"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O respeito sem medo

Por muito tempo, a educação dos filhos ficava essencialmente a cargo das mães. Além das atividades domésticas, nossa mãe se dividia também em professora e mestra. Muitos de nós somos resultados dessa “maternal” formação. Os tempos mudaram, e notamos que em muitos lares essa situação já ganhou outra tônica.

Como característica das famílias do século XXI, encontramos um maior envolvimento das mães no mercado de trabalho. Com isso, exigiu de nós, pais, uma participação mais direta na educação dos filhos. Nos finais de semana, tornou-se mais comum ver pais empurrando os carrinhos de seus bebês. As reuniões de pais e mestres que, anteriormente, contava com a participação das mães, pouco a pouco, vem ganhando maior número de pais que buscam se inteirar da vida escolar de seus filhos.

Percebo o quanto é importante para a criança notar o interesse do pai por ela, em seus afazeres, suas brincadeiras e, de maneira especial, em sua vida escolar. Nessa convivência não ficará difícil perceber que nossas crianças aprenderam a argumentar com a eloqüência pertinente à idade delas, sabendo apresentar suas razões na tentativa de nos convencer em determinada situação. Hoje, fazendo uma avaliação do comportamento de nossas crianças é possível notar que quanto maior for o nosso envolvimento paternal na vida delas, tanto maiores serão a segurança, a confiança e o equilíbrio de suas emoções. Pois quem de nós não gosta de ser notado pelo outro?

Infelizmente, algumas pessoas ainda insistem em obter o controle da situação impondo-lhes o medo, no sentido de intimidá-las. Acredito que para uma criança, a vantagem da educação equilibrada e em conjunto, – ou seja, entre pais e mães –, coloca sob o mesmo nível a autoridade e respeito de ambos; deixando cair por terra a frase que muitos de nós já ouvimos: “Quando seu pai chegar, ele vai saber disso! Aí você vai ver!”

Que objetivo alguém poderia lucrar com técnicas desse tipo?

Na verdade, se a criança viesse a corrigir seu próprio comportamento com esse tipo de atitude, estaria o fazendo não por respeito, mas por medo daquele que, no seu entendimento infantil, detém maior autoridade.

Talvez o grande desafio para muitos pais – ao perceber que ainda há uma distância no relacionamento entre eles e os filhos – será o de romper a barreira invisível da autoridade: conquistada por meio da “cara carrancuda”. Um bom início seria começar a se interessar pela vida dos filhos, de modo que os laços de amizade cresçam onde brotaram, indevidamente, as “ervas” do autoritarismo ou da intimidação. Pois ninguém jamais vai comentar sobre suas inseguranças ou projetos para alguém de que não se sente amigo.

É claro que com o passar do tempo e com o crescimento de nossas crianças, suas justificativas e argumentos a respeito de seus próprios projetos tenderão a ser cada vez mais fortes. Entretanto, com a conquista do respeito, que cabe aos pais obterem, da segurança e confiança dos filhos, será mais fácil alcançar o entendimento e equilíbrio diante das situações que poderão nos fazer prender a respiração ou que nos pareçam adversas.

Deus abençoe a todos nós, pais, e eternos aprendizes.

Dado Moura

Publicado no Blog Comportamento

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