"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Podemos ser frágeis

Caríssimos,

Os artigos dessa semana tem sido centrados, por pura coincidência, em assuntos relacionados a nossa conversão... ao processo de melhoria contínua de nós mesmos. Começamos com o recebimento do feedback, recebimento de críticas, e o processo de assimilação dessas críticas para o nosso crescimento... Seguimos falando do perdão como caminho para nossa libertação. E então ontem falamos sobre aquele garotinho que se preparou para o encontro com o Pai como uma inspiração a nossa preparação. Pois bem... mais uma vez, por pura providência, ouvi hoje uma palestra do Pe. Fábio de Melo que falava sobre o direito de sermos frágeis, reconhecermos nossas fragilidades, nossas limitações, e buscarmos o crescimento.

Pe. Fábio nos fala que não é possível falar de crescimento humano se antes não falarmos de reconhecimento dos nossos limites. Precisamos reconhecer nossos limites, e sobretudo, trabalharmos a superação desses limites. Não podemos nos esconder em nossas limitações... não podemos nunca justificarmos algo usando nossas limitações como "desculpas". O reconhecimento das limitações deve ser voltado a sua superação. O primeiro passo é reconhecer onde a gente precisa melhorar.

Mas isso não é fácil... Nós somos naturalmente incentivados a esquecer nossas fragilidades... ignorá-las. Não é assim? Lembra da reação de um adulto ao ver uma criança chorar... ele sempre vai fazer tudo possível para que a criança pare de chorar fazendo mil caras e bocas, desviando a atenção da criança para outro ponto diferente do que a fez chorar. Ou seja, ignorar sua fragilidade. E não encará-la e vencê-la. Lembro bem quando levo meu filho ao médico, quando ele precisa tomar algum medicamento, uma injeção ou medicamento com uso do inalador. No princípio, quando ele era menorzinho, fazíamos de tudo para realmente desviar sua atenção do inalador, ou da injeção. Pediamos para ele olhar em outra direção de tal sorte a não ver a injeção antes da aplicação, e depois tentávamos mudar sua atenção da dor da picada. E isso não rendeu resultados. Tivemos melhor resultado quando, já um pouco maior, fazíamos com que ele entendesse que aquilo "não era nada"... brincávamos com o inalador para que ele visse que ele não ia se machucar com aquela "fumacinha". Até que ele venceu o medo do inalador, e hoje aos 4 anos, ele não chora mais... as vezes até pede para tomar "aeró", como ele mesmo fala. Com a injeção, ainda há uma certa resistência, mas agora encarada com valentia. Ele já encara a aplicação... fica com os olhos marejados no instante imediatamente antes da aplicação, mas logo em seguida mostro a ele que já passou, e que nem doeu tanto assim. Contamos historinhas de heróis que já precisaram tomar injeção em algum momento de sua infância, e ele se identifica com essas historinhas, e de alguma forma, assimila sua fragilidade, e a encara com bravura (pelo menos essas duas :-)).

Acredito que o processo de crescimento deve ser assim... Não devemos ignorar nossas fragilidades, mas encará-las para sua superação. Ter coragem é descobrir onde está a nossa fragilidade e ali trabalhar com um empenho um pouquinho maior. É não desconsiderar o que temos de bom, mas é também colocar atenção naquilo que ainda temos que melhorar.

O processo de superação de fragilidades é as vezes traumático... como a injeção que o meu Mateus precisa tomar. Vai doer um pouquinho na hora, mas passa. E quando passar, todo o mal que o incomodava (dor, febre, etc) vai embora.

O ensinamento de Jesus é sempre o avesso do avesso, como sempre diz Pe. Fábio. Quer ser santo? Assuma que você é fraco. Muitas vezes, neste processo de se conhecer, a gente sangra. E nós precisamos sangrar. Um dos maiores poetas da música diz isso.
Quando eu soltar a minha voz por favor, entenda
Que palavras por palavras
Eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca, peito aberto, vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando

O sangrar nos faz crescer... Deixa nossas fragilidades a mostra, e assim podemos ter a noção muito clara de que são fragilidades, e precisam ser superadas... vencidas. Isso é conversão. Fragilidades não são defeitos, mas apenas um indicativo do que precisa ser trabalhado em busca do crescimento, do que precisa ser melhorado.

Às vezes, nós colocamos muito mais atenção naquilo que as pessoas estão achando de nós, do que no que nós pensamos de nós mesmos. Busquemos conhecer nossas fragilidades. Vamos descobrir o que hoje em nós está "infeccionado", porque é preciso sangrar, é preciso reconhecer-se frágil. E melhorar!

Forte abraço, e que Deus nos abeçoe!

Marcus Rodrigues
(marcus.rodrigues@gmail.com)

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