Muitos pensam que para ser santo é necessário deixar de ser gente
Santificar-se é descobrir que o projeto de santidade ocorre com a ajuda do Espírito Santo, que move as diferentes pessoas nos diferentes tempos e faz uma obra maravilhosa. Move-nos em um movimento de felicidade. Porque ser santo é ser feliz.
A santidade é feita de momentos, do agora, de oportunidades, de encontros. Ao ler este artigo, você estará traçando um projeto de felicidade, pois poderia estar agora envolvido em outras mil e um coisas, mas está aqui diante desta página confrontando-se com estas palavras.
O Espírito Santo plasma em nós a todo momento uma atitude santa. Uma atitude beata (beato=feliz).
Não negligencie a felicidade que Deus lhe concede. Felicidade é santidade. E não se trata de uma felicidade passageira, uma felicidade “fast food”. Ela não é rápida como a internet de banda larga, mas compõe um projeto de continuidade, de começos, meios e fins.
Infelizmente, muitos pensam que para ser santo é necessário deixar de ser gente e esquecer que a vida é um projeto de bem-aventuranças (felicidade). Ser santo é ser gente na plenitude. É ser humano em tudo aquilo que comporta a palavra “humano”.
Jesus sempre fez este processo de humanização com as pessoas, fazendo-as tomarem posse de si mesmas e, assim, levando-as a se disporem. Ser pessoa não é só completar o que somos e temos de melhor, mas descobrir e cultivar o que temos de melhor para o benefício de outros. Isso é santidade. Santidade é ser melhor e não apenas “o melhor”.
Quer saber como ser santo? Faça bem todas as coisas. Leve Jesus para todos os lugares. Convide-O para estar em todos esses lugares. Santidade não é fuga do mundo, mas transformação deste mundo. É saber que podemos deixar marcas de céu na vida de todos aqueles que estão ao nosso redor. Isso é ser santo. Fazer bem todas as coisas e amar. Este é o segredo da santidade, a verdade de uma humanidade que vive na plenitude. O amor é tudo o que as pessoas procuram.
Não podemos desperdiçar nossa juventude. Devemos vivê-la intensamente, apostando tudo em Jesus e sendo gente, humanos. Sempre com a certeza de que é possível ser santo de calças jeans.
(Do livro "Santos de calça jeans" de Adriano Gonçalves, da Editora Canção Nova)
Hoje, na Solenidade de Todos os Santos, o nosso coração precisa desejar a santidade. Nos santos Deus revela Sua face e Seu amor.
No início do Evangelho (Mateus 5,1-12a), Jesus se coloca a falar com as multidões. Que todos nós nos aproximemos hoje diante da Palavra de Jesus que nos revela que Deus é a fonte, a razão de toda a felicidade.
A encarnação revela o amor de Deus que se faz carne no seio da Virgem Maria. Isso dá um novo sentido perante a realidade, torna-se possível a bem-aventurança, mas é preciso mudança de vida. Por isso as bem-aventuranças são dirigidas a todos que se deixam transformar em uma interioridade profunda, concreta. A ação externa é transformada pela novidade do Reino, é a graça de Deus ligada a vida reta do cristão. As bem-aventuranças são a beleza da presença Divina que alcança o homem e o quer feliz.
A primeira bem-aventurança se volta para os pobres em espírito.“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”.Ela é dos humildes, dos pequenos. São felizes aqueles que se apresentam diante de Deus com as mãos vazias porque renunciaram as atitudes orgulhosas.
Devemos olhar cada bem-aventurança e perceber que é um apelo a todo aquele que quer seguir Jesus. Não há lugar no Reino dos Céus para quem não for pobre em espírito.
A segunda bem-aventurança fala aos aflitos. “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”. É a bem-aventurança daqueles que vivem a aflição. O humilde que passa pela aflição a Deus confia. Somente o humilde passa pela aflição confiando e se deixa consolar por Deus.
A terceira bem-aventurança fala da mansidão. “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra”. O homem e a mulher governados por essa mansidão, são aqueles que constroem as coisas desarmados, sem a autodefesa. É alguém que não tem o próprio ego como centro. Somente aquele que é manso, se deixa conduzir por Deus que vai conduzindo-o no Seu querer. A mansidão é segredo da santidade.
A quarta bem-aventurança: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”. É aquele que está sempre com sede da santidade porque quer ver a Deus. Está engajado na vontade de Deus a todo momento, e se angustia se está longe da vontade do Pai. Somente o sedento da vontade de Deus será saciado no Reino dos Céus. Há essa fome, essa sede em você? O Reino dos Céus é para os sedentos e famintos da vontade do Pai.
"O homem é aquilo que ama e admira"
Foto: Robson Siqueira/ Fotos CN
Quinta bem-aventurança: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. As bem-aventuranças partem da humildade porque chegam na misericórdia. São aqueles que concretamente liberam em seus corações o perdão que reconcilia, não vivem tomado de divisões interiores porque em seus corações reina a misericórdia do Pai. O que reina em seu coração? Se não reinar a misericórdia, você não será feliz.
A sexta bem-aventurança fala aos puros de coração. “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” Os que trazem essa pureza são declarados bem-aventurados por Jesus. Com que você tem alimentado seu coração? O que você tem buscado? Você tem buscado aquilo que é puro e verdadeiro? Caso contrário seu coração se tornará impuro. No Reino de Deus tem lugar somente para os corações puros.
Sétima bem-aventurança: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”. São felizes os que promovem a paz. Jesus se congratula com os que semeiam a paz, com os que promovem a reconciliação. O shalom do Pai se revela na face, na palavra e nos gestos dessas pessoas. Você faz bem para os outros? As pessoas têm alegria em conviver com você?
A oitava bem-aventurança é para os perseguidos. “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus”.São felizes os que são perseguidos por causa da justiça. Não é uma perseguição por qualquer coisa, mas por causa da fidelidade ao querer de Deus. As demais bem-aventuranças precisam reinar em nosso coração para que na perseguição nós tenhamos força.
Na nona bem-aventurança Jesus se dirige aos discípulos. “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”. Essa última bem-aventurança é do discípulo que de fato segue o seu Senhor, não de quem segue a si mesmo, de quem segue Jesus porque é aplaudido. Jesus fala do discípulo que segue a Deus por aquilo que Ele é, e não simplesmente por causa da recompensa. É a bem-aventurança do discípulo que sofre pela verdade. Aqui Jesus é a causa da perseguição e também a fonte da salvação. Se alguém sofre por ser cristão não fique envergonhado.
Nós precisamos e desejamos a manifestação de Jesus, aqui está nossa esperança. Nossa esperança está no fato de que somos cidadãos dos Céus. Somos vocacionados para eternidade. A felicidade não está nesse mundo, mas ainda tem muita gente buscando naquilo que é passageiro, aquilo que é pleno.
Meus irmãos, a grande tribulação chegará, e como estará a nossa vida? O homem é aquilo que ama e admira. Somente uma vivência de fé coerente suportará a tribulação. De outra forma, ninguém suportará, é violenta demais para aqueles que não viveram seu batismo.
Cuidado com aquilo que você tem amado, porque senão você não será esse bem-aventurado do Evangelho.
As relações conjugais estão em crise, pois cada pessoa quer a sua própria felicidade, e os casais, hoje, estão se divorciando por qualquer motivo.
A raíz do divórcio é a "dureza de coração". Mas hoje Jesus quer falar para as famílias que o divórcio acontece, primeiramente, nos corações dos casais, para depois ir para o papel.
Vou contar-lhes uma história que ouvi, cujo autor é desconhecido:
O homem por detrás do balcão, olhava a rua de forma distraída, enquanto uma garotinha se aproximava da loja, ela amassou o narizinho contra o vidro da vitrina. Os seus olhos da cor do céu, brilharam quando viu determinado objeto. Ela entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesas azuis.
- É para minha irmã. Você pode fazer um pacote bem bonito?
O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:
- Quanto dinheiro você tem?
Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão, e feliz disse:
- Isto dá, não dá? (Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.)
- Sabe, continuou, eu quero dar este presente para minha irmã mais velha. Desde que morreu nossa mãe, ela cuida da gente e não tem tempo para ela. Hoje é aniversário dela e tenho certeza que ela ficará feliz com o colar que é da cor dos olhos dela.
- O homem foi para o interior da loja. Colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.
- Tome! Disse para a garota. Leve com cuidado.
Ela saiu feliz saltitando pela rua abaixo. Ainda não acabara o dia, quando uma linda jovem de cabelos loiros e maravilhosos olhos azuis adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:
- Este colar foi comprado aqui?
- Sim senhora.
- E quanto custou?
- Ah! Falou o dono da loja. O preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o freguês.
- A moça continuou: - Mas minha irmã somente tinha algumas moedas. E esse colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagar por ele.
O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu à jovem.
- Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. Ela deu tudo que tinha!
O silêncio encheu a pequena loja, e lágrimas rolaram pela face da jovem, enquanto suas mãos tomavam o embrulho. Ela retornava ao lar emocionada...
Você é capaz de tudo pela sua família? Você precisa dar tudo o que tem por ela. Para que você se casou? Por que você está noivo? O que o motiva a se unir a esta mulher ou a este homem?
Esposa, procure tempo para olhar dentro do olho do seu esposo e dizer que o ama. Isso não é coisa de casal "novinho"; isso é característica de família. Espero que ninguém "morra" em sua casa. Espero que você não durma do lado de um cadáver.
Se as coisas estão mal para sua família, opte por andar pelo verdadeiro caminho que é Jesus. Ele grita ao nosso coração: "Sua família é boa, o seu casamento é bom". Deus acredita na sua família, Deus acredita em você, na sua história. Deixe de ser tonto! Ande pela estrada certa e não se esqueça de que o caminho é Jesus; se você quiser que sua família seja feliz, entregue-a para Ele.
Casais, quebrem a dureza do coração, amem, porque ainda há tempo! Amem seus filhos enquanto há tempo, porque eles vão crescer. Esse é o momento certo, tempo de dar atenção a eles. Quebrem a dureza de coração! Peço-lhes hoje: voltem para suas casas sem medo, o caminho é Jesus.
Há solução para sua família, e ela começa em seu coração. Não se desvie o caminho, pois, você e sua casa são do Senhor".
Texto produzido a partir da pregação em Jan.2006
Alexandre de Oliveira Missionário na COmunidade Canção Nova
Não tente mascarar a realidade e os seus sentimentos
A nossa vida é cheia de perdas e lutos, de altos e baixos. A maior dor, porém, é a perda de alguém muito querido, como pai, mãe, esposo ou esposa; alguém com um laço afetivo muito forte. Geralmente, associamos a perda ao luto, mas existem situações em nossa caminhada que são tão intensas que vivemos uma perda como um luto. Um exemplo são as separações, as mudanças de cidade ou trabalho, o término de um namoro, a mudança de escola, decepções, traições etc. É uma dor que precisa ser enfrentada com realismo e muita ajuda pessoal, espiritual e, muitas vezes, acompanhada por algum profissional ou alguém que tenha condições de vencer conosco estes momentos difíceis. Quanto mais próxima a pessoa ou a situação que se perde, mais difícil e delicado é o processo de recuperação. No entanto, é possível viver bem e superar esses momentos de perdas e lutos.
Há dois anos e meio eu passei por uma grande perda, o falecimento de minha mãe. Fui para São Paulo dois meses depois, participar de um retiro de sacerdotes. Era um encontro de silêncio e muita reflexão, em que iríamos trabalhar a nossa historia de vida. Na verdade, era um retiro de cura interior, graças a Deus! Como eu estava precisando fazer silêncio para digerir tudo que tinha vivido nos últimos meses! Mas eu não conseguia entrar na dinâmica do retiro, porque estava muito agitado e com muitas dores de estômago e de cabeça. Já eram sintomas de uma perda mal vivida, eram sintomas patológicos de algo que estava se passando em minha alma, em meu coração, a dor da perda, da ruptura... Não tinha ainda vivido, de verdade, o luto de minha mãe. Isso tudo eu descobri no primeiro atendimento, quando minha acompanhadora conversou e orou por mim. Foi um atendimento libertador, tanto espiritual como psicológico, pois estava com duas situações. Mas ela detectou que eu ainda não tinha vivido o luto, a ruptura, eu ainda estava e tinha o direito de estar de luto pela perda de minha mãe.
Espiritualmente, eu me preparei, entendi e vivi a esperança da ressurreição, mas o meu psicológico, emocional e também o físico estavam reclamando. Ela me dizia: "O senhor está de luto, tem o direito de chorar, de querer ficar só, de querer o silêncio, é normal. Precisa aceitar que teve uma grande perda, um vínculo afetivo fortíssimo que é a mãe. A psicologia diz que é necessário dois ou três anos para você se recuperar totalmente da perda, da ruptura de alguém tão próximo como pai, mãe, irmão, esposo (a). E quando o vínculo afetivo é intenso e verdadeiro, o processo é longo, é preciso assumir e respeitar com muita paciência”. O meu corpo não estava preparado para aquilo, pois, muitas vezes, fazemos essa separação e nos esquecemos de que a nossa pessoa é um todo. Daí, podem ocorrer algumas enfermidades patológicas por somatização, pois não me permiti sofrer, chorar e sentir psicologicamente a dor da ruptura, da perda.
Corre-se um grande risco de negar os sentimentos de decepção, de raiva, de não aceitação da morte. Isso gera dentro da pessoa um processo de revolta consigo e com Deus, de falta de perdão. O nosso corpo será o último a pedir socorro, a sofrer e a manifestar em pequenas e grandes enfermidades; era o que eu estava sentindo no estômago e na cabeça.
Se você perdeu alguém ou teve uma grande ruptura na sua vida, é preciso realizar um processo de aceitação e relacionar-se com essa perda, com a dor da morte. Alguns passos para retomar o processo para viver bem as perdas e o luto:
1º - Assumir que você tem direito de estar de luto, de chorar, de querer se recolher, de sentir a dor da ruptura. Não tente mascarar a realidade e os seus sentimentos. Isso é natural, querer fugir disso é problema na certa;
2º - Dar nome aos seus sentimentos: dor, saudade, decepção, revolta; pois você esperava outra coisa e até um milagre, a recuperação, a reconciliação;
3º - Perdoar e reconciliar-se com todas as situações que envolveram essa perda: perdoar a pessoa que faleceu, por ela ter ido desta forma tão cedo, por ter se separado de você, por não ter se despedido etc. Perdoar Deus por ter permitido essa morte ou essa perda, por não ter realizado o que você tanto pediu. Perdoar as pessoas que estavam vivendo com você este momento, médicos, parentes, instituições. Perdoar a si mesmo por ter se exposto, por não aceitar o processo natural e não se permitir sofrer.
4º - Tomar consciência de que Deus está no controle de todas as coisas. O desejo dEle não é a morte nem o sofrimento humano, mas acontece no “tempo de Deus”, pois Ele sabe o que é melhor para nós. A providência é a sabedoria de Deus que rege todas as coisas, a visão dEle não é limitada como a nossa. Deus não erra e sempre nos vê com amor!
5º - Guardar uma verdadeira imagem da pessoa que se perdeu. Quando se perde alguém, é costume preservar a imagem da pessoa, mas o exagero da memória de quem morreu ou foi embora não nos ajuda a recuperar o luto, a perda. Por isso, é essencial guardar a verdade das pessoas, as qualidades e os defeitos. Não é só porque morreu, que se tornou santo: “Ah, fulano era tão santinho! Só tinha alguns defeitinhos de nada!”.
“Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito. E, sob o impulso de profunda emoção, perguntou: 'onde o pusestes?'. Responderam-lhe: 'Senhor vinde ver'. Jesus pôs-se a chorar. Observaram por isso os judeus: 'Vede como ele o amava!'” (Cf. Jo 11,1-45).
Neste episódio da morte do amigo Lázaro, Jesus manifesta seus sentimentos por ele e por suas irmãs Marta e Maria. Viver bem e sem mascarar nenhum sentimento ou momento que possamos estar vivendo, enxergar-se como parte de um todo e não como o centro de tudo. Reconciliar-se com você mesmo e com toda a sua história, como uma grande história da iniciativa amorosa de Deus. Harmonizar corpo, alma, psíquico e espírito; isto é viver com sabedoria.
Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11,25).
Oração: Senhor Jesus, também sofrestes perdas e luto. Ajuda-me com o Seu Santo Espírito a viver bem e com equilíbrio todas as etapas de minha vida, os lutos e as perdas que tenho tido na minha caminhada. Ensina-me a perdoar e a pedir perdão, a ser desapegado das coisas e das pessoas. Que eu viva intensamente o amor nos meus relacionamentos e que não deixe para trás nada sem resolver. Nossa Senhora do Equilíbrio, caminhai comigo e rogai por nós.
Ouça também: Como trabalhar a dor de uma perda - de Padre Eliano