"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Amar, mas na dose certa

O amor real promove, não aprisiona
O amor é um bem em si mesmo, mas, pode tornar-se prejudicial se o mesmo acontecer de maneira desordenada.

Amar é uma possibilidade confiada a todo ser humano. E é certo que todos amam algo na vida: uns amam coisas ruins e destrutivas, outros realidades boas, alguns amam aprisionando, outros tornando livre o ser.

O amor, quando ausente de tempero “na medida certa” angustía e faz sofrer.

Todo amor precisa concentrar em si a capacidade de decidir sempre pelo bem, mesmo quando esse não se constituí como a opção mais cômoda e agradável.

O amor maduro compreende que é preciso se doar aos poucos, pois afeto em excesso sufoca e não atraí sobre si o devido respeito.

Para amar bem é preciso começar em si. Quem não se respeita e não tem sensibilidade para compreender os próprios limites, não poderá respeitar e compreender o outro.

Quem não respeita o espaço de seus sagrados silêncios, confiando-os a outros, terá demasiada dificuldade para definir sua própria identidade.

O amor, para ser leal, precisa respeitar os limites que compreendem os espaços onde o coração descansa sem se conceituar.

O amor só é concreto quando antes de nos doarmos aos outros, conseguimos compreender e definir claramente nossa própria identidade.

Quem abre mão do que é para agradar a outros vive em profunda “alienação”.

Quem não se assume em sua singularidade, naquilo que gosta e que não gosta, não poderá amar com qualidade.

Aquele que se desprende da própria dignidade e personalidade, vive toda a vida “representando para ser aceito”.

Só podemos ser amados sinceramente quando assumimos, e somos assumidos integralmente em nossa verdade, naquilo que realmente somos.

Amor sem pessoalidade, sem respeitar e ser respeitado, é um amor destemperado.

Amar, sem tornar o outro cada vez mais livre, é uma maneira de camuflar um egoísmo que busca se afirmar a custa de um outro coração.

O amor real promove, não aprisiona.

O amor se faz perceber em uma relação, onde, cada vez mais, nos tornamos abertos a outras pessoas e não fechados naqueles que amamos.

O perfeito amor nos lança para frente, para o relacionamento com outras pessoas, e não nos reduz em nossa capacidade relacional.

Nas paginas do nosso coração o conceito de amor não pode se confundir com o de posse... pois, a liberdade é pressuposto essencial na relação onde o amor resolve fazer sua morada.

O amor fechado está destemperado, e com certeza ocasionará diversos dissabores.

Amar da maneira certa dá trabalho, mais, com certeza “vale a pena”. Quando o ser ama realiza o que é, realizando-se enquanto ser.

Amar com têmpero e na dose certa, faz um bem enorme e dá mais qualidade ao viver.

Precisamos compreender que todos somos capazes de amar e sermos amados. Quando no coração existe disposição, o amor firma seus passos e constrói sua própria estrada, trazendo um novo sabor a todas as coisas.

Não tenha medo de trilhar tal caminho, onde perdas ensinam e escolhas formam, e permita que o amor ensine, retirando os excessos, a força de seu dom.


Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com
Seminarista e missionário da comunidade Canção Nova, reside atualmente na missão de Palmas-TO. É formado em Filosofia e está cursando Teologia. Apresenta o programa "Contra-maré" pela rádio Canção Nova do Coração de Jesus, aos sábados das 16:00 às 18:00. Através do site www.arquidiocesedepalmas.org.br é possivel também acompanhar aos sábados toda a programação ao vivo .

Publicado originalmente no portal da Canção Nova

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