos o amor de Deus porque não temos atitudes de filhos para com Ele. Minha mãe me dizia: "Vocês precisam aprender a ser gente!" Na época, eu não entendia isso bem, mas, hoje, eu o compreendo. Ela estava certa. Precisamos aprender a ser filhos!
Lembro-me da história de um bispo que, discutindo com sua mãe, disse: "Mãe, a senhora me respeite porque eu sou um bispo", quando sua mãe lhe disse: "Você que me respeite, pois sou sua mãe".
Precisamos agir como filhos em nosso relacionamento com Deus. Eu preciso reconhecer que o Senhor me acolhe. Deixe-se amar por Ele. Precisamos confiar no Senhor e ver as maravilhas que Ele faz em nossas vidas. Mesmo que sua vida esteja parecendo impossível, o Senhor nunca o abandonará, pois para Ele tudo é possível e Ele está com você.
Não queira andar na frente de Jesus, deixe-O lhe mostrar o caminho.
Artigo extraído de uma homilia do padre Cido em fevereiro de 2006
Padre Cido
Comunidade Canção Nova
Quando eu soltar a minha voz por favor, entenda
Que palavras por palavras
Eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca, peito aberto, vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando
O capitão de um navio, que estava de saída, dirigia-se apressado para o porto. Estava muito frio... Diante da vitrine do restaurante, ele viu um menino quase maltrapilho, de braços cruzados e meio trêmulo.Tenho pensado na maneira como estou me preparando para me encontrar com o Pai do Céu. Quando estarei pronta a entregar a vida e o coração ao Pai?
- “O que está fazendo aí, meu pequeno?” - disse-lhe o capitão.
- “Estou só olhando quanta coisa gostosa tem aí para comer...”
- “Tenho bem pouco tempo antes da partida do navio. Se você estivesse arrumadinho, eu o levaria para que comesse algumas dessas coisas saborosas”.
O garoto, faminto e animado pelo fio de esperança de que aquele homem lhe ajudaria, passou a mãozinha sobre os cabelos em desalinho e falou:
- “Estou pronto agora!”
Comovido, o capitão o levou como estava ao restaurante, fazendo com que lhe servissem uma boa refeição. E enquanto o garoto comia, perguntou-lhe:
- “Diga-me uma coisa: onde está sua mãe, meu pequeno?”
- “Ela foi para o céu quando eu tinha apenas quatro anos de idade” - Disse o menino sem entender ainda a vida.
- “E você ficou só com seu pai? Onde está ele agora? Onde ele trabalha?”
- “Nunca mais vi meu pai desde que minha mãe partiu...”
- “Mas, então, quem toma conta de você?”
Com um jeitinho resignado, o menino respondeu:
- “Quando minha mãe estava doente, ela disse que Deus tomaria conta de mim. Ela ainda me ensinou a pedir isso todos os dias a Ele”.
O capitão, cheio de compaixão, acrescentou:
- “Se você estivesse limpo e arrumadinho eu o levaria para o navio e cuidaria de você com muita alegria”.
Novamente, o menino, alisando os cabelos sujos e malcuidados, voltou a repetir a mesma expressão:
- “Capitão, estou pronto agora!”
Vendo-o assim quase suplicante, aquele capitão levou o menino para o navio, onde o apresentou aos marinheiros e imediatos, dizendo:
- “Ele será o meu ajudante e será sempre chamado de ‘Pronto, agora’”.
Ali o garoto recebeu tudo o que carecia e as coisas transcorriam, aparentemente, bem. Até que um dia o garoto amanheceu febril. Foi medicado, mas a febre não cedia. Vendo-o piorar, o capitão, aflito, dirigiu-se ao médico:
- “Procure salvá-lo, doutor. Não posso perdê-lo!”
O médico fez tudo o que pôde, mas em vão.
Na tarde seguinte, o menino, chamando o capitão, lhe falou:
- “Eu o amo tanto! Você foi bom para mim. Gostei de estar aqui, mas ainda será melhor no céu. Eu estou pronto agora, vou me encontrar com o Papai do Céu, que também me ama”.
- “Sim, filho, tenho pensado nisso, e continuarei pensando... Mas quando?”
Segurando as mãos do menino, com lágrimas nos olhos, o capitão ouviu-o dizer pela última vez:
- “Estou pronto agora!”
“Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai, ao qual deve a sua existência toda família no céu e na terra, para que vos conceda, segundo seu glorioso tesouro, que sejais poderosamente robustecidos pelo seu Espírito em vista do crescimento do vosso homem interior.” (Efésios 3, 14-16).
“...que sejais poderosamente robustecidos pelo seu Espírito em vista do crescimento do vosso homem interior.”E justamente pela falta dessa “força interior” é que muitas famílias desistem de lutar. Entregam-se, rendem-se ao inimigo que de diversas formas vai fazendo “minar” as forças dessas famílias.
Recordo-me vivamente daquela manhã chuvosa quando entrei no estúdio da Rádio cantando um trecho da música "Vitória de Deus" de autoria do Pe. Fábio de Melo. Não imaginei que o gesto tão simples iria causar grande efeito na vida do colega, que parecia nem me ouvir, enquanto concentrado trabalhava naquele espaço. É que já há alguns dias eu estava ruminando a letra dessa canção e meu coração estava povoado de suas palavras. Então, sem perceber, dei vida ao ditado popular que diz: “A boca fala do que o coração está cheio”, e cantei com naturalidade:
“Eis que trago notícias do céu
Deus resolveu te fazer vencedor
Ergue os olhos, destranca tua voz
Vem receber novas vestes de luz
E declara comigo a vitória de Deus...”
Admirado, o colega parou o que estava fazendo e pediu que repetisse o que havia cantado, ouviu–me atentamente e depois testemunhou: "Foi isso que aconteceu comigo, Deus resolveu me fazer vencedor!" Ainda com outras palavras, partilhou naquele momento, fragmentos de sua história, na qual, com facilidade, contemplamos a vitória de Deus e O glorificamos juntos.
Hoje, quando pensei em escrever mais um texto, lembrei-me daquela experiência e pensei em tantos que também precisam receber notícias do Céu. Talvez você seja um desses casos... Então, pego emprestadas as palavras do Pe. Fábio para dizer que há muito tempo Deus resolveu fazê-lo vencedor e hoje lhe envia este recado:
“Deixa que a aventura de ser gente te evolva
Prepara o que serás no que és
Não prenda os teus olhos nos olhares que te acusam
Esquece a voz que te condenou
Nunca te aprisiones nos teus medos e receios
Nem sê refém de quem não sabe amar
Não, não te condenes a morrer com teus defeitos
Nem use a expressão não vou mudar
Pois a cada instante é possível crescer
Retirando excessos do ser
Aprimora o teu jeito de ver e de ouvir
E do amor tão perto estarás
Eis que trago notícias do céu
Deus resolveu te fazer vencedor...” ( Pe. Fábio de Melo – CD "Filho do Céu").
Talvez seus dias estejam preenchidos pelas inúmeras atividades e lhe falte tempo para receber notícias do Céu. Mas Deus que sempre vai além... passando por mim lhe envia recados. Se quiser, faça hoje mesmo a experiência de contemplar as vitórias de Deus em sua vida e tome posse da sua condição de vencedor.
O amor que levou Jesus à morte e à ressurreição para nos salvar é sempre a garantia de nossa grande vitória sobre o mal. Eis a melhor notícia do momento, sejamos propagadores dela!
"... sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." (Rm 8, 28)
"Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada." (Rm 8,18).Era justamente neste contexto que Paulo afirma com tanta convicção e propriedade que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus. Paulo não fala do "bem" como conforto, alegria, facilidade, fartura. Ele como um sofredor de açoites, prisões, perseguições não seria alheio a esses sofrimentos para dizer que isso seria um bem.
"Qualquer que em meu nome receber uma destas crianças, a mim me recebe" (Mc 9,37).
hoje ouvindo algumas palestras no portal da Canção Nova, ouvi uma linda palestra do Padre Léo sobre o poder da benção, e aí bateu uma saudade dos tempos de férias na casa da Vovó em São Gonçalo... Foi um tempo muito feliz, cheio de travessuras e brincadeiras, mas também um tempo de muito crescimento e aprendizado, embora à época eu nem mesmo percebesse esse crescimento. Mas o fato é que cresci muito. E aprendi um bocado. Um desses aprendizados estava num gesto muito simples... a benção do Vovô e Vovó a toda a família. Sempre fazíamos isso em casa, e lá em São Gonçalo vi onde a Mamãe aprendera aquele belíssimo ritual de benção e consagração de nossa família. Lá em casa sempre recebíamos as bênçãos da Mamãe e Papai quando íamos dormir, cada um em seu quarto. Mas em São Gonçalo isso acontecia de uma forma muito especial.
Após a novela das 8, Vovô apagava as luzes do alpendre... esse era o sinal para entrarmos. Portas fechadas, todos íamos dormir. Dormíamos na sala (eu e meus primos), e quando o Vovô apagava a luz do seu quarto, começava aquela cantoria de bênçãos. Era um “bença Vô, bença Vó!” que vinha de todos os cantos da casa e que transpassava por sobre as paredes, e enchia todos com uma sensação muito gostosa, e que na época não sabíamos bem o que era. Mas essa sensação gostosa era a benção de Deus caindo sobre nós através do “Deus te abençoe e faça feliz!” dito pela Vovó e Vovô. Naquele momento, éramos consagrados e abençoados.
Meus avós foram abençoados por seus pais, e com as graças e bênçãos recebidas abençoaram seus filhos, meus pais. Meus pais me abençoavam (e continuam abençoando), e hoje eu abençôo meu filho com a mesma felicidade.
Pena que hoje não vemos muito isso. Essa cultura bela e santa de abençoar seus filhos está se perdendo com o tempo... está sendo trocada por outras “tradições modernas” (a TV, por exemplo). Mas por que isso está acontecendo? Por que a dádiva de abençoar seus filhos está se perdendo... está sendo esquecida?
Caríssimos, não deixemos de abençoar nossos filhos. E não façamos isso por tradição ou preservação de cultura ou raízes, e sim por absoluta convicção de que esse ato santo de fato lança sobre nossos filhos as bênçãos de Deus. Estejamos absolutamente certos que as bênçãos de Deus estão em nossas mãos. Abençoemos nossos filhos a cada instante... ao acordar, ao deixá-los na escola, aos revê-los da volta do trabalho, ao colocá-los para dormir, e aos despertar de um novo dia para um novo ciclo virtuoso e santo de bênçãos.
Deus nos abençoe!
Para ouvir a pregação do Pe. Léo na íntegra, faça uma pausa na FM Círculo Verde (lá em baixo, no canto inferior esquerdo do nosso blog), e clique AQUI.
O cumprimento do dever de participar da Missa cada domingo e nos dias santos de guarda é um dos sinais de uma vida religiosa autêntica. Diz o "Catecismo da Igreja Católica" (nº 2.181): "Aqueles que deliberadamente faltam a esta obrigação, cometem pecado grave". A fidelidade às orientações e exigências da Igreja são fundamentais para ser membro vivo da obra de Cristo. A participação semanal ao Santo Sacrifício é importante fator, que nos alimenta em nossa fraqueza com a fortaleza que nasce da Eucaristia.
Esse amparo espiritual faz-se mais significativo em nossos dias, pois uma mentalidade errônea sobre a liberdade favorece a escolha de elementos eclesiais a critério dos indivíduos e não segundo o ensino de Cristo. E, assim, organizam uma religião que é católica apenas de nome. Torna-se mais grave quando o cristianismo é manipulado por opções ideológicas. Um referencial é a palavra do Papa João Paulo II, em sua primeira visita ao Brasil. A homilia em Aparecida, em 5 de julho de 1980, nos ajuda a discernir o verdadeiro do falso nessa matéria: "Qual é a missão da Igreja, se não a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis? (...) E este anúncio de Cristo Redentor, de sua mensagem de salvação, não pode ser reduzido a um mero projeto humano de bem-estar e felicidade temporal. Tem, certamente, incidências na história humana, coletiva e individual, mas é fundamentalmente anúncio da libertação do pecado".
Prejudicando seriamente o plano de Deus, há os que reduzem a Igreja à tentativa da construção de uma sociedade sem injustiças e outros que se limitam a uma espiritualidade sem um profundo vínculo com a superação dos males, inclusive sociais frutos do pecado. A orientação correta é a que decorre dos ensinamentos de Jesus autenticamente transmitidos pela Hierarquia.
A valorização da assistência à Missa, dentro de um contexto comunitário e especialmente em dias de preceito, sofre com essas tendências. Tal é a importância do assunto que o Papa foi levado a publicar precioso documento, a Carta Apostólica "Dies Domini", com data de 31 de maio de 1998, dirigida ao Episcopado, ao Clero e aos fiéis sobre a santificação do domingo.
Os primeiros cristãos necessitavam de boa dose de heroísmo para viver a sua fé, em virtude do ritmo dos dias do calendário. O grego e o romano não propiciavam aos fiéis o tempo livre do domingo e, em conseqüência, estes celebravam os Ofícios divinos na madrugada. Os costumes evoluíram à luz do cristianismo nascente. No século III, um autor escreveu o que já então se constatava em toda a região: a santificação do domingo já era observada. No entanto, ainda no século IV, um grupo de cristãos foi levado a um tribunal pelo delito de participar de reuniões ilícitas - no caso, a Celebração Eucarística. A resposta foi clara e peremptória: "Temos celebrado a assembléia dominical por que não nos é permitido omiti-la". E morreram mártires de sua Fé.
O costume, (mais tarde, preceito) da assistência à Missa aos domingos e dias santificados vem, pois, das origens do cristianismo. Hoje, essa presença que caracteriza o católico deve ser objeto de um exame de consciência.
No decorrer desses dois milênios persistiu o preceito do primeiro dia da semana, em modalidades variadas. Constitui parte integrante da própria existência do fiel. Há causas que o escusam. Entre elas, a ausência do Ministro ordenado. Nesses casos, o fiel é exortado vivamente – portanto, conselho e não estrito dever - a participar da Liturgia da Palavra. O Código de Direito Canônico (can 1.248) recomenda, de modo claro, a dedicação de um tempo a atos piedosos que santifiquem o Dia do Senhor. No entanto, a assistência à Missa, mesmo fora da paróquia, é obrigatória, desde que não haja grave incômodo para dela não participar.
A obrigação perdura. O Código do Direito Canônico também afirma: "É grave encargo a assistência à Missa aos domingos e festas de preceito. Somente uma causa suficiente a dispensa e, mesmo assim, recomenda-se substituí-la por práticas religiosas”. Trata-se de "recomendação" (cânones 1.247 e 1.248).
Infelizmente, no período pós-conciliar surgiu a falsa informação de ter sido abolido o dever de assistência à Missa aos domingos e dias santos, como também a abstenção dos trabalhos servis no Dia do Senhor.
O "Catecismo da Igreja Católica" (nº 2.181) usa como exemplos dos motivos sérios, relevantes, que dispensem da obrigatoriedade da observância do Dia do Senhor, inclusive da Santa Missa: "Doença, cuidado com bebês", a que se poderiam acrescentar outros assemelhados, como "distância do local da Santa Missa" que, acarretasse incômodo de vulto a quem a percorresse. E, como se trata de uma participação comunitária, não cumpre esse dever quem assiste a transmissão pela televisão ou rádio, mesmo que seja de grande proveito espiritual. De modo particular, beneficiam-se os enfermos e encarcerados, impedidos de chegar a uma igreja. O mesmo se diga dos que residem distantes dos templos.
A importância da fidelidade ao preceito grave da assistência à Santa Missa se origina do valor infinito do Santo Sacrifício, explicitado pelas palavras do Santo Padre em "Dies Domini".
Santificar o Dia do Senhor – assistência à Missa dominical e repouso semanal – favorecendo inclusive a vida familiar – é contribuir para a paz e a convivência pacífica na comunidade. Aproxima-nos do Senhor e abre novas perspectivas a uma autêntica vida cristã.
Cardeal D. Eugenio de Araújo Sales
Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro
Publicado originalmente no Portal da Canção Nova
Cada pessoa passa por momentos particulares na vida, que segue o seu ritimo. É preciso descobrir também o próprio ritmo de oração, fazer encontro com Deus um encontro personalizado. Deus não é uma idéia nem uma energia impessoal, como o calor do sol ou a brisa do vento. Ele é uma pessoa viva e verdadeira com quem podemos e devemos dialogar. É necessário tratar Deus como o melhor amigo que temos e recebe-lo dentro de nós numa atitude de acolhida, preparar para Ele um espaço na nossa vida. Os hóspedes sempre devem ser recebidos bem. Devemos acolher a Deus e ter consciência de que Ele tem um único desejo: nos amar e fazer a nossa vontade.
Santa Terezinha é um modelo de oração. Ela diz: “nunca passei mais de três minutos sem pensar em Deus!”
Gostaria de poder apresentar algumas indicações de quando você rezar, deixando a liberdade de ampliá-las como mais lhe agradar. Todo caminho não pode ser estático ele deve ser dinâmico, aberto para introduzir outras motivações e tirar algumas que, em determinado momento, já não nos dizem mais nada. Nós mudamos muito. Não seria conveniente usar no inverno roupa de verão e nem no verão, roupa de frio. Nossa oração deve corresponder às exigências que encontramos no caminho da vida.
Antes de iniciar a sua oração, faça silêncio dentro e fora de você para perceber o impulso da sua vida interior. Do que você necessita hoje? Como quer viver o tempo que o Senhor lhe dá.
O seu encontro com Deus não pode ser um instante fugaz e rápido, mas constante e permanente. Da sua situação humana, afetiva, psicológica, social, vai depender também o seu modo de rezar, de pedir, de dialogar com Deus. Há pessoas que rezam sempre a mesma oração pedindo chuva, mesmo quando há enchente que atrapalha tudo e provoca desastres. E se justificam na maneira de rezar: “em qualquer lugar do mundo devem existir lugares que precisa de chuva!” A minha oração tem um caráter universal, mas Jesus nos ensinou em várias circunstancias a historicizar a nossa oração, faze-la nascer da vida concreta, do dia-a-dia.
Já foi dito várias vezes que a oração não pode ser restrita a momentos particulares. É a vida que deve tornar-se oração, devemos colocar-nos continuamente na presença de Deus que orienta e sustenta o nosso caminho. È importante ter sempre em nossa frente a Bíblia e acompanhar, por meio de sua leitura meditativa, a história do povo que vai a caminho de terra prometida percorrendo noites, desertos, até chegar a conclusão de que a felicidade que Deus oferece não é a de situações baratas. Exige de nós constantes renuncia, “um saber dizer não” a tudo o que nos afasta de Deus e assumir a verdade como único caminho.
O ser humano, na sua caminhada sobre a terra, se depara com aquelas situações obscuras que tornam impossível continuar o caminho sozinho, é preciso Deus. Sem Deus não há uma visão completa e harmoniosa da existência humana. Muitas vezes, nos encontramos em situações em que nos sentimos tão pobres que necessitamos de Deus como a terra precisa de água para viver, as plantas, do sol, e a vida, de amor.
Na verdade, só Deus é força. É preciso nos convencer de que só Deus –Pai, Filho e Espírito Santo é a fonte de nossa felicidade e sé Ele pode mudar, como diz o salminsta, a “sorte de nossa vida”.
O caminho depende de nossa fidelidade e amor. Deus sozinho não age, precisa de nossa cooperação, do nosso sim.
Artigo extraido do livro "Quando rezar?"
Apesar de existirem máquinas que, dizem, detectam a verdade ou a mentira das pessoas, ainda temos uma área reservada para nós mesmos, onde ninguém pode entrar. São os nossos pensamentos. Os outros vão saber somente o que nós deixamos escapar, ou o que decidimos revelar. O resto fica conosco, guardado ou esquecido; curtido, às vezes; outras teimando em voltar contra a nossa vontade. É o patrimônio das emoções, das lembranças e das saudades. Infelizmente, também, das feridas, das humilhações e das tristezas que carregamos. Esse, talvez, seja o nosso tesouro verdadeiramente pessoal, onde estamos a sós com a nossa consciência e que, inclusive, não vamos poder deixar para ninguém. É nosso e basta. Nós e Deus, claro, ao menos, se acreditamos e confiamos nele. Tudo o que lembrei vale também para a nossa oração.
Nos poucos momentos de silêncio das nossas liturgias, surpreendo-me perguntando-me o que as pessoas estão pensando e rezando. Todos nós ouvimos a mesma Palavra de Deus, a mesma explicação, cantamos os mesmos cantos, recebemos a mesma Eucaristia, mas cada um carrega no seu coração a própria história, a própria personalidade e a própria fé.
Imagino a oração simples e confiante das crianças, repetindo palavras ouvidas e correndo com o pensamento, já, lá fora, nas brincadeiras com os colegas, nos pequenos objetos guardados com ciúme. Imagino também a oração dos idosos, carregadas de lembranças, de rostos e de momentos vividos. Alguns devem agradecer pelo dom da vida, outros devem pedir mais uns dias, outros se preparando ao grande encontro. Todos, com certeza, rezam por suas famílias e por aqueles que os acompanham. Que bom quando a pessoa idosa se sente amada e até mimada!
Deve ter, pois, a oração dos pais, preocupados com a família, com os filhos,, com o trabalho, com as contas para pagar. Animados com o desejo de sair da igreja e ser um pouco mais sorridentes e amigos dos que encontrarem nos caminhos da vida. No meio de tantas confusões, um pouco de serenidade, de esperança e de alegria são bens preciosos a serem protegidos e sempre renovados a cada celebração da vida e da fé.
Fico também pensando como deve ser a oração dos empresários, dos executivos, dos políticos, dos comerciantes. Será que sabem deixar um pouco de lado os negócios e pensar em Deus? Come se sentem, perante o Altíssimo, na posição social tão importante e vertiginosa que ocupam?
Não posso esquecer a oração dos nossos irmãos com deficiências; como deve ser a oração de quem não pode andar, de quem não consegue falar e de quem mal sobrevive, carente de pensamentos e sonhos? Talvez seja a melhor; a única que Deus já conhece e acolhe.
Assim Jesus, um dia, falou da oração de dois homens, um fariseu e um cobrador de impostos. O primeiro foi ao templo para se orgulhar da sua honestidade, da sua integridade e obediência mais rigorosa às leis. Infelizmente estava tão cheio de si que acabou desprezando o cobrador de impostos, que estava lá no fundo do templo, de cabeça baixa. Essa não foi oração, coisa nenhuma. Porque aquele homem não precisava de Deus, de tão bom e perfeito que ele se achava. Ao Pai, também, não interessava, e continua não interessando, uma oração assim. Para os filhos, também, é inútil, porque não muda em nada a vida deles: eles são os melhores! Nada mais tem a aprender.
Humilde foi, ao contrário, a oração do cobrador de impostos. Reconhecia-se pecador e não merecer nem levantar os olhos para o alto. Pediu perdão e ajuda para mudar. Entendeu que devia mudar. Desejar ser melhores já é um começo. Abre-se um caminho.
Vamos todos aproveitar para melhorar a nossa oração. No silêncio do nosso coração, só Deus sabe o que estamos pedindo, porque estamos agradecendo ou louvando. Somente Ele, e nós, conhecemos as nossas angústias. O IV Prefácio Comum reza assim: “Eles (os nossos louvores) nada acrescentam ao que sois, mas nos aproximam de vós, por Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso ”Enfim, pensamentos e orações, apesar de tão secretos, servem para a comunhão entre nós e com Deus. E a solidão é menos pesada.
Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá (AP)
Publicado originalmente no Portal da Canção Nova