"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Fidelidade: coisa fora de moda?


A fidelidade está aliada à confiança, juntas exigem renúncias

Muitos equipamentos eletrônicos têm como característica de sua performance a fidelidade na reprodução dos sons e imagens. Esta característica, que é valorizada nesses equipamentos, parece estar correndo risco de vida nas relações entre as pessoas. Percebemos que políticos não são fieis às suas ideologias nem aos seus eleitores; assim como pessoas que vivem sob o vínculo de um relacionamento também atropelam a fidelidade quando a consideram uma virtude fora de moda ou buscam realizar desejos reprimidos por muito tempo.

Assumir com responsabilidade compromissos com uma pessoa ou instituição exige que manifestemos concordância com seus princípios por meio da sinceridade de nossos atos. Acredito que a fidelidade está aliada à confiança – as quais, juntas – exigem renúncias por parte daqueles que as valorizam. Sabemos que a ausência de uma dessas virtudes traz instabilidade e insegurança para a harmonia dos relacionamentos.

Para justificar os atos de infidelidade, muitas novelas e programas de televisão tratam o assunto como se fosse algo comum, e na maioria das vezes atribuem à ausência de afeto, carinho e atenção como sendo os pivôs deste ato falho.

A reação de certo conformismo para o ato de infidelidade parece ser facilmente tolerado quando se considera a hipótese de se experimentar breves momentos de felicidade que não inspiram vínculos. No entanto, precisamos estar atentos aos efeitos maléficos desse ato. Ao contrário do que possam exigir nossas carências e apelos de nossos mais primitivos instintos, temos de ter consciência dos reflexos negativos que podem ofuscar nossos valores e princípios.

Na vida a dois, facilmente as pequenas discussões ou desatenções ganham proporções exageradas de um dia para o outro. Ao final de uma semana, os casais podem mal se tocar ou conversar, e se tal situação se prolongar, em pouco tempo, poderão até considerar a possibilidade de encontrar alguém que possa suprir suas carências. Diante de momentos de fragilidade, ocasionados pelo sentimento de abandono e desatenção, não será difícil encontrar alguém que se disponha a ser a personificação da “boa intenção”.

Se os resquícios de uma traição contaminar a base que a sustenta, certamente a fidelidade e a confiança estabelecidas no compromisso de amor não serão mais as mesmas. Antes mesmo de dar asas à “serpente” vale a pena corrigir os acidentes de percurso dos relacionamentos, como a falta de atenção e de solidariedade, entre outros. Assim não experimentaremos o amargor do arrependimento de ter lançado “pérolas aos porcos”.

Deus ajude a cada um daqueles que se dispõe a acreditar na realização do impossível quando se amam.

Um abraço

José Eduardo Moura
Publicado no Blog Comportamento

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Harmonia Conjugal


Casamento, uma escola de amor
O casamento, e a família de modo especial, é uma escola de amor, porque a convivência diária obriga a acolher os outros com respeito, diálogo, compreensão, tolerância e paciência. Esse exercício forte de vivência das virtudes faz cada um crescer como pessoa humana. Na família, Deus nos ensina a amar e nos dá a oportunidade de sermos amados.

A harmonia conjugal é atingida quando o casal, na vivência do amor, ‘supera-se a si mesmo’ e harmoniza as suas qualidades numa união sólida e profunda. Quando isso ocorre cada um passa a ser enriquecido pelas qualidades do outro. Há, então, como que uma transfusão de dons entre ambos. Mas, para isso, é preciso que o casal chegue à unidade, superando as falsidades, infantilidades, mentiras e infidelidades. Para chegar a esse ponto é necessário olhar para o outro com muita seriedade, respeito e atenção.

Ninguém é obrigado a se casar e a constituir uma família, mas se tomamos esta decisão, então devemos ‘casar pra valer’, com toda responsabilidade. Aquela pessoa com quem decidimos nos casar é a ‘escolhida’ entre todos os homens ou mulheres que conhecemos; e, portanto, como o(a) eleito(a), devemos ter-lhe em alta estima, como a pessoa ‘especial’ na nossa vida, merecedora, portanto, de toda atenção e respeito.

É lamentável que entre muitos casais, com o passar do tempo, e com a rotina do dia-a-dia, a atenção com o outro, e, pior ainda, o respeito, vão acabando. Não tem lógica, por exemplo, que um ofenda o outro com palavras pesadas, o que provoca ressentimentos; não tem cabimento que o marido fique falando mal da esposa para os outros, criticando-a para terceiros. Isso também é infidelidade. Pois esta não acontece somente no campo sexual.

Por outro lado, é preciso cuidar para que a atenção e o carinho para com o outro não diminuam. É importante manter acesa a chama do desejo de agradar o outro. São nos detalhes que muitas vezes isso se manifesta: Qual é a roupa que ela gosta que eu vista? Qual é o corte de cabelo que ele gosta? Qual é a moda que ele gosta? Qual é a comida de que ele gosta? Quais são os móveis que ela gosta? Qual é o carro que ela prefere? Qual é o lazer que ele gosta? Enfim, a preocupação em alegrar o outro – sem cair no exagero, é claro – é o que mantém a comunhão de vidas.

Ouça comentários de André e Cris Bittencourt sobre o tema


Isso não quer dizer que o amor conjugal deva ser um ‘egoísmo a dois’. Como dizia Exupéry: “Amar não é olhar um para o outro, mas é olhar ambos na mesma direção”. Isto é, o casal não pode parar em si mesmo, ele tem grandes tarefas pela frente: os filhos, a ajuda aos outros, a vida na Igreja, entre outros. Importa olhar na mesma direção e caminhar juntos.

Para que a harmonia aconteça é preciso conhecer o outro. Cada um de nós é um mistério insondável, único e irrepetível. Somos indivíduos. Não haverá dois iguais a você na face da terra e na história dos homens, mesmo que se chegue ao absurdo da clonagem do ser humano. Cada um de nós é insubstituível, e isso mostra o quanto somos importantes para Deus.

Quando nos casamos, recebemos o outro das mãos de Deus e da família, como um presente ímpar, singular, sem igual, e que deve, portanto, ser cuidado com o máximo cuidado, para sempre.

É fundamental para a vida do casal que cada um conheça a história do outro: a sua vida, o seu passado, a realidade familiar de onde veio, entre outros, para poder compreendê-lo, ajudá-lo, amá-lo e perdoá-lo. Ninguém ama a quem não conhece. Quando o casal não se conhece bem, acaba cometendo dois erros: antes do casamento parece que o outro não tem defeitos; e depois do casamento parece que tem todos.

Ao conhecermos a profundidade desse ‘mistério’ que é o outro, teremos, então, condições reais de aceitá-lo como ele é, e, a partir daí, ajudá-lo a se superar.

Do livro “FAMÍLIA, SANTUÁRIO DA VIDA”

Prof. Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

Publicado no Portal Canção Nova

terça-feira, 29 de julho de 2008

Pensar e agir como Jesus


Ter o coração de Jesus é agradecer a Deus por aquilo que somos

Toda a criação louva a Deus por Sua existência, mas nós, homens e mulheres, podemos louvá-Lo usando a nossa boca, nossa mente e nosso coração.

Deus disse a Moisés: “(...) que Aquele é está o enviando”. E “Eu sou Aquele que é!” O Senhor não muda e jamais mudará. Então, o fato de O estarmos louvando não mudará a Pessoa que Ele é, mas pelo nosso louvor Ele transforma a cada um de nós.

Somos muito felizes por Deus aceitar o nosso louvor a Ele, porque por meio desse ato nós estamos sendo transformados e libertos. No entanto, muitas vezes, não temos a dimensão do poder que há no louvor ao Senhor. Às vezes, dizemos que não temos o que dizer para louvá-Lo porque não sabemos nos expressar. Não se preocupe com isso, porque Deus não precisa de palavras, Ele precisa de um coração amoroso. O louvor a Ele já é suficiente para nos abrir à cura, por isso que ele [louvor] é muito importante num encontro de cura e libertação; porque louvar ao Senhor já é cura e libertação. O que temos de fazer é abrir o nosso coração para sermos curados e libertos.

Lembra quando Jesus, na Bíblia, falava com Nicodemos sobre o “renascer de novo”? E Nicodemos respondia: “Mas como eu posso nascer de novo sem entrar no ventre da minha mãe?” Mas Jesus falava de algo mais, um renascimento físico e espiritual, renascer n’Ele. São Paulo especifica isso de forma melhor dizendo que dentro de nós existe um “homem velho”, e é muito importante que esse homem seja morto em nosso interior para que o “novo homem” possa nascer.

Quem é esse “homem velho” dentro de você? É que aquele homem que tem medo, raiva, que é agressivo... É o homem solitário, é aquela pessoa que foi rejeitada e que não foi amada. É a pessoa ambiciosa, orgulhosa, invejosa.

O “homem velho” dentro de você é a pessoa depressiva, estressada, desmotivada... Passamos a nossa vida lutando contra ele, lutando para que venha o “homem novo”, que é gentil, generoso, é a pessoa boa, humilde, pacífica, paciente, fiel, feliz, alegre. Esse é o “homem novo”, que o Espírito Santo que fazer em nossos corações.

Jesus continuamente diz no Evangelho: “Siga-me!”, pois somente se O seguirmos é que conseguimos ser pessoas novas, curadas e libertas. Se não seguirmos Jesus facilmente poderemos retornar àquilo que éramos antes de ser curados e libertos.

Peçamos várias vezes que Jesus cure nossa mente e coração. E curar a nossa mente significa pensar com a mente de Cristo e não com a nossa.

Muitas vezes, falamos sobre a cura física: ataque cardíaco, a cura de uma dor nas costas, entre outras. Tudo isso é importante, mas muitas vezes nos esquecemos da cura da nossa mente, e a cura desta acontece quando ela começa a ser transformada e a ser como a mente de Jesus Cristo.

Não basta ter a mente do Senhor, mas precisamos ter o coração d'Ele. Ter o coração de Cristo significa olhar para as coisas sempre do lado positivo e não do negativo. Ter o coração do Senhor é agradecer a Deus por aquilo que nós somos: nosso caráter, pela plenitude do nosso corpo, pela língua que falamos, pela família na qual nós nascemos, pelos nossos pais, pela nação, pelos carismas que temos. É uma questão de apreciar o que Deus nos deu. Ser curado significa ser uma pessoa cheia de amor. Lembre-se de que cura é amor.

Frei Elias Vella

Publicado no Portal da Canção Nova

As Glórias da Virgem Maria segundo as Escrituras


Muitas e grandiosas são as glórias de Maria Santíssima, pelas quais não cessam de propagar e cantar seus louvores todos os seus servos. Não apenas os anjos e santos nos céus, mas também nós os pecadores glorificamos com confiança todos os dias a tão excelsa mãe. Não podia portanto, a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, calar-se a respeito da mais sublime de todas as criaturas. Apresentaremos um pequeno resumo de como as Sagradas Escrituras exaltam e testemunham às glórias de Nossa Senhora.

"Entrando o anjo disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo’" ( Lc 1, 28 )

Eis, proclamado pelo próprio anjo Gabriel, o privilégio extraordinário da Imaculada Conceição de Maria e sua santidade perene. Quando a Igreja chama Maria de "Imaculada Conceição" quer dizer que a mesma, desde o momento de sua concepção foi isenta - por graça divina - do pecado original. Se Maria Santíssima tivesse sido gerada com o pecado herdado de Adão ou tivesse qualquer pecado pessoal, o Arcanjo Gabriel teria mentido chamando-a de "cheia de graça". Pois, onde existe esta "graça transbordante" não pode coexistir o pecado. Por isso, esta boa Mãe é também chamada pelos seus servos de "Santíssima Virgem". Os santos ensinaram que não convinha a Jesus Cristo, o Santíssimo, ser gerado e nascer de uma criatura imperfeita e pecadora. Como podia o Santíssimo Deus, Jesus Cristo, ser engendrado num receptáculo que não fosse digno Dele? Pois, Ele mesmo, ensina no Evangelho, que não se coloca vinho novo e bom em odres velhos e defeituosos (Lc 5, 37 ). Eis porque, o Criador elevou Maria, este "Vaso Insigne de Devoção", a tão grande santidade.

"Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra" ( Lc 1, 38 )

Maria, ao dizer seu "sim" incondicional ao convite de Deus, introduz no mundo o Verbo Divino, Jesus Cristo. E, fato assombroso: a criatura gera o seu Criador segundo a natureza humana. Jesus poderia ter vindo ao mundo de diversos modos. Mas, Deus a ama tanto, que quis precisar nascer e depender dela, enquanto homem. Maria, com sua sagrada gravidez inicia o restabelecimento da amizade entre Deus e os homens, conforme está escrito: "Por isso, Deus os abandonará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz" ( Miq 5,2 ). Com este "sim" incondicional ao projeto de Deus, Maria cumpre também, a primeira de todas as profecias bíblicas. Pois o Criador disse à serpente: "Porei inimizade entre você e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" ( Gn 3, 15). O texto evidentemente faz alusão à Maria. Pois qual mulher poderia ferir a cabeça do demônio? Somente aquela que trouxe ao mundo o Salvador, Cristo Jesus. Maria ao aceitar a missão que Deus lhe confiava e ao gerar a Jesus Cristo "feriu" a cabeça do inimigo. O inimigo por sua vez, agindo na pessoa de Herodes, dos algozes do Calvário e ainda hoje nos adversários de Cristo, continuamente lhe "fere o calcanhar". Assim, esta Doce Princesa iniciou a devastação do reino de Satanás. Reino de Morte que será destruído totalmente pelo seu filho Jesus Cristo, nosso Único Senhor.

"Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada" ( Lc 1, 48 )

Os santos proclamam a profunda intimidade dela com a Santíssima Trindade: Filha de Deus Pai, esposa do Espírito Santo, mãe de Deus Filho! O Espírito Santo profetiza pelos lábios de Maria, que daquele momento em diante de geração em geração, isto é, para sempre, todos os cristãos proclamariam sua bem-aventurança. Feliz religião que a enaltece e a glorifica! Felizes os seus filhos que exaltando-a e enaltecendo-a cumprem fielmente esta profecia.

"Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor ? " ( Lc 1, 43 )

Isabel, mulher idosa e santa, esposa de Zacarias, mãe de João Batista desmancha-se em elogios àquela jovem que foi até sua casa para servir! Que lição de humildade a tantas pessoas que com sua "sabedoria" (que na verdade é pestífera loucura) evitam tributar à Santa Mãe de Deus os louvores que ela merece, temendo que isto diminua à glória devida a Jesus Cristo. Esquecem então, que o Espírito Santo mesmo ensina, que o louvor dirigido aos pais é grande honra para o filho (conf. Eclo 3, 13 ). Preferem portanto, os verdadeiros filhos de Maria, em todos os tempos, lugares e momentos, exaltarem a Virgem, imitando o exemplo de Santa Isabel, para serem seguidores fiéis da Sagrada Escritura.

"Pois assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio" ( Lc 1, 44 )

Cristo testemunhou a respeito de João Batista: "dos nascidos de mulher nenhum foi maior que João" ( cf. Lc 7 28 ). Pois bem. Este mesmo João Batista, que Jesus Cristo declara ter sido maior que todos os Patriarcas, Profetas e Santos do Antigo Testamento, ao ouvir a doce voz de Maria "estremeceu de alegria". O Espírito Santo, que nele habitava, exultou de alegria ao ouvir a voz da doce Mãe! Não é, pois justo, a nós que somos os últimos de todos, exultar de alegria ao ouvir o doce nome de Maria? Não nos é sumamente necessário imitar o Espírito Santo? Não é proveitoso para os cristãos imitarem o gesto de São João Batista?

Bendito os servos de Deus, que não se cansam de se alegrar e cantar os louvores desta Senhora, imitando assim o gesto do Divino Esposo e de São João Batista, o maior profeta da Antiga Aliança.

"E uma espada transpassará a tua alma" ( Lc 2, 35 )

Uma lança transpassou o coração do Cristo na Cruz. Uma espada de dor transpassou o coração de Maria no Calvário! Deus revela ao profeta Simeão, como Nossa Senhora estaria intimamente ligada a Jesus Cristo no momento da Sagrada Paixão. Ninguém em toda a terra, em todos as épocas, esteve mais intimamente ligado a Jesus naquele dramático momento que sua Santíssima Mãe. Portanto que, junto com o sacrifício expiatório, doloroso e único de Jesus Cristo, no Calvário, subiu também aos céus, como oferta agradabilíssima diante de Deus, o sacrifício doloroso de Nossa Senhora.

"Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: ‘Eles não tem mais vinho’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou’. Disse então sua mãe aos serventes: ‘Fazei o que ele vos disser’" ( Jo 2, 3 – 5 )

Na festa do casamento de Caná, Jesus iniciou seu ministério. Ministério, aliás, composto por pregação e "obras" (milagres). A Santíssima mãe percebeu a dificuldade daquela família, que não tinha vinho para os convidados. A boa Senhora é vigilante, e os servos dela sabem, que ela vigia sobre eles, mesmo quando não se apercebem dessa vigilância. Jesus afirmou então claramente a Maria que, ainda não era o momento para iniciar seu ministério com um prodígio, pois disse: "minha hora ainda não chegou". A Santíssima mãe, conhecendo profundamente o filho, mesmo diante da aparente recusa, o "obriga" docemente a antecipar sua missão. E assim, sem discussão, na mais plena confiança, diz aos serventes: "façam o que ele lhes disser". Grandíssima confiança! Assim, aquela que o introduziu no mundo segundo a carne, o introduz agora no seu ministério, pela sua intercessão. Feliz a família que tiver por mãe esta doce Senhora. Sua intercessão é infinitamente mais eficaz do que as orações de todos os santos que pedem sem cessar pelos habitantes da terra ( conf. Ap 6, 9-10 . 8, 3-4 ; II Mac 15,11-16 ).

"Disse-lhe alguém: ‘Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te’. Jesus respondeu: ‘Quem são meus irmãos e minha mãe? (...) Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe’ . ( Mt 47, 49-50 )

Somente pertencemos a Cristo na medida em que pertencermos à nossa Mãe Santíssima. "Quem são meus irmãos e minha mãe?" pergunta o Cristo. E aponta para os seus discípulos: "eis aqui a minha família!". E, doravante, somente os que forem discípulos do mestre, ouvindo as suas palavras e as cumprindo poderão pertencer plenamente a esta família. Por isto, como doce discípula Maria "conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração" ( Lc 2, 19.51). Meditava e as guardava! Eis o exemplo da perfeita discípula. Maria, com efeito, não é mãe apenas na carne, mas na vida toda, na alma e na total obediência ao seu Divino Filho.

Alguns, que não amam suficientemente a Santíssima Virgem, usam estes versículos acima, justamente contra ela, tentando convencer-nos de que Jesus a teria desprezado naquele momento. Esses "estudiosos" esquecem que Jesus jamais desprezaria sua mãe, conforme ensina o próprio Espírito Santo: "Apenas o filho insensato despreza sua mãe" ( Pr 15, 20 ). E assim, com esta interpretação desastrosa, que espalham ardorosamente, ofendem não apenas a boa Mãe, como blasfemam contra Jesus Cristo, como se o mesmo fosse violador do sagrado mandamento: "Honra teu Pai e tua Mãe" ( Ex 20,12 e Deut 5,16 ).

"Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis aí teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’" ( Jo 19, 26-27 )

O apóstolo João aos pés da cruz, o único discípulo presente, representava todos os discípulos. Neste momento, Jesus consagrou Maria, Mãe espiritual dos apóstolos. Mais ainda: João representava também, todos os homens e mulheres, de todos os lugares e de todos os tempos, que a partir daquele momento ganharam Maria como sua Mãe espiritual. Isto está de acordo com o testemunho deste mesmo apóstolo, que em outra parte diz: "O Dragão se irritou contra a mulher (Maria) (...) e sua descendência, aqueles que guardam os mandamentos de Deus (...)" ( Ap 12, 17 ).

Maria Santíssima não teve outros filhos naturais. Permaneceu sempre virgem, como era do conhecimento universal dos primeiros cristãos até os nossos dias. Mas, muitos insistem em "presenteá-la" com filhos naturais que ela não teve. Fazem isto, para diminuírem a glória de Jesus Cristo, bem como para esvaziarem Maria de sua maternidade universal. Se Jesus tivesse irmãos carnais, não teria entregue sua Mãe aos cuidados de João Evangelista. Seus próprios irmãos naturais cuidariam dela, como era dever sacratíssimo na época e ainda hoje. Além disso, citam aqueles que não amam a Virgem Maria algumas passagens bíblicas como a seguinte: "Não se chama a sua mãe Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?" ( Mt 13,55 ), querendo com isto provar que Nossa Senhora teve outros filhos. Esquecem ou ignoram, que nos tempos de Cristo, todos os parentes eram chamados "irmãos". E a própria Bíblia prova isto, pois dos quatro "irmãos" acima citados, lemos que a verdadeira mãe de Tiago e José era uma outra Maria, irmã de Nossa Senhora e casada com Cleofas ( Jo 19,25 e Mc 15,40 ). E que Judas era irmão de Tiago Maior ( Jud 1,1 ) filho de Alfeu ( Mt 10, 2-4 ). Ora Cleofas e Alfeu designam a mesma pessoa, pois são formas gregas do aramaico Claphai. Segundo o historiador Hegesipo (século II) este Claphai era irmão de S. José. Logo não eram filhos naturais de Maria e José. Eram de sua parentela, mas não de sua filiação. Além disso, os primeiros cristãos, que conheceram Jesus e os apóstolos, nos escritos que nos deixaram, todos testemunharam que Maria sempre permaneceu virgem, não tendo jamais outros filhos. Sobre estes inventores de novidades a Bíblia nos previne: "Haverá entre vós falsos profetas (...) muitos seguirão as suas doutrinas dissolutas (...) e o caminho da verdade cairá em descrédito" ( II Pe 2, 1-2 ).

"E desta hora em diante o discípulo a levou para a sua casa" ( Jo 19, 27 )

Daquela hora em diante, S. João levou a Santa Mãe para sua casa. Primeiramente para sua "casa espiritual", sua alma. Esse é o motivo pelo qual era o discípulo que Jesus mais amava. Porque também, era o discípulo mais afeiçoado a Maria. Depois, levou-a para sua casa material, seu lar. Assim também, o verdadeiro filho de Nossa Senhora, a exemplo de S. João, deve levar esta boa mãe para seu "lar espiritual", no recesso mais íntimo de nossa vida espiritual. E convidá-la também para habitar nossas casas, onde sua presença maternal poderá ser recordada através de quadros e imagens. Estas imagens serão para os servos de Maria, uma lembrança contínua e consoladora de sua presença e proteção, da mesma forma que o próprio Deus, antigamente, consagrou o uso das sagradas imagens e esculturas no culto divino ( conf. Nm 21, 8-9 ; Ex 25, 18-20 ; I Reis 6,23-28 etc ), para recordar, a sua presença amorosa no meio do seu povo, Israel.

"Todos eles perseveravam unanimemente em oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria mãe de Jesus, e os irmãos dele" ( At 1,14 ).

No cenáculo, no dia de Pentecostes, Maria juntamente com os discípulos suplicavam para que viesse o Espírito Santo sobre todos. E assim, foi fundada a Igreja naquele dia. Maria, uma vez tendo introduzido o Cristo no mundo, depois tendo inaugurado seu ministério nas bodas de Caná, agora intercede, introduzindo e inaugurando a ação do Espírito Santo sobre a Igreja nascente. Eis a mãe da Igreja com seus filhos.

"Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida de sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas" ( Ap 12, 1)

No Apocalipse, João contempla nesta visão três verdades a respeito de Maria: sua Assunção, sua glorificação, sua maternidade espiritual. O Apocalipse afirma que esta mulher "estava grávida e (...) deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações..." ( Ap 12, 2.5 ). Qual mulher, que de fato, esteve grávida de Jesus senão a Santíssima Virgem? ( conf. Is 7, 14 ). Muitos contestam, dizendo que esta mulher é símbolo da Igreja nascente. Mas, a Igreja nunca esteve "grávida" de Jesus Cristo. Não é a Igreja que nos gerou Cristo. Antes, foi Ele que gerou a Igreja. Foi Ele que a estabeleceu e a sustentou. E para provar que esta mulher é exclusivamente Nossa Senhora, em outro lugar está escrito: "O Dragão (...) perseguiu a Mulher que dera à luz o Menino" ( Ap 12, 13 ). A Igreja teria dado à luz a um Menino? Evidente que não! Portanto esta mulher refulgente é unicamente Nossa Senhora, pois foi ela unicamente que gerou "o menino" prometido nas Escrituras: "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz (...) Porque nasceu para nós um menino (...) e Ele se chama Conselheiro Admirável, Deus Forte, Pai para Sempre, Príncipe da Paz" ( Is 9, 1-5 ).

Também as Sagradas Letras, nos dizem que ela se encontrava com "dores, sentindo as angústias de dar à luz" ( Ap 12, 2 ). Essas dores e angústias foram as dificuldades que cercaram aquele bendito parto: a viagem desconfortável, o frio, a humilhação, a pobreza, a falta de hospedagem.

Diz ainda: "(o Dragão) deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz (...) para lhe devorar o Filho (...) A Mulher fugiu para o deserto, onde (...) foi sustentada por mil duzentos e sessenta dias" ( Ap 12, 4.6 ). De fato, o demônio atentou contra a vida de Jesus desde seu nascimento, na pessoa do perseguidor Herodes. Maria fugiu então com o filho para o deserto ( Egito ). Lá ficou por aproximadamente mil e duzentos e sessenta dias ( três anos e meio ). Ou seja, do ano 7 AC, ano do nascimento de Jesus, conforme atualmente se acredita, até março-abril do ano 4 AC, ano da morte de Herodes. Perfazendo os três anos e meio de exílio, nos quais a Sagrada Família foi sustentada pela Providência Divina.

Portanto, todos esses versículos, confirmam três verdades referentes à Maria: sua assunção aos céus. Pois o apóstolo a contempla revestida de sol, já estabelecida desde agora na glória prometida aos justos pelo seu Filho, quando disse "Os justos resplandecerão como o sol" ( Mt 13,43 ).

Confirma incontestavelmente sua realeza espiritual, pois a mesma se apresenta coroada com doze estrelas, símbolo das doze tribos de Israel e dos doze apóstolos. Portanto, Rainha do Antigo e do Novo Testamento.

Por fim confirma sua maternidade espiritual, pois diz o Espírito Santo: " ( O Dragão ) se irritou contra a Mulher ( Maria ) e foi fazer guerra ao resto de sua descendência ( seus filhos espirituais ), os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" ( Ap 12, 17 ).

Somos de sua descendência apenas se nos comprometermos com o Cristo Jesus, guardando os seus mandamentos e testemunhando-o como nosso Único e Suficiente Senhor e Salvador.

GRAÇAS A DEUS!

Udson R. Correia e Tirsiley Débora F. Correia

Publicado no portal da Comunidade Católica Shalom

segunda-feira, 28 de julho de 2008

O perigo de um desabafo


Quando desabafamos com um alguém sobre nossas intimidades podemos ter conseqüências desastrosas se escolhemos um “confidente” sem maturidade para acolher o que temos a falar. Uma pessoa fragilizada pelos desentendimentos e crise de seu relacionamento poderá facilmente recorrer à ajuda de quem está mais próximo dela.

Dessa forma, um simples colega pode se tornar um conselheiro quando a pessoa que se encontra numa crise se vê favorecida pelas longas horas diárias de convívio no trabalho ou na faculdade. Sem reservas ela expõe situações, as quais deveriam apenas ser discutidas com aquele que realmente faz parte do problema: seu cônjuge, por exemplo. Talvez, por falta de coragem ou por certa dificuldade no diálogo com aquele que é a “causa da crise”, a pessoa vê no colega uma oportunidade para relatar o que está vivendo.

A pessoa necessitada de amparo, sem perceber e pelo fato de se sentir compreendida em seus desabafos, vê no amigo o “Sr. Compreensão”, ainda que este tenha conhecimento de apenas parte da verdade.
Por meio de conversas, sobre assuntos relacionados à intimidade pessoal, a simples amizade poderá se transformar num relacionamento muito estreito. E qualquer desatenção por parte dos colegas poderá fazer surgir entre eles uma atração diferente; favorecida por comportamentos que não deveriam ser vividos entre os amigos. Isso será muito nocivo para qualquer relacionamento, especialmente se o vínculo com o colega se intensificar por meio de telefonemas reservados, e-mails secretos, entre outras atitudes que podem gerar uma crise de ciúme.

Muitas vezes, as pessoas que se encontram fora do nosso problema conseguem entender melhor a situação que estamos vivendo. Em certas ocasiões, se faz, realmente, necessário recorrer à ajuda externa, seja por intermédio de um profissional ou com alguém que já tenha vivência e amadurecimento para que possa ajudar o casal a encontrar as possíveis soluções para seus impasses.

Partilhar é bom, entretanto, mais importante é saber com quem estamos falando de nossa intimidade, que é o nosso “sagrado”. Fazer de qualquer pessoa um conselheiro para nossos desabafos ou reclamações apenas expõe nossa intimidade e, ao mesmo tempo, pode adiar a restauração do convívio com aquele que deveria ser o primeiro a saber de nossas necessidades.

A melhor forma de se resolver uma crise é contar com a participação direta do outro naquilo que se refere ao desentendimento. Afinal, faz parte do convívio a dois o acolhimento para as mudanças de forma mútua e o eterno ato de se reconciliar.

Um abraço.

Dado Moura

Publicado no Blog Comportamento

Eventos de 27º ECC

  • 01 e 02 de agosto - Primeira Sexta e Primeiro Sábado do mês.
  • 05 de agosto - Reunião de Coordenadores, às 20h.
  • 07 de agosto - Palestra do Casal Setorial para todos os Membros de Equipes – Tema: Funções das Equipes.
  • 09 de agosto – Missa dos Casais e Feirinha dos Pais (com surpresas para os pais). Círculo responsável pelo serviço: Régis e Stela.
  • 13 de agosto - Missas e Coletas.
  • 16 de agosto 1ª Feirinha das Equipes – Responsáveis: Cozinha, Limpeza e Círculos.
  • 19 de agosto - 1º Momento de Adoração ao Santíssimo p/ 27º ECC, 20h.
  • 20 de agosto – 1ª Reunião Preparatória p/ 27º ECC, no Colégio São Tomás de Aquino.
  • 23 de agosto – 2ª Feirinha das Equipes – Responsáveis: Liturgia e Acolhida.
  • 27 de agosto – 2ª Reunião Preparatória.
  • 28 de agosto - Encontrão, 20h.
  • 30 de agosto 3ª Feirinha das Equipes – Responsáveis: Secretaria, Sala e Compras.
  • 02 de setembro - Reunião de Coordenadores, às 20h.
  • 03 de setembro – 3ª Reunião Preparatória.
  • 05 e 06 de setembro - Primeira Sexta e Primeiro Sábado do mês.
  • 06 de setembro – 4ª Feirinha das Equipes – Responsáveis: Visitação e Cafezinho.
  • 07 de setembro – Aprofundamento para Encontristas (Palestra, Confissões e Apresentação do Sociodrama).
  • 10 de setembro – 4ª Reunião Preparatória.
  • 13 de setembro – Equipes apóiam coletas e missas durante todo dia.
  • 16 de setembro – 2º Momento de Adoração ao Santíssimo p/ 27º ECC, 20h.
  • 18 de setembro – Missa de Entrega (não esquecer bolachas para ofertório).
  • 19, 20 e 21 de setembro - 27o Encontro de Casais com Cristo do Santuário de Fátima.
  • 25 de setembro – Encontrão, 20h. Avaliação e Depoimentos sobre Encontro.
  • 30 de outubro – Encontrão, 20h. Palestra do Casal Setorial – Estrutura do ECC.

domingo, 27 de julho de 2008

Descobrir alguém leva tempo


Pena que somos superficiais e desistimos facilmente frente ao primeiro desencanto

Como é bonito às vezes parar e analisar as pessoas, seus relacionamentos, suas atitudes, enfim, seus detalhes. A cada análise descobrimos novas dimensões do coração humano.

Partilho com você algo que descobri por meio do ofício de observar: percebi que cada vez mais as pessoas são intolerantes, impacientes e propensas a rotular as outras.

Poucas têm paciência com o outro e muitas, se não alcançam respostas imediatas, desistem da pessoa. Descobrir alguém leva tempo. Pena que somos superficiais e desistimos facilmente frente ao primeiro desencanto. Não é porque a pessoa não sorriu ou porque tenha um defeito latente, que temos o direito de encarcerá-la em um rótulo infeliz. Garanto que muitas vezes você também não conseguiu fazer o bem que queria, nem conseguiu sorrir como queria, tampouco conseguiu amar como desejava, e o que é pior: reagiu como não queria reagir e fez o que não queria fazer. Mas tentou. Mesmo que o resultado tenha sido o insucesso, você tentou acertar.

Acredito que todos querem ser bons e felizes, todos lutam por isso. Ninguém é infeliz porque quer, mas nem todos conseguem ser o que desejam.

Quem lhe garante que palavras ásperas não são um pedido de socorro de alguém que recebeu pouco amor na vida e que pede desesperadamente que você a ensine a amar. Pode ser que as atitudes que o irritam sejam prova do esforço mais profundo de um coração querendo sinceramente fazer o bem.

Mesmo que o amor que você recebe não seja aquele que você queria, nem do jeito que queria... é amor. Pode ser que os gestos de amor que são repugnantes para você seja o tudo que o outro pode lhe dar. Precisamos aprender a acolher o que o outro pode nos oferecer hoje, valorizando o que ele nos oferece.

Não podemos ser cruéis a ponto de destruir em nós aqueles que não nos agradam. O Cristianismo não funciona assim. Aliás, quais foram as pessoas amadas por Jesus, que mereceram o amor d’Ele? Ou melhor: você merece? Eu mereço?...

Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com
Seminarista e missionário da Comunidade Canção Nova.

Publicado no Portal Canção Nova

O Cordeiro e a Santa Missa

A imagem do cordeiro como chave para se aprofundar nos mistérios da santa missa.

Dizia o saudoso papa João Paulo II que a missa é “o céu na terra”. Expressão forte e teológicamente correta; mas infelizmente muito pouco constatada no coração dos fiéis que não raramente, fazem da santa missa uma ocasião de dispersão e repetições mecânicas e vazias de sentido. Muito mais do que mera questão de fé, é necessário dar razões a tal constatação papal para vivênciar a santa missa com toda a intensidade que nos propõem a santa Igreja Católica. Aqueles que se atreverem a se aprofundar pelos mistérios escondidos no véu da liturgia verão que independente de uma possível hora de desconforto, de cantos mal ensaiados, de homilias distantes e de choros de bebês, quando se vai a missa, é ao próprio céu que de fato se visita.

Se a missa é o céu, e se queremos beber direto da fonte, nada melhor do que recorremos ao uso da Sagrada Escritura. Sabemos que de todos os livros da Bíblia, um deles é o que mais se destaca pelos aspectos e atenção que dá as realidades celestes, que é o livro do Apocalipse escrito por São João.

O Apocalipse é um livro que impressiona do início ao fim. Ao narrar sua visão da ação celeste na terra em tempos incertos, São João não poupa nos detalhes e nos dá a certeza de que o que está a contar não pode ter saído meramente de sua cabeça, pois nem uma imaginação fértil de uma criança seria capaz de conceber imagens e figuras tão significativas quanto as que veremos a seguir. Dragões de várias cabeças, cavaleiros voadores, bestas e feras, guerras sangrentas são algumas delas. Mas lendo atenciosamente e deixando de lado séculos de cultura cristã acumulados desde o início do cristianismo até os nossos dias, uma imagem salta mais a vista do que qualquer outro: um cordeiro sobre um trono. Se a primeira vista tal título não soa estranho é porque ainda não nos aprofundamos no tema. Vale lembrar que São João cita esta figura do cordeiro que governa o mundo, 28 vezes em seu texto. Quer dizer: realmente significa algo.

Basta parar para pensar que estamos a falar de Deus, de Jesus Cristo, da segunda pessoa da Santíssima Trindade. Para Ele não faltam nomes e títulos de nobreza: Altíssimo, Senhor dos Exércitos, o Próprio Amor, Rei do Universo, Criador do Mundo, Santidade infinita, Amor Supremo, Soberano, etc. Dentro deste contexto, um título de Cordeiro não soa a coisa mais normal do mundo. E de fato, é porque não é normal mesmo. Dar a um Deus todo poderoso o nome de uma criatura tão frágil e dependente como um cordeirinho é por demais intrigante.

E é desvendando este mistério que encontramos grandes reflexões sobre Jesus Cristo e sua obra redentora. O início dessa busca se dá na própria gênesis da humanidade aonde podemos olhar reflexivamente sobre essa figura do cordeiro. A imagem do cordeiro é a chave para decifrarmos São João no Apocalipse e a própria realidade da missa: entendendo o que significa o cordeiro na história da salvação entendemos o que significa Jesus Cristo na obra salvífica da Eucaristia.

Sabemos bem que desde as mais remotas idades do gênero humano Deus vem treinando o homem para que se acostume a concretizar com atos, e não só com palavras, o seu amor para com Ele. E sabemos que desde os tempos de Caim e Abel, é um costume do ser humano oferecer a Deus como símbolo de gratidão aquilo que tem de melhor. Para um homem agrário e campestre, cordeiros estão seguramente na fila dos sacrifícios mais altos e difíceis que o ser humano poderia render ao seu Deus.

Embora Deus sendo todo espírito, pode muito bem aceitar de bom grado uma oferta material de suas criaturas, afinal de contas, Ele mesmo criou a matéria, deve gostar dela portanto. É claro que para Deus nenhuma oferta é suficientemente digna para que quitemos nossas dívidas com Ele, mas o que mais importa é o simples desejo de que o amemos acima de qualquer criatura e o nosso total desprendimento das realidades terrenas. Essa é a idéia por de trás das ofertas humanas a Deus.

O fato é que pouco a pouco Deus vai pincelando na história da salvação esboços e respingos coloridos do que viria ser a grande imagem de seu filho Jesus Cristo, no Cordeiro de Deus. Quem não se lembra da dramática história do sacrifício de Isaac por Abraão, quando Deus se utiliza da figura do cordeiro, como aquele que dá a vida em substituição do filho amado (Gn. 22,8)? Com Moisés ainda, Deus oficializou na história da salvação a importância dramática que a figura do cordeiro teria a partir de então, já na prefiguração de seu filho que como um cordeiro entregue nas mãos dos homens se sacrificaria a sí próprio pela redenção de todos.

Vemos portanto durante o episódio da visita do Anjo exterminador no antigo Egito, Deus pedindo a Moisés que se celebrasse a primeira páscoa dos hebreus, o dia em que o Altíssimo feriria de morte todos os primogenitos daquela terra para libertar o seu povo da escravidão do Faraó de coração endurecido. Para se celebrar tal páscoa um aliança entre o homem e seu Deus fora consumada no sacrifício de inúmeros cordeiros, que doando o seu sangue para os hebreus poupou este povo das terríveis perdas que se dariam naquela noite (Ex. 12, 1-23). A regra era que se oferecesse cordeiros ao Senhor, que se marcasse todas as portas com aquele sangue inocente e que se alimentassem posteriormente com aquela mesma carne sacrificada. Dito e feito; o Senhor convenceu o faraó pela dor e este autorizou o povo hebreu partir para longe de seus domínios, em busca da terra prometida.

Pois bem, a partir de então anualmente os israelitas, odernados por Deus e para ratificarem sua aliança, celebravam a mesma páscoa em honra dos grandes feitos a sua gente pelo Senhor. Todos os anos tomavam um cordeiro por família, macho, sem defeito, sem ossos quebrados, e o imolavam aos céus em sinal de seu amor e de sua fidelidade. Para agradecer, para expiar, para redimir, para suplicar, e também em outras especiais ocasiões durante o ano, estava sempre a figura do sacerdote como autoridade especial legitimada pelo próprio Deus a Moiséis, para conduzir outros sacrifícios.

Desde esse momento é possível traçar enormes paralelos entre o cordeiro, por assim dizer, do homem, e entre Jesus Cristo, o cordeiro de Deus. Jesus Cristo é aquele que dá o seu sangue todo para impedir a morte do seu povo eleito. É aquele que poupa a humanidade de morrer pelos desméritos de seus pecados, que alimenta a família humana e que protége a todos. É aquele que liberta seu povo da escravidão da morte e do pecado e que lhes entrega uma promessa de uma terra eterna e sem fim. É aquele que renova uma aliança entre a terra e o céu de forma absoluta e perfeita, por sua total entrega e abandonado, inocente, puro, perfeito, dando sua vida pela redenção de todos. É aquele que entrega sua vida pela troca de muitos sem pedir nada em troca, como no episódio de Isaac. É aquele que na cruz tem os ossos poupados por morrer rapidamente para que “se cumpram as Escrituras” (Jo 19,36), tamanho o horror que sofrera, e que um dia antes se dá de comer aos seus na última ceia.

É interessante notar que na antiguidade, anualmente no dia da Páscoa, alguns registros mostrem que mais de 255.000 cordeiros eram sacrificados no templo num único dia (Páscoa de 70 d.C.), e que por baixo, cerca de 400.000 missas são realizadas todos os dias no mundo. Que os cordeiros que eram sacrificados no templo eram preparados com ramo de hissopo e vinagre (Ex. 12, 22; Jo. 19,29), o mesmo preparado oferecido a Jesus durante sua via Crucis. Que Jesus fora condenado na hora sexta, a mesma hora que os sacerdotes iniciavam o preparo da imolação dos cordeiros e que cheio do Espírito Santo e da sabedoria acumulada das escrituras, João Batista já exclamava com autoridade divina a correlação entre Cristo e o cordeiro, como novo e definitivo sacrifício de redenção do homem. Que as orações dos sacerdotes judeus foram mantidas na missa durante o momento do ofertório (Bendito sejais Senhor Deus do Universo, pelo vinho que recebemos da vossa bondade, fruto da videira e trabalho humano e que agora irá se tornar… Bendito sejais Senhor Deus do Universo, pelo pão que recebemos da vossa bondade, fruto da terra e trabalho humano e que agora irá se tornar …) e que muitos dos primeiros cristãos eram martirizados acusados de canibalismo, tamanha convicção e estranheza de que na missa se comia o próprio corpo de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.

A luz dessas realidades, a santa Missa ganha uma nova cor e um novo sentido e é simplesmente impossível ficar indiferente face a tantas místicas realidades escondidas no véu da liturgia. Vejamos por exemplo um trecho da liturgia eucarística IV: “nós vos oferecemos o seu Corpo e Sangue, sacrifício do vosso agrado e salvação do mundo inteiro”. Vejamos também outro trecho extraido da liturgia eucarística I ganhando nova clareza: “Recebei, ó Pai, esta oferenda, como recebestes a oferta de Abel, o sacrifício de Abraão e os dons de Melquisedeque. Nós vos suplicamos que ela seja levada à vossa presença, para que, ao participarmos deste altar, recebendo o Corpo e o Sangue de vosso Filho, sejamos repletos de todas as graças e bênçãos do céu”. Um olhar atento a missa enxergará inúmeras outras referências a plenitude sacrificial dado por Jesus Cristo como cordeiro santo, como por exemplo a oração do “Agnus Dei” recitada no “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós…”, ou nas palavras do sacerdote que apresenta Cristo eucarístico a assembléia reunida na citação de São João Batista: “Eis aqui o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”.

São Justino, mártir, escreveu no ano 155 d.C. um importante relato que nos demonstra como a liturgia sacrificial da missa se manteve praticamente intacta desde os tempos apostólicos, até os nossos dias, e como longe de ser um amontoado de regras e formalidades, a celebração eucarística é divina no conteúdo e na forma, e como desde o início do cristianismo era preciso comer o corpo do cordeiro de Deus para se ratificar a nova aliança como nos tempos de Moisés:

1.No dia dito do sol (domingo) reúnem-se em um mesmo lugar todos os cristãos, os que residem nas cidades e os que residem no campo.
2. O leitor lê trechos tirados das memórias dos Apóstolos (Novo Testamento) e dos livros dos Profetas (Antigo Testamento).
3. Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para explicar aos presentes o que foi lido e exortá-los a pôr em prática tão belos ensinamentos (homilia).
4. Em seguida, levantamo-nos todos e dirigimos a Deus orações e súplicas (súplica insistente ou ecteni, após o Evangelho).
5. Suspendendo as orações, abraçamo-nos uns aos outros (Ósculo da paz).
6. Depois levam àquele que preside a reunião dos irmãos em Cristo, pão e um cálice contendo vinho, misturado com água (Procissão do ofertório).
7. O Presidente toma o pão e o cálice, louva e glorifica o Pai do universo em nome de seu Filho e Espírito Santo; dirige-lhe abundantes ações de graças por ter-se dignado dar-nos estes dons (Anáfora).
8. Terminada esta ação de graças (Eucaristia) todos os presentes exclamam: Amém.
9. Depois os ministros que chamamos diáconos distribuem a todos os presentes o pão da Eucaristia e o vinho misturado com água (Comunhão). Estes mesmos diáconos levam aos ausentes sua parte do pão e do vinho eucarísticos.
10. Por fim, os ricos socorrem os indigentes (Coletas).

É por isso que importa conhecer e reconhecer cada um dos significados da Santa Missa para vivenciarmos tudo quanto Cristo, que ensinou a divina liturgia aos apóstolos, desejou para a humanidade. Na Santa Missa, Cristo toma o lugar do cordeiro santo, aquele que se oferece a humanidade pela expiação dos pecados do mundo, e toma lugar do sacerdote oferecendo-se a sí mesmo em sacrifício perfeito para redenção de todos. Cada parte da missa concorre para o encontro com o Cordeiro que irá no altar ser imolado. Não é a toa que o Concílio Vaticano II chama a sagrada liturgia de o "cume para qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força".

No ano 215 d.C. Hipólito deixou-nos, como Justino, um roteiro da liturgia que rezamos ainda nos dias de hoje: “O Senhor esteja convosco. Ele está no meio de nós. Corações ao alto. O nosso coração está em Deus. Demos graças ao Senhor. É nosso dever e nossa salvação”. Vejam que grande e que significativo pode chegar a ser a santa missa. Mediante esses sinais sensíveis presentes na sagrada liturgia chegamos a contemplar com toda a riqueza e plenitude os mistérios do amor de Deus pela nossa humanidade. Compreender tudo o que essa mesma liturgia nos oferece é chegar com maior rapidez e eficácia espiritual a esse cume, a essas alturas sagradas para onde nosso coração e nossa alma buscam sem cessar: a própria essência de Deus.

Reunir em nome do Deus Trino (Saudação), confessar as culpas (Ato Penitencial, Mt. 15,22), agradecer o perdão (Glória, Lc. 2,14), ouvir sua palavra (Leituras, Salmo de Resposta e Evagelho, Rm. 10,17), reafirmar a fé (Profissão da fé), pedir ao Senhor (Oração dos Fiéis), oferecer nossos dons (Ofertório), louvar a Deus pelo seu Filho presente (Oração Eucarística), receber o Pão da Vida nossa salvação (Comunhão) e ser abençoado partindo na missão de viver a fé na vida cotidiana (Benção e Despedida) é o que significa participar da Santa Missa verdadeiramente.

Acima de tudo é preciso resgatar, e não subestimar, toda a obra salvífica feita por Deus no período anterior a encarnação, que magnificamente complementa com novos sentidos e orientações toda a vida de piedade cristã. Que nossa próxima visita a uma igreja católica nos revista da imagem do próprio Isaac, que ao subir para o altar aonde seria imolado, encontra alí um cordeiro que dá a vida em seu lugar. Que em nossa próxima participação da santa missa, sejamos revestidos dos olhos de Moisés, que enxergou no sangue daqueles cordeiros, a salvação e a proteção do seu povo: de suas vidas. Que sobretudo, na nossa próxima Eucaristia, façamos essa grandiosa descoberta na pessoa de João Batista de também poder exclamar: “Eis o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”. E sem dúvida alguma, seremos felizes, pois seremos os “convidados para a ceia das núpcias do Cordeiro” (Ap. 19, 9).


Fonte: Veritatis Splendor - por Silvio L. Medeiros

sábado, 26 de julho de 2008

Tenho medo do casamento


Haverá momentos em que precisaremos assumir um compromisso mais sério com alguém, e o nosso dilema será saber se estamos fazendo a melhor escolha. Certamente, essa hesitação seria menor se fosse possível adivinhar as conseqüências de nossas opções; o que é praticamente impossível. Fica a nosso critério apenas tentar descobrir os procedimentos para melhor alcançar nossos propósitos.

Os bons resultados de um trabalho são alcançados por meio de boas ferramentas e de um plano de ação. Para alguém que deseja roçar um campo, mesmo possuindo os equipamentos necessários, ainda assim, poderá ser surpreendido com chuvas ou outras interferências, as quais não dependem de sua vontade. Da mesma maneira, na vida conjugal, por melhor que sejam os nossos projetos, precisamos estar cientes de que também estaremos sujeitos a certas situações que não foram previstas, mas que poderão ser solucionadas com o empenho de ambos.

Para quem vive o namoro há algum tempo, por vários momentos já deve ter conversado sobre o futuro do relacionamento. É no amadurecimento e no tempo de convívio que os casais obterão subsídios suficientes para acolher a proposta de uma vida matrimonial. Assumir a vida conjugal será sempre uma tarefa desafiadora, pois independentemente do estado social ou financeiro, este compromisso une as pessoas num único sentimento. É pensando nisso que, talvez, a maioria das pessoas hesite diante de uma proposta de firmarem para sempre seu relacionamento.

O medo de enfrentar o “desconhecido”, as histórias de crises conjugais e o peso das responsabilidades somados às estatísticas, que apontam o crescimento de casais divorciados, podem realmente intimidar os nubentes. Isso não significa que as causas que justificaram os insucessos do casamento de outras pessoas estarão também condenando à falência o propósito do casal de enamorados.

O amor exige, de todos, disposição e coragem para romper com suas próprias limitações. Acreditar que o casal está isento de imperfeições ou que por toda a vida conjugal viverá, a cada segundo, em perfeita harmonia sem empreender esforço algum, pode ser um grande engano. Sabemos que, ao longo do convívio, nem sempre os elaborados planos vão dar certo; mas a decisão comum do casal em viver seus propósitos, a fim de alcançar seus objetivos, os fará assumir uma nova atitude diante de cada novo problema.

Decidir-se pelo casamento, entendendo que o relacionamento pode ser diferente, é o que diferenciará nossas opções e nos dará forças para lutar pela felicidade conjugal ao lado da pessoa que escolhemos para partilhar nossa vida.

Um abraço, sem medo de ser feliz.

Dado Moura

Publicado no Blog Comportamento

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terça-feira, 15 de julho de 2008

Procuram-se intercessores


Deus procura pessoas que tomem a defesa de seu irmão

Deus ouve as orações dos pecadores. Quanto mais forem importunas e perseverantes nossas orações, tanto mais agradarão a Deus. Quando Nossa Senhora apareceu em Fátima (Portugal), disse aos Pastorinhos que muitas almas iam para o inferno por falta de quem intercedesse por elas; e lhes pediu oração e penitência.

Os que tiveram um encontro pessoal com Deus já não devem se dar ao luxo de pedir a Deus vinganças disfarçando-as sob o nome de justiça. Explico-me melhor: não foram poucas as vezes em que escutei pessoas que, dedicadas ao serviço de sua comunidade, foram se magoando com as estruturas e com os irmãos. Com o passar do tempo, a mágoa se transformou em rancor; e o rancor, em ódio. Sentindo-se injustiçadas, desejavam o mal e pediam a Deus o castigo para os responsáveis por sua dor. Que bom! Ao menos tinham a coragem de desabafar com o Senhor! Mas Deus quer justamente o contrário disso. O amor tudo desculpa. Deus procura pessoas que, em seu coração, tomem a defesa de seu irmão, ou sofram e se penitenciem por ele a fim de que ele encontre a salvação.

Crê no Senhor Jesus e será salvo tu e tua família. Quanta esperança contida nessa promessa de Deus! Quantos adotaram esse lema e até mesmo o penduraram na parede de sua casa, em seu escritório, no carro, e confessam decididos. Mas crer em Jesus não se resume em saber que Ele existe e é Deus; estende-se também em crer em Sua Palavra e obedecer a Seus ensinamentos. Como temos refletido, é a Palavra de Deus que nos abre os olhos e o coração para a realidade e a necessidade de intercessão. Daí é bom perguntar: Tenho intercedido por minha família? Procuro defender diante de Deus os que amo? Ou os seus erros e defeitos me têm levado a clamar a justiça de Deus contra eles?

O Senhor fica pasmado ao ver que há pessoas que já não intercedem mais, nem mesmo pelos seus, e se espanta de que haja pessoas conformadas com este mundo e que não rezam por sua transformação. "Ele viu que não havia ninguém, admirou-se porque ninguém intercedia" (Is 59,16).

Não basta pedir a graça da salvação. É necessário pedir sempre, até alcançar a vitória prometida por Deus unicamente aos que a pedirem constantemente até o fim.

Hoje ainda podemos consolar Nosso Senhor assumindo com Ele o propósito e o compromisso da intercessão. Ele nos capacitará e nos ensinará. Ele nos dará a fidelidade necessária se a Ele dermos o nosso querer.


Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

(Artigo extraído do livro "Quando só Deus é a resposta").

Não desperdice o seu sofrimento!


É preciso que aprendamos a sofrer

Umas das coisas que mais impressionavam em Jesus era a capacidade que Ele tinha de se compadecer do sofrimento das pessoas. Ele olhava para cada pessoa em particular e vivia junto com ela os seus sofrimentos. Independentemente do que vivemos, Jesus sempre está unido a nós, pois Ele tem um olhar especial pelos que sofrem. É no sofrimento que mais parecemos com Ele.

Vivemos em um mundo que busca o prazer a qualquer custo, no qual a idéia de prazer foi vinculada à felicidade. Por isso, falar de sofrimento é ir contra a correnteza. Acredita-se que somente seremos felizes se tivermos prazer em tudo o que fazemos. Dessa forma, o sofrimento virou sinônimo de infelicidade.

O cristão é convidado a mostrar ao mundo um testemunho diferente. Mostrar que se colocamos sentido e significado aos nossos sofrimentos, neles encontramos a felicidade. Talvez o maior problema hoje seja este: as pessoas andam desperdiçando o seu sofrimento.

Se eu dou sentido ao sofrimento que vivo, santifico-me. Você é quem escolhe o sentido que você vai dar a essa palavra na sua vida. Quantas pessoas – com doenças graves – encontraram sentido para suas vidas a partir do momento em que começaram a ajudar outras pessoas com o mesmo problema.

O que tornou tantos homens e mulheres santos na história não foi o sofrimento que viveram, mas o sentido que eles deram ao seu sofrimento. Aprenderam a não desperdiçar esses momentos para se aproximar de Deus e dos outros.

É preciso que aprendamos a sofrer. É preciso que coloquemos sentido aos nossos sofrimentos. Uma mulher que vai dar à luz uma criança sofre, mas ela não pensa nas suas dores, ela só pensa no filho que carregará nos braços e verá crescer. A mãe entende que a alegria que virá depois será muito maior que o sofrimento presente. São Francisco de Assis já dizia: "É tão grande o bem que espero, que todo o sofrimento me é um grande prazer" .

Não há sofrimento grande ou pequeno. Qualquer sofrimento é capaz de levá-lo à santidade e lançá-lo ao céu. Assim, é preciso que cada um de nós aprenda a viver intensamente as visitas de Deus nos momentos de dor.

A escolha é de cada um. Sofrer por sofrer ou sofrer com sentido – mesmo nos momentos de dor. Use do seu sofrimento para ir além de suas limitações, para ir além do que você se vê capaz de fazer ou viver. Supere-se!

Se você não desperdiçar o seu sofrimento, surgirá em seus lábios um sorriso capaz de ressuscitar a muitos que estavam a ponto de morrer. Isso é santidade. Não desperdice o seu sofrimento!

Artigo extraido do blog.cancaonova.com/riodejaneiro

Deus abençoe!

Seu irmão,

Renan Felix