As lentes são muito frias, não conseguem nos deixar ver por dentro
Uma menina muito esperta olhava, sentada aos pés de sua mãe, a costura que ela estava a bordar. Vendo de baixo a garota estava confusa, pois via um emaranhado de linhas de várias cores, mas sem sentido, não dava para entender nada. Incomodada, perguntou: – “Que está fazendo, mamãe, com tanta atenção neste monte de linhas? Eu não estou entendendo nada”. A mãe lhe respondeu: – “Estou bordando uma linda peça para enfeitar o seu quarto”. Imediatamente retrucou a menina: – “Eu não quero esse desenho feio!” A mãe, com toda calma, disse: – “Levante-se do chão e sente-se aqui do meu lado, para que você possa ver de cima, pois de cima se enxerga diferente”. Então ela viu um lindo arco-íris com todas as cores e bem feitinho.
De cima se veem as coisas de modo diferente. Quantas vezes, estamos exatamente como essa garota: olhando as coisas de baixo, no emaranhado, no burburinho, na agitação. Julgamos as coisas e as pessoas por aquilo que vemos ou por aquilo que nos falaram. Dessa forma, não temos a visão verdadeira da realidade e, por isso, muitas vezes, desanimamos e abandonamos um sonho, um projeto, ou desistimos de algo ou de alguém. Tudo isso, porque não decidimos ver as coisas do alto, de cima. Precisamos nos distanciar para ver melhor, ver os detalhes e entender o contexto.
Eu preciso de lentes especiais para que eu consiga enxergar o real e não ficar com as aparências, os “pré-conceitos”. Porque o essencial é invisível aos olhos, como lemos em “O pequeno príncipe”! É preciso alargar a visão, pois nem tudo que reluz é ouro, assim como nem tudo que brilha demais é precioso. Percebo o quanto a minha visão limitada me atrapalhou, pois o que eu via era uma parte e não o todo. Porque Deus nos surpreende, porque Ele nos enxerga no todo e não pela metade, por isso, nos ama. As lentes são muito frias, não conseguem nos deixar ver por dentro, por isso, eu preciso de lentes humanas e confiáveis.
Hoje eu me decido a ver as coisas de cima e não de baixo, não vou me contentar com minha visão e meus conceitos limitados. O amigo verdadeiro sempre nos enxerga na medida certa, não nos esconde a verdade nem fica mascarando as coisas. Eu posso dizer que meus amigos são minha segunda visão, e na maioria das vezes enxergam melhor do que eu. Quanto mais diferente o amigo, melhor é, pois é na auteridade, na diferença, que eu muitas vezes me descubro, afinal “as diferenças não são barreiras, são riquezas!”
Alarga, Senhor, a minha visão, cura a minha miopia, dai-me as lentes da Verdade e da Caridade. Mas, como mesmo de óculos eu não enxergo, dai-me muitos e verdadeiros amigos: “Amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o encontrou, encontrou um tesouro” (cf. Eclesiástico 6, 14-17).
Se você anda enxergando pouco, onde estão os seus amigos? Enxergar sozinho é pobre, é tão bom saber que posso dividir ou somar minha visão com meus amigos, eles “são o meu segundo coração”. É muito bom saber que não estou sozinho. Procure alargar a sua visão, não tenha medo dos outros.
E aos meus amigos: obrigado por me fazerem enxergar melhor. Muitas vezes os amigos se ausentam para que eu possa enxergar sozinho. O respeito é fundamental na amizade, por meio dele você consegue tirar as vendas do orgulho dos olhos de alguém.
Aos meus amigos que me ajudam a enxergar: obrigado!
Minha bênção amiga!
Publicado no Portal da Comunidade Católica Canção Nova
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