"Quem já descobriu a Cristo deve levar Ele aos outros. Esta alegria não se pode conter em si mesmo. Deve ser compartilhada." (Papa Bento XVI)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A força se realiza na fraqueza


Pelas limitações e deficiências, obrigado, Senhor!

«O que lhe falta para se sentir realizado e feliz em sua vida, em seu casamento, em sua profissão?» A pergunta tem sentido, pois só vale a pena viver se nos sentimos gratificados com o que somos e realizamos.

Pelo que tudo indica, para a maioria das pessoas, a resposta não é sempre alvissareira, pela sensação de carência afetiva que as leva a tentar preencher, de todos os modos, o vazio e-xistencial que as acompanha ao longo da vida, deixando-as angustiadas e ansiosas. Um vazio existencial, fruto da própria natureza humana, limitada e precária, que afeta o incons-ciente e a afetividade, gerando sentimentos ou complexos de inferioridade.

Não há como fugir: nascemos pequenos e dependentes, o que nos leva a buscar nossa reali-zação e felicidade em algo que nos torne grandes e importantes aos nossos próprios olhos. Quando não há maturidade e discernimento, o que se costuma fazer é alimentar uma confi-ança, às vezes doentia e obsessiva, na carreira que se abraça, no corpo que se cultiva, no estudo que se faz, no carro que se compra, na casa que se constrói. E quando pouco ou nada se consegue – ou quando nada mais nos satisfaz –, procura-se refúgio em compensações e cai-se na depressão.

A tentação, então, é fugir de tudo o que importa sacrifício, renúncia e sofrimento. Cria-se um círculo vicioso de conseqüências desastrosas, já que a quase totalidade dos males que afligem a sociedade deriva exatamente do domínio do instinto sobre o espírito, da emoção sobre a razão. Neste processo de involução, à medida que cresce a insatisfação interior, passa-se a procurar culpados, que são sempre os outros: a sociedade, o governo, os pais, a escola, ou, então, a natureza, uma madrasta que nos cobriu de limitações e deficiências.

Mas, «para os que amam a Deus, tudo concorre para o seu bem» (Rm 8,28). Tudo, não ape-nas os bens espirituais, culturais e materiais – os quais, não poucas vezes, pelo egoísmo e covardia de quem os recebe, nem sempre colaboram para o seu crescimento, mas até mes-mo a própria fraqueza humana. Foi a grande descoberta feita por São Paulo, que revolucio-nou a sua vida. Esmagado pela humilhação causada por um «enviado de Satanás que me esbofeteava, por três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Ele me respondeu: “Basta-te a minha graça: a força se realiza na fraqueza”. Portanto, com muito gosto me or-gulharei de minhas fraquezas, para que se manifeste em mim o poder de Cristo. Por isso, alegro-me com as fraquezas, os desprezos, as necessidades, as perseguições e as angústias por Cristo. Pois, quando sou fraco, então é que sou forte» (2Cor 12,710).

Se alguém se lança nos braços de Deus, passa pelo mesmo processo que se verifica em seu corpo: quando os olhos perdem a visão, os ouvidos reforçam a audição; se um pulmão é extirpado, o outro redobra a atividade. É o que acontece com inúmeros santos que, graças às limitações e deficiências que carregam em seus ombros, põem toda a sua confiança no poder e no amor de Deus. E vencem de uma forma extraordinária, infinitamente mais do que seus colegas superdotados. É o caso de São João Maria Vianney. Ele tinha todas as condições para acabar derrotado: pouca cultura, inteligência medíocre, falta de cultivo soci-al, início retardado dos estudos, últimas colocações no seminário, dificuldade de assimilar conhecimentos teóricos, aprovado todos os anos por favor, ordenado por favor e, por favor nomeado para uma paróquia que nenhum outro sacerdote aceitaria. Mas, o que lhe era fra-queza, acabou sendo a sua grandeza, a sua força, a sua vitória.

A alegria de Deus, que conhece nossas fraquezas, sobretudo aquelas de que nos envergo-nhamos e procuramos ocultar, é realizar sua obra-prima exatamente onde nenhum outro investiria. Ao invés de se afastar, é atraído por nossa pequenez mesclada de confiança e de humildade. É a maravilhosa experiência feita pelo salmista: «Teu amor me faz pular de alegria, pois conheces minhas aflições e as angústias de minha alma» (Sl 31,8). O abismo de nossa miséria atrai o abismo da misericórdia de Deus (Cf. Sl 42,7).

Não há nenhum motivo para nos assustar ou queixar diante das limitações, fraquezas e de-ficiências... se nos colocarmos confiantes nas mãos de Deus, dispostos a fazer, momento por momento, a sua vontade, mesmo quando ele permite a dor. Se assim agirmos, elas pas-sam a fazer parte do maravilhoso plano que Deus tem a nosso respeito. Quem faz sua a morte e a ressurreição de Jesus, em todo sofrimento encontra a vida e, em todo fracasso, a vitória.

Foi esse o segredo que revolucionou a vida de Santo Agostinho, e que o levou a bradar: «Ó feliz culpa de Adão e Eva, que nos mereceu tão grande Redentor!»

Dom Redovino Rizzardo, cs
domredovino@terra.com.br

Publicado no Portal da Comunidade Canção Nova

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A devoção a Virgem Maria é necessária para a salvação?


Ninguém que persevera ao rezar o Rosário será condenado

Quando li o livro do “Tratado da Verdadeira devoção a Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Montfort, sobre a importância da Virgem Maria para a salvação de todos os homens, confesso que fiquei impressionado. Pensei logo naqueles que “abandonaram” essa devoção e me dei conta da real importância da Santíssima Maria na nossa vida. Então, concluí: isso precisa ser divulgado.

Assim, transcrevo aqui alguns textos para que possam ser mais amplamente conhecidos. Além disso, pretendem responder às duas perguntas abaixo:

- A devoção a Nossa Senhora é necessária para a salvação?

- Sem a devoção a Nossa Senhora podemos nos salvar?

Eis o que está escrito no referido livro de Montfort nos itens 40 a 42:

§ 1. A devoção a Santa Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem a salvação

40. “O douto e piedoso Suárez, da Companhia de Jesus, o sábio e devoto Justo Lípsio, doutor da universidade de Lovaina, entre outros, provaram incontestavelmente, apoiados na opinião dos Santos Padres, entre os quais, Santo Agostinho, Santo Efrém, diácono de Edessa, São Cirilo de Jerusalém, São Germano de Constantinopla, São João Damasco, Santo Anselmo, São Bernardo, São Bernardino, Santo Tomás e São Boaventura, que a devoção a Santíssima Virgem é necessária à salvação e também um sinal infalível de condenação - opinião do próprio Ecolampádio e outros hereges, - não ter estima e amor a Santíssima Virgem. O contrário é indício certo de predestinação ser-lhe inteira e verdadeiramente devotado.

41.As figuras e palavras do Antigo e do Novo Testamento o provam; a opinião e os exemplos dos santos o confirmam; a razão e a experiência o ensinam e demonstram; o próprio demônio e seus asseclas, premidos pela força da verdade, viram-se muitas vezes constrangidos a confessá-lo, a seu pesar. De todas as passagens dos Santos Padres e doutores, que compilei para provar esta verdade, cito apenas uma, para não me alongar: “Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá, àqueles que quer salvar (São João Damasceno).

42. Eu poderia repetir aqui várias histórias que provam o que afirmo. Entre elas, destaco:

Aquela que vem narrada nas crônicas de São Francisco, em que se conta que o santo viu, em êxtase, uma escada enorme, em cujo topo, apoiado no céu, avultava a Santíssima Virgem. E o santo compreendeu que aquela escada ele devia subir para chegar ao céu.

Outra narrada nas crônicas de São Domingos: quando o santo pregava o rosário nas proximidades de Carcassona, quinze mil demônios, que possuíam a alma de um infeliz herege, foram obrigados, por ordem da Santíssima Virgem, a confessar muitas verdades grandes e consoladoras, referentes à devoção a Maria. E eles, para sua própria confusão, o fizeram com tanto ardor e clareza que não se pode ler essa autêntica narração e o panegírico, que o demônio, embora a contragosto, fez da devoção mariana, sem derramar lágrimas de alegria, ainda que pouco devoto se seja da Santíssima Virgem” [Veja abaixo este texto com as respostas dos demônios] (São Luís Maria Grignion de Montfort, “Tratado da Verdadeira devoção a Santíssima Virgem”, pág. 40-45. 31. ed. Vozes. Petrópolis, 2002).

Respostas dos demônios, mesmo contra a vontade deles (*)

Quando São Domingos estava pregando o Rosário perto de Carcassona, trouxeram à sua presença um albigense que estava possesso pelo demônio. Consta que mais de doze mil pessoas tinham vindo ouvi-lo pregar. Os demônios que possuíam esse infeliz foram obrigados a responder às perguntas de São Domingos, com muito constrangimento. Eles testemunharam que:

1 - Havia quinze mil deles no corpo desse pobre homem, porque ele atacou os quinze mistérios do Rosário;

2 - Continuaram a testemunhar que, quando São Domingos pregava o Rosário, impunha medo e horror nas profundezas do inferno e que ele era o homem que eles mais odiavam em todo o mundo; isso por causa das almas que ele arrancou dos demônios por intermédio da devoção do Santo Rosário; revelaram ainda várias outras coisas.

São Domingos colocou o seu Rosário em volta do pescoço do albigense e pediu que os demônios lhe dissessem a quem, de todos os santos nos céus eles mais temiam, e quem deveria ser, portanto, mais amado e reverenciado pelos homens. Nesse momento eles soltaram um gemido inexprimível no qual a maioria das pessoas caiu por terra desmaiando de medo… e eles disseram:

“Domingos, nós te imploramos, pela paixão de Jesus Cristo e pelos méritos de sua Mãe e de todos os santos, deixe-nos sair desse corpo sem que falemos mais, pois os anjos responderão sua pergunta a qualquer momento (…). São Domingos ajoelhou-se e rezou a Nossa Senhora para que ela forçasse os inimigos a proclamarem a verdade completa e nada mais que a verdade. Mal tinha terminado de rezar viu a Santíssima Virgem perto de si, rodeada por uma multidão de anjos. Ela bateu no homem possesso com um cajado de ouro que segurava e disse: “Responda ao meu servo Domingos imediatamente”. Então os demônios começaram a gritar:

“Oh, vós, que sois nossa inimiga, nossa ruína e nossa destruição, porque desceste dos céus só para nos torturar tão cruelmente? Oh, Advogada dos pecadores, vós que os tirais das presas do inferno, vós que sois o caminho certeiro para os céus, devemos nós, para o nosso próprio pesar, dizer toda a verdade e confessar diante de todos quem é que é a causa de nossa vergonha e nossa ruína? Oh, pobres de nós, príncipes da escuridão: então, ouçam bem, vocês cristãos: a Mãe de Jesus Cristo é todo-poderosa e ela pode salvar seus servos de caírem no Inferno. Ela é o Sol que destrói a escuridão de nossa astúcia e sutileza. É ela que descobre nossos planos ocultos, quebra nossas armadilhas e faz com que nossas tentações fiquem inúteis e sem efeito. Nós temos que dizer, porém de maneira relutante, que nem sequer uma alma que realmente perseverou no seu serviço foi condenada conosco; um simples suspiro que ela oferece a Santíssima Trindade é mais precioso que todas as orações, desejos e aspirações de todos os santos.

Nós a tememos mais que todos os santos dos céus juntos e não temos nenhum sucesso com seus fiéis servos. Muitos cristãos que a invocam quando estão na hora da morte e que seriam condenados, de acordo com os nossos padrões ordinários, são salvos por sua intercessão. Oh, se pelo menos essa Maria (assim era na sua fúria como eles a chamaram) não tivesse se oposto aos nossos desígnios e esforços, teríamos conquistado a Igreja e a teríamos destruído há muito tempo atrás; e teríamos feito com que todas as Ordens da Igreja caíssem no erro e na desordem.

Agora, que somos forçados a falar, também lhe diremos isto: ninguém que persevera ao rezar o Rosário será condenado, porque ela obtém para seus servos a graça da verdadeira contrição por seus pecados e por meio dele, eles obtêm o perdão e a misericórdia de Deus”.

(*) Fonte: www.deuspelaarte.com.br

Envie seu comentário

Padre Alir
http://blog.cancaonova.com/padrealir/

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Especial da Bíblia


O Evangelho não se adapta ao nosso jeito

Setembro é o mês da Bíblia e, de maneira especial, neste ano, celebramos 2 mil anos do nascimento de São Paulo. Assim, o canal de formação preparou um especial para celebrar o Ano Paulino dentro deste mês.

A orientação do Evangelho de Cristo, ao contrário daquilo que pensamos ou desejamos, não vem para satisfazer nosso jeito próprio de ser, mas sim trazer o direcionamento que conduz nossa vida de maneira irrepreensível.

Neste trabalho, padre Reinaldo, por meio da leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas (Gl 1,6-10), fala-nos sobre a importância em aderir ao conhecimento da verdade que nos leva aos caminhos da santidade.


:: Ouça esse comentário

Conheça outros comentários em MP3

Padre Reinaldo

Publicado no Portal da Comunidade Canção Nova

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A vitória por meio do louvor


Precisamos chegar a essa maturidade

O profeta Daniel traz um fato muito importante no capítulo 3 de seu livro e acredito que Deus quer nos falar por meio desse texto hoje. Ele narra que o rei da Babilônia Nabucodonosor mandou construir uma estátua de ouro enorme, media 30 metros de altura por 3 metros de diâmetro, e decretou que todos os habitantes do reino deveriam prostrar-se e adorá-la quando tocassem as trombetas e os instrumentos musicais. E fizeram isso. Só que chegou a seus ouvidos que três jovens judeus - chamados Sidrac, Misac e Abdênago (cf. Daniel 3, 16ss) - não estavam obedecendo a suas ordens. Furioso, mandou chamar os três rapazes e os ameaçou dizendo que se não adorassem a estátua, seriam jogados na fornalha de fogo e morreriam queimados, e ainda os insultou perguntando: “E qual é o Deus que vos há de livrar da minha mão?” (v. 15)

A resposta dos três jovens foi esta: “Nem precisamos dar resposta a esta ordem. Existe o nosso Deus a quem cultuamos, Ele nos pode livrar da fornalha acesa, salvando-nos da tua mão. Mas mesmo que isso não aconteça, fica sabendo, ó rei, que não vamos prestar culto ao seu deus, nem vamos adorar a estátua de ouro construída por ti, ó rei” (v. 16-18).

Aqui está o segredo do coração desses três jovens: “Mas mesmo que isso não aconteça, não vamos prestar culto ao seu deus…”. Em outras palavras, mesmo que o Senhor não nos livre, não O trairemos, permaneceremos fiéis, morreremos se for preciso, mas não voltamos atrás! Isso é amor incondicional a Deus, é fidelidade a toda prova. Que maturidade de fé!

Isso também precisa acontecer conosco, precisamos chegar a essa maturidade e a esse amor incondicional, a ponto de dizermos: “Mesmo que nada mude em minha vida, mesmo que eu não seja curado, mesmo que isso não aconteça, permanecerei fiel ao Senhor! Não O negarei! Não desistirei! Mesmo que a minha oração aparentemente não traga resultados, não deixarei de orar, permanecerei fiel ao Senhor!”

O rei ficou furioso e mandou amarrar os três, colocou ainda mais combustível na fogueira e os jogou lá dentro. Creio que eles caíram louvando a Deus, dando seu testemunho de fé. E algo maravilhoso aconteceu: “Os três ficaram passeando por entre as chamas, cantando hinos a Deus e louvando ao Senhor” (v. 24). E a Palavra de Deus continua descrevendo que “o Anjo do Senhor, porém, desceu para junto de Azarias e seus companheiros na fornalha. Impeliu as labaredas para fora da fornalha e fez surgir no meio da fornalha um vento úmido e refrescante. O fogo não os atingiu nem lhes causou qualquer incômodo” (v. 49).

O que me chama a atenção é que eles não negaram o poder de Deus; muito pelo contrário, afirmaram com toda a força que Deus tinha o poder de livrá-los daquela situação terrível. Só que eles deram um passo a mais, e aqui está o ensinamento para nós, eles deixaram claro que a sua fidelidade a Deus não estava condicionada ao fato de Ele os livrar ou não! Independentemente disso, decidiram permanecer fiéis ao Senhor. Num mundo tão materialista como o nosso, com tantas ofertas e propostas de se negociar com Deus, com tentativas até de forçá-Lo a fazer o que se quer, ou de querer comprá-Lo com votos, promessas e coisas parecidas, o testemunho desses três rapazes é muito forte.

Sinto com essa passagem bíblica um forte convite do Senhor para que primeiro façamos uma revisão de vida a respeito de nossas disposições de fé. E depois, que possamos pedir esse coração apaixonado, essa fé madura, essa atitude fiel e gratuita para com Ele.

O título dessa partilha é “A vitória pelo Louvor!”. E é justamente isso que vemos nesse texto bíblico. O louvor que brotou desses corações convictos em Deus, apaixonados pelo Senhor e fiéis a Ele de maneira incondicional, conquistou da parte do Senhor o livramento da fornalha, a libertação diante da tirania de Nabucodonosor. E o fruto dessa fidelidade foi a conversão do próprio rei, que reconheceu o poder de Deus e passou também a buscá-Lo.

Creio firmemente que a partir dessa mudança interior, dessa mudança do nosso coração e de nossa postura diante das situações e das tribulações, se tivermos esse coração totalmente confiante em Deus, e principalmente, incondicional na fidelidade a Ele, muita coisa vai começar a mudar em nossa vida, não haverá “fornalha” capaz de nos fazer mal, não haverá tirania suficiente para nos prender, não haverá situação impossível. Veremos a glória de Deus!

Que Deus nos conceda essa conversão no dia de hoje!

Deus abençoe você!

Pe. Clóvis
Publicado no Portal Canção Nova

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Amar a minha pequenez e a minha pobreza


Deus faz quando assumimos que somos pequenos e pobres
Deus faz as grandes coisas por meio dos pequenos. É para o pequeno e o humilde que Ele manifesta a Sua glória. Para os orgulhosos é difícil acolher a própria pequenez e assumir que são pequenos. Por isso, assuma-se e ame-se.

Somos apenas uma “poeirinha”, mas Deus volve o olhar d’Ele para nós.

O que agrada a Deus, o que dá liberdade para Ele agir, é, primeiro: quando admitimos que somos pequenos, pobres e humildes; segundo: quando aceitamos e assumimos que somos pequenos. Maria nunca quis ser grande, por isso o Senhor olhou para Ela.

Meus irmãos, quem era João XXIII? Ele só queria ser um pároco da Igreja, viver uma vida de simplicidade, pois sabia que era pequeno. Mas Deus pôs Seus olhos nele e ele foi eleito Papa e, como a Santíssima Virgem Maria, deu o seu “sim”. E quantas maravilhas Deus fez por intermédio dele, que foi chamado de "O Papa bom", porque sabia que era pequeno e também sabia que tudo era por inspiração de Deus.

Deus pode fazer coisas grandiosas nas pessoas que assumem seu nada.

Lembro que no início de meu sacerdócio, no começo de janeiro, Dom Antônio Afonso de Miranda me chamou e disse "Esse documento [Evangelii Nuntiandi] é muito sério, precisamos colocá-lo em ação; comece como os jovens".

Eu vi inspiração nas palavras de Dom Antônio, mas ele não parou por aí. E foi me falando que "os batizados não são evangelizados. Faça alguma coisa!"


Ouça essa palestra na íntegra

Eu me senti pequeno diante de algo tão grande. Comecei com os jovens através dos encontros com os Catecumenatos. Mais tarde os desafiei a darem um ano de suas vidas a Deus.

Doze jovens começaram comigo a experiência de largar tudo para ser só de Deus e evangelizar. Mas, alguém que estava sentada em sua cadeira disse que era algo muito sério, pois não seria só um ano, mas daria sua vida toda ao Senhor. A única dos doze, que começaram comigo, que ficou até hoje foi a Luzia. É uma história de duas pessoas que tiveram a graça de, assim como Maria, assumir o seu nada.

Lembro que a Luzia, quando se confessou comigo, só chorava mais que se confessava. Naquele momento, ela assumiu sua pequenez. Por isso, digo aos meus filhos de comunidade: “O segredo é assumir sua pequenez.

Se nós tivéssemos amado ainda mais nosso nada, Deus teria feito ainda muito mais, mas mesmo assim o Senhor fez em nós maravilhas. É por isso que a Canção Nova existe”.

Deus faz quando assumimos que somos pequenos e pobres. Para o Senhor nada é impossível, o segredo está aí. É necessário aceitar e assumir a nossa pequenez e pobreza. Louvemos ao Senhor que faz o impossível naqueles que reconhecem a sua pequenez.

Padre Jonas Abib
pejonas@cancaonova.com
wwww.padrejonas.com

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Comunicação pobre, relacionamento vazio


Situações mal resolvidas apenas tornam nosso convívio frio

Encontrar a pessoa certa - que corresponda exatamente a tudo aquilo que gostamos ou não de fazer e que entenda perfeitamente nossos sentimentos diante de uma situação contrária - pode parecer ideal, mas pouco provável.

Cada indivíduo tem uma resposta diferente para determinada situação. Conhecer nossos limites e controlar as fraquezas de nossos temperamentos pode ser a “pitada” certa para dar equilíbrio aos nossos relacionamentos.

Muitas vezes, dentro do convívio do casal, vai acontecer algo que nos tire do sério. Nessas horas, as circunstâncias podem nos levar a atitudes tempestivas, as quais trarão à tona um comportamento pouco conhecido pelo nosso cônjuge. Por isso, saber que ninguém é um “super-homem” em virtudes ou uma “mulher maravilha” em compreensão nos permite conhecer as “misérias” do outro; e isso faz parte dos desafios de uma vida a dois.

Na partilha das realidades da vida conjugal percebemos as particularidades de temperamentos do cônjuge. Freqüentemente, ouvimos alguém dizer que, por medo das reações do outro diante de certa circunstância, preferiu se calar em vez de expor suas idéias e reivindicações em prol da harmonia desejada.

Há pessoas que lidam mais facilmente com os desafios; outras são mais racionais ou têm facilidade para assumir a liderança das coisas, e assim por diante. Entretanto, ninguém é puramente virtude, pois também trazemos conosco nossos defeitos. Entendendo que um relacionamento acontece numa “via de mão dupla”, precisamos estar atentos para não exigir do outro somente atitudes de perfeição, quando reconhecemos em nós mesmos defeitos, os quais podem ser corrigidos com a disposição em sermos melhores por causa do outro.

Nosso cônjuge é a pessoa mais indicada para apontar aquilo em que precisamos nos empenhar a fim de melhorar nosso temperamento; o que, conseqüentemente, acaba refletindo no convívio a dois.

Não é nada agradável ouvir que cometemos um engano nisso ou naquilo, especialmente de quem amamos; afinal, nosso próprio conceito é de ser alguém irrepreensível. No entanto, um bom relacionamento traz sinais de sucesso quando o casal se dispõe a viver a honestidade, sobretudo, de maneira respeitosa na franqueza dos diálogos. As atitudes defensivas ou a recusa de conversar sobre aquilo que o outro julga importante dizer em nada ajudará no crescimento dos laços entre os casais. Num convívio em que a comunicação entre as pessoas é pobre, os vínculos facilmente se enfraquecem e favorecem a desconfiança e a falta de respeito; atropelando, quase sempre, o direito e a integridade do outro.

Situações mal resolvidas apenas tornam nosso convívio frio. Antes mesmo que escoem pelos ralos os anos de amizade e comprometimento, a melhor atitude é falar sobre aquilo que parece não estar indo bem, a fim de encontrar uma saída, juntos, para uma situação que está tirando a paz no convívio.

Quando podemos contar com o interesse e a disposição do outro para nos ajudar a equacionar os impasses, a solução não parece ser tão impossível quanto parecia ser num primeiro instante.

Assim, juntos e com a boa vontade de quem quer nutrir o amor, conseguiremos nos moldar às necessidades do outro para o comum do novo estado de vida, para o qual somos impelidos a viver.

Um abraço,

José Eduardo Moura

Publicado no Portal da Comunidade Canção Nova