"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Natal nos 365 dias do ano

É assim que eu quero lhe dizer "Feliz Natal": ''Não há maior amor do que dar a vida!'' Foi o que disse e foi o que fez Jesus. É assim que acontece o Natal. Você e eu podemos realizá-lo não apenas no dia 25 de dezembro, mas nos 365 dias do ano. O segredo é dar a vida!

Obrigado, porque você é nosso sócio. É graças à sua contribuição que nós podemos, todos os dias, fazer uma verdadeira transfusão de vida para milhares de pessoas. Preciso da sua ajuda. Agradeço a sua fidelidade. Não podemos parar naquilo que já fizemos. Há muita gente precisando de vida neste Natal. No ano que se aproxima vamos partir juntos! Decididos! Porque o nosso projeto é: DAR ALMAS PARA DEUS! Não resta dúvida: para isso é preciso dar a vida.

Graças a Deus, temos feito o essencial e o temos feito bem porque temos mostrado Jesus a todos os que querem vê-Lo com olhos simples e encontrá-Lo de coração aberto. Essa é a ''boa obra'' que nós temos feito juntos. Nós temos tido a graça de devolver muitos para Deus e para a suas famílias. Hoje são novas pessoas. Durante todo este ano, mesmo sem saber, você foi colocando “bolas coloridas e brilhantes e muitos outros enfeites” na nossa “árvore de Natal” todas as vezes em que nos enviou a sua contribuição. Porque é esse dinheiro abençoado, que você nos envia todos os meses, que nos dá a chance de fazermos, com a graça de Deus, essas boas obras tão lindas, como tantas que temos visto e partilhado.

Tenha a certeza: “a árvore de Natal” da nossa família Canção Nova está cheia de muitas ''boas obras'' que fizemos juntos, por causa da sua fidelidade mês a mês. Olhando para esta “linda árvore de Natal”, os anjos cantam: ''Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por Ele amados''. É assim que se faz um Mundo Novo. É assim que se semeia a paz! Você deu a muitos a graça de ter um Feliz Natal!

Eu sei que posso contar com você!

Deus o abençoe!

Feliz Natal! E não se esqueçam: Natal Feliz e Natal com Cristo!


Monsenhor Jonas Abib

domingo, 16 de dezembro de 2007

Amigos para Sempre!




Para ouvir o som desse vídeo, faça uma pausa na Círculo Verde FM (canto inferior esquerdo do blog).

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Óh Natal, onde estás?

Entra ano e sai ano, e na época do Natal, somos bombardeados pelos meios de comunicação seculares, e pelo comércio em geral, com fortes e insistentes apelos (super luminosos, coloridos, belos, e criativos) ao consumo materialista.

São roupas novas, brinquedos de todo tipo, eletrodomésticos, carros novos, sem esquecer das guloseimas (chester, vinho, rabanada, e muito mais) numa enorme mesa bem decorada que induzem uma vivência de Natal totalmente distorcida e esvaziada do real propósito desta celebração.

Aliás, a imagem de Natal que é vendida pela mídia secular não corresponde jamais à realidade da maioria da população brasileira, cuja renda reduzida não permite mesmo tais gastos com presentes e comidas típicas...

O centro das atenções no tempo do Natal precisa ser o Nascimento de Jesus!
Por que?

Primeiro, o cristianismo sabiamente foi abraçando a festa pagã do solstício de inverno, anteriormente existente, e foi dando um novo sentido para festejar e celebrar: O Deus-Amor que se encarnou e nasceu como um bebê indefeso pra estar em comunhão com a vida humana. Ele é o Sol que ilumina e transforma a vida de todos que estavam nas trevas espirituais.

Depois, porque esta festa é, depois da Páscoa, a mais importante celebração para reavivar nossa experiência do Amor Incondicional que Deus tem por cada um de nós.

E com certeza, hoje em dia não há nada que as pessoas precisem mais do que ser amadas, voltar a acreditar no Amor, experimentar o gosto do perdão reconciliador, e redescobrir que amar ao próximo é possível, e até indispensável, se querem ser felizes e ver um mundo novo e melhor.
Natal é tempo de enfeitar a casa com os símbolos cristãos que nos levem a meditar neste Deus-Menino-Amor!

O presépio por excelência é o grande enfeite para este tempo...

Natal é tempo de reunir a família, os filhos que estudam fora, os tios que se mudaram por motivos de trabalho, os primos que há anos não vemos, e claro, o vô e a vó, para quem os tem ainda por aqui...

Natal é tempo de orar em família, de louvar a Jesus-Menino, e agradecer o dom de sermos família, de estarmos unidos (é mais que reunidos), de nos amarmos, de nos alegrarmos, de brincarmos juntos...
Natal é tempo de todos irem sedentos e sensíveis para a Celebração da Santa Missa do Nascimento de Jesus!

Natal é tempo do Amor Perfeito que ama a cada um de nós do jeito que somos, imperfeitos...

Natal é tempo de fazer algo por quem tem menos condições que nós...

Como visitar um orfanato levando, além de presentes para as crianças carentes, o seu tempo, a sua presença, o seu amor, a sua disposição de conversar com elas, abraçá-las, beijá-las, brincar com elas, contar histórias... Doar alimentos, roupas, para aquela família pobrezinha que você sabe que existe, talvez sejam parentes da pessoa que presta serviços à sua casa...

E não precisa ir longe, talvez alguém que mora ao seu lado precise ao menos de amizade desinteressada...

Mais simples ainda... talvez um telefonema ''natalino'' seu para 'aquela pessoa' seja amor em gestos...

Natal é um tempo profundamente místico onde o Deus-Amor nos lembra que somos amados e nos impulsiona a amar com gestos concretos às outras pessoas ao nosso redor.

Viu, só?

A essência do Natal não está à venda em nenhuma super-promoção das melhores lojas da sua cidade...

A essência do Natal nos é dada gratuitamente na Pessoa de Jesus-Menino, Deus que não se cansa de te amar...


Feliz Verdadeiro Natal!!!

(Texto de Ulisses Henrique da Comunidade Canção Nova)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Refelxão sobre o Advento

Disse o anjo a José: “Maria dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados”. (Mt, 1,21) Curar a humanidade dos seus pecados e livrá-la do poder da morte foi a razão pela qual o Verbo de Deus se fez carne na pessoa de Jesus. O mundo de hoje perdeu a noção de pecado, mas essa ignorância não diminui, antes intensifica o poder destruidor do pecado na vida humana.

O tempo do Advento nos convida à meditação sobre o nosso pecado, sobre a nossa paralisia espiritual. Devemos ter consciência de que na vida espiritual ninguém fica parado: ou se progride ou se regride. O perdão dos nossos pecados é uma dádiva maravilhosa que Deus nos fez e devemos por isso glorificá-lo sempre. Mas sabemos dar o devido valor ao sacramento da Penitência?

Pe. D. Justino Silva de Souza, OSB

Publicado no Portal da CNBB

Saiba como participar da Campanha de Evangelização


Da Redação, CNBB

Durante o mês de dezembro a Igreja Católica vive o tempo do advento, a preparação da vinda do Senhor. Uma das ações dessa época é a Campanha da Evangelização. Até o dia 16 de dezembro, todos os católicos se mobilizam para proclamar ainda mais os ensinamentos do Evangelho.

A Campanha de Evangelização foi criada pela CNBB iniciou em 1998 e realiza-se cada ano no tempo do Advento, em todo o Brasil. O objetivo desta Campanha é despertar os batizados para o compromisso evangelizador e para a responsabilidade pela sustentação das atividades pastorais da Igreja no Brasil. A colaboração dos fiéis é partilhada, solidariamente, entre os organismos nacionais da CNBB, os seus 17 regionais e as dioceses, visando à execução das atividades evangelizadoras, programadas nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora e nos Planos Bienais.


.:Entrevista com Cardeal Odilo Scherer sobre a Campanha da Evangelização

A coleta nacional para a evangelização acontece no 3º Domingo do Advento. O valor angariado pela coleta constitui o Fundo para a Evangelização, que é administrado pela Comissão para Assuntos Econômicos da CNBB e é destinado a apoiar as atividades evangelizadoras em nível diocesano, regional e nacional. Os recursos arrecadados são destinados da seguinte forma: Dioceses, 45 por cento; Regionais, 20 por cento e Nacional, 35 por cento do total arrecadado.

Oração da CE 2007

Senhor Jesus Cristo, Vós deixastes
aos apóstolos e a nós a missão de evangelizar.
Renovai em nós o ardor e a consciência da nossa responsabilidade em participar da obra da Evangelização.
Dai-nos um coração generoso
para colaborar espiritual e materialmente na missão.
Com a nossa oferta, feita com alegria,
queremos levar a outros a Boa Nova do Evangelho.
Amém!


sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Plantar o amor

O egoísmo parece aflorar na pele, denunciando o que sentimos

Vivemos em uma época em que a demonstração de boa vontade e disponibilidade de tempo para uma convivência saudável entre as pessoas estão mais distantes. Amar nos parece mais complicado, no entanto, há de se pensar que nos complicamos por pouca coisa.

Em nossos dias, deveríamos colocar como urgente necessidade o ato de amar para compreender, perdoar, dialogar, solidarizar e partilhar. Todavia, os tempos difíceis inibiram iniciativas positivas, denunciando assim a escassez de ações como as do bom samaritano, filho pródigo e a melhor distribuição de renda em favor de um mundo menos injusto.

Reconhecidamente, não são poucas as pessoas empenhadas na construção de uma sociedade mais humana e fraterna. Ressalte-se, entretanto, que experimentamos momentos de incertezas e muitas tribulações, contendas e embates.

Certamente, muitas são as batalhas que temos de enfrentar no transcorrer das horas, e usar de todas as nossas forças é fundamentalmente útil para transpor as dificuldades, os medos ou receios que se nos apresentam no cotidiano.

Para tanto, devemos deixar de olhar apenas para os nossos interesses mesquinhos. Abandonar o vício da insensatez, que corrói nossas entranhas, pode ser um dos caminhos, pois inúmeras são as nossas mágoas por nossos fracassos e incompreensões com relação aos nossos semelhantes.

Claro, não nos faltam 'oportunidades' para exalarmos o mau cheiro dos ressentimentos. Por isso, precisamos sair do 'comainduzido' a que fomos submetidos pela propaganda enganosa do consumismo, que nos corrompe e nos leva a divergências e desentendimentos.

Amargurados e avarentos. O egoísmo parece aflorar na pele, denunciando o que sentimos e carregamos dentro de nós.

Temos de nos desvencilhar dos grilhões que nos impedem de avançar no bom caminho, isto é, em direção aos outros para acolhê-los. Trata-se de uma tarefa que, necessariamente, precisa ser feita e só conseguiremos com amor para – da nossa fragilidade – fortalecer o espírito.

Se abandonarmos definitivamente os indesejáveis vícios, que evidenciamos em nossas atitudes, daremos um passo importante para uma mudança radical em favor da vida.

O amor é o antídoto. Quem verdadeiramente ama propõe, na simplicidade do gesto de amar, a construção do indivíduo responsável e, conseqüentemente, a educação para uma sociedade mais justa.

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Reinaldo Cesar
jornalista TVCN

Publicado no Portal da Canção Nova

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Não deixe esse sorriso acabar

Caríssimos,

Infelizmente muitas pessoas são movidas a modismos... Mas tivemos recentemente um excelente exemplo de "modismo"... a mobilização para a doação de medula óssea, disparada pela campanha de recuperação do Pequeno Mateus Araripe. Participar da campanha de doação de medula foi "in" ("maneiro", "da hora", "legal", etc) durante um tempo. Infelizmente não foi possível salvar o pequeno Mateus, mas a semente da solidariedade foi plantada no coração de muitos, e tivemos um crescimento considerável no número de cadastro de doadores de medula e doadores de sangue. Esse foi um dos grandes legados deixados pelo Super Mateus, que como eu disse outro dia, de pequeno só tinha a estatura física... sua altura ia às estrelas, como todo super herói.

Mas temo que o assunto esteja saído da moda... E para não deixar que isso aconteça, continuemos a campanha pela doação. Há muitos outros "Mateus" que esperam por um doador compatível. Um desses casos, é o pequeno Bruno Edson.


Divulguemos mais essa belíssima campanha, e mantenhamos acesa a moda da solidariedade.

Forte abraço, e Deus nos abeçoe!

Palavras, apenas um reflexo de nosso interior

As palavras ditas e a forma como as expressamos diz verdadeiramente como está o nosso interior, diz das muitas situações e verdades que vivemos, se estamos bem ou não, pois se alteramos a nossa voz por causa dos muitos sentimentos ou se silenciamos, isso vai mostrar duas situações distintas dentro do nosso ser, como devo agir para melhor me conhecer. A palavra tem sempre o poder de trazer as claras, aquilo que ficou escondido nas entrelinhas. Palavras dolorosas e agressivas muitas vezes falam de uma dor contida, que não é aceita por causa dos muitos transtornos causados ou que ainda está por vir, percebida e detectada por quem sabe perceber. Nem sempre é fácil ter o controle sobre elas, pois quando falamos, estamos expondo o escondido, e ao mesmo tempo uma parte de nós mesmo, que muitas vezes não compreendemos que vem a tona e nos confunde esclarecendo o seu significado, mostrando quem somos a partir dos sentimentos contidos em nosso inconsciente. Palavras, gestos e expressões, nada são que unicamente pedaços de nós, que não está sob nós mesmo quando não as controlamos. Por isso deixamos de ser o que deveríamos ser, diferente do que seríamos passando pelo processo de assumir o que verdadeiramente somos. Resumindo, somos um mistério para nós mesmo, que só teremos a clareza quando colocarmos o olhar de Deus sobre nós. Daí já não será as palavras, mas os gestos do próprio Deus falando e agindo em nós.

João Marques.
Com. Canção Nova

Publicado no Blog Missão Fortaleza

Campanha Construção do Rincão

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Precisamos aprender a ser filhos

Mesmo que nos afastemos do Pai, não seremos esquecidos por Ele

Em muitas situações de sofrimento e de angústia chegamos a dizer que Deus nos abandonou. Ainda que nos precipitemos e nos afastemos, o Senhor nunca se esquecerá de nós. Deus não nos escolhe pelo que fazemos. Deus sempre acredita em você, sempre acreditou e sempre continuará acreditando!

Que prova maior preciso ter do amor de Deus senão a minha própria vida?

Arrisco dizer que existe algo que é impossível para Deus: deixar de nos amar, nos perdoar e nos acolher!

Quando foi que o Senhor não nos amou, não nos acolheu e não nos perdoou?

Sempre nos perguntamos o porquê das coisas tristes que acontecem em nossas vidas e quase nunca nos não perguntamos o para quê.

Você já parou para pensar no quanto Deus já fez em sua vida? Talvez muitos da sua família, dos seus amigos ainda não tiveram um encontro com o Senhor, porque você ainda não reconheceu aquilo que o Senhor fez por você e em você. Veja as obras de Deus na sua vida; não só as perceba, mas anuncie essas maravilhas aos demais. Ele tem uma obra para cada um de nós.

Você já se perguntou o porquê do chamado de Deus e para que Ele o chamou?

O Senhor quer que façamos a diferença onde quer que estejamos. Anunciar o Evangelho com toda a força do nosso coração significa levar as pessoas a terem – a partir de nosso testemunho – uma experiência com o amor de Deus.

Deus sempre acredita e aposta em cada um de nós. Muitas vezes, nós não acolhemos o amor de Deus porque não temos atitudes de filhos para com Ele. Minha mãe me dizia: "Vocês precisam aprender a ser gente!" Na época, eu não entendia isso bem, mas, hoje, eu o compreendo. Ela estava certa. Precisamos aprender a ser filhos!

Lembro-me da história de um bispo que, discutindo com sua mãe, disse: "Mãe, a senhora me respeite porque eu sou um bispo", quando sua mãe lhe disse: "Você que me respeite, pois sou sua mãe".

Precisamos agir como filhos em nosso relacionamento com Deus. Eu preciso reconhecer que o Senhor me acolhe. Deixe-se amar por Ele. Precisamos confiar no Senhor e ver as maravilhas que Ele faz em nossas vidas. Mesmo que sua vida esteja parecendo impossível, o Senhor nunca o abandonará, pois para Ele tudo é possível e Ele está com você.

Não queira andar na frente de Jesus, deixe-O lhe mostrar o caminho.

Artigo extraído de uma homilia do padre Cido em fevereiro de 2006

Padre Cido
Comunidade Canção Nova

Publicado no Portal da Canção Nova

Pré-julgamento - Você faz?

Você já julgou alguém hoje?
ou...
Você tentou entender alguém hoje?

Quando entendemos o Ernani
Certa vez, trabalhei em uma pequena empresa de Engenharia.
Foi lá que fiquei conhecendo um rapaz chamado Mauro. Ele era grandalhão e gostava de fazer brincadeiras com os outros, sempre pregando pequenas peças.
Havia também o Ernani, que era um pouco mais velho que o resto do grupo. Sempre quieto, inofensivo, à parte, Ernani costumava comer o seu lanche sozinho, num canto da sala. Ele não participava das brincadeiras que fazíamos após o almoço, sendo que, ao terminar a refeição, sempre sentava sozinho debaixo de uma árvore mais distante.
Devido a esse seu comportamento, Ernani era o alvo natural das brincadeiras e piadas do grupo. Ora ele encontrava um sapo na marmita, ora um rato morto em seu chapéu. E o que achávamos mais incrível é que ele sempre aceitava aquilo sem ficar bravo.
Em um feriado prolongado, Mauro resolveu ir pescar no Pantanal. Antes, nos prometeu que, se conseguisse sucesso, iria dar um pouco do resultado da pesca para cada um de nós.
No seu retorno, ficamos todos muito animados quando vimos que ele havia pescado alguns dourados enormes. Mauro, entretanto, levou-nos para um canto e nos disse que tinha preparado uma boa peça para aplicar no Ernani. Mauro dividira os dourados, fazendo pacotes com uma boa porção para cada um de nós. Mas, a 'peça' programada era que ele havia separado os restos dos peixes num pacote maior, à parte.
— "Vai ser muito engraçado quando o Ernani desembrulhar esse 'presente' e encontrar espinhas, peles e vísceras!", disse-nos Mauro, que já estava se divertindo com aquilo.
Mauro então distribuiu os pacotes no horário do almoço. Cada um de nós, que ia abrindo o seu pacote contendo uma bela porção de peixe, então dizia:
— "Obrigado!".
Mas o maior pacote de todos, ele deixou por último. Era para o Ernani. Todos nós já estávamos quase explodindo de vontade de rir, sendo que Mauro exibia um ar especial, de grande satisfação. Como sempre, Ernani estava sentado sozinho, no lado mais afastado da grande mesa. Mauro então levou o pacote para perto dele, e todos ficamos na expectativa do que estava para acontecer.
Ernani não era o tipo de muitas palavras. Ele falava tão pouco que, muitas vezes, nem se percebia que ele estava por perto. Em três anos, ele provavelmente não tinha dito nem cem palavras ao todo. Por isso, o que aconteceu a seguir nos pegou de surpresa.
Ele pegou o pacote firmemente nas mãos e o levantou devagar, com um grande sorriso no rosto. Foi então que notamos que seus olhos estavam brilhando. Por alguns momentos, o seu pomo de Adão se moveu para cima e para baixo, até ele conseguir controlar sua emoção.
— "Eu sabia que você não ia se esquecer de mim", disse com a voz embargada.
— "Eu sabia, você é grandalhão e gosta de fazer brincadeiras, mas sempre soube que você tem um bom coração". Ele engoliu em seco novamente, e continuou falando, dessa vez para todos nós:
— "Eu sei que não tenho sido muito participativo com vocês, mas nunca foi por má intenção. Sabem... Eu tenho cinco filhos em casa, e uma esposa inválida, que há quatro anos está presa na cama. E estou ciente de que ela nunca mais vai melhorar. Às vezes, quando ela passa mal, eu tenho que ficar a noite inteira acordado, cuidando dela. E a maior parte do meu salário tem sido para os seus médicos e os remédios. As crianças fazem o que podem para ajudar, mas tem sido difícil colocar comida para todos na mesa. Vocês talvez achem esquisito que eu vá comer o meu almoço sozinho, num canto... Bem, é que eu fico meio envergonhado, porque na maioria das vezes eu não tenho nada para pôr no meu sanduíche. Ou, como hoje, eu tinha somente uma batata na minha marmita. Mas eu quero que saibam que essa porção de peixe representa, realmente, muito para mim. Provavelmente muito mais do que para qualquer um de vocês, porque hoje à noite os meus filhos...", ele limpou as lágrimas dos olhos com as costas das mãos. — "Hoje à noite os meus filhos vão ter, realmente, depois de alguns anos..." e ele começou a abrir o pacote...
Nós tínhamos estado prestando tanta atenção no Ernani, enquanto ele falava, que nem havíamos notado a reação do Mauro. Mas agora, todos percebemos a sua aflição quando ele saltou e tentou pegar o pacote das mãos do Ernani. Mas era tarde demais. Ernani já tinha aberto e pacote e estava, agora, examinando cada pedaço de espinha, cada porção de pele e de vísceras, levantando cada rabo de peixe.
Era para ter sido tão engraçado, mas ninguém riu. Todos nós ficamos olhando para baixo. E a pior parte foi quando Ernani, tentando sorrir, falou a mesma coisa que todos nós havíamos dito anteriormente:
— "Obrigado!".
Em silêncio, um a um, cada um dos colegas pegou o seu pacote e o colocou na frente do Ernani, porque depois de muitos anos nós havíamos, de repente, entendido quem era realmente o Ernani.
Uma semana depois, a esposa de Ernani faleceu. Cada um de nós, daquele grupo, passou então a ajudar as cinco crianças. Graças ao grande espírito de luta que elas possuíam, todas progrediram muito: Carlinhos, o mais novo, tornou-se um importante médico. Fernanda, Paula e Luisa montaram o seu próprio e bem-sucedido negócio: elas produzem e vendem doces e salgados para padarias e supermercados. O mais velho, Ernani Júnior, formou-se em Engenharia; sendo que, hoje, é o Diretor Geral da mesma empresa em que eu, Ernani e os nossos colegas trabalhávamos.
Mauro, hoje aposentado, continua fazendo brincadeiras; entretanto, são de um tipo muito diferente:
Ele organizou nove grupos de voluntários que distribuem brinquedos para crianças hospitalizadas e as entretêm com jogos, estórias e outros divertimentos.
Às vezes, convivemos por muitos anos com uma pessoa, para só então percebermos que mal a conhecemos.
Nunca lhe demos a devida atenção; não demonstramos qualquer interesse pelas coisas dela; ignoramos as suas ansiedades ou os seus problemas.
Que possamos manter sempre vivo, em nossas mentes, o ensinamento de Jesus Cristo:
"Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros."(João 13,34).
Assim seja!
Oração:
Senhor, na profissão que abracei, quero cumprir da melhor maneira o meu dever.
Sempre disposto a dar de mim tudo o que estiver ao meu alcance, para atender a quem de mim precisar.
Quero viver do meu trabalho, sempre que puder. E fazer dele, não apenas uma fonte de vida, mas principalmente um serviço ao próximo.
Acima de tudo, quero ver no meu semelhante alguém tal e qual eu também sou: semelhante a Vós, Criador e Amigo de todos nós.
Amém!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Início do advento

Iniciamos o Advento. A palavra "advento" quer dizer "que está para vir". O tempo do Advento é para toda a Igreja, a vivência do mistério de espera e preparação da vinda de Cristo. Neste tempo celebramos no primeiras semanas a espera da segunda vinda, e nas semanas mais próximas a seu fim a preparação para as solenidades de sua primeira vinda, seu nascimento. Tempo natalício.

Não lembro exatamente em que momento, mas em algum ponto da minha história, criei uma certa melancolia por esse período do ano. Não sei nem mesmo se melancolia seria a palavra certa. Mas o fato é que sempre fico triste nesse período do ano. E hoje, na pregação do Padre Marcos (Paróquia São Vicente de Paula) acho que vi um pouco do porque dessa melancolia.

Pe. Marcos nos falava sobre a apatia dos cristão em tempos de Natal. A cidade fica linda, cheia de luzes e cores de Natal... mas um Natal comercial, um Natal consumista. E esse era o sentimento que eu tinha... daí a tal da melancolia. Na verdade fui contaminado com esse sentimento, e isso sempre me fez muito mal. Perdi um pouco do encanto do Natal, por achar que todos sempre estavam muito mais preocupados com presentes, roupas de Natal, compras, e a festa do Papai Noel. Cristo, o principal homenageado, achava eu que estava esquecido, lá no fundo do coração das pessoas. De fato está para algumas pessoas. E essas eram as que mais me incomodavam. E por conta disso passei a me sentir triste nesse período do ano.

Mas hoje, com o primeiro domingo do Advento, faço não uma provocação a vocês, leitores desse blog, como sempre faço. Mas sim faço uma provocação a mim. O Natal não está lá fora... e não posso querer mudar as pessoas assim. O Natal deve nascer em mim... dentro do meu coração... lá onde acho que todos escondem o sentimento de Natal. Devo fazer o Natal dentro de mim. Cristo tem que nascer dentro do meu coração. Esse é o advento! Essa é a conversão!

É engraçado, mas isso de certa forma vem casar com todos os artigos da semana passada. Mesmo sem saber, me preparava para o advento (e de certa forma, preparava também os leitores desse blog... pelo menos eu acho). Mesmo sem saber, mas guiado pela Providência, falei sobre a conversão que devemos nos submeter na preparação para o advento. E a liturgia de hoje confirma tudo isso. Hoje ao ouvir a liturgia dominical com a primeira e segunda leitura, e de forma muito forte com o Evangelho do dia (Mt 24,37-44) me senti realmente tocado por esse sentimento de convocação ao advento. Aos ouvir as palavras do Pe. Marcos achava que ele estava falando diretamente para mim (até disse isso para a Andréa). Me senti balançado por suas palavras. Uma provocação de fato! Devemos estar preparados para o que está por vir... Devemos nos preparar para o nascimento de Jesus. EU devo estar preparado para o que estar por vir. Devo buscar minha conversão.

E essa será minha missão nos próximos dias. Renascer com o Advento. Resgatar o verdadeiro sentimento de Natal, perdido em algum lugar em meu coração. E não contaminar, mas sim tentar contagiar a todos com o verdadeiro sentimento que Cristo deve nos inspirar!

Que a preparação para o que está por vir encha nossos corações com o verdadeiro amor de Jesus Cristo!

Deus nos abençoe, e a Virgem Maria nos ilumine e inspire com seu amor!

Marcus Rodrigues
(marcus.rodrigues@gmail.com)